Campeonato Brasileiro, 38ª rodada.
O comportamento humano em torno do futebol extrapola explicações. Cientistas sociais, antropólogos, neurolinguistas, filósofos, estudiosos de quaisquer matérias, não há quem seja capaz de decifrá-lo.
Em 2019, o Santos caiu para o Corinthians nas semifinais do Campeonato Paulista. Mesmo com oito clubes brasileiros classificados, não participou da Libertadores. Foi eliminado, pelo desconhecido River Plate do Uruguai, na primeira fase da raquítica Copa Sul-Americana. Rodou para o Atlético Mineiro nas oitavas de final da Copa do Brasil. Terminou o Campeonato Brasileiro dezesseis pontos atrás do campeão. Saiu da temporada pelado, com uma das mãos na frente e outra atrás. Mesmo assim, no jogo com o Flamengo, o atacante Marinho comemorou o primeiro gol tirando a camisa e agitando-a freneticamente, em celebração proporcional à de um título de primeira grandeza. Em seguida, ajoelhou-se, ergueu olhos e mãos aos céus, orou. O meia Carlos Sánchez, além de tirar a camisa após o quarto gol, espetou-a na bandeirinha de escanteio, erguendo-a feito um guerreiro que acabara de vencer uma batalha decisiva. A torcida urrava de felicidade na arquibancada. Vai entender.
Muito se tem falado sobre um possível processo de espanholização do futebol brasileiro. Entretanto, o que se observou em 2019 foi a vascainização. Fenômeno que não dá muita bola à gestão competente, à montagem de uma boa equipe, à disputa de títulos, à contratação criteriosa de jogadores e comissão técnica com salários ajustados à receita do clube. Só o que interessa é ganhar do Flamengo. Ganhar, não, embarreirar já basta, pois empates passaram a ser considerados vitórias.
No último clássico, o Vasco deixou o Maracanã festejando o resultado de quatro a quatro. Só que, na contabilidade após aquele jogo, o Flamengo somava 81 pontos, o Vasco 44. O Botafogo enfrentou o Flamengo com uma vontade e um empenho que não foram percebidos em nenhuma das outras 37 partidas do clube no campeonato. E agora, o outrora campeoníssimo Santos, de Pelé e tantos craques, a delirar com uma vitória – goleada, vá lá – aplicada não sobre o jogo habitualmente praticado pelo campeão, porém sobre um time com total falta de interesse e excesso de cautela física. Às vésperas do Mundial Interclubes, correr risco em amistoso é coisa para amadores, e não para quem está em outro patamar (apud Bruno Henrique).
Um dos fatores fundamentais no esporte de alto nível é a motivação. Se os adversários corressem 100 metros rasos em 12 segundos, Usain Bolt teria vencido suas provas com pouco mais de 11. O que o fez chegar ao tempo recorde de 9,58 segundos foi o fato de alguns de seus principais concorrentes cravarem menos de 10. Havia motivação ao Flamengo para enfrentar o Santos, que veio babando?
Perder nunca é prazeroso, mas nada de estranho ou surpreendente aconteceu na Vila Belmiro. Pelo contrário: estranho e surpreendente foi não ter ocorrido antes. Aqui mesmo, usei a palavra “desmobilização” para tentar entender a apatia na derrota de três a zero para o Bahia, no primeiro turno, quatro dias depois da heroica passagem às quartas de final da Libertadores. A desmobilização também explicaria o sofrido um a zero sobre o CSA, no Maracanã, logo após o histórico placar de cinco a zero em cima do Grêmio.
Enquanto houver objetivos em disputa, que se mantenha a pegada. Com as metas alcançadas, é desumano exigir que os esforços da rapaziada permaneçam no limite. Não se trata, nem mesmo, de uma questão física: mais que isso, é mental.
O Campeonato Brasileiro terminou de um jeito bem diferente de como começou. Dirigido por Abel Braga, tínhamos um time que não passava segurança, mostrava poucos recursos, ganhara um Campeonato Carioca sem grandes dificuldades e também sem méritos especiais, capengava na fase de grupos da Libertadores.
