Tem um poema do Leminski que diz no fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto, que extinto por lei todo o remorso, maldito seja quem olhar pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais. E o poema se conclui com o verso de inaudita sabedoria:
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas
Ora, uma grande parcela dos problemas e pequenos probleminhas que o Flamengo enfrentou nos últimos anos está intimamente relacionada ao fato de que o Flamengo ainda não se esqueceu do que é ser um clube da Zona Sul carioca que ainda cultiva anacrônicos fumos de elite fin-de-siècle e tampouco aprendeu a ser a empresa que joga duro no doggy-doggy world do futebol business. Às vezes se comporta com excessiva brandura e lentidão no trato das coisas flamengas, em outras se perde em uma imatura submissão às leis do mercado para atingir suas metas. Metas que muitas vezes estão na margem oposta ao comportamento institucional que o senso comum espera de um clube com seu tamanho, história e composição social.
Esse Flamengo, meio clube meio empresa, que transita entre imaturidade e a obsolescência muitas vezes sem passar pela excelência ainda tem muito o que aprender. O que suscita a pergunta: por que o Flamengo não aprende? Caso você ainda não o tenha feito vou responder logo à pergunta. O Flamengo não aprende porque as organizações, no geral, não aprendem. Não é segredo pra ninguém que o Flamengo, já faz algum tempo, está vivendo a radical transição de clube para empresa. Uma metamorfose complicada em que o mesmo corpo abriga um clube de 122 anos, orientado por ritos, tradições e idiossincrasias ancestrais e a startup ainda na primeira infância, orientada para o crescimento rápido, foco no sucesso e no resultado financeiro, mas ainda estabanada como qualquer criança.
É até natural que o Flamengo apresente os sintomas de um distúrbio de aprendizado. Que é moléstia comum até nas grandes corporações que conhecem exatamente o produto que estão vendendo. Não tenho certeza que o Flamengo saiba exatamente o que é que ele está colocando no mercado. Qual é o core business do Flamengo, o seu negócio principal? Há quem diga que o produto do Flamengo é futebol, os mais emaconhados dizem que o Flamengo vende emoções e outros ainda que o Flamengo é um fornecedor de conteúdo na indústria de entretenimento. Resumindo: o Flamengo, e nisto está junto a todos os outros clubes do Brasil, ainda não sabe, ao menos não com um índice confiável de certeza, em que mercado está atuando. E isso o Flamengo tem que aprender o quanto antes. Pelo menos antes dos outros.
Um estudo da Harvard School of Business fez pesquisas durante 10 anos com uma infinidade de empresas na gringolândia para entender porque as empresas têm tanta dificuldade para se tornar, ou permanecer, como organizações onde o aprendizado é constante. O estudo concluiu que as pessoas, que no fundo são as empresas, tem uma predisposição a se concentrar excessivamente no sucesso, em agir muito rapidamente, a depender demais de especialistas. E que essas arraigadas tendências humanas interferem diretamente sobre o aprendizado.
E no caso especial do Flamengo o problema é ainda mais agudo, porque para a grande maioria de seus consumidores o sucesso é aferido através de resultados esportivos obtidos em uma janela de 3 anos, onde o imponderável fica responsável por pelo menos 80 centavos de cada Real investido. O foco no sucesso, que a olho nu é uma virtude, e o bom tom recomenda que seja uma profissão de fé de todo dirigente do Flamengo, é na verdade uma armadilha. Lideres empresariais podem até dizer que o aprendizado vem dos fracassos, mesmo que todas as suas ações mostrem uma preocupação exclusiva com o sucesso. Mas se o presidente do Flamengo der declaração semelhante soarão as trombetas do Apocalipse em um troar ensurdecedor que colocará a Nação em fúria iconoclasta.
O problema da preocupação excessiva com o sucesso é a família que ele leva pra passear nos domingos. Os probleminhas são o medo de falhar, a mentalidade fixa, o excesso de crédito dado a performances pregressas e a tendência de culpar terceiros pelos insucessos. Puxa vida, é até difícil lembrar de alguma crise no Flamengo nos últimos 40 anos que não tenha a ver com os probleminhas passeadores. O Flamengo até hoje tem suas estratégias definidas por vice-presidentes que vão ao clube após o término do expediente em seus respectivos negócios e empregos. A contratação de especialistas para tocar o dia a dia do Flamengo não foi invenção da Chapa Azul em 2013, mas deve-se à ela a despersonalização da administração, afastando o dirigente amador dos processos executivos. Um inegável avanço, mas que como tudo na vida, também tem um custo.
Ao concentrar os processos executivos em profissionais remunerados, os Azuis trouxeram para dentro do clube uma cultura corporativa onde, conforme vimos acima, o aprendizado fica prejudicado. Cultura que reforçou em todo o corpo executivo a necessidade, muitas vezes irracional, de fazer algo, de assumir uma posição ou declarar um princípio moral ou cívico. A aversão à inação é uma constante no mundo dos negócios, mas os resultados práticos desse viés ativo nem sempre sobrevivem ao escrutínio dos livros-caixa.
