A semifinal da Libertadores que consagrou o Flamengo como time que joga o melhor futebol do Brasil, apesar da discordância de simpatizantes do PSL, começou de uma forma totalmente inesperada. Ao contrário do que fizeram no jogo de ida no Uruguai do Norte, os imortais tricolores (risinhos abafados) partiram pra cima do Flamengo, tentando imprensar o time maior através da marcação cerrada lá no nosso campo de defesa. Já disseram que o plágio é a expressão mais sincera do elogio. Foi bonitinho eles tentando nos imitar, mas não adiantou porra nenhuma.
Depois de meia hora dessa marcação insana, os maluco já estavam pregadões, com palmos de língua pra fora, torcendo pelo amor de Deus pro 1º tempo acabar antes que um deles caísse duro no gramado. Mas eles não se deram bem, numa hora lá em que faltou fôlego pra dividirem uma bola no meio o Bruno Henrique puxou aquele contra-ataque rápido e violento, Gabigol recebeu na área e mandou o sapato, o goleiro deu mole e Bruno Henrique jogou no barbante, 1×0. Que fase espetacular do Bruno Henrique, suas arrancadas são impressionantes, o cara nasceu no planeta Bolt. E ainda sabe fazer gol.
Obtida a vantagem mínima no placar dissipou-se na mesma hora toda a tensão que vinha sendo acumulada ao longo de dias pelos rubro-negros. Tensão que não era pouca, gerada nem tanto pelo grau de dificuldade do desafio esportivo a ser travado em campo, mas principalmente pela solenidade e transcendência do momento histórico. A torcida do Flamengo tem sensibilidade pra dar e vender.
Nenhum torcedor do Flamengo é obrigado a respeitar o Imortal dos Pampas (risos comedidos), mas todos tem obrigação de fazer as devidas reverencias ao hiato de 38 anos entre as aparições do Flamengo em finais de Libertadores. O momento exigia sim, um mínimo de contrição por parte dos barulhentos flamengos. Mas com o gol do Bruno Henrique a tensão, junto com a compostura, desapareceu imediatamente. Virou festa.
No intervalo os bares do estádio voltaram a encher e tava todo mundo bem calminho, apreensão entre nós não havia. Até quem assistia ao jogo em casa pela TV aproveitou pra ir ao banheiro tranquilo ou estourar um Caramuru 3 tiros em direção ao vizinho secador. Era muito evidente que o Imortal (risos de claque de programa humorístico) tava mortinho. Só faltava enterrar.
Já o 2º tempo foi diferente. O Flamengo, provavelmente incentivado pelas furiosas catilinárias do Mister no vestiário, entrou com fogo no rabo e em 30 segundos Gabriel já tinha feito um golaço de canhota pra consignar 2 x 0. Que marcou o início do passeio e também o fim definitivo da verve renightiana.
Nessa hora deu pra ver direitinho os gremistas mais precavidos começando a abandonar o Maracanã. Segundo Lupicínio, eles vão a pé onde o Grêmio estiver. Dava até pra imaginar os infelizes se antecipando pra acompanhar com passo arrastado o Imortal (é ironia, gente) na sua longa caminhada rumo à casa do caralho. Vão ter bastante tempo pra chorar esse defunto no caminho.
E esses tricolores fizeram muito bem em dar linha na pipa mais cedo. Em menos de 10 minutos Gabriel fez seu 2º gol, um pênalti daqueles tão evidentes que Daronco, Vuaden et caterva jamais dariam, mas que o juiz argentino apitou com total convicção e sem nem olhar pro monitor do VAR. O que até então parecia ser apenas um passeio meio chato pro Grêmio se transformou rapidamente na versão tijucana do Massacre da Serra Elétrica.
O Flamengo oprimia, não dava espaços, não deixava os gaúchos sequer tocarem na bola. O Imortal (epíteto compartilhado com meu ovo) estava sendo triturado sem a menor cerimônia. A arquibancada apinhada de gente bem vestida, elegante e sincera era um mar vermelho e preto onde um Leviatã indomável emergia, resfolegava e rugia num frêmito hipnótico e assustador. Não se pode culpar os gremistas por se amedrontarem, quando os bares do Maraca fazem promoção vendendo 2 cervejas a 10 real o flamenguista médio fica meio perigoso mesmo e não é bom ficar de bob por perto.
Visivelmente abalados, os gremistas não queriam mais nada com o jogo, arregaram completamente. O domínio do Flamengo era tão humilhante que a gauchada não tinha disposição nem pra apelar ao violento e desleal jogo de fronteira que usualmente se pratica nas coxilhas que ficam pra lá do Mampituba. Baldando assim todas as minhas esperanças no aparecimento das cenas lamentáveis que conferem um charme vândalo à Libertadores.
Inermes, doidos pra voltar invisíveis pra dentro da barriga da mamãe o quanto antes, os grêmio acabaram deixando o Flamengo escolher como terminar aquele duelo tão desigual. E o Flamengo, sem um pingo de empatia ou sombra de misericórdia, optou por esculachar os farroupilhas. Em campo, a disparidade de intensidade entre as equipes era tão evidente que era possível até corta-la com uma faca.
