Peço licença aos românticos e filósofos, mas não encontrei ninguém melhor que Nietzsche para explicar um jogo com gols de Vitinho, Michael, Rodinei e Bruno Vianna, em uma noite de um tempo de gala.

Conhecido por suas críticas ao racionalismo platônico, o alemão nos diz que “temos a arte para não morrer da verdade”. Eu já acho que temos o FLAMENGO para não morrer da verdade, e trazer para nossas vidas, em tempos pandêmicos, o tesão, a paixão, a arte, o grito, o desgosto, a alegria, a tristeza, o amor.

Ainda sim, com o fechamento CORRETO dos estádios, eu me afastei (ou fui afastada?), eu me calei (ou fui calada?) do Flamengo.

Um sumiço que não é ausência. É resistência frente a esses escravos da velha verdade que assumiram o poder no Clube. Mas o Flamengo não é uma corrida racional pela verdade, mas um caminho lindo em busca do amor e da beleza, seja o que tudo isso signifique para mim, para você ou para meus 11 leitores.

Eu quero viver o Flamengo como ele é: FAVELA. Eu quero viver o Flamengo como ele é: POVO. Eu quero viver o Flamengo como ele é: CAMPEÃO. E aí me aproprio de outra pérola de Nietzsche: o eterno retorno. Somos condenados aos títulos, a sermos campeões.

O rubro-negro, a rubro-negra, está condenado(a) a viver repetidas vezes, “sem razão ou objetivo”, apenas VIVER, aceitar e amar. E os títulos virão, irão, voltarão, chegarão: Mengão campeão. Nietzsche chama essa aceitação de amor fati (amor ao destino), pelo qual o ser humano dá sentido à própria vida. Isso implica amar cada momento como ele se apresenta, eternizando presente, passado e futuro.