Dezoito de Outubro de 2015. Flamengo x Internacional no Maracanã. Terminei o jogo aos gritos de Time Sem Vergonha, reclamando dos gols perdidos pelo Guerrero. Mas esse não é um texto sobre um Déjà vu rubro-negro, nem sobre relações amorosas, frustrações ou carências. É uma história de amor de verdade. Daquelas que tratam dos amantes mais que perfeitos: o Flamengo e sua torcida. O Flamengo e seu torcedor. É uma história de amor que une o sagrado e o profano. A fantasia e a realidade. O desejo e a paixão. A loucura e a razão de um torcedor que aos 30 anos esteve no Maracanã pela primeira vez. Padre Ozéias Cativo era um dos 28.786 torcedores, que assim como eu, estiveram presentes naquele jogo acreditando numa vaga pela Libertadores. “Foi uma emoção grande, confesso que fiquei em lágrimas quando entrei no Maracanã. E hoje, agora, fico emocionado só de lembrar.” Dez dias depois desse jogo, a casa caía num sítio em Vargem Grande. Eu choro até hoje quando lembro que ainda estão todos lá. Cansados. Desgastados. Perdendo e empatando jogos medíocres, para times mais medíocres ainda. Padre Ozéias e eu não merecemos passar por esse purgatório a essa altura do campeonato da vida.
O Flamengo é sinal sagrado. É isso que testemunhamos. Eu, você, Padre Ozéias Cativo e meus onze leitores. E quem sabe isso quer dizer amor [Pelo Flamengo]. Ao nascer e viver até os 10 anos de idade, bem ali nas margens do rio Amazonas numa comunidade ribeirinha, este homem que reza com o seu povo em Parintins, que consagra o vinho e o pão, se apaixonou pelo Mais Querido pelas ondas do rádio. Escutava o José Carlos Araújo e imaginava estar ali…ao lado de Romário, Bebeto, Zinho. Ele me contou com nostalgia, pelas ondas do whatsapp, que só depois que saiu de sua comunidade para viver com familiares em Parintins, foi levado por um tio vascaíno a um clube que transmitia os jogos pela televisão. Depois dos 10 anos!!!!!! Eis aqui o Mistério do Amor! De mais um dos nossos que vive, respira e comunga o Flamengo. Este homem do altar me emociona. O Flamengo e o sacerdócio são para sempre. “Torcer de longe, é o mesmo que torcer de perto”, me disse ele com a autoridade que o sacramento da ordem lhe confere. Eu não contestei. Quis dizer a ele em confissão que sofro tanto com o Maracanã fechado, que choro, me deprimo, me revolto, com a falta de planejamento de uma diretoria que me faz ver a maioria dos jogos pela televisão, quando não cometo as loucuras para estar em Juiz de Fora…ou Volta Redonda…e por aí vai. E o Brasileirão nem começou. Rogai por mim, São Judas Tadeu. Nossa Senhora da Providência, Providenciai! Para que eu não me endivide com passagens áreas e hotéis atrás do Flamengo.
Como católica, apostólica, romana que sou, acreditei que contar essa história do Padre Ozéias era uma dádiva…um presente de Deus para mim. Estava certa. Em dias que estou em fúria e pecando demasiadamente ao proferir palavrões e impropérios a cada gol perdido pelo time dos desgastados, pergunto sobre os jogadores que marcaram a vida do padre e lá vem um sinal: “Eu admiro muito os jogadores do Flamengo” Todos, padre? “Sim. Todos.” Se eu não acreditar definitivamente que Deus é rubro-negro e está me mandando um sinal, vã é a minha fé. E então ele começou a me falar de “Zico, Romário, Bebeto, Júlio César, Pet, LÉO MOURA…”
Guardar Domingos, Festas e Jogos do Flamengo. Questiono como padre Ozéias vive esse amor diante das responsabilidades e compromissos do sacerdócio e do terceiro mandamento. “Eu nunca escondi essa paixão. Dos sete dias da semana, cinco deles eu passo vestido com a camisa do Flamengo. Vou à missa com ela. As pessoas sabem que é uma coisa sadia.” A essa altura da minha partilha de Flamengo com o padre Cativo eu já estava querendo me confessar de novo: Comigo é diferente, Padre. Minha paixão é sagrada e profana.
