Há muito tempo que o Flamengo não causava tanta desesperança, dor e sofrimento. O jogo com o Ceará foi a maior depressão. Pra nossa sorte o Flamengo perdeu num domingo, como a gente já ia se deprimir mesmo como em toda segunda-feira normal ficamos tecnicamente no zero a zero. Ufa!, essa foi por pouco.
Ninguém torce pro Flamengo perder, mas é indiscutível que as derrotas do Flamengo aproximam os seus torcedores do resto da humanidade. Não fossem esses episódicos fracassos do Maior do Mundo como desfrutar da vasta gama de emoções que o futebol oferece? Ficar muito puto com seu time também faz parte da experiência. Tá tudo no pacote.
Sabemos que a vida perfeita, estilo comercial de margarina, que os triunfos sem pausa do Flamengo nos força a viver traz em si o germe da desigualdade. Porque não são compartilhados com o resto da população. Protegidos e isolados pela nossa bolha da hegemonia muitas vezes nos desumanizamos, assumindo como se fosse um direito só nosso, garantido pela constituição, as vitórias, os títulos e as taças. Esquecendo que essa bolha é vulnerável, transitória e de duração indeterminada.
Às vezes a bolha estoura, é da natureza das bolhas. E nesse domingo no Castelão, levando sufoco do Vozão (Vê se pode uma porra dessas!) a bolha estourou legal, provocando na torcida mais bem vestida do Brasil estados mentais, emocionais e passionais há muito esquecidos e por muitos ignorados.
A safra de torcedores surgida na aba do Hepta e do Bi da Liberta, neófitos no mister de torcer pro Flamengo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, faça chuva ou faça sol, amando, respeitando e sendo fiel em todos os dias da vida, até que a morte os separe, deram mole.
Essa juventude, que pensa que vamos viver eternamente no ponto fora da curva, sem o menor traquejo na livre troca de ideias, simpatias e pirraças proporcionada pelo ato de torcer à moda antiga e manifestar suas convicções com insensibilidade, egoísmo e crueldade através de maledicências vazadas no mais baixo calão, ficaram boladinhos no pós-jogo. Garotearam.
Assim que o catastrófica pelada acabou esses floquinhos de neve, esses alecrins dourados, esses lírios do vale, que não se cansam de encher o saco de geral nas redes sociais, tentaram censurar a torrente de amor rubro-negro que se manifestava através das cornetas. Que papelão, esses jovens rubro-negros na flor da idade, que deveriam estar exaltando a rebeldia, a balbúrdia, o inconformismo, a iconoclastia e, só quando necessário, o quebra-quebra raiz, se colocaram, voluntariamente, no papel de censores.
Lamentável inversão de valores. Saibam, moleques, que o último bastião da defesa da liberdade de expressão é o direito do torcedor cornetar os seus perebas. Seu direito é sagrado, não pode ser ameaçado nem de brincadeira. Não entrem nessa onda retrógrada promovida por startups de ditaduras que tentam controlar a oferta de imbecilidade no país enquanto trabalham para normalizar a supressão de direitos. Não embarquem nessa canoa, se o jovem continuar com essa babaquice, como disse Ignácio de Loyola Brandão, não verá país nenhum.
Torcida que honra seus bandeirões não pode ver um jogo sem vergonha desses e ficar calada. Tem que estrondar mesmo. No time do Flamengo ninguém tá jogando de favor, todo mundo ali está sendo pago e a obrigação é entregar as encomendas. E não entregar os jogos, que foi exatamente o que o Flamengo fez. O Flamengo já entrou em campo todo errado, com uma escalação que não agradou nem às mães dos jogadores que começaram.
O tal rodízio foi abaixo do frugal, só asa de frango, salsicha e cupim. Domènec cometeu o mesmíssimo vacilo que quase nos penalizou no Fla-Flu da semana passada. Excedeu o número de arrombados em campo simultaneamente, o que denota que nesses dois meses de trabalho o catalão ainda não é capaz de conhecer a potencialidade do nosso elenco, principalmente dos nossos inumeráveis come-e-dormes. Ao Dome ainda falta conhecimento histórico do Flamengo, assim como da folha corrida dos nossos adoráveis perebas.
