Decidi escrever esse post sem qualquer informação sobre a demissão de Luxemburgo. Eu estava lendo o formidável livro do jornalista argentino Gustavo Grabia, que trata da violenta torcida do Boca Juniors (La Doce: A Explosiva História da Torcida Organizada Mais Temida do Mundo), enquanto minha mulher conversava ao telefone com meu cunhado – flamenguista fanático – e ele deu a notícia. Chequei rapidamente no celular, para ver se procedia, e não quis saber de mais nada, para não me deixar influenciar.
Apesar de quase convencido pelos consistentes argumentos que dominaram a caixa de comentários do post anterior, ainda tinha dúvidas quanto ao que ganharíamos trocando o técnico. Cheguei a escrever em uma das respostas: não tenho muita a coisa a favor de Luxemburgo, mas também não tenho nada a favor de treinador brasileiro nenhum.
Pode ser excesso de mimimi, mas algo me diz que as dificuldades que Luxa tem enfrentado – um trabalho atrás do outro – para extrair o máximo dos seus jogadores têm a ver com a maneira exageradamente grosseira com que ele os trata durante as partidas. Em 2010, era assustador. Lembro de um jogo em que Diego Maurício quebrou o recorde de tempo necessário para levar um esporro. Drogbinha acabara de entrar e, vinte segundos depois, já ouvia: “Vai tomar no cu, Diego.” E o repertório era do mais refinado lirismo. “Puta que o pariu, Kléberson”. “Caralho, Léo”. “Vai se foder, Deivid.”
Tá certo que futebol não é missa e que todo xingamento para aquele time era pouco, mas não conheço outro técnico que trabalhe à beira do gramado com tamanho destempero. Todos reclamam do juiz no lance mais comezinho, há descontroles esporádicos, mas o único que vejo pegando pesado desse jeito é o Luxa. Sim: do mesmo modo que futebol não é missa, jogador também não é coroinha, e não há quem aguente.
Luxemburgo iniciou sua carreira de treinador há 35 anos e, de lá pra cá, nossas transmissões de futebol viraram de ponta-cabeça. Nas décadas de oitenta e noventa, poucos jogos eram transmitidos ao vivo. Hoje as tevês passam até Bambala x Arimateia pela terceira divisão, e deve ser desagradável passar as noites de quarta-feira e as tardes de domingo sendo xingado em HD para todo o Brasil. Não terá sido também por isso que, nos últimos times dirigidos por Luxa – Santos, Atlético Mineiro, Flamengo, Grêmio, Fluminense e novamente Flamengo –, jamais se pôde notar uma dedicação especial por parte dos jogadores? (Ao inverso do que ocorreu, por exemplo, no Brasileirão 2009, em que claramente nosso time jogava, também, por Andrade.)
Por outro lado, o ego, a falta de educação e a teimosia de Luxemburgo poderiam ter sua importância minimizada se ele conseguisse transformar seus times em máquinas de jogar bola – o que, de resto, é impossível sem a cooperação de quem entra em campo. Só que isso nunca mais aconteceu. E não vamos nos iludir: livrar um clube grande do rebaixamento é uma coisa, colocá-lo na disputa pelo título é outra. O Campeonato Brasileiro é bastante equilibrado, com cinco ou seis clubes que podem levantar o caneco, mas sempre existem nove ou dez bem fracotes e chegar à frente de quatro deles não é nada do outro mundo. Entretanto, esperto toda vida, Luxa teve a manha de vender isso como um feito extraordinário. Mais: em 2015 ele recebeu de presente uma das mais cobiçadas revelações do futebol brasileiro (Marcelo Cirino), pediu e levou Pará, Bressan e Armero, indicou Arthur Maia, aceitou Almir, trouxe Anderson Pico. Temos elenco para ganhar o campeonato? Longe disso. Mas é possível montar um time decente e competitivo com o que temos? Claro que sim.
De vez em quando a gente dá uma empinada no nariz, faz pose de cidadão civilizado, lembra dos quase 20 anos de Arsène Wenger à frente do Arsenal ou dos mais de 25 em que Alex Ferguson dirigiu o Manchester United, e passa a europeicamente condenar a troca de treinadores. Claro que mudar o técnico a cada dois meses não funciona, mas torná-lo intocável me parece igualmente temerário.