O Flamengo que encerra o campeonato é unanimidade nas mesas redondas dos canais esportivos e nas mesas quadradas dos fundamentais botecos das nossas esquinas. O melhor time do futebol brasileiro em muito tempo, e certamente o mais empolgante nesses dezenove anos do Século XXI.
Libertadores em conquista épica. Brasileiro com uma vantagem como nunca antes na história desse país. Viagem marcada para o Catar, a fim de encarar os dois últimos jogos de um ano que, se o Mundial vier, será o mais glorioso do clube, superando inclusive o de 1981 – naquela temporada, o Flamengo não venceu o Campeonato Brasileiro.
Quatro a zero para o Santos? Bobagem.
Esqueça a fragilidade defensiva de Rodinei e a pior atuação de Filipe Luís desde que chegou à Gávea. O ar de enfado de Rodrigo Caio e sua inédita falta de sintonia com Pablo Marí. Os sucessivos erros dos inteligentes e hábeis Arrascaeta e Everton Ribeiro. A inação de Diego Alves. O alheamento de Bruno Henrique. A lentidão de Gabriel e Vitinho. A impaciência de Arão. A entrada para nada de Diego. Os infrutíferos esforços de Gerson – o único a se salvar individualmente. Esqueça, ainda, o estado gripal e a fisionomia abatida de Jorge Jesus.
A derrota é para ser avaliada com a imagem de Gabriel mostrando a tatuagem da Taça Libertadores à torcida do Santos e Bobby McFerrin deslizando suavemente no fone de ouvido:
“Here’s a little song I wrote / You might want to sing it note for note / Don’t worry, be happy”
Lances principais.
1º tempo:
Aos 3 minutos, Soteldo recebeu na esquerda, nas costas de Rodinei – o que viria a acontecer várias vezes durante o jogo – e rolou boa bola para Diego Pituca dentro da área. Pituca chutou de primeira, rasteiro, Diego Alves defendeu firme.
Aos 4, o Santos saiu jogando arriscadamente, com Jorge, Lucas Veríssimo, Everson e novamente Jorge. Gerson deu o bote, tomou, empurrou um bolão de calcanhar a Everton Ribeiro e daí o toque para Gabriel, dentro da área e em ótima condição para o chute. Ele tentou colocar e bateu mal, em cima de Everson, perdendo ótima chance.
Aos 9, Gerson dividiu com Marinho no meio-campo, levou a melhor, avançou, livrou-se de Eduardo Sasha e cruzou para Gabriel, nas costas de Gustavo Henrique. Gabriel cabeceou mal, por cima do gol de Everson.
Aos 10, falta de Pablo Marí em Carlos Sánchez na intermediária do Flamengo. Sánchez levantou na área, Gustavo Henrique ganhou no alto de Rodrigo Caio e cabeceou por cima do travessão de Diego Alves.
Aos 14, Alison e Arrascaeta dividiram no meio-campo e a sobra ficou com Carlos Sánchez, que de primeira enfiou ótima bola para Soteldo – adivinhe – nas costas de Rodinei. Ele disparou, travou e rolou para Marinho, chegando de frente na risca da grande área. Marinho bateu de pé esquerdo, rasteiro, forte e colocado, no canto direito de Diego Alves. Um a zero.
Aos 22, misturando preguiça com displicência, Filipe Luís recuou pessimamente, deixando Sánchez livre para arrancar em direção ao gol. Ele invadiu a área, perseguido por Pablo Marí e com Rodrigo Caio tentando chegar na cobertura, e bateu rasteiro, cruzado, no canto direito. Dois a zero.
Aos 43, Marinho levantou da direita e, antes da chegada de Soteldo, Rodinei mandou de cabeça a escanteio. Carlos Sánchez cobrou fechado, Filipe Luís bobeou na marcação, Eduardo Sasha apareceu por trás dele e cabeceou firme. Diego Alves fez grande defesa, espalmando. No rebote, Lucas Veríssimo deu uma puxeta que passou bem perto do travessão.