É o caso clássico das estratégias dos goleiros na hora do pênalti. Um estudo feito na Inglaterra mostra que os goleiros que ficam paradões no meio do gol são os que tem a melhor performance. Claro, eles já saem com 33,3% de chance de impedir o gol. Ainda assim só 6,3% dos goleiros adotam essa estratégia. Por que? Porque os humanos, e em especial os humanos exercendo funções executivas, se sentem melhor e acham que ficam melhor na foto quando levam o gol se jogando pra um lado ou pro outro do que quando ficam parados esperando no meio do gol e deixando inteligentemente a responsabilidade da ação, e o peso total de um eventual fracasso, com o cobrador.
A fissura em agir gera exaustão e rouba muito tempo do pensar. Podem perguntar pra qualquer executivo no que eles preferem trabalhar, no planejamento ou na execução de uma ação e se conclui rapidamente que as organizações reservam muito pouco tempo para o essencial trabalho de pensar. A falta de tempo para a reflexão resulta em más decisões. No Flamengo as más decisões parecem se concentrar cruelmente no Departamento de Futebol. E resultam na montagem de equipes que, independente de quanto custem, encontram enorme dificuldade pra entregar o que delas se espera.
Pelas minhas contas, que não são muito confiáveis, nos últimos 20 anos o Flamengo ainda não conseguiu ter sequer um elenco montado antes da pré-temporada. Absolutamente todos, inclusive os que foram capazes de conquistas nacionais, foram montados ao longo das competições, com todas as desvantagens que a prática de trocar o pneu com o carro em movimento acarreta. Nossa seca de grandes conquistas esportivas é um exemplo eloquente que a execução repetitiva de um processo equivocado não o transforma em um processo acertado. É outra coisa que o Flamengo precisa aprender.
A transformação pela qual o Flamengo passa é um processo longo, talvez eterno. Talvez nunca cheguemos a ser uma empresa, mas é certo que jamais voltaremos a ser apenas um clube. É impossível aos contemporâneos entender essa transição em sua plenitude. O que é possível entender é que quem estiver à frente do Flamengo, seja lá quem for, também estará, queira ou não, em um processo de aprendizado. E que toda solução encontrada forçosamente criará novos problemas que exigirão mais e mais aprendizado. Se a única certeza que temos é que tudo vai dar problema, a única salvação está em aprender. Para que pelo menos não se repitam os erros já cometidos. Aprende, Flamengo.
Mengão Sempre
Conseguimos à duro custo o minimo.
A dramaturgia do jogo, claro, foi otima.
Mas soh ela.
Quem ve o que aconteceu durante os 90 minutos, os erros sem fim – os mesmos de meses e de ANOS (bolas altas, por exemplo), soh pode ficar, depois de festejar por um tempo, constrangido.
A unica explicaçao é que falta treino. Ai teria que se perguntar, em pleno novembro, porque.
Ou entao, segunda explicaçao, os jogadores que teriam que defender, sao ultra-passados. Todos.
Alternativa 2 é tb possivel …
A verdade é que com Vizeu fazemos enfim os gols necessarios, com Vinicius temos o pique necessario e com Paqueta no meio ele joga na posiçao melhor pra ele.
G-Erro nao faz falta, nenhum momento. Esse é barca !
O unico TITULO possivel esta no alcançe.
O time que vem parece nao ser ruim, vive uma fase otima, entao toda cautela é pouca.
Subestimar seria perder.
SRN
Temos duas opções:
1) Rueda barra o horroroso Trauco, convence o Everton de que ele é lateral e escala um atacante de verdade pela esquerda; ou
2) Não ganharemos a Sulamericana.
É inacreditável que, em outubro de 2017, ainda tenhamos o Everton errando tudo na frente e um lateral baixo, lento, que não consegue marcar nem o ridículo lateral do FlorminenC.
Pelo menos nos livramos do Márcio Araújo, Vaz, Gabriel e Muralha, os queridinhos do Zé, do time titular.
Mas para o Rueda tirar 10 mesmo, tem que efetivar a mudança que nos salvou no Fla x Flor.
Everton ou é lateral ou é banco.
SRN
Romano, pelo que o Trauco rendeu logo que chegou no Flamengo, com gols e assistências atuando como ala/meia esquerda, entendo que essa seja a posição dele. Enfim, um atacante, porque lateral, especialmente como defensor, ele não é mesmo.
Concorda, professor?
O Zé já tentou escalar o Trauco na meia/ponta esquerda, na Libertadores e no Estadual.
No segundo Fla x Flor da final do carioqueta o Trauco tava na meia esquerda.
Mas não conseguia receber a bola de costas e girar, então foi uma negação.
Sinceramente, acho que o patamar financeiro que o Flamengo atingiu (ou que aparenta ter atingido, dado o volume de investimento realizado nesse elenco) não comporta mais jogadores com tanta fragilidade técnica.
Como um lateral de ofício não sabe marcar? E, pior, como contratamos (pagando caro) um lateral que não sabe marcar? Não é possível!!!
De fato, ele chuta bem de longe. Mas um lateral precisa fazer coisas muito mais importantes que isso. Trauco é baixo, lento e tem deficiências absurdas de posicionamento.