Quando foi que um time escalado com Cesar, Leo Pereira, Gustavo Henrique, Michael e Vitinho se deu bem? Nunca. Esses elementos, quando separados, podem contribuir para o sucesso do Flamengo, mas juntos provocam reações químicas altamente tóxicas. Sem perseguição, mas com sinceridade benévola, analisemos esses craques.
Cesar emana insegurança, é o maior chama-gol da história do nosso país, tá até hoje no Flamengo por causa do que aconteceu em 2013. Leo Pereira e Gustavo Henrique são dois beques altos pra chuchu que não pulam nos cruze na área. Fracos, lentos e inferiores ao Rhodholfo Cop que deixamos ir pro Coritiba. É mais do que evidente que a zaga titular do Flamengo é Rodrigo Caio e Thulerbauer. Já passou da hora do Dome perceber isso.
Michael é peladeiro ensaboado, uma arma que deve ser usada em circunstâncias muito específicas, com a missão de dibrar e humilhar as defesas, jamais para ficar aberto na ponta pra fazer um-dois com o lateral que sobe. Não se pode esquecer a origem do jogador, Michael veio do Goiás custando 30 milhão. Do Goiás! Precisa dizer mais alguma coisa?
Vitinho é aquele cara que é gente fina, mas vacila. A falta de sangue desse moleque é impressionante, parece que entrou em campo forçado. Errou absolutamente tudo que tentou no jogo desde o primeiro minuto, mas Vitinho deve ser tão gente boa que os caras continuaram passando a bola pra ele toda hora. E ele desperdiçando todas.
Não causou nenhum espanto que Vitinho tenha sido considerado unanimemente pela crítica especializada o melhor jogador do Ceará no jogo de ontem. Merecia até o Motoradio e a Suíte Dunas. O Dome, que pela primeira vez revelou o seu lado burro, deixou o cara em campo até os 34 do segundo tempo.
Nem tente passar pano, se tá com pena do Vitinho leva ele pra casa. Capaz de rolar até um AeroFla se alguém fizer essa caridade. Não estamos personalizando a crítica ou escolhendo um pra Cristo. A corneta é tipo uma marcação homem a homem, cada um pega o seu. Se quiser fazer uma dobra tá tudo certo, mas a rigor todo mundo pode falar mal de quem quiser. Não abra mão desse direito.
Falei desses cinco amigos, o que não significa que o resto do time se salvou. Estavam todos jogando no modo pós-feijoada, Gabigol, Everton Ribeiro e Arão, pra falar dos mais fodões, foram horrivelmente ineficazes. Até o Isla, que chegou agora, deu uns moles na saída de bola. O melhor jogador do Flamengo foi o bonito e bem relacionado Renê. E isso define perfeitamente o que foi o jogo, uma pelada de maus bofes com a assustadora trilha sonora de Luiz Carlos Jr animadinho. O horror, o horror! Claro que o mais culpado de todos é o cara que escalou esse time. Pode xingar o Dome à vontade, pra ver se ele deixa de ser muquirana.
Mas foda-se o Brasileiro, no fim é a gente que vai ganhar essa porra mesmo. Deixa quieto. Por enquanto apaguem essa canhestra derrota da memória e foquem na Libertadores, que é só um pouco mais difícil de ganhar. Na quinta-feira pegaremos os carniceiros do Del Valle, que lá na casa deles baixam a porrada e na terça tem o Barcelona genérico. Praticamente só lazer.
O Flamengo já chacoalhou os dois esse ano. São times limitados e que não devem ter melhorado com a pandemia. Evidente que sem as torcidas locais tacando pedra e os Bopes cucarachos nos intimidando com seus pastores alemães dentro de campo vence-los ficou mais fácil. Não é pedir demais que os nossos jogadores tomem vergonha, repitam o que fizeram há seis meses e assim livrem a cara do treinador que tá se fudendo todo pra dar uma chance a todos os perebas do mundo nesse rodízio macabro.