2º tempo:
Aos 10 minutos, Lucas Veríssimo tocou errado para Marinho, Pablo Marí cortou, empurrou a Gerson e daí de primeira a Arrascaeta, que ultrapassou a linha do meio-campo e arrancou. Na chegada à área, Arrascaeta rolou a Vitinho nas costas de Victor Ferraz. Vitinho perdeu tempo, gingou, achou espaço e bateu cruzado, de pé esquerdo. Com Gabriel reclamando – estava em boa posição pelo meio –, a bola atravessou a pequena área e saiu do outro lado, em tiro de meta.
Aos 14, Pablo Marí e Filipe Luís apertaram Eduardo Sasha na intermediária do Santos. Pablo Marí dominou, recuou a Willian Arão, daí a Gerson e a Filipe Luís, que buscou Arrascaeta na entrada da área. Arrascaeta deu um toque à frente, tirando Lucas Veríssimo da jogada, e sofreu falta. Ele mesmo cobrou, a bola desviou na barreira e encobriu o travessão.
Aos 17, Marinho e Filipe Luís chegaram juntos na dividida, Marinho fez falta. Paulo Roberto Alves Júnior deixou seguir e os caras do VAR acharam normal – caso contrário, teriam alertado o juiz. Erraram. A sobra ficou com Eduardo Sasha, que abriu boa bola a Soteldo na esquerda. Ele partiu pra cima de Rodinei, driblou para um lado, driblou para o outro e pôs na cabeça de Sasha, no meio da pequena área, entre Rodrigo Caio e Willian Arão. Sem sequer precisar subir, Sasha desviou para o canto esquerdo de Diego Alves. Três a zero.
Aos 20, troca de passes do Flamengo. Rodinei, Everton Ribeiro, Gabriel, Willian Arão, Filipe Luís, Vitinho, Arão, Gerson, Rodinei, Everton Ribeiro, Gabriel, Rodinei, Arrascaeta e daí ótima devolução a Rodinei, quase na pequena área. Rodinei fez a escolha errada: era para chutar, tentou Gabriel no meio, Alison salvou para escanteio.
Aos 23, Filipe Luís fez boa cobertura na área rubro-negra, interceptando um cruzamento rasteiro de Soteldo, mas saiu jogando errado com Everton Ribeiro. Jorge roubou, chegou à linha de fundo, cruzou, Filipe Luís cortou novamente e isolou para escanteio. Marinho cobrou, Rodrigo Caio não subiu, Lucas Veríssimo apareceu livre e testou firme, para baixo. A bola passou rente à trave direita de Diego Alves.
Aos 39, Diego tentou virar o jogo na intermediária do Santos, não achou nem Gabriel, nem Filipe Luís, Victor Ferraz tomou a bola, rolou a Marinho, arrancou pela direita e recebeu de volta. Chegando à lateral da área, Victor Ferraz cruzou, Carlos Sánchez se antecipou a Willian Arão e escorou de pé direito. A bola bateu na trave e entrou. Quatro a zero.
Aos 43, Marinho recolheu ainda no campo santista, avançou, driblou Filipe Luís e enfiou boa bola a Eduardo Sasha, nas costas de Pablo Marí. De dentro da área, Sasha chutou cruzado, Diego Alves defendeu firme.
Aos 44, Jorge lançou Soteldo por trás de Rodinei. O lateral chegou chegando, arrastou o atacante santista, levou cartão amarelo e foi substituído. Aos 45, quase da linha de fundo e com pouco ângulo, Soteldo bateu direto, na junção da trave direita com o travessão de Diego Alves. A jogada prosseguiu, Jean Mota levantou na área, Rodrigo Caio tirou de cabeça e Gerson completou mal, um pouco além da meia-lua. Jorge pegou a sobra e soltou a bomba, que explodiu na trave esquerda de Diego Alves.