Depois de ter conhecido o Maracanã, e de ter visto o Flamengo pela primeira vez, perguntei se faltava realizar mais algum sonho: “Sim, muitos. Ver o Flamengo campeão da Libertadores de novo, ganhando outro mundial….eu também queria conhecer a Gávea, encontrar os jogadores, ter uma camisa autografada por eles…” Como por um milagre voltei a ter esperanças, não no bando em campo dos últimos tempos, mas na fé que move montanhas. E então, Padre Ozéias sendo padre, sendo Flamengo, me diz com voz de profeta: “Torcer pelo Flamengo é uma alegria. É muito bacana de viver. Se eu morasse no Rio eu não perderia um jogo.” Nessa hora eu quis abraçar o padre, pedir perdão pelas vezes que perdi um jogo, ou pelas vezes que excomunguei a diretoria pelas lambanças de planejamento com os jogos desse ano. Mas aí, lembrei de um dos meus livros preferidos da bíblia, o Cântico dos Cânticos. Um livro de amor, claro. E rezei com ele. Pelo Padre Ozéias. Por mim. Por vocês. Pelo meu pai que tá no céu, que me fez Flamengo desde o ventre materno e me levou a primeira vez ao Maracanã com um ano de vida. Pelo nosso amor pelo Flamengo. “As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam. (Ct 8, 6-7)”
Pra vocês,
Paz, Amor e FÉ no FLAMENGO.
Oi Vivi…belo texto…agora são 12 leitores…..saudações
Os textos da Vivi nem precisam ser assinados, identificados, não são eles de frases comuns formando a oração, dando um sentido qualquer, uma ideia, é bem mais do que isto, e nada se dissimula, não tem como, quando as próprias letras, alegremente felizes, acenam para o leitor, gratas, por estarem tão bem distribuídas a formar mosaicos de poesias em amor ao FLAMENGO, e denunciadoras, não permitem a sua ocultalidade. Não adianta, como se apresentar, a Vivi escreveu, foi ela…!
Edvan-Alagoinhas-ba.
PS – Quantas lembranças, amigo Moraes. Poxa. Subimos pela parte interna e quando se abriu diante de mim o vão que dá acesso ás cadeiras…, , daquela altura, abismado com o frontal esplendor, verdadeiro templo do esporte mundial, e o uníssono daquela massa rubro-negra, meus primos (da nação), a entoar o DALE, DALE, DALE Ô MENÇAO DO MEU CORAÇÃO, não me contive mesmo, não.
Foi lindo demais!
Sou muito agradecido ao Ulisses que me proporcionou conhecer o Rio de Janeiro, o Maracanã, o Moraes, Taquiupa, Chacal, Bira porto, Bill Duba (até hoje come a minha irmã), Aúreo Rocha, o Arthur, Murtinho, Vivi, Nivinha,, familiares e tantos outros.
VALEU!
E o Moraes, é um cara específico. Você olha pra ele e logo algo acontece: SIMPATIA, ADMIRAÇÃO, RESPEITO, soltam-se do seu observador e alinham-se em sua direção. …! É afiado, sincero, independente, também divertido. Um cara muito legal!
Edvan-Alagoinhas-Ba.
PS – Quem nunca foi não sabe o que é o encontro da Confraria. Imperdível!
O MARACA SE NÃO É, DEVIA SER NOSSO…!
O “texto da Vivi”…leio isso e tudo que vem depois e quero apenas….abraçar vc!
Um beijo rubro-rubro-negro, Vivi.
Vivi, voltou com tudo hein? Belíssimo texto. Todos, acho, temos histórias inesquecíveis de amor com o Mais Querido. Tenho algumas, mas deixa pra outro momento.
