Começo a batucar essa letra pré Flamengo x Liverpool quando faltam exatamente 12 horas e 5 minutos para que trine o apito inicial no Estádio Internacional Khalifa. Obviamente, existe uma enorme tensão no ar. Ou não seria o Flamengo. Mas é uma tensão de natureza distinta daquele insano retorcer de nervos que marcou as horas (dias) que antecederam a final da Libertadores no 23 de novembro.
É uma tensão serena, um desassossego de Hércules depois de ter matado o Leão de Neméia, voltando a pé pra Micenas usando o couro do bichano invulnerável como Manto. É o nervoso nobre e superior de quem já ganhou a Libertadores, mas que está ligado que depois de mandar o leão pra vala terá que matar a Hidra de Lerna com suas nove cabeças. É uma agonia fleumática, de poeta mangueirense, uma aflição tão diferente que até alegra a gente.
O Flamengo cumpriu o seu destino e depois da longa travessia de 38 anos fez de Doha a nossa Tóquio particular. O melhor lugar do mundo é aqui e agora. Na Pasárgada vermelha e preta onde somos amigos do rei e temos a mulher que queremos na cama que escolhemos. Se para deitar e rolar nessa cama sonhada tivermos que fazer ginastica, andar de bicicleta, montar em burro brabo, subir no pau-de-sebo, tomar banhos de mar e chacoalhar a inglesada sem Copinha e sem Mundial, assim será.
O Flamengo não finge ser o que não é, não nega sua vocação para a encrenca, não disfarça sua fome. Ninguém precisa nos lembrar há quanto tempo estamos mofando nessa fila. Pode deixar que nós mesmos gritamos ao mundo que o Flamengo está esfaimado. Incontrolavelmente, alucinadamente, irremediavel e insaciavelmente faminto. E que vencer o Liverpool, por mais desvairado que possa soar aos ouvidos não habituados com o exercício cotidiano da grandeza, pra nós é obrigação, sim.
Deixa o freguês de Merseyside bancar o blasé e dizer que importante mesmo é a porra da Copa da Inglaterra. Se vieram até o Catar só pra cumprir tabela, respeitar contratos ou atender aos seus patrocinadores o azar é deles. Não passam de manés. O Flamengo veio pra se impor, vencer, esculachar, massacrar e coroar o Ano Mágico ganhando A PORRA TODA. E só isso que a torcida pede e, no íntimo, sabemos que não é pedir muito. Não é nada que o Flamengo já não tenha feito antes. A Nação está no fechamento, disposta a sofrer o que for preciso. E até o que for impreciso.
Profetas já disseram, em línguas muito antigas, que se a recompensa é incerta o perrengue é obrigatório. Vai ter sofrimento da nossa gente, vai ter choro contido, vai ter unha roída, torrentes de palavrões e autocascudos de Imperador. Enfim, vai ser aquela foda que sempre são os jogos do Flamengo. Já dizia um Milton Friedman das emoções baratas, e se não disse deveria ter dito, que não existe foda ruim.
Claro que o jogo vai ser sofrido. Independente do placar final. Mesmo que os céus se abram, os mares sequem, as cordilheiras se aplainem, todos os santos, guias e orixás baixem, e nossos formidáveis dezenovers incorporem mediunicamente as entidades de 81, o remake do 3 x 0 terá que ser, obrigatoriamente, de virada. A certeza de que o Liverpool fará o zero primeiro é tão grande quanto a de que o Flamengo triunfará. Porque o Flamengo, ao contrário do seu adversário, não tem nada mais interessante pra fazer do que conquistar o mundo.
O Liverpool teve 38 anos para aprender que o Flamengo é Galactus, um colosso devorador de mundos, eternamente faminto, eternamente inquieto, eternamente insatisfeito. Se não aprenderam vão perder na ignorância. Se aprenderam vão perder na consciência. Eles que escolham, e quem escolhe sempre perde. Ninguém mandou esses caras ficarem de bob na nossa reta, deixa passar, deixa passar, o apê de Oswaldo Cruz e a Torcida Jovem-Fla. A lei está do nosso lado, o atropelamento nesses casos é culpa da vítima. Nesse mundo que o Flamengo habita, domina e devora existem lugares que é melhor nem tentar atravessar.
Daqui a apenas 11 horas nós todos vamos compreender com absoluta certeza a substância da nossa aflição. Enquanto esse relógio insiste em andar para trás arrisco um humilde palpite. Esse nervosinho gostoso que não nos deixa dormir é como o aperreio do sambista antes da escola entrar na avenida. Mas quando soar o repinique, a escola toda tomar a pista, o nosso estandarte sacudir o ar e o nosso povo começar a cantar as mais lindas fantasias, até os ingleses vão perceber que o Carnaval começou. E aí é outro patamar.
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe – d’água.
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Mengão Sempre
Resta-nos parabenizar a todos no flamengo pelo ano brilhante e pela partida de alto nível contra o liverpool. A europa ainda está em um nível acima da américa do sul, nenhuma equipe do continente poderia ter feito mais que o mengão. Qualificando mais o elenco (nosso banco é muito inferior que o time titular) poderemos manter a hegemonia no brasil e na américa.