Ficha do jogo.
Santos 4 x 0 Flamengo.
Vila Belmiro, 8 de dezembro.
Santos: Everson; Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, Gustavo Henrique e Jorge; Alison (Jobson), Carlos Sánchez (Sandry) e Diego Pituca; Marinho, Eduardo Sasha (Jean Mota) e Soteldo. Técnico: Jorge Sampaoli.
Flamengo: Diego Alves; Rodinei (João Lucas), Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; Willian Arão; Everton Ribeiro, Gerson e Arrascaeta (Diego); Gabriel e Bruno Henrique (Vitinho). Técnico: Jorge Jesus.
Gols: Marinho aos 14’ e Carlos Sánchez aos 22’ do 1º tempo; Eduardo Sasha aos 17’ e Carlos Sánchez aos 39’ do 2º.
Cartões amarelos: Carlos Sánchez e Marinho; Rodinei, Filipe Luís e Gabriel.
Juiz: Paulo Roberto Alves Júnior. Bandeirinhas: Bruno Boschilia e Victor Hugo dos Santos.
Renda: R$ 574.130,00. Público: 13.310.
Pra quem não viu a festa da torcida Fla-Londres. Tem flamenguista na porra do mundo todo.
https://www.youtube.com/watch?v=VeDNsGfzv8M
Murtinho, segundo a nova onda dos analistas esportivos, o Flamengo só vai lá disputar o mundial, assim mesmo se chegar à final, para perder, pois o time do Liverpool é o melhor time do mundo, imbatível. Parece que essa onda surgiu depois das entrevistas “realistas” do Filipe Luís e do Rafinha. Durma-se com um barulho desses.
Sim, Xisto, o time do Liverpool é bom pra cacete. E certamente tem mais experiência que o nosso em jogos desse calibre.
A questão é que o nosso time também é muito bom e tem algumas características que nos permitem sonhar em surpreender. Além disso, o pessoal às vezes esquece que o nome do jogo é futebol.
Bora sonhar. E, quem sabe, acordar com mais um Mundialzinho no bolso.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Salve, mestre Murtinho!
Esperei um pouco para entender qual sentimento foi esse após a derrota para o Santos. Demorou, mas entendi: se não valia nada, salvo algum orgulho para os lados de lá, o que eu sentia ainda era ressaca da orgia protagonizada a partir de 23/11 misturada com o alívio de ninguém ter se lesionado.
Sentimento estranho.
Obrigado por tudo que escreveu esse ano, mestre! Nos avise quando for lançar o livro!
SRN
Fala, Marco.
Claro, meu amigo, claro: a ressaca – física e emocional – é a melhor explicação.
Eu que tenho que agradecer.
Quanto ao livro, aí vai a novidade: essas coisas a gente não pode falar antes de ter tudo acertado, mas vai rolar sim. Com Natal, Ano Novo, Mundial, recesso das gráficas etc., o lançamento está previsto para meados de janeiro. E olha só que bacana: será assinado por mim e por minha queridíssima amiga Nivinha. Textos meus, QR Codes para os pós-jogos dela. Tudo para funcionar como uma espécie de registro histórico, pra rapaziada consultar sempre que quiser lembrar de cada jogo desse ano inacreditável.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Ontem, vendo a festa da CBF, uma repórter perguntou o por quê do Gérson jogar aquilo tudo no Flamengo. Ele disse que tava jogando no time do coração, no Rio. Ou seja, exatamente aquilo que eu te disse quando o futebol dele começou a impressionar. O cara tá em casa, Murta. No Globo Esporte do último domingo, o pai dele disse que deu uns tabefes no moleque pra ele ir treinar no Fluminense, já que não tinha dinheiro para as passagens de ônibus até a Gávea. O moleque é Flamengo, desde sempre. Igualzinho a nós, fora a grana, of course! Abraço.
Fala, meu irmãozinho.
Sim, Gerson é rubro-negro de verdade, mas parece que o jogo dele mudou muito devido à passagem pelo futebol italiano, em que há muita marcação, muita pressão pela bola, muita disciplina tática.
