Já dizia o bom velhinho em seu manifesto de 1848 que tudo que é sólido se desmancha no ar. São mais que evidentes as provas que o mundo como nós o conhecemos está se acabando dia a dia. O que era verdade incontestável até semana passada hoje já não é mais. A Caixa de Pandora foi aberta.
Descobrimos que o Chile nunca foi a cobaia perfeita do liberalismo, que a Bolívia não quer ser a reserva de lítio do mundo e que para o Flamengo não existe mais tabu ao Sul do Mampituba. Infestado de suplentes, com Rodinei e tudo, o impiedoso Papaizão da Gávea submeteu o Grêmio à mais uma humilhante genuflexão. Desta vez dentro de sua própria arena norte uruguaia.
Esse assombroso Flamengo, que às vezes parece nunca ter lido um jornal na vida tamanho é o desprezo com que ignora as escritas plantadas há décadas no solo fecundo da crônica esportiva e adubadas pela sua própria incapacidade em se enxergar como o gigante que sempre foi, não demonstra o menor remorso em desconsiderar as chamadas tradições.
Esse Flamengo não poupa ninguém, não privilegia uma competição em detrimento de outra, não espera as rodadas finais para assumir a liderança, aprendeu a jogar com o regulamento debaixo do braço, ganha de todo mundo e não perde pra ninguém. Esse Flamengo, até os torcedores rubro-negros são obrigados a admitir, não sabe brincar.
O recentemente falecido Imortal dos Pampas sonhava com vingança e recebeu o Flamengo com a hostilidade habitual, mas há que se louvar, sem violência ou deslealdade. O heroico braço gaúcho da Magnética, que há anos engrossa o próprio couro operando atrás das linhas inimigas com denodo e fé, estava preparado para tudo, inclusive para o animado churrasco em que o Flamengo transformou a partida. Até pela televisão era possível ouvir seus sorrisos e os bah’s de aprovação com a exibição macha (mas toda descontruída) dos formidáveis peleadores rubro-negros.
Arrascaeta, talvez o maior uruguaio da história do Flamengo, esbanjava categoria e incisividade charrúa, botando o time pra frente enquanto acarinhava a bola e arrastava em seu encalço dois ou três gremistas atarantados. Rodinei, controvertido e contestado, colocou Everton no bolso. Se Renight não implorasse pelo livramento de seu melhor jogador @Pretinhorodi o teria levado para o vestiário do Flamengo e jogado Cebolinha no cesto de roupa de roupa suja junto com seu short.
Como disse uma vez o preclaro Galvão, Gabigol tava pedindo. Não tomou conhecimento das tentativas de intimidação dos defensores gremistas. Tocou o terror, deu pedaladinhas, fez graça, tomou uns pau, reclamou da arbitragem, garimpou um pênalti maroto, marcou mais um gol, quebrou mais um recorde, ironizou o juiz, foi expulso, deu entrevista abusada na saída e ainda converteu um jovem gremista. Ufa! Uma atuação enciclopédica.
O resto do nosso pessoal foi bem, nada a se destacar, todos corretos e operários. O jogo foi, em resumo, mais uma sonora chinelada de Jesus no time de Renight. Que há de se lembrar dos encontros com o Flamengo em 2019 como os piores momentos do ano. Na sua coletiva o bazófio futevolista acabou admitindo, com evidente desconforto, que ninguém mais tira o Campeonato Brasileiro do Flamengo. Em termos de veracidade, uma notável evolução para quem outro dia se desmanchava em elogios aos luminares intelectuais Paulo Guedes e Sergio Moro.
Em contraste à lamentável cavadinha de quem só estava a fim de furar o olho do Tite, a coletiva de Jorge Jesus foi o equivalente futebolístico do famoso Sermão da Montanha, um hit de seu xará mais famoso. Além de falar das bem-aventuranças do campo e bola com a verve habitual, Jorge Jesus se estendeu sobre importantes princípios éticos e morais. Denunciou a xenofobia, condenou os hipócritas e aqueles que julgam os outros, mas não sabem julgar a si próprios. Está em Mateus 6.8: Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem.
E Jesus ainda pontificou, com elegância e erudição, citando Camões, Saramago e Fernando Pessoa, sobre a inveja, os laços que nos unem a Portugal e o perdão. Só faltou oferecer a outra face, mas calma aí, devagar com o andor. Jesus pode ter nascido em Portugal, mas não nasceu otário. Quem pichou agora vai ter que aturar, a semeadura é facultativa, mas a colheita é obrigatória. Acreditem, a coletiva de Jesus foi melhor que o jogo.
Agora chega de Campeonato Brasileiro, né? Temos coisas muito mais importantes com que nos preocupar. E ainda faltam quatro jogos. Mas se por acaso algum imbecil gritar É Campeão do seu lado faça como eu, se junte a ele e grite também. Esse Brasileiro já foi pro saco. Amanhã não tem ninguém.
Mengão Sempre
Me amarro nos textos do Arthur. Só é tosco ter de ler comentários de militontos e simpatizantes de criminosos e ladrões. Pra que eu leio? Vão se foderem!
A ansiedade é tanta que o Natal vai chegar antes do sábado
BI CAMPEÃO DA AMÉRICAAAAAAAAAAAAAAAA !!!!!!!!!!!!!!!!
eu tô só bolado se dá pra vencer o liverpul. Esses caras são sinistros. Mas li também que talvez não joguem com time titular. Aguardemos.
Foco total na liberta, nível de palhaçadinha controlado, super confiança no trabalho do mister e zoação master com os antis sempre que possível.
Enfim, texto perfeito. Continue sempre postando mais e mais. Saudades de 2009 e dos podcasts (desde antes de ser moda kkkkkkk).
Mas jogo que segue, só passei pra dar uma moral aqui de Cuiabá. SRN.
