Depois do Natal, quando dezembro já vai recolhendo seus breguetes, abrindo espaço pras calendas de janeiro do novo ano, as retrospectivas começam a brotar como cogumelos no pasto depois da chuvarada.
Geralmente é nessa época que os torcedores fazem a conferência dos ganhos e das perdas do ano que se encerra, elegem seus grandes momentos, os gols mais bonitos e preenchem duas importantes listas: a de desejos para o próximo ano e a de passageiros para a barca de dispensas.
Era isso o que nós, rubro-negros, vínhamos fazendo nos últimos 38 dezembros com invulgar regularidade. Mas nesse dezembro de 2019 fomos obrigados a quebrar a tradição. Com a obrigatória exceção do Jogo das Estrelas, uma graça que o Rei Zico, o tetragrama sagrado do rubro-negrismo, nos concede desde 2004, nada nesse dezembro se parece com os dezembros anteriores.
Se tivéssemos o poder de congelar o tempo repetiríamos eternamente esse 2019. Mesmo quem viveu 1981 sabe que 2019 foi um ano tão especial quanto. E com a vantagem do Bob Marley não ter morrido em maio. Mas nós não temos esse poder, a fila anda, a bola tem que ser tocada pra frente.
O fato de o Flamengo ter sido tão superior a todos os outros em 2019 não é garantia de nada para 2020. Ao contrário, se existir alguma molécula de vergonha na cara em nossos rivais, nosso Ano Mágico deve provocar profundas mudanças de mentalidade e atitude nos times de norte a sul do país. Mudanças que não devem significar nenhuma facilidade pra nós.
A competitividade deve aumentar e o Flamengo em 2020 certamente terá que se esforçar muito mais do que em 2019 para manter o alto nível que alcançou. O sarrafo tá lá no alto e a sombra do que o Flamengo fez durante esse ano estará sempre presente, como a sombra de 1981 ainda encobre a todos que desafiam os deuses tentando alcançar o cume do Olimpo.
O Flamengo, que foi a tábua em que tantos se agarraram durante um ano que fora das quatro linhas foi todo dilúvio, naufrágio e desolação, nos trouxe, sãos e salvos e felizes, até a terra firme das certezas. O Flamengo é, definitivamente, o maior.
Já houve em nossa existência fins de ano vencedores em que saudamos o novo ano de barriga cheia, saciados e embriagados. Mas esse fim de ano que agora vivemos traz, ao menos para mim, um traço inédito. Uma serenidade que desconhecia ser capaz de desfrutar.
Hoje nada peço, nada almejo, de nada reclamo, sou todo gratidão. E me sinto, ao meu modo, diretamente responsável por todas as graças que caíram sobre nós. O Flamengo nos permitiu realizar algo grandioso e memorável. Sendo ele mesmo, isto é, descomunal, o Flamengo também nos fez grandes.
Obrigado por tudo, Flamengo. Em 2020, por favor, não pare.
Mengão Sempre
A novidade era o máximo
Do paradoxo estendido na areia
Alguns a desejar seus beijos de deusa
Alguns a desejar o seu rabo pra ceia
A novidade era a guerra
Entre o feliz poeta e o esfomeado
Estraçalhando uma sereia bonita
Despedaçando o sonho pra cada lado
(A Novidade/ Gilberto Gil)
A correção:
De paradoxo para pleonasmo!
Afinal, “texto magistral” para o Mestre Carlos Moraes é uma redundância, nunca uma contradição…rs
A pressa é inimiga da perfeição… (escrevi correndo, troquei as figuras de linguagem)
Saudações literárias alvinegras!
F3
Salve, Arthur e grandes amigos/adversários, ganhadores de tudo, rubronegros!
Parodiando o Marcelo Rubens Paiva (mas sem a tragédia que o surpreendeu na vida):
Feliz Ano velho pra vcs! rs (2019 foi surpreendentemente vitorioso e inesquecível!)
Pelo licença para subir na mesa e dar vivas entusiasmados tb ao texto magistral (paradoxo) do Mestre Carlos Moraes!
Vários amigos meus, rubronegros, me perguntam o mesmo (eu, que mesmo botafoguense, vibrei com aquela equipe de ouro)
Diria tudo que o mestre CM mandou…
Mas às vezes respondo rápido: “Só” Aquele jogador valia um time inteiro, deste, de hoje…não do Flamengo, mas do Brasil inteiro!
Saudações memorialistas e saudosistas alvinegras!
F3
QUE PORRA É ESTA?
