Em 1962, Thomas Kuhn, um físico muito foda, escreveu A Estrutura das Revoluções Científicas. Um dos livros mais influentes e revolucionários do século passado. Um marco na filosofia científica. Kuhn identificou e sintetizou, de forma genial, o processo de desenvolvimento da ciência listando os 5 passos da evolução científica. Essa listinha, que não é assunto pra esse humilde bloguinho lido por sábios e escrito por um ignorante, dá a planta toda do método científico. Quem se interessar nessas paradas, ou estiver sem namorada, pode dar um confere na Wikipédia pra se inteirar.
Pra nós, que não somos cientistas, a grande contribuição de Kuhn foi ter reintroduzido no léxico mundial o termo paradigma. Uma palavra antiga do latim tardio, originada no grego, significando mostrar, apresentar, confrontar. Paradigma é um conceito das ciências que define um modelo, ou padrão de algo. Um pressuposto filosófico matriz, uma teoria que sustenta o estudo de um campo científico. A física de Aristóteles, cuja teoria foi aceita por mais de mil anos, é um bom exemplo de paradigma. A astronomia Copernicana, a dinâmica Newtoniana, a mini saia de Mary Quant e a Teoria da Relatividade do Cumpadi Einstein também são paradigmas.
No Estrutura, o Kuhn mandou que “um paradigma, é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em pessoas que partilham um paradigma”. É aí que nós, que não somos cientistas de porra nenhuma, mas formamos a comunidade mulamba mundial, entramos no enredo. Essa nossa magnética comunidade, de maneira estrondosamente unânime e empírica, isto é, baseada na experiência e na observação, entende que o Mengão meter 6 gols em jogos da Libertadores é o novo paradigma. Esse é o modelo, esse tem que ser o padrão. A partir de hoje, é o padrão de desempenho que vamos exigir do time. Tem que jogar assim todo dia, Flamengo!
Claro que não esquecemos que o desenvolvimento científico não se dá aos saltos, mas sim no dia a dia laborioso, com muita pesquisa, pequenas conquistas e descobrimentos. Os tijolinhos que na humildade empilhamos na construção do grande palácio do conhecimento. E um desses tijolinhos, que na verdade é uma pedra fundamental do paradigma de meter seis gols, é o Arrascaeta ser titular na bagaça.
Pelo amor dos meus filhinhos, Abel! Não tem como manter esse homem no banco, o lugar dele é em campo e foda-se quem vai ter que sair. Se não fosse o ex-preso político ocupando o lugar que lhe pertence por direito talvez o jogo contra o Çan Rocé não tivesse se transformado na furiosa festa na favela que tanto nos apraz e tanto incomoda os incomodados. Presta atenção na lição, Abel, Arrascaeta titular é um paradigma em si mesmo.
E olha que mesmo com o paradigmático cabra em campo teve uma hora lá em que se podia sentir o inconfundível aroma da mozzarella derretendo enquanto a gente tava tomando gol de empate. Eu até agora não sei como vou explicar lá em casa que o Flamengo, depois de abrir o placar aos 2’, ficou por intermináveis 12 minutos empatando com o Olaria de Oruro. Com as devidas vênias ao Azulão da Bariri. Mas já aprendemos que ser Flamengo é estar sempre preparado pro pior, nosso destino é topar permanentemente com a encruzilhada. Por sorte o Everton RiBale, aos 30, colocou tudo dentro de uma perspectiva mais realista e desempatou. Ainda bem, porque ia ficar feio demais descer pro vestiário empatando com os bolívia com um a menos.
No segundo tempo a força gravitacional da camisa do Flamengo, pra citar elipticamente o amigo Newton, acabou ajeitando as coisas. Alguém no vestiário, não acredito que tenha sido o Abel, deve ter avisado aos nossos formidáveis rapazes que eles eram o Flamengo. Não importa quem foi, só sei que funcionou. De uma hora pra outra começou a sair uma porrada de gol, de todos os estilos. Perdi um ou dois desses gols comprando cerveja, mas tá tranquilo, pude conferir em casa que foram todos bacanas.
Que maravilha é ver o Flamengo soberano em campo, mesmo que seja contra adversários fraquinhos. Gol do Flamengo é sempre bonito. Mas quero destacar o nosso 6º gol, que concedo a autoria ao Pará. Foi o segundo gol contra a favor do Mengão que o Pará marca. O primeiro foi naquele memorável 2×1 sobre o Santos na Vila, em 2009, fundamental para a quebra de uma embaraçosa escrita de 35 anos e trampolim pro Hexa. E o de ontem, de rara beleza, em que foi o artífice de um peculiar gol contra a nosso favor. Espetacular e paradoxal, esse é o estimado amigo Pará.
