As rivalidades regionais, nas quais forjamos o gosto pelo futebol, costumam endurecer nossos corações. Só que, conforme ficamos velhos e nos tornamos avôs, amaciamos. Longe de mim ironia ou cinismo, mas morro de pena da torcida do Vasco. Pobres-coitados que se iludem com tão pouco.
Adiante.
Quando o Grão-mestre dos Cavaleiros Bem-vestidos me convidou para participar do RP&A, ele disse que eu teria liberdade para escrever o que quisesse. E foi firme: qualquer assunto em torno do tema futebol vai, necessariamente, desaguar no Flamengo. Como a única coisa sobre a qual me atrevo a escrever é futebol, achei que me sentiria em casa – exatamente como vem acontecendo.
Portanto, e por favor, não desistam. Mesmo os textos que abrem com uma ou outra digressão, igual a esse, certamente irão desembocar no maior do mundo.
Começa a encorpar, entre os caras mais respeitados da imprensa especializada, a tese de que boa parte da culpa pela pobreza técnica do atual futebol brasileiro cabe aos treinadores. Ainda há quem os idolatre, mas a grita não para de crescer e muito disso pode ser atribuído aos inacreditáveis sete a um. Todo o resto é verdade: os desmandos e o caráter retrógrado da CBF e das federações estaduais, a reaparição de indesejáveis jasons feito o atual presidente da baranga-mor, o despreparo da maioria dos dirigentes para um futebol cada vez mais profissional, nossas insuportáveis arbitragens tão cheias de mimimi. Tudo isso precisa e vai mudar, mas treinadores atualizados e mais humildes – aprendam com o RP&A, senhores – contribuiriam para deixar menos feio o que a gente tem visto nos gramados.
Quem mora fora do Rio, que nem eu, e assiste aos jogos do Flamengo pela tevê, no último domingo teve o privilégio de conferir uma preliminar interessante, com 99 mil pessoas nas arquibancadas e, em campo, 21 caras que foram titulares de suas seleções na última Copa do Mundo. (Entre os 28 que participaram do jogo principal, no Maraca, apenas um participou da Copa, e mesmo assim no papel de turista: o terceiro goleiro da seleção uruguaia, Martín Silva.)
Entretanto, o que mais chamou a atenção no aperitivo em Barcelona foi a preferência absoluta, nas escalações, por quem sabe jogar bola. Embora estivesse em casa, o empate não seria ruim de todo para os amiguinhos do Messi, que se manteriam na liderança do campeonato. Para o Real Madrid a derrota representaria o princípio do fim, por permitir ao Barça abrir quatro pontos de vantagem. Porém, curiosamente, os treinadores Luis Enrique e Ancelotti não escalaram cabeçudos no meio-campo. Toni Kroos, Modric e Isco pelo Madrid, Mascherano, Rakitic e Iniesta pelo Barça. E na frente, três atacantes de verdade para cada lado. Nenhum dos dois podia perder, mas nenhum dos dois teve medo de jogar.
Comentário óbvio: ah, mas se os técnicos brasileiros tivessem o Kroos, o Modric e o Isco, também não escalariam cabeçudos. Não procede. Nosso futebol parece ter abraçado de vez a covardia e não cansa de caminhar para trás. Já houve uma época em que bons volantes viravam zagueiros, por causa do tempo de bola e da capacidade de sair bem para o jogo. Na virada dos anos sessenta para os setenta, o paraguaio Reyes foi trazido pelo Flamengo para jogar de volante e virou ídolo da torcida quando recuou para a quarta-zaga.
Agora, fazemos o contrário. Sempre que aparece um zagueiro bom de bola, logo logo ele está na cabeça de área, porque aí abre espaço para um zagueiro-zagueiro. Volantes minimamente capacitados viram meias – como Luxemburgo vem insistindo – e meias se transformam em falsos atacantes. Outro bom exemplo em casa: Renato Augusto. Começou como meia, subiu ao time principal como meia, mas rapidamente foi deslocado para o ataque. Joel Santana – o homem que preferia Souza e Obina a Diego Tardelli – só escalava Renato Augusto na função de segundo atacante. Qual a vantagem? Bidu: entupir o time de volantes e brindar a torcida, como ocorreu várias vezes, com um meio-campo formado por Jaílton, Cristian, Toró e Ibson.
No atual caso rubro-negro, Luxemburgo – que, justiça seja feita, sempre gostou do futebol bem jogado – até que tem uma boa desculpa: entre escalar o Mugni (que pouco colabora para o time fazer os gols de que precisa) ou o Márcio Araújo (que mal ou bem pode ajudar a evitá-los), não chega a ser um disparate optar por Márcio Araújo. Mas isso virou um vício.
