Toda essa gente se engana ou então finge que não vê que o Flamengo nasceu pra ser o Superbacana. Mas o Flamengo é bicho esquisito, todo mês sangra. E quando, do nada, acontece uma não vitória do Flamengo vários mundinhos particulares explodem em mil estilhaços.
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A maioria absoluta dos bem-vestidos escolheu ser Flamengo porque gosta de ganhar tudo, de ter uma justificativa racional pra se achar melhor que todo mundo e estar sempre em superioridade numérica nas porradarias. Mas até a nossa autoconfiança, um dos animais mais lindos do mundo voando lá no alto, fica meio esquisitinha na hora de uma aterrissagem forçada. Quem é naturalmente vocacionado pra ganhar tudo quando não ganha naturalmente baixa a bolinha.
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E durante uns bons 10, 15 minutos após não ganhar alguma coisa o rubro-negro chega a ficar na dele. Mas esses raros momentos de introspecção passam logo, porque o rubro-negro, além do seu notório destemor pela morte, é forjado na rigidez e inflexibilidade moral da doutrina rubro-negra.
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Um dos primeiros ensinamentos da doutrina flamenga que se crava no cérebro mulambo como se fosse uma craca no casco de um barco (a gênese náutica) foi o que diz que quando ganhamos alguma coisa temos que comemorar e que quando não ganhamos, foda-se.
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Um ensinamento que a marcha da história tem mostrado possuir inesgotável utilidade. Tanto quando aplicado ao universo flamengo e seus questionamentos metafísicos quanto ao conjunto de coisas, pessoas e acontecimentos que orbitam o Flamengo, também chamada pelos ortodoxos de vida.
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Organizando direitinho é perfeitamente possível desviar, ocultar ou ignorar qualquer fato durante um relato sobre, por exemplo, a incomensurável grandeza do Clube de Regatas do Flamengo. Mas por mais maneiro, ufanista e pacheco que seja tal relato o fato obliterado não desaparece, não se desmaterializa, mesmo com a luz apagada e um monte de roupa suja por cima ele continua lá.
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Tipo esse jogo da Supercopa contra o Porco e seu desfecho trágico, que se prestou maravilhosamente aos mais canhestros simbolismos e metáforas baseados nos ódios e antipatias seculares gerados pelas desigualdades e injustiças inerentes ao pacto federativo. O fato é que o Flamengo perdeu sua invencibilidade em Supercopas e pelo segundo ano seguido não levou a taça pra Gávea.
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Nem cabem discussões sobre o valor, intrínseco ou extrínseco (ver Axiologia Flamenga, Muhlenberg, 17 de agosto de 2022, República Paz & Amor) de uma Supercopa, é um objeto decorativo de gosto duvidoso e só. Não serve para avaliações sobre as equipes que a disputam que não estejam circunscritas aos 90 minutos de bola rolando. É só um jogo festivo e tá tudo certo.
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Voltando ao ancestral ensinamento, a não conquista de mais uma Supercopa se encaixa perfeitamente nos casos de foda-se. Não é um fato que mereça preocupação ou mais que meia dúzia de palavrões. O Flamengo não ganharia um grama em seu peso atômico se ganhasse essa tacinha e, logicamente, não diminuiu em nada por não a ter ganho. Mas por mais sincera e racional que seja a nonchalance rubro-negra em relação ao que rolou sábado em Brasília, não faltam bons e genuínos motivos pra a torcida mais bem vestida do Brasil ficar boladona.
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Porque o Flamengo jogou mal, mostrou muito pouco repertório. E deixou a sólida impressão que o time do Vitor Pereira é pior que o time do Dorival, que já não era essa coca-cola toda. Na vida medíocre de 98% dos times do Brasil que disputam duas taças por ano, esse seria um problema normal, ocasionado pelo pouco tempo do treinador no clube. Mas no Flamengo essa caô na cola.
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O Flamengo tá sempre à beira de uma decisão, tem sempre alguma coisa na mesa e o que está sobre ela agora é um Mundial Interclubes. O desajuste e a ausência de acabamento no time do Flamengo a dez dias da estreia no Mundial é pra se preocupar e muito. Nada de dizer que tá tudo bem e o trabalho está sendo realizado. Mundial não é bagunça, não.
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Somos tudo doido, mas não somos malucos, se no Marrocos jogar essa bolinha que jogou em Brasília o Flamengo não vai passar pelos arábias ou marrocos na semi. O que seria uma vergonha ainda mais vergonhosa que Santo André ou perder pros reservas do Foguinho. Não enfrentar o nosso freguês Real Madrid na final seria uma tragédia de tamanho impacto na comunidade flamenga (que também inclui a arco-íris) que até a sogra do Vitor Pereira ia sentir os efeitos.
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Particularmente tenho muitas ambições em relação ao Mundial e sei que não estou sozinho nessa odisséia aspiracional mulamba. Que o Vitor Pereira tenha consciência e se ligue, que pense na sogra dele, saúde vem em primeiro lugar. Dá um jeito nessa parada aí e rápido. O time não pode mais jogar assim esse ano e nem levar quatro gols no mesmo jogo.
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O Santos tem que esticar o braço, o Ribeiro tem que encolher o braço e o Arrascaeta, salvo nos casos extremos de fratura exposta, hemorragia aguda ou concussão cerebral, NÃO PODE SER SUBSTÍTUIDO! Porra, Vitor Pereira, isso é básico, tá escrito no manual de instruções do brinquedo.
