Salve Paulo,
Aqui é Carlinhos, o Violino. Como vão as coisas no caldeirão rubro-negro? Sobrando tempo para aquele chopinho no La Mamma?
Na quarta-feira, vimos o Flamengo x River Plate aqui em cima numa tremenda farra, com direito a samba do Wilson das Neves e Almir Guineto e um senhor telão, tudo organizado pelo Joaquim Vaz de Carvalho, que chegou outro dia e já está enturmadaço. Ele manda dizer que está tudo bem agora.
Depois do jogo, o papo aqui foi unânime. É preciso dar uma acendida no time, uma magnetizada na turma. O Babão, eterno roupeiro e figuraça, ficava de um lado a outro resmungando que o elenco está “desligadão”, e “marcando touca” – expressões do figura.
O João Saldanha, que domina a resenha e em noite de samba toca tamborim, lembrou da Copa de 1970, quando resolveu tentar uma jogada arriscada: ao sentir que o Pelé precisava de uma carga extra de motivação, foi à imprensa e disse que o Rei estava míope, que os problemas de vista poderiam atrapalhá-lo no México. Ele acha até hoje que a tal entrevista, que caiu como uma bomba na época, nos ajudou na campanha do Tri, e empurrou Pelé para uma atuação de gala.
Fleitas Solich, que foi meu treinador na Gávea, tem elogiado seu trabalho, Carpa. Para ele, uma Copa como a Libertadores só é vencida por times que contam no meio-campo com aquele jogador “dono da intermediária”, como aliás você e eu fomos – eu, um “pivot”, como dizia-se na época; você, um volante mestre na arte do desafogo.
Para “El Brujo”, esse papo de que anda faltando pegada e raiva no time é balela. Ele acha que você deveria testar Cuéllar com Ronaldo à frente da casinha e soltar o Lucas Paquetá para armar um salseiro lá na frente. Pode ser.
Quem também entrou no papo, claro, foi Neném Prancha, que me treinou no juvenil do Botafogo. Ele gosta do time, acha que falta entrosamento e umas poucas peças – ele ainda bota fé no Rômulo, diz que você é o cara para recuperá-lo, chamando num canto. Uma aqui do Prancha: “Vender o lateral Jorge e repor com Renê é brincadeira. Quando acaba o uísque na casa do garoto Rodrigo Caetano, ele compra caracu?”. Esse Neném…
Paulo, você sabe que sempre fui de falar baixo e com sinceridade aos jogadores, e que por algum motivo sempre funcionou. Fui titular no Fla com 20 anos, quando eu disse a um jornal: “Prometo solenemente que lutarei com unhas e dentes para dar satisfação a essa imensa multidão de torcedores do Flamengo”. Sempre entendi bem o coração da garotada do Mengo. A chave de sucesso de um time, porém, é essa mescla dos novos com os veteranos. E nessa arte ninguém na Gávea foi tão mestre quanto outro comandante que também virou estátua na sede do clube: estou falando do grande treinador Guilherme Buck, ícone do remo brasileiro.
O bom e velho Buck, quando precisava motivar um remador veterano às vésperas de uma competição, vinha de mansinho, e quando via a brecha mandava: “É, meu velho, você já está mesmo no fim de carreira… Quase não aguenta o ritmo da molecada. Está no último caldinho, mais duas espremidinhas e vai ficar só o bagaço!”. Vagabundo ficava louco da vida e treinava o triplo, e depois o Buck se divertia após mais uma regata vitoriosa: “Ah! Assim que eu gosto de ver!”.
Longe de mim ficar dando pitaco no seu trabalho, mas não tem ninguém para chegar mansamente no Éverton Ribeiro e soprar essa do caldinho? Pode dar samba.
Falando nisso, vou ter de ir nessa que hoje tem pagode e fui escalado para tocar meu violão. Afina nosso time aí, amigo Paulo, que a Nação está precisando de alegrias. Pede ao Diego para treinar mais bolas paradas (vamos precisar), e na próxima concentração, passa o filme “Copa União”, dos diretores Diogo Dahl e Raphael Vieira, que mostra de modo emocionante como se forma um time de futebol campeão.
