Ler o Arthur é obrigação. Seus textos são como os títulos e as conquistas do Flamengo: parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo. Coisas do mulambo mais querido do Brasil. E do Saramago. Por isso, Heptacular, é mais que uma coleção de crônicas publicadas no blog República Paz e Amor, sobre a conquista do nosso tão sonhado Hepta, e sim um livro que traz um sonho em forma de desejo. Ele chegou e nós não resistimos.
O livro começa com um pedido especial, que emociona, aperta o coração, mas que nos convida a honrar os Garotos do Ninho, mortos tragicamente no incêndio do Centro de Treinamento no início do ano: um minuto de silêncio. Em Os 10 avatares, Arthur nos lembra que “O Flamengo se forjou sob alta pressão e na altíssima temperatura das suas glórias, mas foram as tragédias que deram a têmpera que nos transformou no que hoje somos.” Depois dessa homenagem, siga sua leitura de peito aberto, coração na mão. Rola a bola para o primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2019, e então, Muhlenberg nos chama: Vem afobado não, não. Vem tranquilo. E começamos o primeiro capítulo do Hepta, e do ano, rebaixando o Cruzeiro (3×1). Com dois gols do Bruno Henrique e um do Gabigol. Pega a visão. Levanta a plaquinha. Segue o baile.
Acontece que, segundo o autor rubro-negríssimo, dentro da cabeça do então técnico do Flamengo, o Abel (toc toc toc), existia um Flamengo de Schrödinger, quando a caixa era aberta, tudo podia acontecer. Inclusive, nada. Foi quando continuei a leitura, Em busca da Felicidade, o texto que retrata perfeitamente os primeiros e previsíveis jogos do Flamengo no Campeonato, sob o comando daquele que não nomeamos mais, e que comprova que o sofrimento leva além. Arthur foi profético: “Torcer para o Flamengo hoje é abandonar qualquer racionalidade, fechar os olhos para o que não é belo, bom e justo e se abraçar com a FÉ.” Ele escreveu: Fé. Depois dessa voz que clamou no deserto, veio Jesus. Eu escutei um Amém, Igreja? E até a 19º rodada do Brasileiro, quando terminamos em primeiro no turno, depois de um a zero magrinho contra o Santos do “tal” Sampaoli, sob o comando do Mister, ele escreve: “Enquanto o mundo gira e o Mengão deita e rola, o ácido heptanóico vai aos poucos se condensando na atmosfera, numa reação química que resulta no ainda incompreendido cheirinho que intriga os aromistas e incomoda tanta gente.” Mais Arthur, impossível.
No segundo turno o Flamengo seguiu atropelando adversários, logo “o heptacampeonato não era uma questão de como, e sim de quando”. Em Para ver as cinzas dançarem, às vésperas do jogo mais importante de nossas vidas, faltando 11 jogos pro final do campeonato, Arthur entra de sola no debate sobre o nível dos técnicos brasileiros tendo como referência o show de profissionalismo, competência e prudência do nosso Mister, Mister, olê, olê, olê. O Flamengo que não poupou ninguém, que não privilegiou uma competição em detrimento de outra, que não esperou rodadas finais para assumir a liderança, que ganhou todo mundo e não perdeu pra ninguém, foi retratado em Amanhã não tem ninguém, marcando outra chineladinha no Grêmio, depois do massacre na semifinal da Libertadores. “Acreditem, a coletiva de Jesus foi melhor que o jogo.” Eu acredito. Eu vi. Vivi. E li. Já em O Flamengo é o sistema, uma verdade absoluta: o flamenguista adquiriu um medo assustador de ir à noite ao banheiro e encontrar lá no escuro mais um título do Flamengo para dar susto. O fim de semana que marcou a vida de uma Nação teve crônica antológica celebrando a comemoração de dois títulos em 24 horas, desorganizando nossos estoques de tudo.
Mas, seguimos Rumo ao octa. Com uma dose máxima de nerdice Muhlenberguiana, ele analisa nossa última participação no Brasileirão dos sonhos, com uma postura pomba rolou e a comparação magistral com a pesquisa do Richard Feynman, Nobel de Física, em 1965. O resultado do jogo foi “exatamente como disse em Princeton o ritmista do Farsantes, foi influenciado em 50% pelo que o Flamengo e o Santos fizeram no passado. Onde o Mengão abriu uma pornográfica vantagem de 16 pontos pros praianos e 49 gols de saldo. E 50% pelo que o Flamengo e o Santos fariam num futuro próximo, i.e., o Flamengo indo disputar o título de Campeão do Mundo e o Santos ficando em casa vendo tudo pela televisão.”
Pelo título, pelo time, pelo Mister, pela Nação, pelo Arthur, Heptacular é obrigação. Um livro que, assim como 1981 e 2019, não vai acabar nunca.
Pra vocês,
Paz, Amor e Leiam o Livro.
Moro na Bahia, como adquirir o livro?
Tem na Amazon
Vou comprar. Mas, Vivi, por que não teve lançamento? Alguém, aí, por favor, eu devo dois refrigerantes ao Chacal.
SRN!
oie minha linda vivi !
já comprei ,mas não li !
agora depois de ler seu texto ,deu uma vontade danada de ler….eu estava meio sem vontade por causa da derrota.
sei que não tem nada haver,mas tava acreditando muito na nossa vitória.
agora animei novamente.
um grande beijo e SRN !
A nata da crônica futebolística Rubro Negra tá aqui, com todo o respeito aos guerreiros dos outros sites.
Beijo Vivi
SRN