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Então é isso, treinador. Tá bom de choro por essa temporada. Bola pra frente, junta os cara e treinem até cairem duros ou voltarem a jogar como Flamengo. O que acontecer primeiro. Pense que até o Paulo Sousa deixou um legado, aquele telão maneiríssimo pros caras verem se o cabelo tá legal durante os treinos, tipo CR7. Não vá deixar que o seu legado seja perder o Mundial mais mole da história.
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Mengão Sempre
PAra variar um ótimo texto… e antecipou o que aconteceu no jogo da semifinal do mundial… Santos podia esticar o braço e Arrascaeta so sai do campo de rabecão. Tem muita emoção a frente.
“Não vá deixar que o seu legado seja perder o Mundial mais mole da história.”
Com essa, rolei de gargalhar 1/2 hora sem parar.
Tô lendo o Bardo Todol, Livro Tibetano dos Mortos. Aos quase 80, é sábio se preparar pra derradeira viagem. Um dos Lamas tibetanos diz “How you live is how you die”. Pelo visto eu e meu cumpadre Arthur vamos morrer de rir.
PS – Foda-se!
PS 1 – Goleiro que não tem personalidade forte não serve, e isso vale pro jogador de futebol em geral. Vide Vitinho. Falei isso quando o Santos ia ser contratado. O infame Gordo Braz não me ouviu. Taí o que ele queria.
PS 2 – Alguém me explica o que justifica o Vidal ganhar mais de 1 mi pra perder bola atrás de bola e se arrastar em campo?
É. Também acho. Se jogar (jogou?) essa porcaria(epa, assim se falava no meu jurássico tempo) ou bosta (estamos falando de porcos)
não chegaremos à final do mundial ( a rima é involuntária) e se chegarmos seremos goleados pelo Real Madri. Em tempo: essa dúbia diretoria já está culpando o juiz pela derrota, tomara que não queiram novamente vandalizar o Planalto e adjacências. Chororô é coisa de bostafoguense.
Mundial é outra história, outro comportamento.
Não digo isso baseado naquela ladainha de que as derrotas ensinam, mas porque já vi centenas de vezes o Flamengo se desdobrar quando a competição é pra valer. Em partida disputada na quarta-feira, na semana do jogo do gol do Pet em 2001 realizada no domingo, por exemplo, o Fla havia sido eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil pelo Coritiba no Maracanã, 1 x 1. Havia mostrado um futebol horroroso, e bastava ganhar por um gol de diferença para avançar.
Dito isso, faremos a final conta o Real, porém não acho que venceremos.
A chapa do Vitor Pereira esquentará, então, na decisão da Recopa. Aí vai ser obrigação. Assim como o Estadual.
Bom demais voltar a ler por aqui!
SRN
Comunico ao povo “que estou voltando”.
Depois de uma vitória espetaacular na batalha dos votos, descansei, preocupei-me, mas a manezada se fudeu.
Pena que voltoo com uma derrota flamenga indiscutível.
Sendo da velha (talvez velhíssima) guarda, tenho o mesmo sentimento do Aureo.
Nem em purrinha admito derrota, muito menos ficar em silêncio.
Não sou, Grão Mestre, da geração do “foda-se”.
Boto a boca no trombone.
Pior que perder é perder com justiça.
Não ter como chorar, mesmo com um golzinho matreiro para decidir a parada.
Eles foram bem superiores. O jogo todo, á exceção dos dez primeiros minutos da segunda etapa.
Fica a ameaça para o Mundial.
Se jogarem o que não jogaram, até na semifinal vamos sofrer.
Aguardemos.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Caro Carlos Moraes.
que prazer enorme em rele-lo. O Rasko e o Chacal já deram as caras. Saudade de vocês.
Eu creio que a troca de João Gomes por Gérson vai se mostrar em breve o maior tiro na água da nossa comissão técnica.
E o Vitor Pereira? Quando cairá? Façam suas apostas. Será que o Dorival Júnior voltará para arrumar a casa ou o Mário Coat acertará na sua previsão de que o Mundial está em outro patamar, e aí sim o time mostrará um futebol digno das nossas glórias?
SRN!
Concordo plenamente.
Não entendi um empenho tão grande para nos desfazermos do João Gomes, de apenas 21 anos.
Não vou negar que esperava muito mais do Gerson.
Qual será o problema dele. Muito tempo parado na Europa ?
Aproveito para cumprimentar também o Xisto, além do amigo Rasiko.
Não é que resolvemos reclamar oficialmente junto a CBF !
Que lástima !
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Tu e muito sinistro
Vsf. Vc escreve pra caralho. SRN
Arthur,
excelente esta sua crônica.
Então, dos últimos técnicos que passaram pelo Flamengo (exceto Jorge Jesus), ou seja, Domènec Torrent, Rogério Ceni, Abel Braga, Renato Gaúcho e Paulo Souza, o melhor foi o Dorival Jr.
Ao menos, foi o único que ousou colocar Pedro e Gabigol para jogarem juntos. Não devia ter sido substituído.
Agora, somente com reza muito forte, iremos à final contra, provavelmente, o Real Madrid, que também não anda lá essa coca-cola toda não.
No dia em que tiver um campeonato de purrinha e o Flamengo não for campeão, não tem jeito, vou cornetar adoidado.
SEN!