Um abraço do
Carlinhos
PS: Agradeça aos amigos que tiveram a ideia de trocar o nome da Tubira, ali no Leblon, para rua Carlinhos Violino. Agradeço, mas deixem isso para lá. Minha homenagem preferida será o Hepta e a Libertadores, e encherem meu busto na Gávea com faixas. Conto com vocês!
Ah, se der, pede para ajeitarem lá minha estátua? Pelo que me dizem continua sem meus oclinhos – foram levados por algum danado…
Deixa eu fazer um pouco de inveja aos amantes da beleza da Claudinha.
Teremos mes que vem aqui em Zurique um ciclo com todos ou quase todos filmes dela.
https://www.filmpodium.ch/reihen-uebersicht/57575/claudia-cardinale-br1-april-15-mai
Peço a dica para os chegados à ela quais TENHO que ir ver. Sejam seletivos, por favor.
SRN
Se fosse possível, iria a todos.
Há, quando nunca, três clássicos, todos rigorosamente imperdíveis – Belo Antonio, Oito e meio e Gattopardo.
Muito provavelmente o festival é em homenagem aos OITENTINHA da Claudinha, a serem comemorados exatamente no mês que vem.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
PQP !
Sou saudosista, mesmo !
Não é que indiquei ao nosso Suiço, com a maior convicção, diga-se de passagem, três filmes clássicos, todos da década de 60 (1960, 1963 e 1963) !
Bolognini, o menos famoso, Felini e Luchino, dois mestres dos maiores.
Não perca pelo menos estes três e, depois, dê-me a sua opinião.
SRN e Claudianas
FLAMENGO SEMPRE e Cinéfilo do passado
Obrigado, Carlos.
Gatopardo jah estava na mira, os outros vou entao colocar na agenda.
SRN
Bom comentário do Marcelo, principalmente as dicas para uma possível mudança do esquema de jogo, onde hoje o atacante fica isolado lá na frente, na minha modesta opinião preferia o 4-3-3, com Diego Alves ou Cesar; Rodinei, Rever, Juan ou Leo Duarte e Éverton; Cuellar, Jean Luca ou Ronaldo e Paquetá; Lincoln, Dourado e Vinicius Jr.
Barca para Pará, Renê, Trauco, Geuvânio, Aarão, Diego, Éverton Ribeiro, Rômulo e Guerrero e encabeçando Ridículo Caetano, Jayme, Mozer, Luz e Lomba
Contratação de Zeca ou Mina ou Edílson e na esquerda Arana do Curica, na defesa Leonardo Silva e na criação o Jádson ou o Dudu.
O elenco está capenga, mais uma vez Ridículo Caetano, mesmo com grana, não consegue fazer um elenco, agora temos bons goleiros e faltam laterais, bons volantes e faltam zagueiros…
Carpegiani devia ser o gerente de futebol, cargo para o qual foi contratado e como treinador deviam tentar o Abelão mais uma vez ou o Cuca…
SRN!!!
Falando de futebol e nao mais de batatas:
Enquanto o imenso Flamengo jogou contra … quem mesmo … o BASEL jogou pela oitava de finais contra talvez o melhor clube do mundo: CITY.
E nao é que quebraram o recorde desses, fora de casa?
Eh o que digo: Sem um trabalho de conhecedores, e árduo – a gente fica so vendo o que vemos, tendo os adversários que temos …. e falando de batatas.
O Basel, jogando fora de casa, quebrou o récorde do City jogando em casa.
Apenas esclareço e parabenizo, apesar … do time reserva dos ingleses.
Não é que o estupendo Guardiola deu uma de técnico brazuca, escalando praticamente TODOS os reservas (mesmo que da qualidade de jogadores titulares de suas seleções como Bravo, Stones, Gabriel Jesus e por aí vai).
Poupar é bom, mas com parcimônia, vale dizer, com inteligência.
Oito reservas de uma só vez é dose .
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Sim, Carlos teve reservas nisso.
Mas ganhar DESSAS reservas é tarefa ardua, concorda?
E sejamos claros – reserva em clubes assim quando tem uma oportunidade, se arrebenta em campo, nao passeia.
E o Guardiola é um perfeicionista – ficou com muita raiva do que viu.
Achei o Basel bom e tranchant !
SRN
… e com um bom número de torcedores presentes, apesar da goleada do jogo de ida, que seria impossível reverter.