Mas ganhou tá ganhado. A etiqueta reza que em vitória não nos estendamos nas críticas. É melhor assim, ainda mais porque já estamos em vésperas de decisão contra a baranga e a onda tem que ser de total positividade. Babilônia tem que cair! Mengão é líder e melhor ataque da Liberta! Comemoremos o triunfo, não é todo dia que vemos o Flamengo meter meia dúzia de gols. A última ocorrência de tal fenômeno no Maraca foi no Brasileiro de 2004 contra o Bahea. Na Libertadores acho que foi a primeira vez que consignamos 6 gols (excetuando-se o histórico 8×2 contra os simpáticos venezuela do Minervém em 1993).
O Flamengo cumpriu a sua missão. Ganhou bem do café-com-leite da chave. Mas o maior saldo de uma vitória como essas não é o de gols, que sabemos que será decisivo no birimbolo da última rodada. O grande lance de meter seis foi permitir que a torcida do Flamengo ficasse mais feliz que pinto no lixo, achando tudo lindo, batendo palma pra geral e perfeitamente iludida de que esse ano é nóis em Dubai. Porra, Flamengo, entenda que nós vamos ao Maracanã pra isso. Queremos ser enganados assim. Nos iluda, por favor. E reitero, meter 6 gols por jogo é o novo paradigma. Qualquer mudança, evolução ou aprimoramento tem que partir desse patamar. Nada de andar pra trás. Viva o novo paradigma, com Arrasca titular.
Mengão Sempre
Que texto, cara! Realmente excelente. No conteúdo e na forma. SRN
Fora Abel ja’!!!!!
Esse resultado foi como o do jogo em Ururu, muito, mas muito mentiroso!!!!
Nosso melhor jogador em campo mais uma vez foi o Diego Alvez, o Cuellar jogou o fino de sempre mas o nosso goleiro nos salvou e muito em momentos cri’ticos do jogo.
Arao, meu Deus o Arao e’ muito sem nocao da porra toda!!! Ele se atrapalha com jogadores do pro’prio time, nao recompoe, nao marca, lo’gico que vai acertar alguns passes etc mas ele atrapalha muito mais do que ajuda, poderia ser expulso hj mas o Abel gosta de viver perigosamente, manteve ele em campo os 90 minutos. Fora Abel!!!!! Por favor olhem a jogada do gol dos caras, o Arao tb olhou tudinho ali bem de pertinho sem atrapalhar nadinha de nada.
Por favor olhem os cruzamentos do Rene…… meu Deus, vcs viram o Dodo o que fez ontem pelo time do Cruzeiro? Demos mole demais.
Fora Abel!!!! O time a cada jogo piora como um time!! Que porra e’ essa? Sou eu o u’nico que vejo isso?
6×1 Wow !!! O Fla massacrou!!! Porra nenhuma, foi um sufoco do cacete ate’ marcar o quarto gol, ai’ os bolivianos comecaram a pensar na praiana que vao pegar no posto 9 amanha.
To muito preocupado, time mal treinado, mal mexido (o Diego estava bem!!!) e em decli’nio te’cnico.
Fora Abel seu tricolor desgracado, o interino dele la’ mexeu melhor no time que ele.
SRN e FORA ABEL!!!! Esse jogo eu nao comemoro, evidenciou e muito a falta de qualidade do nosso entregador de coletes.
Zeus
Arthur, o citado paradigma eu já trago nos meus atordoados neurônios há milênios, quer seja fora, ou embutido, jogo após jogo, campeonato a campeonato, por isso é que eu sofro. Na minha cabeça só pode dar Flamengo, esmagando os inimigos sem dó nem piedade. A foda é, como diria o Garrincha, essa porra desse time nunca combina com o adversário e qualquer timeco me faz suar na alma, enquanto a camisa dos embusteiros se mantém em campo ilesa sem empanar aquele vermelho que tanto preocupou você em pretérita(epa!) crônica. Por mim, esmagaríamos todos os adversários não de 6 a um, mas de 6 a 0. Daí pra cima.
Três lances:
1- qualquer coisa.
2- vasco.
3-fim.
Faço coro com a galera, mesmo com a enfiada de 6, tô preocupado com a zona que tá esse time. A vitória veio, como destacou meistre Arthur, na força gravitacional maior da camisa e no talento fodastico de Arrascaeta e ER7.