Os técnicos brasileiros têm sido criticados por abdicarem da atualização. Até Kaká, conhecido pelo bom-mocismo, deu uma alfinetadazinha básica em Muricy um pouco antes de partir para os isteitis. Moral da história: enquanto o chileno Manuel Pellegrini é treinador do Manchester City, o argentino Simeone dirige o Atlético de Madrid e José Mourinho, nascido e criado na periferia futebolística de Portugal, comanda o Chelsea, nossos ilustres professores só arrumam emprego no exterior quando pinta uma vaguinha em mercados que ainda estão na Idade da Bola Lascada.
Mas continuam com uma pose dos diabos. E com salários que, francamente, aniquilam qualquer tentativa de equilíbrio orçamentário.
Mestre Murta, eureka! Acabei de descobrir a fonte do desequilíbrio orçamentário histórico do Flamengo. Vamos aos fatos.
Primeiro, todos sabemos que o custo do m² no Rio de Janeiro está em níveis exorbitantes, nunca antes vistos na história deste país. Especialmente na Zona Sul da cidade, onde está localizada nossa bela sede, de frente para a Lagoa, na Gávea.
Segundo, mal terminamos o primeiro trimestre de 2015 e o todo-poderoso já faturou duas taças, uma daquele torneio mequetrefe de Manaus e outra ao batermos a chiliquenta ontem no Maraca, numa tal Taça dos Superclássicos que inventaram só pra dar pra gente.
Junte-se a isso, o risco de faturarmos ainda mais uma Taça Guanabara na semana que vem e, possivelmente, de levarmos o Estadual mais uma vez no início de maio.
Ou seja, estamos falando da possibilidade de aumentarmos nossa já abarrotada sala de troféus em mais 4 canecos em praticamente 4 meses de 2015. Não tem equilíbrio orçamentário que segure tão rápida expansão do salão de troféus com o preço do m² do jeito que está na Gávea.
Dado que não tem como deixarmos de arrebatar os canecos, acho que a única solução seria mudarmos nossa sede para, sei lá, o Acre.
Grande Thomas!
Rapaz, acredite ou não, tinha pensado em escrever meu próximo post exatamente sobre isso. No momento em que começamos a equilibrar as contas, é um tal de ganhar troféu que já deve faltar espaço na Gávea. Entretanto, depois que assisti a alguns acontecimentos de ontem, o novo post foi para outro caminho e deve subir logo logo.
Só mais uma coisa: na Taça dos Superclássicos, o Flamengo terminou em primeiro lugar com seis pontos ganhos e o Fluminense em último com três. Vasco e Botafogo ficaram empatados com quatro, mas, no saldo de gols, adivinha quem ficou em segundo?
Foi o que eu disse no primeiro parágrafo desse post aí: morro de pena.
Abração.
Bonjour Francisca,J’ai beaucoup aime9 votre voisin tre8s personnelle de Rio et ai note9 vos adresses. J’en profite pour vous donner ma promenade favorite car j’ai aussi habite9 e0 Rio = Le tour de la lagoa que vous devez connaeetre et prend environ une heure de marche. Au plaisir de vous lire encore.Anne.
Ma chérie Lilian,
J’étais très content avec son commentaire ici, mais… Francisca??? Je suis épée.
Bisous bisous.
De Curitiba, com muito atraso, para o RP&A.
Um é pouco, dois é bom, três é demais.
Freud explica, e como explica !
Li, há bem uns vintte anos, uma afirmativa de alguém (o nome esqueci) que assim proclamava.
^Trës foram as grandes declarações nestes vinte séculos de era cristã.
A primeira de Copérnico – a Terra não é o centro do Mundo.
A segunda de Darwin – o Homem descende do Macaco.
Por fim, na ordem cronológica, de Freud – o Homem não domina o seu consciente.^
Profundo este âlguém^.
Li, somente hoje, um comentário, repetido por três vezes, de outro estudioso da mente humana, o nosso colaborador Rasiko, que, pela primeira vez no RP&A, apos N investidas no Urublog, dirige-se inconscientemente contra a minha pessoa.
Logo eu, caquético, cardíaco e diabético, o mais simples, o mais humilde, o menos presunçoso dos participantes do Blog, apesar de continuar a ser um fervoroso amante do BELO e um apaixonado torcedor do FLAMENGO !
Admito que fui o primeiro a criticar o ^revolucionário^ Luxemburgo, mas assim também o fizeram o André, o Áureo, até o próprio Murtinho.
Impulsionadas pelo inconsciente, as baterias rasikonianas voltaram-se apenas contra mim.
A força do inconsciente, no entanto, ainda iria se fazer presente de forma mais nítida.
Levado por ela, o dedinho indicador do bom Rasiko dirigiu-se ao botão do ^Emviar^.
Apertou uma vez, é pouco, duas vezes, está quase bom, três vezes, TRÊS VEZES, T R Ê S V E Z E S … gozou !
Freudianas SRN
FLAMENGO SEMPRE