Campeonato Brasileiro, 37ª rodada.
Tudo o que se disser a respeito da atual temporada do Flamengo sempre será pouco. Os números não param de crescer, recordes disso e daquilo são batidos sucessivamente. E a goleada em cima do Avaí registrou mais um dado que beira o inacreditável.
Quatro dias após sua estreia contra o Athletico Paranaense, no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil, Jorge Jesus foi apresentado oficialmente ao Campeonato Brasileiro. Décima rodada, domingo de manhã, o adversário era o Goiás no Maracanã. O Flamengo tinha, na ocasião, 17 pontos em 27 possíveis, com cinco vitórias, dois empates e duas derrotas. Aproveitamento de 63%, o que nem chegava a ser de todo ruim – encerrada a penúltima rodada da competição, o aproveitamento do segundo e do terceiro colocados é de 64%.
A decepção e o descontentamento se originavam no desempenho do time, tanto no Brasileiro quanto na Libertadores, bem abaixo do que se esperava do elenco que fora montado. Embora Rafinha, Pablo Marí, Filipe Luís e Gerson ainda não tivessem vindo, Diego Alves, Rodrigo Caio, Willian Arão, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel já estavam lá.
Fez-se a revolução.
Desde aquele dia, e já considerada a vitória sobre o Avaí, o Flamengo comandado por Jorge Jesus somou 73 pontos. Dois a mais do que Santos e Palmeiras, seus mais próximos perseguidores, conseguiram em todo o campeonato. Em 28 jogos, foram 23 vitórias, quatro empates e uma derrota, com assombrosos 87% de aproveitamento. Resumindo a bagaça: mesmo abrindo mão das nove primeiras rodadas – nove! – o Flamengo estaria na liderança do Campeonato Brasileiro somente com os resultados obtidos a partir da chegada de Jorge Jesus. No meio de tantos feitos memoráveis, talvez seja esse o mais impressionante.
Outro elemento que surpreende, entre as inovações trazidas por Jorge Jesus, é a sua sagaz relação com a ideia de poupar ou não os jogadores. Não creio que ele ache desnecessário preservar. Apenas percebeu que, num campeonato extenso e intensamente disputado, com viagens longas e arbitragens cheias de mimimis, em que temos a impressão de que os juízes recebem bônus pela quantidade de faltas que marcam e de cartões amarelos que aplicam, a preservação dos jogadores se dá de forma natural. Sempre haverá alguém machucado, outro prestes a se lesionar, mais um punido devido ao terceiro cartão. Rodízio forçado.
Longe de mim brigar com a ciência – sim, existem os terraplanistas do mundo da bola – e acredito que, se é detectado que o cara está por um fio para estourar, melhor parar. Também não vejo benefício em escalar os onze titulares em partida desimportante, se o tal do jogo da vida virá a seguir. Entretanto, discordo do critério de Renato Gaúcho, que poupa indiscriminadamente e desequilibra o campeonato. O Cruzeiro fez isso com Mano Menezes, perdeu pontos que talvez não tivesse perdido se escalasse os melhores, deu no que deu. Claro: a principal causa para o time mineiro chegar à última rodada respirando por aparelhos – e dependendo, quem diria, do Botafogo – foi o descalabro administrativo, mas decisões técnicas equivocadas colaboraram.
Sem ter nada com os problemas alheios e vendo suas convicções triunfarem, o exigente e detalhista Jorge Jesus tratou de levar a insaciável fome de vitórias para enfrentar o Avaí, rebaixado já há algum tempo. O pequeno susto, gerado pela infelicidade de César no gol de empate, não foi suficiente para mexer nas expectativas, e elas se confirmaram. Uma chance atrás da outra, gols brotando por todos os lados, o habitual massacre e a justificada felicidade da torcida.
Mais uma vez, boas atuações individuais de todos, desempenho coletivo formidável, Everton Ribeiro incansável na armação, Arrascaeta insuperável nos últimos toques, um promissor aumento na movimentação e na participação de Lincoln. A conferir em 2020. Curiosidade: tive a sensação de que, quando o juiz Jefferson de Moraes acabou o jogo aos 45 cravados, sem um segundo sequer de acréscimo, Willian Arão fez uma expressão de desapontamento, como se quisesse que a partida prosseguisse – ele entrara a dez minutos do fim, em substituição a Everton Ribeiro. Arão é titular absoluto do time campeão do país e do continente, tem o Mundial pela frente, enfrentava o último colocado no Campeonato Brasileiro, ganhava por seis a um, o gramado ainda apresentava as consequências do temporal que caíra sobre o Rio de Janeiro. E ele queria jogo.
Óbvio, lógico, evidente: o novo líder do Campeonato Brasileiro, Jorge Jesus, tem tudo a ver com isso.
Lances principais.