Estamos revoltados, o kisuco ferveu, mas no fundo, no fundo, mesmo estando cobertos de razões, tá tudo tranquilo. Basta o Flamengo ganhar os seis pontos e garantir a classificação pras oitavas da Libertadores nesse rolé que a pressão acaba. A torcida do Flamengo conhece seus limites e nunca foi olho grande. Ela só quer o que é seu por direito. Quer o mundo de novo. E quer raspado.
Mengão Sempre
Aos defensores do Torrent.
5 x 0 e ficou barato !
Já dizia o controvertido Nelson Rodrigues: “toda unanimidade é burra.”
Após 21 comentários endossando o artigo do Arthur, eu até pensei que seria uma voz solitária aqui no RP&A. Mais eis que apareceram, até este momento, o Maxwel e a Vânia para fortalecerem a minha opinião.
Por que o Dome colocou em campo esse time misto?
Respondo:
Diego Alves com Covid-19 não joga nem as duas próximas pela Libertadores;
Gerson estava suspenso pelo 3º amarelo;
Filipe Luiz e Arrascaeta apresentaram desgaste muscular e
Bruno Henrique está em fase final de recuperação de um edema ósseo.
Os três últimos foram preservados para o duelo pela Libertadores, contra o Independiente del Valle, quinta-feira.
Pergunto:
Nessas circunstâncias, que time você teria escalado para entrar em campo contra o Ceará? Com toda certeza não teria sido nada muito melhor daquele que o Dome escalou.
E foi tão ruim assim o desempenho do time?
No primeiro tempo, Gabigol perdeu dois gols, o primeiro aos 11m37s, e o segundo aos 14m52s que nem eu e nem o craque Leandro que jogamos na lateral direita perderíamos. Porém, Gabigol, o centroavante mais bem pago do Brasil, perdeu. O Michael também perdeu outro aos 34m31s. No barbante, esses gols perdidos teriam mudado toda a história e os comentários desse jogo. Nesse tempo, o time do Flamengo teve 70% da posse da bola e o César não fez nenhuma defesa, aliás nem poderia porque nenhuma bola foi chutada em direção à nossa meta. Qual a culpa do Dome, então?
Entretanto, mal inicia o segundo tempo, fomos castigados com dois gol de bola parada. E o time do Flamengo que acreditava que ganharia a partida quando forçasse o jogo, aí sim, se perdeu em campo. Muito menos pela qualidade dos jogadores e muito mais pelo desenrolar do jogo e o estado emocional de alguns jogadores.
Também em função da Covid-19, estou poupando o meu pulmão para tocar a minha corneta no momento exato, se necessário.
Obrigado Vânia e Maxwel! P&A!
Saudações Rubro-Negras para todos os demais.
Numa situação como a que vc descreveu, quente obriga a mexer muito na escalação, vc INVENTA o menos possível.
Dome tirou o ER da posição em que todo mundo sabe que ele joga melhor, sem qualquer necessidade, tudo para insistir nós pontas abertos que o jogo posicional pede. Como são 2 pontas fracos, o Gabigol ficou isolado quase o jogo inteiro, sem ter com quem dialogar.
Bastava ter entrado com Diego na meia, centralizado, e manter o ER na sua posição.
Inventou, o professor Pardal, quando não podia. Já são 2 porradas feias pra times pequenos, fora os empates arrancados via VAR com pênaltis cagados nos últimos minutos contra grêmio e botafogo, 2 times horrorosos que brigarão na parte de baixo da tabela. Contra o santos, fomos salvos por impedimentos milimétricos de começar o jogo tomando uma sova. Pura sorte. Contra o Fortaleza, outro time fraquíssimo, ganhamos suado com gol no fim.
Em suma, nossa pontuação na tabela não reflete o nosso desempenho em campo. O trabalho do Dome até aqui é bem fraquinho.
Acho os dois corretos. Sao 2 formas corretas (possiveis) de se ver a coisa.
Nao existiu escalaçao melhor. Mesmo assim nao houve razao de “inventar” (mas somente o ER entra nesse quesito, mas talvez seja ja o suficiente).
Os atacantes estao, desde o inicio, perdendo gols a torta e a direita. Isso nao tem a ver com o Dome.