O DataPVC informa, mestre Arthur:
“Só duas vezes, antes dos 6 a 1 sobre o San José, o Flamengo havia conseguido placares mais dilatados na Libertadores. Só contra o Blooming, por 7 a 1, em 1983, e contra o Minervén, por 8 a 2, em 1993.“
SRN!
Pode crer, esqueci do Blooming. Mas vc poderá reparar no video que o Flamengo não esqueceu como tomar gols bizarros dos bolivia.
https://www.youtube.com/watch?v=j-P1qJHUvhI
Incrível.
Além do mais, aos 26 SEGUNDOS.
Fui ao Maraca.
Não vou ficar de rabujice, pois o time ganhou. Mas que o futebol tá feio tá.
O Olaria de Oruro, como disse o Mestre, com 10 em campo, pegou alguns rebotes na área e fez contra-ataques! É de preoucpar para os jogos mais difíceis, pois a isso se associa a previsibilidade do time, que se desloca pouco e acaba quase sempre suas jogadas com bolas alçadas para a área. O que tem salvado é a qualidade individual dos bons jogadores do elenco atual.
Saúde e Sorte
Ando pensando em redigir um prólogo para os meus comentários. Assim, não precisarei constantemente buscar palavras para elogiar o Arthur. Gravo no Word, faço um copicola e resolvo o problema. O cara é foda! Sempre!
Mas, a verdade é que eu não aceito a ideia de que são favas contadas a classificação do Flamengo, na primeira fase da Libertadores, como muitos imaginam.
Há dois anos, em seis combinações de resultados possíveis na última rodada, somente um eliminaria o Flamengo. E foi aquele que exatamente aconteceu. Não se esqueçam de que o Flamengo vivia assustado com a “Maldição Elisa Samúdio’. E hoje temos os meninos do ninho…
Agora, faltam duas rodadas para o término da fase de grupo, mas não tem nada decidido. Portanto, nada de euforia, até porque o time não autoriza.
Uma derrota para a LDU, dia 24, o abismo ficará apenas a um passo, porque a LDU irá para 7 pontos e pegará a carne assada do grupo em casa, na última rodada, indo para 10 pontos, provavelmente.
Já o Peñarol enfrentará o San José na altitude. Porém, independentemente do resultado desse jogo, ele jogará a sua classificação contra Flamengo no seu alçapão.
Portanto, o Flamengo precisará de um empate nas duas últimas rodadas. Tenho receio, todavia, de que mais uma vez o Flamengo não venha a perder a sua classificação “por una cabeça”, mantendo dessa forma o paradigma de suas atuações em Libertadores.
SRN!
* “por una cabeza”
Belo texto…é bem assim. Ñ queremos menos q seis.
Hahaha, muito bom Arthur, mas nosso paradigma deve ser a felicidade pós jogo, a torcida permanecer cantando, pulando apesar dos bares não vender mais cerveja …
Mas logo agora ? Perguntei incrédulo…
Genial!
Discordo do nobre colega que ,em seu comentário, teceu elogios ao Do-rival. Esqueceu-se do passeio que tomamos do Atlético-PR em pleno Maracanã na última rodada? Do-rival nunca mais!!!
PARÁdigma vitorioso, que noite. Após o habeas corpus, Abel que tinha que ir pro xilindró por ter mantido Arrasca em cárcere por tanto tempo. Quero aqui saudar o senhor Everton Ribeiro por mais um espetáculo digno de ingressos esgotados e explosão da plateia. Se tivesse uma data extra hoje era casa cheia e certeza de mais um baile de gala. Porém, alguém precisa urgentemente averiguar o que tá acontecendo com o senhorito Léo Duarte. Tem que saber se é namorada, crush, amor platônico, tem alguma coisa afetando esse jovem. Acredito que seja a hora de chamar Rhodolfo ou dar uma moral pro nosso menino Thuler. No mais obrigado por me apresentar o livro e pelas palavras!
S E I S T O U !
É dia de contar vantagem para a arcoirizada, como se golear o San José fosse o mesmo que ganhar do Boca na La Bombonera.
Ooo Eee bota o Arrascaeta nessa porra! Ooo Eee bota o Arrascaeta nessa porra!
SRN
Quatro comentários rápidos:
1) Arão ainda vai nos foder, tem que sumir do Flamengo, nem no banco pode ficar (como dizia o grande Evaristo de Macedo: o problema de vc ter um jogador ruim no banco é que uma hora vc pode precisar dele). Só lembrando que temos o Ronaldo e um jogador da base (Daniel Cabral) que é um monstro na marcação, além de ter uma bomba nos pés. Já deveria estar treinando com os profissionais faz tempo.
2) Arrascaeta e ER jogam muita bola, o Diego parece peladeiro perto deles.