Algumas observações, pela ordem dos comentários que me antecederam –
1 – Alessandro Mattos – grande praça, desde os tempos do Urublog. Lá no longinquo Pará, na linda cidade de Belém, é um tremendo flamenguista. Parabéns pelo pimpolho/a. Comunique o nascimento, por favor.
2 – Xisto/Chacal/Arthur c/c Milène Demongeot – nem suvaco, nem cotovelos. Um todo maravilhoso. Se há um cara de quem tive inveja neste mundo de Deus, chama-se Roger Vadin, já algum tempo batendo papo com Lúcifer, o autêntico. Descobriu, dispois da BB, essa super gata, linda de morrer, embora bem menos talentosa. Um tesão ambulante.
Passando ao tema de mais um excelente artigo.
O Arthur, o Xisto, o Chacal, muitos outros menos o novinho Alessandro, assim como eu, já éramos de adolescentes a castigados no ano de 1981.
Não há como estabelecer a menor comparação com este ano mágico.
Tudo era, no mundo do futebol, totalmente diferente do que vivemos hoje.
A começar, cabe frisar, pelo PALCO dos espetáculos.
O nosso verdadeiro Maracanã.
Flamengo 5 x 0 Grêmio, um público dito como espetacular, o mesmo de muitos outros jogos – cerca de 70 mil espectadores.
Para chegar à Libertadores, o Flamengo foi o campeão brasileiro de 1980, jogando aquele jogo INESQUECÍVEL contra o Patético, que ganhamos de 3 x 2, com o célebre gol do Nunes, já bem próximo do fim.
Têm idéia de qual era o público, indago e respondo.
Mais de 150 mil torcedores.
Sem comparação.
Por outro lado, cabe reconhecer, em um mundo que ensaiava os primeiros passos de uma tecnologia que viria a modificá-lo de forma impressionante, que muitas coisas atuais não tinham então correspondência.
Aero-Fla, que diabo seria este !
Tudo diferente e, mais uma vez, sem comparação.
Qual o melhor, perguntariam.
Depende de cada um.
Para mim, por exemplo, então com 43 e atualmente com 81, a resposta é fácil.
Se, em relação a uma comparação entre 1981 e 2019 , não encontro solução, achando mesmo impossível de se chegar a uma, já não digo o mesmo em relação ao Flamengo/81 e ao Flamengo/19.
Aqui, não tenho a menor dúvida, fechando com o primeiro.
Motivo maior – um time MUITO MAIS BRASILEIRO.
Não pela presença de estrangeiros no atual.
Pelo estilo de jogar.
Em recente entrevista, o pouco badalado mas excelente jogador LICO disse muito bem – ^o nosso futebol era alegre^.
O mistério está aí.
Era mesmo um FUTEBOL ALEGRE, malandro, brejeiro.
Não era, como fazem crer muitos comentaristas atuais que sequer viveram aquela época, o futebol de um jogador só, o grande Zico.
Era um todo sensacional.
Brasileiríssimo, como foram as seleções de 58, 62, 70 e até mesmo a derrotada de 82, e como jamais poderiam ser as de 94 e 02, esta um pouco menos.
Saudosismo (INT).
É bem possível.
Por outro lado, é exatamente o que sinto.
Saudosistas SRN
FLAMENGO SEMPRE
em 81 eu tinha 19 anos …
falando em futebol brasileiro,o gol mais bonito e que representa o mais puro futebol de 2019 foi feito por um…..uruguayo.
o gol do arrascaeta !
hoje o futebol não é só brasil,argentina e uruguay aqui na america do sul,até o soteldo(venezuelano)está jogando muita bola.
as coisas mudam e o futebol não é diferente.
SRN !
PS-FELIZ ANO NOVO !
Da série “Acredite se quiser”. (Jorge, o nosso, adora essas estórias).