Eu já não encontro palavras para elogiar o Arthur. Estou então pensando em redigir um texto padrão repleto de adjetivos enaltecendo o nosso cronista, para postar sempre nos seus artigos.
Assim, não mais precisarei me socorrer do Aurélio. Faço apenas como a juíza de Curitiba: copicola.
Com uma enorme diferença, que eu copio de mim mesmo.
E o pênalti, hein? Creio que somente eu e o Xisto Beldroegas entendemos que o árbitro assinalou a penalidade máxima com correção.
Fui na CBF procurar o livro de regras do futebol. E está lá na Regra 12 – Faltas e Incorreções.
“Também será concedido um tiro livre direto se um jogador cometer uma das seguintes infrações:
Tocar a bola com a mão
Praticará a infração o jogador que: • tocar a bola com a mão/braço de forma voluntária, sobretudo quando houver movimento da mão/braço em direção à bola;”
Eu entendo que o Léo Moura tocou na bola intencionalmente. (malandramente mas tocou) A bola ia na direção do Arrascaeta que penetrava livremente em direção ao gol.
Observei o lance dezenas de vezes, me utilizando de todos os recursos possíveis, e verifiquei que não é a bola que toca na mão do Léo Moura, ao contrário, é ele quem toca na bola, um pouco antes dele colocar a mão na grama.
Todavia, mesmo se admitindo que foi a bola que tocou na mão do Léo Moura, a infração também deveria ser marcada. O que diz a regra:
“Exceto nas situações acima, normalmente não se considerará infração se a bola tocar na mão/braço:
se o jogador cair e a mão/braço estiver entre o corpo e o ponto de apoio do chão, mas não estendida para longe do corpo lateral ou verticalmente;”
Baseados nessa modificação da regra, que todos os cronistas de arbitragem afirmam que o pênalti não existiu, alegando que o braço do Léo Moura servia de apoio para o corpo. Porém, os filhos da puta, se esqueceram de observar que além de o braço do Léo Moura SE ENCONTRAR ESTENDIDO PARA LONGE DO CORPO LATERALMENTE, quando ele toca com a mão na bola ou a bola toca não mão dele (admitindo-se esta hipótese), a mão do Léo Moura ainda não estava apoiada no chão, faltava aproximadamente uns 20 centímetros.
Eu assisti aos três comentarias de arbitragem analisando este lance. Só falaram que a mão era de apoio. Mas, nenhum deles abordou o complemento da regra: “…mas não estendida para longe do corpo lateral ou verticalmente;”
Parem o vídeo abaixo em 1 minuto e 49 segundos, e me digam se o braço do gremista estava junto ao corpo ou se estava estendido como eu afirmo.
https://www.youtube.com/watch?v=1BakZ4Vxk28
Portanto, sua senhoria, o árbitro, agiu com a mais pura correção.
Como o sábado está demorando a chegar, vou ficar catando pelo em ovo, para matar o tempo.
Saudações Rubro-Negras.
O Zico e eu também vimos pênalti claro, Áureo. Não há o que discutir.
Grande Áureo,
Também estou contigo nessa….Achei que foi muito penalti……pra mim aquilo nunca foi e nem nunca será braço de apoio, pra dar carrinho não precisa abrir os braços daquela maneira, totalmente abertos, inclusive no 2º tempo, o Rene mostrou como se deve dar uma carrinho sem abrir os braços, e para mim o árbitro foi perfeito nas duas interpretações……sem contar que o corte na bola que o Leo Moura deu com aquele braço escandalosamente aberto, ia cair na feição para o Arrascaeta finalizar com grandes chances de gol ….. Para mim nem foi um penalti bobo, foi claríssima e atrapalhou uma real chance gol……se não foi intencional, foi por imprudência do Leo Moura, e em qualquer dos casos, é penalti , pois imprudência também é penalti !
Abração para ti meu amigo !
SRN
Beleza, meu amigo Lúcifer. Quando se trata do Flamengo, sempre estivemos juntos. E apesar das nossas discordâncias no campo político, nossa amizade não ficou abalada, por mais incrível que possa parecer. (risos)
Quem resumiu esse lance com a mais perfeita clareza foi o Jorge Murtinho:
“Leonardo Moura se atirou de qualquer jeito na bola…”
Sob todo e qualquer ângulo que se queira analisar o lance, o pênalti existiu.
Sabe o que acontece? A opinião pública é por demais influenciada pela mídia. Como os comentaristas de arbitragem asseguraram que a penalidade não aconteceu, poucos ousaram discordar.
O árbitro da partida se encontrava a uns cinco metros do lance, aproximadamente, e o VAR não interferiu na marcação da falta, mas o cara da Central do Apito sentou na opinião contrária. Aí, já era. E um mar de torcedores embarcou na furada.
Aproveitando a oportunidade, que tal você conversar com o Ulisses, e convencer-lhe a marcar um reunião da Confraria.
Um abraço e SRN!
Jogaremos Juntos. (JJ.Coincidência?)
Tá foda esperar até sábado
Imagino (torço para que passemos o trator sobre o River Plate, homônimo do poderoso River do Piauí) o texto sobre a conquista do bi da liberta em 2019, no mesmo dia da conquista da primeira libertadores, seguido do brasileiro conquistado em 24.11.2019.
Muhlenberg monstro da crônica flamenga.
Se não integra seleção que o Dunlop montou no post anterior, no mínimo faz jus a sentar na mesa com os craques pra comemorar.
Fico lá fora manobrando as limusines das feras amarradão.
Deu de humildade neh seu Arthur? Sapatinho eh pra quem não tem talento ou está em desenvolvimento. Quem já eh gigante calça sandalia para de vez em quando distribuir umas chineladas na mulecada.