Por enquanto vou curtir a poesia no ar do seu texo.
Não sei se você viu, mas em um comentário recente dos vídeos da Nivinha, comentei que estava sentindo falta de você aqui. Afinal, por aqui mando beijos somente para você e a Nivinha e utlimamente só iam pra ela.
Mas hoje, vamos tentar equilibrar.
Beijos e beijos e beijos Vivi.. E SRNs a todos.
Ah meu amigo…eu tô sempre por aqui…dando voltas ao redor do campo. SIM…EU VI o recadinho lá na Nivinha.
Vc é mesmo um amor!!!
Bjs e bjs,
Vivi.
Belo texto. Mas tá phodda ver o Guerreo perder tanto gol.
Marcelo…Vc tem Toda Razão.
Minha paciência com ele…acabou.
Um grande beijo…Vivi.
Logo pelo café da manhã, como de hábito, lia os jornais do dia, quando me deparei com a seguinte manchete: “Execução a sangue-frio – morte de palestino divide Israel.”
Uma tristeza imensa naquele momento me levou à História. O café descia pela garganta apertada, enquanto passava pela minha memória, ações do homem primitivo ao do homem atual. Pouca coisa mudou.
Lembrei-me também de um filme que me fez, já aos 14 anos de idade, me conduzir à viver sempre na esperança da paz definitiva entre os homens e entre os povos: “A Time to Love and a Time to Die”, no Brasil com o nome de “Amar e Morrer”. Uma obra prima de Douglas Sirk.
Música belíssima de Miklos Rozsa. (link abaixo do tema musical do filme)
https://www.youtube.com/watch?v=jjbzTDxEMh0
Copiei da internet um pequeno trecho de um comentário sobre o filme, cujo autor não se identifica:
“As pessoas tem consciência da pungência de uma guerra, mas há aceitação nesse desafio e os termos “amar” e “morrer”, por um desfecho pleno de astúcia sobre o caráter humano, transitam entre o ideal de melodrama e um patamar trágico que vai além de sensibilizar, apresentando também o mote principal como qualquer coisa que não o amor, inerente excepcionalmente a perdas e danos. Um filme belo e edificante.”
Os emotivos devem se afastar deste filme.
E quando já parecia refeito do choque, Vivi Mariano me vem adicionar mais emoções, para de forma emocionante falar sobre o amor, exatamente num dia em que acordo com guerra. Guerra e ódio, de tiros e palavras.
Querida Vivi, você é linda, muito linda mesmo, em todos os sentidos existentes.
Beijos carinhosos.
PAZ e AMOR.
S R N !
Por favor: retirem a crase em “à viver”.
Baseado em um livro de Erich Maria Remarque.
Nilo Sérgio,
imperdoável este meu esquecimento.
Obrigado pela ajuda.
S R N !
Estou emocionada com suas referências. Escrever sobre a paixão da “nossa gente rubro-negra” é desafiador. Chorei com Padre Ozéias…choro com vc…de amor. De amor pelo Flamengo.
Grande Beijo, Vivi.
VIVI,
TE AMO !
SRN !
Chacal,
Eu
Também
Te
Amo!
SRN, Vivi.
espero que a galera entenda esse nosso amor e não fique com ciúmes !!!
apaixonadas saudações !!!
Esse texto cheira à infância. Nos remete aquele momento em q nascemos rubro negros. Pra mim esse momento mágico aconteceu em 93, na conquista do penta. Ver o Júnior correr comemorando é a minha memória mais antiga de rubro negro, tb tinha 10 anos e também não morava no Rio.
Confesso q durante a leitura fiquei alguns momentos com aquele nó na garganta, aquela umidade nas pálpebras, isso tudo abastecido pelas lembranças.
Adorei Vivi, que nossa memória sustente nosso amor pelo Mengão nesses dias sombrios!
Eu adorei vc ter adorado : )
Nossa memória tem capacidade para sustentar uma vida…
Mas, nós somos FLAMENGO…Queremos mais e mais!