1961, eu com 16 anos, morador de Ipanema, Castelinho, tentando convencer meu pai a nos mudarmos prum apartamento maior onde tivesse um quarto só pros meus troféus e medalhas de melhor dançarino de salão da zona sul do Rio – algo parecido com o que o Flamengo, imitando minha frustrada pretensão, vai ter que fazer agora. Foi então que engatei o 1º namoro “firme” com a maravilhosa dançarina – uma pluma – Tininha, irmã da Tutuca, que namorava o Baiano, que se virava como vendedor enquanto, boa pinta que era, batia de porta em porta dos produtores de cinema a fim de uma brecha como ator de cinema. Um dia chegou na “nossa casa” (a das mininas) e nos encontrou em porre coletivo celebrando que o pai delas tinha sido expulso da moradia que ele pagava, mas não era mais bem-vindo por estar criando muitos problemas com a vigilância sobre a intimidade dos jovens casais. Maria Coeli, minha adorada melhor sogra de todos os tempos (nunca mais tive nenhuma sequer parecida) assumiu a bronca e não quis nem que ele pagasse o aluguel. Baiano também trazia excelentes notícias – tinha conseguido um papel no filme que Jean Paul Belmondo e Milène Demongeot iam começar a rodar no Rio – e a festa dobrou de tamanho com a sogrinha querida mandando subir mais uma caixa de Brahma da Antártica (é assim que se diz no sul – “brahma” é sinônimo de cerveja). Passados alguns dias Baiano me pergunta se eu me importava de emprestar minha calça Lee branca – na verdade, creme – pra Milène (ele já tava íntimo; eu, não). Claro que não me importei. Só fiquei sabendo que tinha caído à perfeição. Nunca mais soube da calça. Não deu nem pra sentir o cheirinho.
srn p&a
Que beleza !
Este Rasiko é mesmo impossível !
Feliz Ano Novo e SRN
FLAMENGO SEMPRE
Que o novo ano seja repleto de Milènes pra você, meu amigo. Enquanto isso, aguenta o meu beijo carinhoso aí.
Como foi heptacular e libertador esse ano, vai ficar na memória de todos por um bom tempo, sejam eles flamenguistas ou não.
E como toda vitória do Flamengo e sinal de gente feliz , vou ser paí no próximo ano, ainda não sei se vai ser menino ou menina, a única certeza é que vai ser flamenguista e ser for menino se chamará Arthur , nome de responsa, hehehe, em homenagem aos grandes flamenguista que conheço , o nosso Deus e você .
Como é ótimo ser flamenguista e saber que somos uma nação feliz que ama e segue religiosamente o Flamengo assim como eu.
Que honra! Boa hora pros papais. SRN
Desculpe, Arthur, não falar de futebol, só você mesmo, eu um suvacófilo confesso quase morro com esse aí tão lindo,tão diáfano que parece que vai voar, como levita o Bruno Henrique num gol de cabeça. Nos velhos tempos eu já teria tocado inúmeras em homenagem…
Miléne Demongeot, um suvaco raro.
a mulher com uns cutuvelos desses e vcs falando de suvaco…cada uma !!!
Caro Arthur,
Diariamente aguardo seus poderosos textos sobre nosso Mengão. Espero que em 2020 estejamos no topo de forma que, nenhum Anti tenha motivos sequer pra nos criticar. Abraços a todos da naçao rubro negra.
Obrigado, Muhlemberg , é como men sinto.
Ficou o gostinho de quero mais. Longe do chopp quente dos outros anos, é verdade.
Não podemos ficar 100% satisfeitos com 2019.
Dava pra ganhar dos gringos vermelhos.
Enfim! Bola pra frente que esse grupo não ganhou a CDB nem a Taça Guanabara em 2019.
SRN
Feliz e vitorioso 2020!!
Cara, acompanho suas postagens desde a época do urublog. Fico ansioso esperando suas letras aqui. Obrigado por tudo que fez esse ano. Para mim que moro em Sergipe e nunca fui ao Rio ou ao Maraca é um bálsamo ler suas crônicas flamengas. Foi um ano mágico. Perdemos definitivamente o sapatinho da Humildade. Como sempre sonhávamos. Não nascemos para ser humildes. A fanfarronice é nosso melhor estado de espírito e para mim esse foi o maior presente que o Flamengo deu-me nesse 2019 tão cheio de notícias ruins. Por culpa do Flamengo hoje sou um fanfarrão convicto e irremediável em estado eterno de graça. Mais um vez obrigado Arthur, continue tocando o terror nos nossos antis. De longe você me guia nessa paixão insana. Quero tudo novamente em 2020 e mais…Porque quem é Flamengo não se conforma com mixaria…Forte abraço meu irmão, um ano de 2020 esplendoroso…
Que ano! Feliz Ano Novo meu caro cronista. Mengão Sempre
Sim. Todos tentarao de todas as formas, nos atrapalhar na nossa manurençao no topo!! Nao podemos relaxar e nem permitir que nos acusem de temos tido apenas um ano de brilho efemero! Manter o nivel e aumenta-lo ainda mais!!!
esse 2019 foi mesmo sensacional….!
acho que até maior q 1981.
a freguesia não se criou !
a tendência é o elenco ficar ainda mais forte.
rodinei,berrio…etc
saindo do time e alguns bons nomes chegando,pedro rocha,gustavo henrique.