Melhor pra nós, né?
Abração. SRN. Paz & Amor.
SRN! Não é mais “normal perder” em casa ou fora dela, reservas seriam melhor ainda que não valesse nada, o pessoal do banco mostraria fibra, muita libra!
Fala, Jorjão.
Então, rapaz, a questão não é ser normal ou não, um dirigente ou técnico de um clube jamais pode afirmar isso. Só que é humano. Por isso, concordo: teria sido muito melhor, até para evitar qualquer tipo de controvérsia, escalar os reservas.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Verdade mr. Jorge, muito bem resgatados os exemplos de Bahia e CSA. Fenômeno parecido aconteceu nesse 0x4, acrescendo-se a elevada possibilidade de um gás extra por parte dos caras do Santos, interessados em vir para o poderoso Flamengo em 2020.
Não há dúvidas de que a postura no mundial será diametralmente oposta.
SRN
Fala, Marcos.
Além de ter acontecido mais ou menos a mesma coisa, de certa forma foi bem pior, porque já tínhamos conquistado as duas competições – algo que nunca ninguém conseguiu no futebol brasileiro. Repito: não me venham falar do Santos de 62 ou 63, que ganhou a Taça Brasil, competição com cinco ou seis jogos e apenas dois adversários.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Não entendi e não gostei.
Se de antemão o Mister já sabia que o time estava desmotivado e sem querer arriscar seus preciosos tornozelos de olho no Mundial, não entendi porque não escalou todos os reservas que, é muito provável, iriam querer mostrar serviço.
E não gostei simplesmente porque não gosto de ver o Flamengo perder, que dirá daquele jeito e com goleada, não importa a explicação e a desculpa que venha a cavalo.
Como consolo, o Mister também é humano. Mas que errou feio, errou.
srn p&a
Jorge, como a essas alturas você já deve saber, quando ainda jornalista minha editoria era de música, cultura e entretenimento – especialmente música, paixão de sempre. Quando cobria a 1ª edição do Free-Jazz Festival em 1985 pro Correio Braziliensenaquele hotel (acho que Nacional), o Fernando Henrique ainda jovem senador estava presente (a referência é só pra situar) e fui entrevistar o McFerrin enquanto minha fotógrafa tinha a missão de achar heroína pro Chet Baker, o genial pistonista doidão. O maluco colocou como condição sinequanon pra se apresentar – dizia que “without my love, no business”. Não por acaso, eu tinha a mania de fazer sons com a boca e batendo no corpo antes mesmo de conhecer o McFerrin. Quando subimos no elevador sugeri a ele que cada um falasse na sua língua o mais acelerado possível e tentando encontrar um ritmo naquela confusão. Ele adorou, todos gostaram, rimos muito e ficamos amigos. No ano seguinte nos encontramos quando fui morar em NYork como correspondente do Correio e da Última Hora (tenho até hoje a carteira-identificação de jornalista dada pelo DPNY pra facilitar a entrada em locais só permitidos à imprensa).
Curiosidades: o nome Free-Jazz não tem nada a ver com Free-Jazz, mas sim com o cigarro Free da patrocinadora Souza Cruz.
Chet Baker foi o inspirador de João Gilberto no seu jeito intimista de cantar.
Meu querido Rasiko,
Essas suas histórias são das melhores coisas que acontecem aqui no blog. Cada experiência mais bacana que a outra, e é muito legal você compartilhar com a gente.
Sim, sim, essa do Free Jazz eu sabia. O projeto morreu, creio, com o aperto na legislação a respeito da propaganda e de ações promocionais envolvendo o produto cigarro.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Fala, Rasiko.
Pra não te dar o trabalho de ter que procurar outras respostas, vou copiar e colar aqui o que respondi no comentário do Xisto. Lá vai:
“Não há dúvida: nos acostumamos mal. Como escrevi no post, perder nunca é prazeroso, mas também não é pra sentir a derrota como algo humilhante. Os caras correram como se estivessem numa final de Libertadores, enquanto nós tínhamos acabado de sair dela. Não havia por que correr atrás deles.