Na beira do gramado, contrastando com a expressão glútea que nublava as feições do outrora verboso Renight, Jorge Jesus, que é igual à mãe do Prince na When Doves Cry (she’s never satisfied) gesticulava apoplético, visivelmente muito puto com a timidez do placar parcial de 3 x 0. Tomado pela ira, o estratego luso de longas cãs conclamava o Flamengo a partir pra cima e não fazer prisioneiros com tamanha ênfase que até eu me levantei da poltrona e fui me colocar no segundo pau a espera de um rebote.
Talvez por puro medo do português os nossos beques foram lá na frente fazer graça e se deram bem. O quarto e o quinto gol saíram em rápida sucessão. Sem desmerecer os dotes ofensivos dos nossos zagueiros, deu a impressão de que o amigo Paulo Vitor nos ajudou um pouquinho nessa festa da uva fora de época.
Só não entendi muito bem por que o Flamengo não aproveitou melhor o momento mão de alface do goleiro deles e chutou mais vezes de fora da área. Se fosse no gol, entrava. Depois os marmanjos não sabem por que tão toda hora sendo comidos no esporro por Jesus. Ora, meus amigos, é evidente que levam esporro porque cometem esses erros infantis. No fundo isso é bom, mostra que o Flamengo pode melhorar, ainda não chegou ao seu apogeu.
Com 5×0 no placar já não fazia mais tanta diferença um gol a mais ou menos, o Imortal (teu cu) estava aniquilado por pelo menos umas três encarnações. O time do Flamengo, tenho certeza que os jogadores vão negar isso até a morte, tirou um pouco o pé pra não estragar o velório. Com exceção do fominha Jorge Jesus, não tinha mais ninguém no Maracanã com fissura de gol. A turba rubro-negra, que não é olho-grande, estava plenamente saciada.
E tinha os mais justos motivos pra essa saciedade. Nos dois jogos pela semi da Libertadores o Flamengo tinha feito 10 gols no Grêmio. 10 gols! 10 gols! 10 gols! Meia dúzia deles valeram e outros 4 foram anulados, surrupiados, subtraídos, metidos ou afanados por vocês sabem quem. Mas quando o seu time faz 10 gols em 2 jogos e volta à final da Libertadores depois de quase duas gerações ausente o torcedor não quer guerra com ninguém. Muito menos com o adversário que já tá todo caquerado. Deu até pena deles (mentira deslavada).
As partidas que o Flamengo jogou contra a gauchada (ambas as duas) são um belo cartão de visita pra chegar na final da Libertadores, seja lá em que capital da Ursal ela venha a ser jogada, com muita moral. É por causa desses 10 gols que Marcelo Gallardo está até agora perplexo, catatônico em frente à TV e ninguém mais dorme no Monumental. Ficamos honrados com a admiração, o treinador argentino nem devia se envergonhar por isso. Em Liverpool, que é tão nosso freguês quanto o River, ninguém tá conseguindo dormir também.
Hasta la victoria siempre!
Mengão Sempre
Como na peça de Shakespeare “Muito barulho por nada”, quanta adrenalina derramada, ansiedade, medo, Rivotril, Teacher doze minutos, etc. e no final aquela tranquilidade, mais um passeio do Mengão, mas valeu, pelo menos testei mais uma vez meu combalido coração, depois dessa o teste da esteira pode esperar mais um pouco.
O flamengo está vingando toda a geração de 82. Nossos profeçores vêm ridicularizando aquela seleção por não ter ganho a copa, e impondo ao nosso futebol o estilo brucutu de jogar. Pode ser que esse time não ganhe nada, como em 82, mas é muito bom ver o mengão esculachando esses profeçores e seus esquemas covardes de jogar futebol.
Velho, eu parei de torcer depois do 5 x 1 do Gremio em 1984 em libertadores. Logo depois veio o 6 x 1 em copa do brasil para eles. Mandei o trauma para a casa do caralho quarta.
Vamos ser campeões.
Arthur, vc é um gênio das palavras.
Ei, Renato, Vai Tomar no Cu
caraca o post saiu mais rapido que gol do bruno henrique kkkkkkkk
SRN !
Assim como arcorizada começa a sucumbir ao fatos (algo em falta no Brasil com o presidente da mentira) cabe a nação fazer a sua sujeição a realidade, e ela é dolorida.
Esse esquadrão é melhor que o de 81!
E digo com um pouco de dor no coração pq a cada gol do Gabigol a poeira acumula em algum VHS do Zico!
Talvez meu filho nem saiba quem foi Adilio, mas saberá quem foi Gerson.
Que as conquistas cheguem para que possam sacramentar os fatos. E que a história perdure na mente daqueles que nela viveram.
Que venha o novo! À nova SeleFla!
Os “arcoiris” estão catatônicos.
