Foi o amor que me fez FLAMENGO. O amor que me fez festa. O amor que me fez fada. Reli Jacques Prévert essa semana. E diante de uma poesia tão nua e crua, só consegui contar: J a c q u e s tem sete letras. P r é v e r t também. Eu vivo e respiro um título que ainda não veio. Acredito com a força do amor que Márcio Araújo tem SETE vidas. E numa dessas fará o gol do título. Delírios de uma torcedora que não despreza vidas. Em uma semana que lotamos um aeroporto, nos infiltramos no estádio do time adversário, esgotamos ingressos do jogo com mando de campo…em SÃO PAULO só posso crer que “a natureza (rubro-negra) para ser comandada, deve ser obedecida”. A cada rodada tenho buscado explicações além da técnica e das quatro linhas para entender a  onipresença do hepta em minha vida, em nossas vidas. Busco a compreensão de elementos importantes que constituem a realidade e a subjetividade do Cheirinho do Hepta. As contradições e transformações de um time(4-3-3!!!!), de jogadores (Pará!!!), de um conjunto que no mesmo ano foi eliminado de modo medíocre de duas competições, que até a metade do ano não sabia onde jogar, de um clube sem casa. Como alcançar a compreensão do que é verdadeiramente o atual futebol que o time do  Flamengo vem jogando?

Só consigo explicar com base no amor que sinto pelo Mais Querido do Brasil. Mas o amor por uma coisa deturpa a imagem dessa coisa. Quando amamos ficamos vulneráveis diante do objeto amado. Estou entregue ao time do Flamengo. Ao ELENCO todo. Sem constrangimento. Sem pudores.  E com a imagem deturpada do amor afirmo: SOU HEPTA. De corpo, de alma, de espírito. O Flamengo despertou em mim o prazer de sonhar acordada. De fantasiar gols, resultados, viagens, encontros, abraços e beijo de romance no apito final da última ou das últimas rodadas. O Flamengo de Sir Zé Ricardo, o técnico que está a frente do meu tempo, vê o que não vejo. Brigo, xingo de maluco, despreparado, louco, e minutos depois quero abraçar sem largar, aos berros de “QUE HOMEM!!!!!”  O Flamengo do Cirino em campo para despertar em nós os instintos mais primitivos. O Flamengo do Diego, esse cara incrível que dá vontade de chamar para passar o Natal com a família na nossa casa. O Flamengo que joga com uma entidade em campo de corpo fechado e futebol aberto. O Flamengo do Márcio Araújo.

O cheiro está no ar. O Flamengo PROMETEU, titã, gigante, não pode mais recuar diante do desafio do hepta, da conquista que parecia impossível em um ano de planejamento desordenado, desterrado – sem estádio – dentro da sua própria terra. Vivemos o Flamengo FORA DOS MUROS do Maracanã. O Flamengo das esquinas, dos bares, dos aeroportos, que resgata em nós o lirismo da bola. Somos vanguarda. Em tempos de fantasma do 7 x 1, de escândalos de corrupção no mundo do futebol, do povão excluído das Arenas da vida, nós marchamos nas ruas declarando amor, legitimando nossas cores, ostentando nossos mantos e, acima de tudo, borrifando cheiro de hepta na cara da imprensa ultrapassada, bairrista, sem bibliografia e sem poesia. Nós somos o Flamengo. Nas ruas resgatamos a alegria de torcer, de brincar, de rir dos erros e REVERENCIAR os acertos.

O Eau de parfum de Hepta se caracteriza por uma essência bastante concentrada, diferente de outras. A fragrância do Hepta é a de time de machos, que não se intimida na adversidade, que busca o gol, que vira o jogo, que deseja o título, que reconhece a paixão de uma Nação. Essa nossa incoerência heptiana de cada dia nos dai hoje. O Flamengo é assim: um eterno Decifra-me ou Te devoro. Sigo tentando decifrar. Mas sou, desde antes de nascer, devorada por ele.  

Pra vocês,
Paz, Amor e Um Cheirinho de Hepta no Cangote.