“Ah, mas foi o melhor jogador do Peruanão (ou seria Peruzão?) 2016!!!”, dirão alguns.
Então vamos buscar os melhores jogadores dos campeonatos do Zimbábue, Papua Nova Guiné e Guiana Equatorial, que são mais ou menos no mesmo nível.
O Flamengo precisa de gente que ENTENDA DE FUTEBOL para fazer contratações minimamente adequadas.
Trauco é um problema na lateral e Everton é um problema no ataque.
Rueda consertou os dois problemas com uma só substituição e ainda ganhou um Vinicius Junior de bônus, que em 5 minutos fez mais que o Everton em todo 2017 na ponta.
Se não fosse aquela alteração, estaríamos hoje fora da Sula. Não foi a primeira vez que ela foi feita e não foi a primeira vez que funcionou.
Everton é um lateral nota 8. Marca muito e tem força física para chegar ao ataque.
Que o Rueda não dê uma de Zé, que barrava o Cuellar por 20 jogos toda vez que ele entrava e dava uma aula de volância ao Márcio Araújo.
El catedrático, que ao contrário do seu antecessor não sabe o que é perder jogo de mata-mata, não vai dar esse mole.
SRN, grande Rasiko!!!
esse comentário eh para aqueles que so sabem criticar ….vao tudo tomar no cu ,bando de viados !
sumam desse espaço rubro-negro junto com as tricoletes.
SRN !
Voce é o tipico cidadao brasileiro, modus “torcedor”: vivendo na merda até o pescoço, nao soh nao fazendo nada contra, mas sim chingando os que tentam, basta o destino jogar uma migalha no chao na sua frente que jah acha que teve um banquete, apos de lamber do chao a preciosa migalha.
Depois volta à situaçao merdosa.
Infeliz.
De “raça” ou de “positivismo” nao tem nada nisso.
Aprenda.
srn pra voce uma ova. Torcedor desse naipe pode vazar e torcer para o porconaro se eleger presidente.
Relaxa Chacal,
Esse aí é o grande conhecedor de futebol, aquele mesmo que vive afirmando que o Vaz é melhor que o Juan, e que o Juan deveria estar aposentado, que o Rodolfo é perna de pau, etc.
Daqui a pouco vai dizer que o Everton Ribeiro é peladeiro, que o Vinícius Jr. é uma enganação, e por aí vai.
É o típico “torcedor’ que vai ao estádio para vaiar o time e pegar no pé de jogador.
Outro votador do porconaro.
to sabendo meu camarada !
grande abraco
Flamengo é Flamengo.
Flamengo é Flamengo em qualquer lugar.
Mas o Flamengo só é o Flamengo, aquele raiz, naquele velho terreno da Tijuca.
Podem demolir tudo e construírem o que quiser ao redor.
Mas, ali, naquele pedaço de terra, algo mágico acontece.
Ali, Flamengo é Flamengo.
Não sei se o seria em outro lugar. Mas, mesmo que o seja, sentirei muita falta daquele pedaço de terra.
Entendo – sério – a revolta dos off-Rio com essas palavras. Mas acho que, na verdade, vcs precisam entender melhor o Flamengo.
Todos têm suas raízes. E precisam cultivá-las.
Uma instituição sobrenatural como o Flamengo, muito mais.
SRN
HOJE É DIA DE DESPACHO !!!
É dia de despachar as tricoletes…..
Vamos lá Mengão, vamos ser campeão, vamos Flameeeeeengooooo !!!
Força Rueda, meu sogro !!!
SRN
P.S. – Quando a torcida começar a aprender a torcer mais do que a encher o saco, os títulos vão começar a chegar……com certeza tem muita gente torcendo contra, isso é nítido……..nós temos é que torcer e apoiar ! Bora Mengão !!!
Surgiram vários comentários, alguns jocosos, sobre essa, que já está se tornando eterna, espera do Flamengo de um título importante. Eu levantei essa lebre, mas levando em conta meu caso pessoal, ou seja, minha (in)certa idade. Agora, mesmo mais pra lá do que pra cá, eu me sinto mais confortável, pois, passadas décadas, somente há dois anos o Flamengo vem disputando algo que preste. O que eu lamento é que só agora as disputas pra valer estão começando. Se o Flamengo tivesse no seu devido lugar de honra que sempre mereceu, não estaríamos tão ansiosos à espera de um título, nem nos importaríamos tanto em perdê-lo de quando em vez, sempre entraria o jargão para compensar: “faz parte do jogo”. É o que acontece com o campeonato carioca, quando perdemos funciona como um acontecimento pontual, há alguma chiadeira, mas não soa como algo catastrófico. O que eu desejaria é que essa nossa atuação regional se tornasse regra pra disputas em torneios nacionais, continentais e mundiais, só isso. O que parece, e aí está toda minha angústia, tal fato só está começando agora. Os mais jovens não têm o que se preocupar, serão campeões do mundo, inevitavelmente, tomara que o mais cedo possível. As estatísticas provam que um nome do porte do galático Flamengo não pode ficar muito tempo sem ocupar o lugar que merece.