3) Chega logo, Rafinha, pelamordeDeus!
3) Mais um texto foda.
SRN.
Na base da gozação, salve o Arthur !
Que merda de jogo, evidentemente por culpa do ^Todo Poderoso^ adversário boliviano e, em parte, pelo Abelsatado e a nossa fraquíssima defesa.
O De Arrascaeta (o craque uruguaio faz questão da nobreza do nome) é um jogador fora de série, pelo que, se o o ^grande (e gordo) técnico^ resolver escalá-lo doravante é possível a conquista de títulos, aí incluído o estadual.
Agora, não consigo entender como e porque pode ser atribuído o SEXTO gol ao extraordinário Pará.
Gol contra, dos mais claros e nítidos. Centrou PARA TRÁS, logo impossível não reconhecer a total importância do zagueiro adversário, por sinal o mesmo que fizera um pênalti inacreditável.
Gols dados de presente, sendo que o João Neto, anteriormente, já observara como os dois primeiros foram obtidos, sem nenhum mérito.
Ontem, um maluco aqui de Brasília, fez uma reportagem sobre o pobre e infeliz time boliviano.
Teve paciência suficiente para fazer um levantamento das participações do mesmo em Libertadores, concluindo que, até então, haviam sido VINTE jogos disputados no exterior, com DEZOITO derrotas (só do Santos, em 2008, tomou de SETE a ZERO) e DOIS empates. Em todas as exibições, JAMAIS conseguiu fazer mais que UM gol (logo, igualamos o récorde negativo), o que já era um verdadeiro MILAGRE para suas pretensões.
Sei que foi gozação, mas nem como paradigma o resultado de ontem serve.
Esperemos o clássico de domingo.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Parabéns pelo texto, Arthur. Só uma correção: o jogo contra o Minerven foi 8×2 (os caras fizeram os 2 gols deles depois dos 40 do segundo tempo).
SRN
Acho que a minha TV é em preto e branco. Tirando a Vitória e o desempenho do uruguaio que coloriram a partida, o restante foi visto à moda antiga. Na minha racionalidade e rabugice o espetáculo foi digno de uma autêntica pelada.
No primeiro gol, um frango do goleiro em uma cabeçada despretensiosa. O segundo gol…um chute errado que desviou na canela do beque adversário e entrou vagarosamente. Dois golzinhos de pura sorte. Ao estilo peladeiro. Como de pelada foi o restante do jogo. Sem padrão de jogo, na base do abafa pelo maior número de atuantes.
E o fraquinho adversário sequer se fechou em defesa. Partiu para o ataque honrando os peladeiros raízes. Desprovido de qualquer padrão tático conseguiu seu intento e apesar de inferior contingente, bagunçou a frágil marcação adversária.
Em resumo: Uma Vitória de goleada que ao invés de alegrar, nos deixa preocupados quando nos defrontarmos com adversários de melhor poderio.
Uma pelada de extremo mau gosto.
SRN
Boa, Arthur! Ficar iludido com esse time é bom pra caralho, vou encher o saco de todo mundo fazendo todas as piadas possíveis e forçadas com tal do “meia dúzia” até o próximo jogo da liberta!
João Neto de cú é rola!
SRN
Educação é para poucos.
Pô Arthur, tu escreve bem pra cacete e leio todos os textos. Iniciar citando a teoria do Tomas Kuhn foi foda. Mas sinceramente essa vitória de ontem pra mim é um belo motivo pra aumentar o coro de fora Abelão. Depois do primeiro gol e da expulsão do jogador adversário, não era para os caras nem fazerem cosquinha, mas além do gol escroto que tomamos, os caras chegaram outras vezes e com facidade. Além disso, metemos 6 sem padrão de jogo, baita de uma pelada. Arão e Pará protagonizaram uma bela jogada de gol, mas erraram ora cacete, sobretudo o Arão. Qual é o problems desse pupilo do Abelão em dar um passe adequado? Por que ele tanto ha pro lateral desmarcado de um lado e toca para o lateral marcado do outro? Meu receio é esse palerma entregar a rapadura num segundo tempo de mata-mata. Aí não adianta reclamar. PS: Dorival é muito mais técnico do que o Abel. Abel é nível FluminenC.
De pleno acordo, Vitaly, aproveitando para corrigir o dedo que bateu na tecla vizinha.
^mas erraram ora cacete^ = ^mas erraram pra cacete^.
SRN
Excelente texto Arthur, belamente escrito!
O pós-jogo do Mengão nunca é o mesmo sem ler seus textos, é como ir no Maraca antigamente e não escutar o radinho ao mesmo tempo.