1º tempo:
Aos 7 minutos, Richard Franco tentou sair jogando pelo meio, se atrapalhou, Arrascaeta tomou a bola e empurrou para Renê. Ele avançou e experimentou de longe, forte e rasteiro. Vladimir espalmou para escanteio. Na cobrança, Rafinha rolou a Everton Ribeiro, que carregou para o meio, deu um drible de corpo em Igor Fernandes e chutou forte, por cima do travessão.
Aos 9, o Flamengo trabalhou bem a bola. Diego, Piris da Motta, Everton Ribeiro, Gabriel, Rafinha, Gabriel, Rafinha, Everton Ribeiro, Diego e daí a Arrascaeta, um pouco antes da meia-lua. Marquinhos Silva fez falta. Aos 10, em cobrança ensaiada, Arrascaeta ameaçou bater direto e tocou para Rafinha. Ele entrou livre, ergueu a cabeça e viu Lincoln no meio da área. Lincoln dominou e ajeitou para Arrascaeta, chegando de frente. O chute saiu firme, rasteiro, no canto esquerdo. Um a zero.
Aos 12, Piris da Motta tomou a bola de Luanderson no meio-campo e deixou com Everton Ribeiro, que lançou Gabriel nas costas de Igor Fernandes. Gabriel arrancou, foi à linha de fundo e deu um bolão para Arrascaeta, entre a marca do pênalti e a risca da pequena área. Arrascaeta completou de primeira, por cima do travessão.
Aos 13, Vladimir bateu o tiro de meta com um chutão, Piris da Motta devolveu de cabeça. Igor Fernandes bobeou, Gabriel ficou com a bola, girou em cima do defensor do Avaí e, na entrada da área, foi derrubado por Richard Franco. Everton Ribeiro cobrou colocado, no canto esquerdo, a bola beliscou o travessão e saiu.
Aos 21, César deu azar. Caio Paulista tentou a jogada pela esquerda e, apertado por Piris da Motta, recuou para Ramón, que cruzou buscando Wesley. Renê cortou mal de cabeça, na direção da meia-lua, Arrascaeta dividiu com Richard Franco e a sobra ficou com Lourenço, que dominou e bateu forte de fora da área, de pé esquerdo, no canto direito. César saltou, não alcançou, a bola tocou na trave, bateu em suas costas e entrou. Um a um.
Aos 28, troca de passes paciente e eficiente. César, Renê, Piris da Motta, Rafinha, Diego, Piris da Motta, Renê, Piris da Motta, Diego, Rafinha, Everton Ribeiro, Rafinha, Diego, Arrascaeta, Renê, Lincoln, Renê, Arrascaeta, Diego, Gabriel, Rafinha, Everton Ribeiro, devolução de calcanhar a Rafinha e daí o toque para Diego no meio. Ele ajeitou e chutou forte, da entrada da área. Vladimir espalmou, fazendo boa defesa.
Aos 30, Piris da Motta adiantou a Gabriel no meio-campo. Gabriel avançou, tocou para Everton Ribeiro e recebeu o lançamento por trás da zaga. Marcado por Igor Fernandes e Marquinhos Silva, sem ângulo, Gabriel chutou de pé direito. A bola ia para fora, Vladimir espalmou para escanteio.
Aos 34, Gabriel cruzou da direita, procurando Lincoln, Eduardo Kunde tirou de cabeça, Wesley dominou mal, Renê recuperou, tocou para Arrascaeta e daí a Diego, na entrada da área. Richard Franco fez falta. Diego bateu muito bem, no ângulo direito, Vladimir fez uma linda defesa para escanteio.
Aos 36, Gabriel tentou a jogada pela direita, Luanderson cedeu escanteio. Na cobrança, Everton Ribeiro deu um totozinho para Gabriel, recebeu de volta e cruzou na área. Kunde ganhou no alto de Rhodolfo e cortou de cabeça. Diego recolheu a sobra na risca da área e colocou com categoria. A bola raspou na cabeça de Marquinhos Silva e entrou no ângulo esquerdo de Vladimir. Belo gol, dois a um.
Aos 38, Piris da Motta deu um balão para o alto (que deixou Jorge Jesus pistola). Na disputa com Luanderson, Arrascaeta deu sorte, ficou com a bola e lançou Gabriel na meia-esquerda. Gabriel arriscou de longe, uma bomba no canto esquerdo de Vladimir. Três a um.
Aos 45, ótimo contra-ataque do Flamengo, com Everton Ribeiro, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Lincoln, Arrascaeta e daí a Gabriel na esquerda. Pressionado por Eduardo Kunde, o ângulo não era bom para o chute e Lincoln entrava muito bem colocado pelo meio. Gabriel foi fominha e bateu direto, cruzado, à esquerda do gol de Vladimir.
2º tempo:
Aos 2 minutos, troca de passes no lado esquerdo do ataque rubro-negro. Piris da Motta, Arrascaeta, Piris da Motta, Renê e Diego, que lançou Lincoln por cima da zaga. Ele entrou na cara de Vladimir e deu um lençol no goleiro, mas a bola subiu demais, Igor Fernandes chegou dividindo e Kunde salvou.