Claro que os reservas eram de luxo, pois, como já disse, haviam titulares absolutos de várias seleções, inclusive da nossa, o Gabriel Jesus.
Bravo na do Chile e Stones na da Inglaterra são absolutos e atuais.
Yaya Touré na da Costa do Marfim é passado.
Foden, na da Inglaterra, é futuro, além de ter sido campeão mundial sub 17 e astro desta jovem seleção.
Todos os poucos titulares que atuaram, Bernardo Silva, Sané e Gundogan, certamente irão ao Mundial e provavelmente atuarão pelas suas seleções, as fortíssimas Portugal e Alemanha.
Com exceção dos dois laterais, o nosso Danilo e o ucraíno Ginchenko, todos jogadores de seleção, a maioria das de hoje, um da do passado (Yaya) e outro da do futuro (Foden).
Um timaço, sem o MENOR PARALELO com qualquer um do nosso continente.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Parabéns pelo magnífico texto! E olha que uma das dicas do Carlinhos já está dando liga: Diego e Paquetá estão supimpas nas cobranças de falta! Ontem, foram perfeitos! Ricardo Lomba, por favor, ponha em prática a outra dica do Carlinhos: passe o filme “Copa União”, dos diretores Diogo Dahl e Raphael Vieira. Resgate nossa camisa! SRN!
Agora vem cá: quem é ( ou foi) Tubira?
Tubira é uma espécie de batata.
Mas, segundo a jornalista Joana Dale, a origem da antiga rua pode ser outra:
“Reza a lenda que o nome Tubira”, escreveu a jornalista de “O Globo”, “surgiu por conta de recomendações geográficas passadas por um jornaleiro português, que trabalhava numa banca na esquina com a Bartolomeu Mitre, numa época em que as ruas do Leblon eram cortadas pelas linhas do bonde. O povo descia do bonde e perguntava: “Onde é que fica o campo da Gávea?”. E o português repetia o dia inteiro “Tu vira à direita”, que, com aquele sotaque, virou “Tubira à direita”.”
Gostei muito desta explicação, muito viável, por sinal.
Rua das Batatas, não me parece lógico.
Morei, pelas minhas atividades profissionais, algum tempo em Curitiba.
Lá existe um bairro, onde mora, segundo as fofocas, o inefável ^judge^, meio de segunda, a bem da verdade, chamado Bacachery.
A explicação para este nome tão inusitado e ilógico é no mesmíssimo sentido.
Nos tempos em que tudo se assemelhava a uma grande fazenda, teria existido ali um português que idolatrava a sua vaquinha, chamada Cherie.
Daí, Baca ,,, cherie, que passou a ser Bacachery.
Por sinal, minha família mudou-se, em 1948, para o Leblon, à época um grande areial,
Passava, indo para a Gávea, algumas vezes até mesmo de bonde, o 21, que era o Circular, ou o 11, o Jardim Leblon (deveria ser Jardim Botânico-Leblon, mas ficaria muito grande), pela rua Tubira, mas JAMAIS me preocupei em saber a origem do nome.
Exatamente hoje, ao ler o ótimo artigo, foi a primeira vez que me indaguei – o que será Tubira, pois mortinho (não pode haver rua com nome de pessoas vivas) não é.
Fraternas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Rua Tubira para Carlinhos Violino já!!
Onde assino? OSS
Dunlop, jà que você falou,e muito bem, de coisas mortas,acho que o nosso Carlinhos violino poderia exercer seu poder junto ao todo poderoso pra ver se ressuscita a camisa rubro-negra, quer dizer, a antiga, com sua magia, com sua mística. A atual anda oca, vazia e correndo pelos gramadas carecas (bem condizentes com o seu esfarrapamento) como alma penada. Uma reincarnação do glorioso manto que morreu seria de bom alvitre (epa!).
Se o Carlinhos baixar de novo, falo com ele, grande Xisto. Concordo contigo.
Muito bom.
genial
Sensacional Marcelo!
Abraços e SRN
Salve mestre Carlinhos! Salve mestre Dunlop! Que o divino rubro negro ouça nossas súplicas, pq tá brabo.
Lindo e suave texto meu caro, ótimo para amansar a alma e sorrisar o coração antes de dormir. Boa noite e saudações rubro negras.
Valeu Esdras.