Que vitória tremenda do Flamengo. Vencer o Barcelona genérico, que dia a dia dilui o valor da vencedora marca catalã, não é exatamente uma façanha. A grandiosidade da vitória, conquistada no maior dos sufocos e causa de vários partos espontâneos e inesperados na torcida, está na extensa relação de adversários que o Flamengo teve que suplantar antes de poder somar os três valiosos pontos que o mantiveram na vice-liderança do Grupo A da Libertadores.
Antes que a bola rolasse o Flamengo teve que lidar com desfalques por contusões, a ganância das confederações, as cinzas do vulcão Sangay em suspensão no céu de Guayaquil, a obsolescência do protocolo supostamente infalível com 200 jogadores corongados e até os controladores do espaço aéreo peruano. Uma gincana do cacete a confirmar a incompetência da América católica que sempre precisará de ridículos tiranos, que clubes menos comprometidos com a manutenção da própria imagem não teriam disposição pra encarar.
Nesse campeonato continental da insanidade o melhor aproveitamento disparado é o do Covid 19. A bactéria filha da puta está derrubando geral na fase de grupos. E a 4ª rodada deixou claro que se a OMS deixar a competição chegar à fase do mata-mata o micróbio do caralho vai jogar todas como mandante.
Enquanto o pior não acontece o Flamengo permanece em sua saga para se confirmar como pica das Américas. Como era de se esperar, vai ter emoção até o fim. O Flamengo ainda tem que confirmar sua permanência na brincadeira nos dois próximos jogos no Maraca, o que não deixa de ser uma espécie de decepção branda para os crentes no caô da hegemonia germanófila. Mas o fato do grupo A ter subitamente ficado encardido é um ótimo sinal. Sem sofrimento, desespero, dedo no cu e gritaria o Flamengo jamais fez nada na Liberadores.
A 4ª rodada foi surpreendente, não pelo Flamengo, mas pelo time do suco. Depois daquele acidente em Quito o Independiente del Valle se tornou o Brasil na Libertadores, encarnando o papel de vingador dos eternos fregueses do Papai Mengão. O que de certa maneira explica o achocolatado 3 x 0 do Junior Barranquilla. É quase sempre assim, os times que brilham muito no alto do morrão, impulsionados pelo turbo dos secadores da arco-íris, costumam abrir o bico quando descem pro asfalto.
O Flamengo não jogou bem, a apresentação foi sofrível e a defesa mostrou regularidade, tomando gol até dos inofensivos Colômbia. Mas a efetividade de Pedro e o talento indescritível do fodón Arrascaeta fizeram toda a diferença e deram sobrevida ao Domènec, eleito pela intelejumência esportiva como o culpado de tudo. A superficialidade das análises que condenam o catalão apenas confirma um profundo desconhecimento, quando não da essência do futebol, ao menos da essência do Flamengo.
Quem conhece o Flamengo exibe a tranquilidade de quem já sabia que a Libertadores ia ser no perrengue. Dependendo da combinação dos próximos resultados a classificação só se dará na ultima volta do ponteiro no último jogo da rodada. Rubronegro raiz não está autorizado a sentir medinho do time de Barranquilla. Medo do Junior? Francamente, se ainda fosse medo do profissional, tudo bem. Mas do Junior não pode.
O filósofo José Ortega y Gasset, fundador da Escola de Madrid, em sua obra de 1914, Meditaciones del Quijote, cunhou a expressão célebre “Eu sou eu e minha circunstância, e se eu não salva-la eu não posso me salvar.” No jargão dos filósofos, circunstância significa mais do que conjuntura, eventualidade ou contingência. O termo define o conjunto de fatores materiais ou não que acompanham ou circundam o individuo. O famoso contexto.
Na filosofia de Ortega y Gasset circunstância passa a ser tudo o que rodeia o eu: a realidade cósmica, a corporalidade, a vida psíquica e a cultura em que se vive, nela incluída também as experiências acumuladas no tempo. Coloquemos o Flamengo nessa roda cabeça e adaptemos, com respeito, a frase do tio espanhol à realidade mulamba. O Flamengo é o Flamengo e a sua circunstância, e se o Flamengo não salva-la o Flamengo não pode se salvar.
O Flamengo quer ser um clube de gestão modelar, equiparado aos grandes da Europa. O que é obviamente impossível em Pindorama. O Flamengo pode querer muito se afastar do regime do semiamadorismo remunerado ao qual chamamos erroneamente profissionalismo que está enraizado na maioria dos clubes brasileiros e sul-americanos. Mas o Flamengo não é, nunca foi e nunca será uma ilha. A tecnologia e o desequilíbrio econômico não são capazes de erguer uma redoma que imunize o Flamengo da moléstia congênita de nascer latino americano.
O que significa estar permanentemente topando com a encruzilhada e sobreviver à violência física, moral e emocional imposta pelas hostes de bárbaros que chegam ao poder patrocinados egoistamente por caboclos querendo ser ingleses. Essa é a circunstância do Flamengo, estes são os fatores materiais e imateriais que o circundam e fazem o Flamengo ser o Flamengo. A lama, a zona, o perrengue, o anticientificismo e o oba-oba estão em nossa essência. Salvar esta circunstancia vital para a sobrevivência do Flamengo é contribuir pro crescimento da bagunça, investir na esculhambação e na avacalhação institucional em curso. Sem deixar que a entropia natural que acomete os sistemas nos foda de vez.
O resultado serão vitórias apertadas e sofridas contra adversários minúsculos, uma ou outra sapatada de vez em quando e eventuais consagrações épicas na conquista do continente. Dessa vez deu tudo certo, o pulso ainda pulsa, mas quem viu o jogo se assustou com o Flamengo. Depois dos 30 do primeiro tempo o time foi só o pó da rabiola. A falta de tempo pra treinar está apresentando sua conta, nego tá mortinho. Mais um pneu a ser trocado com o carro andando. Mas é melhor trocar pneu do que trocar de técnico.
Essa Libertadores tá sinistra. Tão bizarra quanto o Campeonato Brasileiro. Mas menos chata.
Mengão Sempre
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