E os que viram o time de 81, mais ainda.
Acreditavam que era impossível acontecer de novo. Cegueira e falta de informação porque isso estava escrito que iria acontecer.
Depois da organizada geral do Bandeira (Obrigado de coração !!!!) , o Landim chegou com precisao cirúrgica.
E temos tudo para que isso seja duradouro.
SRN
Bem observado ! Só não viu quem é cego…..Não chegamos aqui por acaso. Foi tudo de caso pensado. E muito bem planejado….agora é a hora de colher os belos frutos…..e por longo tempo,….uma nova era se inicia !
SRN
A goleada podia ser bem maior, se nos contra ataques, o gabigold conseguisse pelo menos acertar um passe lateral (!).
Mais vale um ibrahimovic ao custo de R$ 24 milhões/ano na mão, que um gabigold ao custo de R$ 24 milhões/ano (mais R$ 100 milhões = passe) voando…
Além disso, os tais 24 do Ibrahim se pagariam via patrocínio mundial !
E como disse no outro texto.. as cinzas dançaram e categoricamente!
proponho um novo livro ao final do ano.
e
meus caros, que época… que época!!!
Caro Arthur, acordei às 05:50h ansioso pra ler seus geniais textos e com satisfação de ambas as partes (texto e resultado do jogo) estou agora a relaxar e curtir as ironias que a gauchada está sofrendo, principalmente a imprensa gaúcha que, com certeza, nem sabe o vai escrever. Quanto ao jogo é só manter a pegada com os argentinos e ir ao Chile, ver o Salah virar Sei Lá.
saudações Rubro Negras.
abs.
Orlando Silva.
Seus textos são divertidíssimos. SRN!
Melhor time que vi jogar no BR…
Que partida o Flamengo fez hem, posso está completamente enganado, mas acho que o mister estava sabendo como ia ser a partida, vi que fez o time não se desgastar no primeiro tempo, cozinhando o Grêmio do falastrão Renato que achou que o jogo estava equilibrado, hehehe, ledo engano.
O mister soube fazer essa arapuca perfeita pra calar a boca do Renato que acha que está imortalizado por ter uma estátua, kkkk, mas sabe que está eternizado assim como o Felipão por terem levado uma sonora goleadas em semifinais .
Como é ótimo ser flamenguista e saber que temos uma nação que ama e está feliz pacas assim como eu.
O quê dizer do artigo.
Uma só reflexão – está à altura da exibição rubro-negra.
O quê dizer do jogo em si.
Dois verbos.
Vivi e vi.
Extasiadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Brilhante texto, parabéns! O melhor cronista rubro-negro, em minha humilde opinião. SRN.
Se bobear, até mulher grávida faria gol no Grêmio.
Vou imprimir esse texto e sair distribuindo por ai, colar nas paredes, nos postes rua afora. Que que isso! Inclusive na sala aqui de casa vou colar. Jesus!!!
Mais um texto magnífico sem dúvida, parabéns.
Depois de tudo o que li e ouvi nas últimas duas semanas. Tenho de parafrasear o personagem Leônidas do filme 300.
Imortal tricolor, diziam os gaúchos.
Imortal das copas, falava a imprensa paulista.
VAMOS POR ISSO À PROVA !!!!
O problema de ser imortal é que tudo de ruim vai lhe acompanhar para o infinito. Essa derrota humilhante ficará impressa nas memórias do dito perpétuo.
Depois do baile, somente duas torcidas comemoravam: os rubro-negros e os colorados. Deve ser difícil ser imorredouro por alguns muitos dias. Se fosse eu, nem saia de casa.
Sei que a turma já está cansada de elogios, mas não podemos esquecer das rápidas recuperações de Rafinha e do craque Arrascaeta. Parabéns ao Departamento Médico! Tiraram uma preocupação imensa. Só de pensar da possibilidade de atuação dos prováveis reservas, já me dava pesadelo. De minha parte, não confio em nenhum deles. Principalmente, para um jogo tão especial.
Além do jogo em si, o que me deixou mais satisfeito foi da real possibilidade dos jovens torcedores vivenciaram um momento único. Há 38 anos, tinha 15 anos. Hoje, meus filhos não mais me perguntam da Geração de Zico. São novos ídolos, novos tempos.
Fica a expectativa da confirmação das conquistas e o reconhecimento da Diretoria que soube contratar um predestinado treinador para a formação de um timaço.
A história os aguarda.
SRN
…À Diretoria…
81 revive. Srn
massa!!!! muito legal!!!!! parabens mais uma vez pelo texto!!!!
Fera, Obrigado!
Te sigo há mais de dez anos, hoje esperei aqui impiedosamente seu texto.
Me fez chorar de rir duas vezes.
Vai, Flamengo!
Ah! Desde os tempos do ‘Zé Cachaça’, quem sabe, seja sua obra
prima, heim? Mas, leva a mal não, com esse mote fica fácil, né?
Valeu mesmo!
Vai, Flamengol!