E outra: com todos aqueles fracassos listados no segundo parágrafo, há tempos o Santos está disputando apenas o Campeonato Brasileiro. Um time muito mais descansado, com muito mais tempo pra treinar, sem qualquer pressão em partidas decisivas.
Quero destacar um ponto do seu comentário, e que não abordei no texto de propósito: apesar das “brincadeiras” sobre os desempenhos individuais, não quis me estender nos erros e o maior de todos foi, justamente, de Jorge Jesus: ter escalado o time titular.
Tenho a impressão de que, como costuma acontecer com figuras públicas que alcançam um destaque assombroso, Jorge Jesus muitas vezes encarna um personagem. E uma das características do personagem Jorge Jesus é a de não poupar jogadores. Contra o Santos, errou. A não ser que – mistérios da alma humana, quem há de decifrá-los? – ele quisesse, justamente, que os titulares tomassem uma lambada, para perceber – às vésperas do Mundial – a necessidade da concentração, do foco etc.”
Tá valendo, não tá não?
Abração. SRN. Paz & Amor.
A tua alma não tem mistério, meu irmão: é muito nobre. Só você pra encontrar um esconderijo na mente maquiavélica do JJ pra explicar a derrapada. Nice try – hahaha.
Não estou com saco para discorrer sobre o jogo de ontem.
Mas, é isso mesmo Murtinho, o negócio é “não se preocupar e ser feliz.”
Bobby McFerrin é gênio. Extensão de quatro oitavas. Incrível!
Para quem respira música 24 horas por dia, como eu respiro, a lembrança dessa música foi um achado para alegrar o meu dia.
O interessante no arranjo que trago (sem duplo sentido) é que a gravação não tem instrumentos musicais, foi cantado à capela. Magnífico o baixo feito com a própria voz pelo McFerrin.
E já que Murtinho não nos trouxe as azuzinhas, seguem abaixo para quem pretender aumentar o fluxo sanguíneo:
https://www.youtube.com/watch?v=d-diB65scQU
Muito boa também a versão abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=qWFs9VAsCXs
Felizes Saudações Rubro-Negras.
Fala, Aureo.
Sabe a incompatibilidade que existe entre o Márcio Araújo e a bola? É mais ou menos a mesma que existe entre mim e as letrinhas azuis. Já me conformei com isso, jogo no time do mestre Carlos Moraes.
De qualquer modo, não se deixe desalegrar por causa de uma pancada num jogo que não valia nada. 2019 é nosso.
Abração. SRN. Paz & Amor.
murtinho,
toda a sua análise foi perfeita !
só gostaria de acrescentar uma cena cômica que aconteceu após o jogo.
o jogador marinho que por diversas vezes declarou que gostaria de jogar no flamengo,assim que o juiz soprou o apito final,ele correu em direção ão mister deu um puxão nele e falou algumas coisas no ouvido que na hora deu pra perceber que o JJ cagou…
achei que foi um pedido de emprego.
SRN !
Fala, Chacal.
Pois é, rapaz. Depois do que aconteceu com Gabriel e Bruno Henrique, e com a confusão interna e administrativa que é o Santos atual, os caras devem estar doidos pra cavar um empreguinho no Ninho. Já falaram no Gustavo Henrique, andam citando o Soteldo, tem essa história aí do Marinho.
Foi com essa disposição que eles jogaram. Na minha opinião, não era mesmo pro nosso time correr atrás.
Abração. SRN. Paz & Amor.
No texto só constam verdades.
E também é verdade que 4 x 0 foi pouco, e que bom que teve pouco acréscimo, porque podia ficar humilhante.
Também é verdade que, independentemente dos títulos conquistados, e daquele que ainda conquistaremos, não se sai de um 0 x 4 dando pulinhos e rodando camisa em campo. Foi anti-natural e feio.
