Aos 33 do segundo tempo Gabriel puxou um contra pela direita e meteu pro arisco Michael, que entrou na área levantou a cabeça e tocou, na consciência, pro Everton Ribeiro. A conclusão de Ribeiro foi simbólica. O ideólogo do meio-campo rubro-negro matou a bola e com extrema frieza jogou a nêga lá dentro. A tranquilidade com que executou a matada e o chute foram próprias de quem tinha levantado a taça Libertadores há pouco mais de 90 dias.
Essa tranquilidade de campeão da Libertadores, condição a qual fará jus enquanto não surgir um outro campeão, foi determinante para o sucesso do Flamengo em sua estreia na competição. Os colômbia eram limitados, mas não facilitaram nem um pouco pro Flamengo. Enfiaram a porrada, se aproveitando da ausência de culhão do pusilânime apitador, e elevaram a temperatura do jogo muito além do necessário. Mas já aprendemos que quando o Flamengo está sendo roubado escandalosamente é porque as instituições estão funcionando normalmente.
O Flamengo teve uma atuação essencialmente cerebral. Claro que o nosso primeiro gol, logo aos cinco minutos da partida, ajudou, mas desde o inicio era perceptível que o Flamengo estava muito mais forte de cabeça do que esteve nas suas últimas 15 estreias na Libertadores. Sem qualquer traço de nervosismo ou afobação. Se a cabeça do Flamengo estava sã os pés também não estavam doentes. Mesmo com desfalques sérios o time soube se impor.
Os substitutos atuaram muito bem, com destaque pra Thiago Maia, que mostrou qualidades pra disputar a posição à vera. Vitinho, à sua maneira, já é um dos titulares, tem uma função muito bem definida no esquema e a executa com eficiência. João Lucas foi bem, mas ainda está longe de Rafinha. Léo Pereira, aos poucos, vai aprendendo a jogar bola e carregar o peso do Manto ao mesmo tempo, sabemos que é complicado. Deu pra ver que o banco vem forte e foi fundamental para o triunfo mulambo em Barranquilla.
Mas o mais admirável foi como o Flamengo alcançou o resultado. A conjuntura não permitiu que o Flamengo se exibisse da maneira exuberante a que nos acostumamos nos últimos meses. Mas as metas foram preservadas. A forma do Flamengo jogar, a assinatura tática de Jorge Jesus, foi abandonada sem a menor hesitação em nome de um bem maior, a vitória.
Pela primeira vez em 2020 o Flamengo foi testado de verdade. E pela primeira vez também, mostrou que conseguir jogar ainda melhor que o time de 2019 está ao seu alcance. O Flamengo mostrou uma enorme capacidade adaptativa, que o amigo Darwin apontava como a qualidade decisiva quando o assunto é evolução. “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.
O Flamengo de 2020 sabe quem é, sabe onde quer chegar e, principalmente, sabe como chegar lá. Tamanho autoconhecimento, que gera uma confiança absurda, só tinha visto no time de 1981. Imagina na hora em que todo mundo jogar junto. Parece que o ano vai ser duríssimo pros secadores.
Que além de estarem presenciando em tempo o real o Flamengo passar o rodo em tudo que encontra pela frente, são obrigados a aturar as feéricas atuações de Gabigol. Além das suas qualidades atléticas, que são inegáveis, Gabriel tem personalidade beatlemaníaca, que desperta nos jovens torcedores, seja lá para qual time torçam, uma irresístivel idolatria. Gabriel manda muito bem dentro e fora de campo, mesmo quando não faz gol. E faz valer cada centavo investido na sua contratação. Confirmando o truísmo que o craque nunca é caro, caro é o pereba.
Largamos muito bem nessa Liberta, vitória fora de casa e três pontos na conta. Agora é manter o desprezo pela Taça Rio e botar força total contra o Barcelona genérico na quarta-feira que vem. Sem empolgação, sem muita palhaçada. Libertadores é obrigação. Só faltam 12 jogos pra chegar ao TRI.
Mengão Sempre
Faltando um pouco de colorido nas fotos de capa.
Agora sim, apenas futebol. Comentário lúcido ;mas ao mesmo tempo ,odiado pelos secadores.
Demorei…
O Flamengo, sob a batuta de Jorge Jesus, está se mostrando como um verdadeiro demolidor de tabus.
Já ganhamos do Grêmio lá na casa deles (nem me lembro direito qual tinha sido a última vez); ganhamos do Sinthético-PR lá na casa deles (dizem as más línguas que a última vez antes disso havia sido com um gol do Zico); ganhamos dos Porcos dentro do Chiqueiro deles (que agora também é sintético) e, principalmente, ganhamos Brasileirão e Libertadores no mesmo final de semana.
Isso, sim, é saber quebrar paradigmas…
E estou confiante de que, este ano, a Libertadores atual não será nem melhor nem pior do que a Libertadores passada. Basta ser igual, ter o mesmo resultado. Isso já é suficiente… hehehehehe
O que me dá bastante confiança para este ano é o fato de que o Flamengo SEMPRE dá um jeito de ganhar os jogos. Quando joga mal, consegue achar um jeito de vencer; quando joga bem, goleia.
E já vimos isso este ano algumas vezes (às vezes, dentro do mesmo jogo).
Flamengo jogou mais ou menos contra o Independiente Del Valle na altitude. E, não fosse a atuação esquisitíssima do VAR (marcando impedimento de jogador que sai do próprio campo e dando pênalti mandrake no final do jogo), o time teria vencido com um excelente placar.
No jogo de volta, no Maracanã, mesmo com 10 jogadores por mais de 70 minutos, o time conseguiu se organizar e ganhar, de novo, por um placar sem rumores ou dúvidas.
