Começou na Inglaterra o leilão da camisa de Don Diego Maradona, aquela que o gênio argentino teria usado no gol de mão, na Copa do Muuu de 1986. Um pé-rapado lá no site da Sotheby’s ofereceu, num dos primeiros lances, a bagatela de 4 milhões de libras, coisa de 25 milhões de reais, ou 5 peças de picanha maturada.

Segundo estimado, o valor final da camisa azul com o sagrado número 10, que Maradona trocou ao fim da partida com o inglês Steve Hodge, pode chegar a 37 milhões de reais, até o martelar do leiloeiro, em maio. Já é, portanto, o item esportivo mais caro da história da humanidade, a superar a camisa canarinho de Pelé na final da Copa de 1970, leiloada em 2002 por alguns milhares de libras esterlinas.

Li tal notícia e logo me ocorreu o verso da velha banda evangélica conservadora: opa, peraí caceta. Pelé e Maradona, claro, merecem todas as loas, mas são fregueses históricos do Flamengo. Se a dupla anda assim tão valorizada, quanto será que os cartoleiros da Sotheby’s dariam em alguns Mantos Sagrados históricos, incríveis e extraordinários da epopeia rubro-negra?

Reconhecimento não nos falta, como a própria Inglaterra não deixa mentir. Em Londres, o bacaníssimo Museu do Design decidiu fazer uma exposição com 500 objetos de raro valor ligados ao futebol, de chuteiras a documentos. E, claro, lá está, para quem quiser ver (até o fim de agosto), a camisa rubro-negra, junto a outras, da década de 1990. Além dela, há a foto de um gigante Gabigol dando aula de cidadania ao exibir no Maracanã sua camisa 24. Golaço.

Peguei então o telefone para assuntar com um dos maiores colecionadores de relíquias flamengas, que me contou a bomba: “Ouvi que ofereceram na camisa do Andrade em Tóquio o valor de 50 mil reais”.

Cinquenta mil reais, veja você, enquanto o argentino que ele costumava marcar e botar no bolso no início dos anos 1980 hoje tem a camisa avaliada em 6 milhões de libras. O brasileiro não sabe seu valor.

Para melhorar, corrigir ou melar futuras propostas, a equipe do Paz & Amor fez uma série de cálculos, tabelou valores e índices inflacionários, consultou um ex-presidente do Banco Central e o Rodrigo Capello (ninguém atendeu) e, pronto, saiu-se com os seguintes cálculos sobre algumas peças arqueológicas. Confira e boa caça ao tesouro.

• 10. Manto de Zico na final com o Cobreloa, em 1981: a Sotheby’s mais um troco

• 11. Par de chuteiras usado por Júnior ao dar aqueles comes no Renato Gaúcho, na final de 1992: 400 mil arames

• 13. Casacão oficial estofado do mister Paulo Sousa, pouco uso, vestido durante colossal vitória do Flamengo no pantanoso gramado chileno em 2022, quando ainda éramos apenas bicampeões da Libertas e a Conmebol liberava o racismo desenfreado nos estádios: papo de uns 300 merréis, verdadeira barganha. Quem comprar na baixa e poupar, está feito para o resto da vida.