Beijos Rubro-Negros, Vivi.
Q texto legal !
Divertida a escrita …
E esse texto de certa forma não é muito sobre o Amor do Padre somente , mas meio que uma intimidade confessional tua também .
Grande abraço
Urubu Poeta ( Twitter )
Tem razão, Poeta.
Tudo em mim é CONFISSÃO.
Transparência!
Confidências!
Beijos e SRN, Vivi.
Vivi, sua conversa conosco é riquíssima de detalhes e “visagens” e nos enche o coração de emoções! Obrigado por dividir conosco a sua fé Flamemga! Eu estive nesse famigerado jogo, fiz um fim de semana rubro-negro, fui ao jogo de basquete contra o Orlando magic e no dia seguinte fui a essa pelado! Só agora me dou conta de que minha emoção e minha raiva na derrota nada significam sozinhos! Suas palavras me mostraram o quanto a fé dessa nação nos une é nos alimenta! Obrigado! Um beijo!
É isso, Daniel! Vc me entendeu: “minha raiva na derrota nada significam sozinhos!” E a alegria na vitória tb não vale se não tiver um DESCONHECIDO do lado na arquibancada pra gente abraçar como se fosse um irmão…um amigo de uma vida….sendo um estranho!!!!!!
BRAVO!
Beijos e SRN, Vivi.
Simplesmente divino e profano…a bruxa das letras vem de Avalon espalhando a energia divino/profana de um amor…de uma paixão, que como já dizia minha velha avó paraibana, quando questionada sobre sua paixão pelo Mengao… Paixão que não se explica…obg Vivi por mais um texto que nos leva cisco aos olhos…
Energia Divina e Profana….
Essa sou eu.
Essa é a minha.
Grande Beijo Meu Querido!
SRN, Vivi.
Vivi voltou em grande forma.
Reparando uma injustiça. Voltou, não. Manteve-se, como sempre, em seu estilo de prosa-poesia, que nos emociona muito.
Vivi, quero confessar que vivi (sem trocadilhos) um sensação idêntica.
Dia 3 de novembro de 2014, bem recentemente, portanto.
Não ia, desde o glorioso dia 6 de dezembro de 2009, ao Maracanã.
Com o ^novo^ estádio, absurdamente diminuído, decepcionei-me.
Mas a emoção vivida, foi a mesma que você teve com o Pe. Ozeias.
Na noite anterior a Confraria havia se reunido, ali no velho, cansado e querido La Mole do final do Leblon, onde, tantas e tantas vezes, saboriei aquela fantástica entrada (antepasto é tenebrosamente horrível), ao longo da minha juventude e tantos anos que se seguiram.
Combinamos que, no dia seguinte, iríamos assistir Flamengo x Chapecoense, que acabou 3 x 0, apesar do penalty perdido pelo … LEONARDO MOURA.
Lá estivemos muitos, entre eles o nosso querido sábio, o Edvan Santos.
Era a sua primeira vez no estádio, que ainda insistimos em chamar de nossa casa.
Assim como você em relação ao Padre, vi, tal como minha mulher, o Lúcifer – cercado de amigos e familiares, entre eles a sua linda filha – e outros mais as lágrimas sinceras da emoção insuperável pelo amor ao Flamengo.
O nosso Edvan não teve como resistir.
De fato, o FLAMENGO provoca sensações que, por mais religiosos que eventualmente sejamos, nem Deus explica, ou, se quiserem os de menos fé, nem mesmo o Sigismundo.
Emocionadas (além de saudosas) SRN
FLAMENGO SEMPRE
Carlos,
Não tem como manter a forma em um blog que tem no ataque…Arthuzão…Nivinha…Murtinho…Arnaldo…
Eu fico só correndo em volta do campo ; )
Muito bacana sua “vivência idêntica.”
Flamengo é isso…um carrossel de emoções!
Um grande beijo rubro-negro,
Vivi.