O que tem a ver, é nao fazermos pressao, mesmo com esse time, nao irmos pra frente quando com posse de bola. 3 a 5 jogadores ao redor da area adversaria é pouco demais, nao existe mais isso se vc quer ser vitorioso.
Marcaçao de zona na propria area tb nao existe. Ou se nao foi isso, entao os 2 zagueiros centrais sao muito ruins.
Enfim – acho tb que a coisa nao esta muito boa. Tem que ter mais tempo pro trabalho, claro. Mas nao estou vendo avanço. ISSO é que me preocupa.
SRN
Acno curiosa, pra dizer o mínimo, essa estorinha de ^perder gols^.
Com um agravante, pelo menos na minha opinião, por não se tratar do que se chamava GOL PERDIDO.
Muitos e muitos, não são apenas o Aureo e o Henrique, apontam como tal as duas OPORTUNIDADES que o Gabigol teve, a primeira de cabeça, e a do Michael.
Francamente, não foram gols perdidos, mas apenas BOAS OPORTUNIDADES disperdiçadas.
Gol perdido é aquele momento em que o atacante (ou meia etc e tal) entra livre com a bola, tem apenas o goleiro à sua frente e, mesmo assim, chuta para fora.
Vejamos os lances do domingo passado.
Um ótimo cruzamento do Isla – a única coisa boa que fez nos 90 minutos – encontra Gabigol na área. Livre, pergunta-se. Não,com zagueiros adversários ao seu lado, Mais ainda. Bola fácil de se caecear (int). Também não, pois era fácil de ser tocada, não necessariamente na direção certa.
Ah !, mas quantos gols já foram feitos assim.
Concordo, muitos, mas replico. Quantos foram perdidos, em situações semelhantes (int.).
Muitos também.
Se me disserem ao contrário, sinceramente vou achar que se trata de má vontade.
Por sua vez, as oportunidades perdidas por Gabigol e Michael, por sinal muito semelhantes, também não devem ser consideradas como imperdíveis.
Claro que se tratavam de BOAS OPORTUNIDADES, nada além.
Chuves de chicotadas, de primeira, sem que estivessem com a bola previamente dominada.
Desculpem-me, mas, na minha pouco modesta opinião, em tais circunstâncias, não há jamais que se falar de gol perdido.
Oportunidades que poderiam ser aproveitadas, que, como muitas e muitas ao longo de diferentes partidas, não se concretizam.
A se considerar que todas as OPORTUNIDADES não possam ser perdidas, o placar comum no futebol seria o de 8 a 7, 5 a 3, assim por diante.
Acontecem, mas em pouquíssimos jogos, até em razão dos … gols efetivamente perdidos.
Fazem parte do futebol, desde sempre.
Pior é perder um pênalti, o que também acontece, mas, se houver açguma estatística a respeito, em número bem menor dos que são aproveitados.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Plena razao para voce. Eu nao estava falando do ultimo jogo, mas sim dos jogos desde a retomada. Ai acho sim que foram muitos gols perdidos.
O que, por sua parte, tb nao quer dizer, se tivessem entrados esses e aqueles, que estamos jogando bem. Muito pelo contrario, nao estamos. Mas uns gols ajudariam, e muito.
SRN
Vai ser bem dificil. Ja estaria satisfeito com um empate, pra dizer a verdade.
Temo até uma goleada.
Mas, quem sabe, o Dome inventa algo realmente bom E vitorioso?
Vou ter que varar a noite. Nao gosto dessa combinaçao: receio pelo pior e 4 horas da manha.
SRN
Era suíte champion.
Bem lembrado, FF. Motoradio, suíte Champion e não nos esqueçamos também das luzes da cobertura da arquibancada do Maraca acendendo aos 40 do segundo tempo, o que provocava reações diversas na magnética, dependendo do placar, do inimigo e do futebol ou futebolzinho que estávamos praticando: “caceta, só faltam cinco”; “caceta, ainda faltam cinco”; “dá pra segurar”; “dá pra empatar”; “dá até pra virar”.
Bons tempos…
SRN
Pra cima deles, Flamengo