Enquanto Luxemburgo estava lá, eu não tinha certeza de que a solução seria substituí-lo. Agora que ele saiu, não lamento. Adquirimos o estranho hábito de superestimar nossos treinadores. Eles são muito menos importantes do que aparentam, e quando não atrapalham já ajudam bastante.
Dou o braço a torcer: Luxemburgo estava atrapalhando.
PS: Era para este post ser publicado ontem à noite. Só está saindo agora por questões técnicas.
O nosso Murtinho tem toda razão.
Comentar, sem saber que vá ser pelo menos lido, sem réplicas ou tréplicas, fica chegado ao sem graça,
Por isto, este inexplicável silêncio do Blog – qual a razão de apenas o Murtinho funcionar, indago – é bem pior que as derrotas do nosso Flamengo.
No tocante a estas, já estamos nos acostumando, mas o silêncio atual passa a ser mortal.
Para não ficar em completo silêncio, vou fazer apenas uma observação, exatamente no tocante à estréia do novo técnico.
MUITO FRACA.
Acertou na escalação – quatro zagueiros, dois volantes, dois meias e dois atacantes – mas errou profundamente em outros aspectos.
Em primeiro lugar, no posicionamento dos laterais.
Não leu o meu comentário anterior, ou se leu não concordou, acreditando que a nossa zaga de área serve para alguma coisa.
Sem o Samir (se e quando voltar) NÃO VALE. Todos os quatro restantes são HORROROSOS, um pouquinho melhor o Wallace, mas precisando um companheiro de categoria, para dar pro gasto.
Avançando os laterais, talvez para compactar a equipe, com esta zaga, só podia dar no que deu.
Tomou dois contraataquesa ridículos e fatais, sendo que, no terceiro gol, o Pará havia se projetado, para compor a jogada mas o Cirino fez uma bruta cagada, e o Armero estava lá no meio de campo.
Vinicius, Gerson e Fred contra Bressan (HORROROSO SEMPRE) e Wallace é brincadeira de criança.
No anterior, o Wallace saiu pra cima do Renato, de forma atabalhoada e imprecisa, acontecendo o gol contra, a meu ver SEM culpa do Pará. Se ele não bota para dentro, o Fred o faria. Foi até melhor, para que o cafageste não comemorasse três gols em uma só partida.
Segundo grande equívoco, a substituição do Arthur Maia (PÉSSIMO, como quase sempre) pelo Cirino, que foi jogar no lugar do Paulinho ( PAVOROSO, como quase sempre), que veio para o meio, onde ainda BEM PIOR, se tal fosse possível.
Aliás, dando uma de Pitágoras, elaborei uma equação para o nosso meio-de-campo, que deixo ao estudo dos colegas, para tentar desvendar.
A + AM + LM x 100 = menos do que A.
Prêmios para os matemáticos de plantão …
Por fim, fazer entrar o Eduardo da Silva ,que é uma das exceções deste elenco de mulas, a dez minutos do final, é ^chose de loque^, como dizia aquele personagem do Jô Soares.
Espero que alguém leia e queira treplicar.
Emputecidas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Ontem vimos claramente, para quem estava com duvidas, que o time nao tem nenhuma, mas nenhuma, classe.
Metade de um jogo com um jogador à mais – e isso? Sabiamos, claro, mas ficou dificil de assistir à essa prova de inocencia futebolistica.
Querem culpar o juiz? Ridiculo. Mesmo se foi erro, nao foi ele que nao fez gol, nao chutou à gol.
E tem “presidentes” xingando o juiz? O nosso? Deveria ser multado para calar sua boca e parar de ser mau exemplo.
Deveria é usar seu tempo para colocar gente que entenda do assunto futebol no lugar devido.
E do resto, desaparecer da midia.
Guerrero. GuerERRO.
Nego firmemente ser um destes que pediu por um “reforço” de 31 anos e isso por um mundo de dinheiro. Nunca. Eu ja nao quiz o Ronaldinho pelas mesmas razoes.