No “rural”, tivemos 2 jogos parecidos contra dois dos anões do Rio de Janeiro. No primeiro, jogamos o 1º tempo muito bem (fizemos 3 gols) e sofremos perrengue nos 45 minutos finais. E o jogo acabou em 3×2 contra os Flores.
No segundo jogo, nesse final de semana, de novo jogamos apenas 1 tempo. E, de novo, fizemos 3 gols em cima do adversário da vez. O que confirma a minha tese: quando jogamos mal, vencemos e, quando jogamos bem, goleamos.
Então, para quarta-feira contra o Barcelona-ECU, espero que o time jogue o que sabe, pois uma vitória pode praticamente determinar a classificação antecipada para a fase de mata-mata. Isso porque, se o Independiente Del Valle (que é um suco de boa qualidade) também vencer o Junior Barranquilla em casa, Flamengo e Del Valle abrirão 6 pontos de vantagem para os outros dois times do grupo. E, convenhamos, tirar 6 pontos em 12 possíveis é praticamente impossível (ainda mais com o nível de futebol que estamos vendo).
E, se o óbvio acontecer na quarta-feira, mais um tabu estará prestes a ser dizimado pelo Mister Jorge Jesus. O perrengue, tão aclamado pelo Arthur, eu deixo para as fases mais agudas da competição.
SRN a todos!!
Comentário perfeito para um jogo interessante.
Jogamos tendo como prioridade a vitória, sem exibicionismos.
Confesso que não esperava tanta resistência por parte dos colombianos, a não ser pelo bom número de desfalques no nosso time.
Por sinal, se Thiago Maia foi muito bem, se Vitinho deu conta do recado, os três zagueiros utilizados não brilharam.
Faz falta o Pablo Mari, que sabia sair jogando, vocação rara, própria de um zagueiro de nível superior.
Curiosamente, não há um só jogo em que se tenha temor ou expectativa negativa.
Ligo a TV na certeza da vitória e ela acontece.
Tranquilidade absoluta.
Por fim, cabe destacar a fase do Gabigol. O passe que deu pro Michael, viabilizando o segundo gol, foi coisa de cinema.
Tranquilas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Cara, mais do que um bom texto sobre o nosso Mengão você tem muito bom gosto para mulher. No cover é uma mais linda do que outra e não importa a época. Parace até o nosso manto! Abraços. SRN
Concordo plenamente.
De fato, é uma coleção IMPRESSIONANTE.
Onanísticas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Muito bem escrito!
TUDO NOSSO!
Daqui a pouco Gabigol vira personagem da Marvel. Da turma da Mônica já vai ser.
Ele e os outros Vingadores tem uma missão extraordinária nessa temporada. Final de Libertadores no Maracanã não é todo ano que vai ter.
É o lado arcoiris da força vem babando pra cima desse Mengão Foderosão.
Certíssimo o Mister ao visar o Mundial como nosso Graal.
arthur,
acho que o primeiro grande teste foi com o independente dell valle,o jogo no maraca ficou tenso com a expulsão do arão.
SRN !
Eu teria um desgosto profundo
Se faltasse o Flamengo no mundo
Tudo balela esse papo de Gabigol. Flamengo tem que contratar só jogador flamenguista desde criancinha, que chora e beija escudo na apresentação.
Brincadeiras à parte (vou te deixar em paz, Chacal, prometo, Kkkk), realmente o Gabigol é um fenômeno de popularidade entre a molecada.
Incrível, até anteontem só se falava em Messi e CR7. Hoje a criançada nem sabe mais quem são esses gringo fraco e nem em que time jogam. Só se fala em Mengão e Gabigol. Sério, tenho até pena de pai anti…
E olha que nem dá pra dizer que o Gabigol é o melhor jogador desse timaço. Impossível colocá-lo facilmente acima de Arrascaeta, Bruno Henrique, Messerton Ribeiro, os laterais e o Gerson.
Ainda me vem o Thiago Maia mostrar que o Arão vai ter que comer grama pra não bancar.
De novo, vai ser tudo nosso (anota pro novo livro, Murtinho).
Essa idolatria pelo Gabigol por parte da criançada me lembrou de uma história muito interessante.
O falecido grande ator e comediante Lúcio Mauro era, infelizmente, botafoguense. Algo perdoável porque ele viu a geração de Garrincha e companhia jogar em sua plenitude.
Mas, o importante nessa história é a idolatria que o filho dele, também ator e comediante Lúcio Mauro Filho, tinha pelo nosso grande Zico.
Ele contou que, por diversas vezes, ficava encabulado por ter que ir com a camisa do Botafogo pra escola (imposição do pai dele, óbvio) já que via “todo mundo” (ou seja, todos os colegas da escola) vestindo a camisa 10 do manto sagrado.
Todos eram Zico. Todos queriam jogar como o Zico. E, tenho certeza, milhões de pais torcedores da arco-íris viram seus moleques sendo salvos pelo “Messias” e libertados de uma vida de sofrimento.
Passaram, então, a vestir as cores rubro-negras e tiveram o privilégio que acompanhar a trajetória daquele grande time vendo os jogos do lado certo do Maracanã.
Lúcio Mauro Filho teve uma grande influência. E, guardadas as devidas e imensas proporções, o que o Gabigol vem fazendo com a torcida mirim é bastante parecido com o que vimos acontecer com o Zico.
Torcedores mirins gremistas, palmeirenses e de diversas tonalidades não se furtam de fazer o gesto do Gabigol quando comemora os seus vários gols. Ou seja, estamos vendo um fenômeno de salvamento de várias almas arcoirizadas pelo fenômeno Gabigol. Crianças que, no futuro, serão eternamente gratas de terem sido resgatadas para o lado rubro-negro da força.