Quem pensa em vencer o melhor time do mundo não pode apanhar como apanhou, mesmo sem jogar no seu 100%. Pra isso, era melhor botar a molecada pra jogar.
Enfim, o resultado de ontem não muda em nada a temporada do Flamengo. Mas espero que esses jogadores não viajem achando que já ganharam tudo que podiam, independente do que façam em campo no outro lado do mundo. Porque o Liverpool não tem demonstrado pena.
Fala, Trooper.
Acho que as respostas vão seguir todas mais ou menos na mesma linha.
Discordo apenas do uso, tanto aqui, Trooper, quanto no comentário do Xisto, da palavra humilhação. Se a gente não liga pro Campeonato Carioca, não liga pra Flórida Cup, não liga para amistosos (eu, pelo menos, não ligo), por que dar importância a esse jogo? Um jogo em que os caras entraram babando e – quem sabe? – talvez até cavando uma sondagem rubro-negra para o ano que vem?
Quanto ao final do seu comentário, reitero o que coloquei lá na resposta ao Xisto: será que não era exatamente essa a mensagem que Jorge Jesus queria deixar claro aos titulares? Se não ralarem, o Mundial não vem.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Concordo com o erro na escalação: que entrássemos
Murtinho, parabéns pela análise psicológica dos personagens, inclusive comparando com outros momentos semelhantes dessa maravilhosa trajetória rubro-negra, mas por mais que você untou a pílula com óleos místicos de algum mosteiro perdido nos altos do Tibet eu não consigo engoli-la, não gostei nem um pouco do que vi, o que não quer dizer coisíssima nenhuma, pois no momento atual eu não gosto de muita coisa e elas, as coisas, continuam acontecendo, cagando e andando pra mim. Não gostei nada dessa maneira grotesca como o Flamengo perdeu. Um jogo que não serviu pra porra nenhuma, não foi treino nem jogo, os caras foram lá e ficaram olhando os do Santos jogarem, nem sei se houve algum bocejo de permeio. Por que não colocar os jovens sedentos de seu lugar ao sol, pelo menos correria íamos ter. Não sei se o motivo de minha amargura é o gosto de ressaca seca, aquela que a gente tem as segundas-feiras sem ter bebido nada e que me lembrava as que eu tinha após jogo de um outro Flamengo bem recente dos abéis da vida, não me senti nada bem, achei uma escrotidão uma mancha desnecessária, talvez até humilhante na nossa atual saga. Espero que só fiquemos nesse pesadelo e que toda sua excelente análise de caracteres até se repita, claro, como um merecido relaxamento após ganharmos o mundial.
Grande Xisto!
Não há dúvida: nos acostumamos mal. Como escrevi no post, perder nunca é prazeroso, mas também não é pra sentir a derrota como algo humilhante. Os caras correram como se estivessem numa final de Libertadores, enquanto nós tínhamos acabado de sair dela. Não havia por que correr atrás deles.
E outra: com todos aqueles fracassos listados no segundo parágrafo, há tempos o Santos está disputando apenas o Campeonato Brasileiro. Um time muito mais descansado, com muito mais tempo pra treinar, sem qualquer pressão em partidas decisivas.
Quero destacar um ponto do seu comentário, e que não abordei no texto de propósito: apesar das “brincadeiras” sobre os desempenhos individuais, não quis me estender nos erros e o maior de todos foi, justamente, de Jorge Jesus: ter escalado o time titular.
Tenho a impressão de que, como costuma acontecer com figuras públicas que alcançam um destaque assombroso, Jorge Jesus muitas vezes encarna um personagem. E uma das características do personagem Jorge Jesus é a de não poupar jogadores. Contra o Santos, errou. A não ser que – mistérios da alma humana, quem há de decifrá-los? – ele quisesse, justamente, que os titulares tomassem uma lambada, para perceber – às vésperas do Mundial – a necessidade da concentração, do foco etc.
Abração. SRN. Paz & Amor.