O que eu queria era gente jovem, tecnica e com fome. Pelo dinheiro jogado fora por esse Erro (maiusculo) daria para ter trazido uns 3 ou 4. E NAO apostas de novo e sim gente observada por longo tempo e contratada à dedo. Nao tem ninguem que faça isso? Para que entao temos uma “diretoria”?
Vivemos em um continente repleto de pobreza e de jogadores de futebol. Nao é possivel que times pequenos europeos saibam trabalhar o quesito “contrataçao de jogador que promete” – do que o grande CRF!
O Erro, alias, é simplesmente explicado – sem bola, nem o Messi faz. TODO mundo sabe disso, fora a “diretoria”.
Que furada contratar. E ja vou adiantando: Mesmo que ele faça esse ou aquele gol – vai ser furada.
Até o Gabriel faz gol.
Porque do que necessitamos urgentemente sao jogadores de meio, criadores e bons volantes.
E que nao temos nem UM desses, vimos ontem de sobra. Uma vergonha a “criatividade” desse meio campo.
O que teria feito o grande Erro ontem? Nada, sem bola nao se faz nada mesmo. Um nada por 40 milhoes… ISSO é que é ser bom de economia?
Sobre possiveis contrataçoes so leio: Montillo, Thiago Neves, Elias. Parece que o mundo imaginario do torcedor e dessa “diretoria” é bem – digamos, restrito, hein? Que mundinho esse! Sera que isso é algo cultural? Que o brasileiro tenha dificuldade em ver e ACEITAR que existe um mundo fora do “melhor dos mundos”?
Alecsandro. O unico que sabe cabecear. Mandar ele embora seria nos deixar “sem cabeça”. Porque dos pés desses molambos nao sai gol. Seria outro erro. Mas claro que vai. Dar o 9 pra o Erro, sem ter jogado nem um minuto – outro erro.
Claro que o Léo nunca deveria ter partido. O responsavel é so o Luxa? Claro que nao – essa “diretoria” nao tem o que dizer quando se trata de chegadas e partidas? Claro que dao o pitaco deles e apontam para o “possivel”. Como nao entendem de nada, era so mais um que ia.
Mas o Para nao é tao ruim como se escreve. Continua sendo infinitamente melhor que o Léo Morto. Mas, claro, necessita ter sombra, como todos.
Tabela.
Estamos la aonde estamos acostumados de estar, nos ultimos 20 (?) anos. A 2 ou 3 gols/pontos do ultimo lugar. Eh alarmente observar quem esta ao nosso redor: um Cruzeiro vai sair dai mole. Nos nao.
Esse ano aponta a possibilidade de ser o pior da historia.
Sem classe, sem contruçao de nada e jogando dinheiro pela janela. Em 2,5 anos uma porcaria danada.
E sem saco pra aturar isso de novo – convenhamos.
Pessoalmente, quero essa “diretoria” fora do CRF.
Adauto, Andre P., Aureo, Braulio, Bruxolobo, Carlos Moraes, Carlos_SP, Chacal, Corneteiro, Eduardo, Edvan, Elvis Presley, Gilberto, Henrique, Horácio, Jefferson, Jonatan S., Leandro Santos, Marco Antonio, Marco Túlio, Mauricio Pereira, Rasiko, Rodrigo Haddad, Roger, Sérgio Dyego, Tania, Vagner BSB, Valois e Walace de Souza: nesses últimos dias, o bicho pegou pro meu lado.
Aqui no trabalho, a semana que antecede um feriadão e a própria semana do feriadão são sempre embaçadas. Aumenta o serviço e diminui os dias que temos para fazê-lo. Daí que foi impossível responder os comentários, como costumo fazer sempre que há tempo.
Mas podem ter certeza: eu gosto tanto de escrever os posts quanto de ler o que vocês escrevem. Principalmente quando há réplicas e contrarréplicas entre vocês mesmos, porque muitos dos argumentos que leio aqui se transformam em assuntos para posts futuros.
Abraços para todo mundo, beijo pra Tania. SRN. Paz e Amor.
murtinho,
fica tranquilo meu velho !
eu já tinha percebido que vc escreve em cima do que escrevemos…muito legal !
queria que um dia vc escrevesse sobre como é ser um autêntico carioca da gema e morar no interior de são paulo???
conta pra gente como é isso…
grande abraço !