Ppara chegar ao nivel dos melhores da europa o flamento precisará de algo que não depende só dele, precisamos de adversários com nível mais alto. Ganhar de 4×1 do vasco ou corinthians não nos prepara devidamente para derrotar o barcelona, espancar o palmerias dentro e fora de casa não nos ajudará contra o manchester city. Terminar o brasileiro com 15 ou 20 pontos na frente de todo mundo é divertido mas não nos testa nem nos fortalece.
Uma das três frases mais inconfundíveis da nossa língua: ” se a recompensa é incerta o “perrengue” é obrigatório”. Só podia vir do Arthur mesmo… ou do nosso padrinho o Rui. SRN
M . . . . ! Saio do ar por uma semana. SRN
O jogo aconteceu e não vencemos.
Prefiro, em homenagem a um time fantástico, escrever desta forma – NÃO VENCEMOS.
Foi uma partida heróica, em que enfrentamos de peito aberto, jogando de igual para igual, o melhor time da Europa, o continente todo poderoso no futebol.
Não diria, de forma alguma, que o resultado foi injusto.
Uma ligeira superioridade é preciso admitir.
Apesar disso, termino, pelo menos no mundo do futebol, com total felicidade o ano mágico de 2019.
Fomos bravos.
Palmas de pé, gritando bravos e pedindo bis, como nos velhos tempos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para todos que, mesmo quando não vencem, nos enchem de orgulho flamengo.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Como disse lá no nosso Jorge, o Murtinho, já estava batendo palmas e comemorando antes da bola rolar. E como eu previa, ia ter jogo de cachorro grande. Ganhou, por pontos, apertado, o que vinha sendo treinado a mais tempo e que tem bala na agulha pra formar uma seleção internacional. Interessante é que o gol deles saiu numa jogada tipicamente flamenga, sendo que as nossas (foram várias) costumam ser ainda mais eficientes com o goleiro adversário fora da foto, como foi o gol do Arrascaeta contra o Al Hilal.
Não entendi a bola de ouro pro Salah; pouco apareceu contra o Monterey e foi engolido pelo Filipe Luís que, não satisfeito, jantou o Arnaold, melhor lateral-direito do mundo. Rafinha não ficou atrás e fez do Mané um mané. Quem merecia era o Firmino – decisivo nos 2 jogos que entrou. Mas, citando o Rory Smith, colunista do New York Times, “like it or not, soccer is politics” – e é aí que eu me pergunto em que patamar tá o meu nível de idiotia.
JJ explicou que tirou Arrascaeta e Everton Ribeiro por cansaço. A queda de rendimento do Gérson é evidente. Acho que o Mister vai ter que rever seus conceitos de poupar ou não pra 2020. Até o Klopp ficou de boca aberta quando soube o nº de jogos do Flamngo no ano. O esgotamento não é só físico. Não há emocional que aguente tanta demanda seguida. Tenho curiosidade em saber se de vez em quando eles arranjam tempo pra respirar.
Repito: não vi superioridade alguma do “poderoso” europeu sobre o “indigente” sulamericano. Esse complexo de vira-latas cultural parece incurável. Mas não é.
srn p&a
falar até papaguayo fala(creditos para pedro scooby )mas acho que se teve um erro do mister foi não ver que o Gerson já não joga bem há varios jogos e o motivo é o cansaço.
eu teria começado o jogo com o Diego e no segundo tempo colocaria o Gerson.
SRN !
Donatella Damiani 😉
Lá sou amigo do rei. Terei a mulher que quero na cama que escolherei. Vamos Flamengo!!!
O outro lado da tensão é a excitação e como, de acordo com a física, toda tensão busca solução, a solução que uma ex-namorada minha encontrou foi que é melhor uma foda meia-boca do que foda nenhuma.
srn p&a
Deixa passar o Apê de Osvaldo Cruz e a Torcida Jovem Fla! Mengooooooooo
SRN
Valeu Grande Arthur,
Vc consegue reproduzir com admirável exatidão o que os legítimos e viscerais rubro negros sentem e melhor ainda, nos trás o aumento da confiança e certeza do triunfo, aquela última sentença de incentivo. Vivamos todo esse clima, privilégio único. Tudo está harmonizado para a alegria maior. MENGÃO conseguirá o Mundo DE NOVO.
Isso aí Arthur, vamos colocar a arrogância desses ingleses no bolso. Se não estão afim de darem o sangue por este torneio que se lasquem pra lá. O Flamengo tem muito mais garra pra ganhar o jogo do que eles. Vamo que vamo porque o bi-campeonato é logo ali.
É HOJE, PORRA !
S.R.N. !!
Devidamente compartilhado e com a fonte citada. Pra cima deles Mengão!
Boa Arthur, escreve muito e vamos ser campeões sim, o mundo vai ser nosso outra vez e nunca mais deixará de ser.
Mengão sempre nessa carambola