Aos 5, depois de Rhodolfo cortar um cruzamento de cabeça, Diego tentou sair jogando e carregou a bola com o braço, a cinco ou seis passos da risca da área. O juiz Jefferson de Moraes marcou. Lourenço bateu forte, no canto direito, César fez boa defesa para escanteio. Na cobrança, Lourenço tocou para Caio Paulista, recebeu de volta e levantou na área. César saiu mal, soltou, Jonathan ficou com a sobra e chutou em cima de Thuler, que salvou.
Aos 7, linda e rápida jogada, desde a zaga. Lincoln, que estava lá ajudando, Rafinha, Gabriel, Piris da Motta, Everton Ribeiro, Diego, Everton Ribeiro, Diego, Everton Ribeiro, Lincoln, Everton Ribeiro, Gabriel e daí a Arrascaeta. Com Lincoln e Everton Ribeiro chegando em ótimas condições para completar, Arrascaeta errou o cruzamento e Vladimir defendeu sem problema.
Aos 11, o Flamengo trocou passes novamente, até que Piris da Motta adiantou para Arrascaeta, perto da área. Arrascaeta e Gabriel tentaram uma tabela, Arrascaeta foi apertado por Igor Fernandes e Richard Franco, a jogada ficou confusa, carambolou, a bola encobriu Eduardo Kunde e sobrou na frente para Lincoln, livre. Ele concluiu de pé direito, forte, no canto esquerdo de Vladimir. Quatro a um.
Aos 13, Igor Fernandes bateu para a frente, Renê fez o corte e serviu Rafinha, que empurrou a Piris da Motta, a Diego, a Lincoln, que desviou de cabeça para Arrascaeta no meio-campo. Ele matou no peito e, com elegante toque por cobertura, deixou Gabriel na cara de Vladimir. Gabriel concluiu de pé direito, em cima do goleiro do Avaí, perdendo ótima oportunidade.
Aos 21, Gabriel Lima recebeu de Richard Franco, livrou-se de Rhodolfo, deu um lindo drible em Diego e lançou Vinícius Araújo, nas costas de Thuler. César saiu muito bem, diminuindo o ângulo, Vinícius Araújo chutou no canto direito. César fez ótima defesa.
Aos 38, linda jogada, com toques curtos e rápidos, na meia-esquerda do ataque do Flamengo. Reinier, Renê, Gabriel, Reinier, Diego, Reinier, devolução de calcanhar para Diego e daí novamente a Reinier, que chutou de pé esquerdo, de bico, cruzado, rasteiro. Cinco a um.
Aos 40, Lourenço levantou para a intermediária do Flamengo, Rafinha fez o corte tocando para Gerson. Ele avançou, tentou Gabriel no meio, Wesley cortou, a bola voltou a Gerson que, de primeira, deixou Gabriel à frente de Vladimir. Ele ajeitou o corpo para a batida com o pé esquerdo e concluiu, mas o goleiro do Avaí fez grande defesa.
Aos 43, Gerson recebeu de Piris da Motta e lançou Rafinha, que avançou em velocidade e cruzou forte na pequena área. Com Vladimir batido, Reinier se atirou na bola e empurrou com a perna direita para o fundo do gol. Seis a um.
Ficha do jogo.
Flamengo 6 x 1 Avaí.
Maracanã, 5 de dezembro.
Flamengo: César; Rafinha, Thuler, Rhodolfo e Renê; Piris da Motta; Everton Ribeiro (Willian Arão), Diego e Arrascaeta (Gerson); Gabriel e Lincoln (Reinier). Técnico: Jorge Jesus.
Avaí: Vladimir; Eduardo Kunde, Marquinhos Silva e Igor Fernandes; Lourenço, Wesley (Marcinho), Luanderson (Gabriel Lima), Richard Franco e Ramón; Caio Paulista (Vinícius Araújo) e Jonathan. Técnico: Evando Camillato.
Gols: Arrascaeta aos 9’, Lourenço aos 21’, Diego aos 36’ e Gabriel aos 39’ do 1º tempo; Lincoln aos 11’, Reinier aos 38’ e aos 43’ do 2º.
Cartão amarelo: Lourenço.
Juiz: Jefferson de Moraes. Bandeirinhas: Bruno Pires e Leone Rocha.
Renda: R$ 3.401.634,00. Público: 69.090.
https://www.youtube.com/watch?v=QGfZge1Odw4
Neste vídeo o Mauro Cezar fala exatamente o que venho enfatizando desde o início sobre a morte dos garotos do Ninho: JUSTIÇA (e não só dinheiro de indenização). JUSTIÇA, porra! Quem é o responsável por essa tragédia?
Pra mim é muito clara a responsabilidade do Bandeira e do Landim. Já escrevi sobre isso. O Bandeira por não ter o cuidado de transferir os garotos pro 1º CT que depois ficou para a base, embora naquele momento o novo CT dos profissionais ainda não estivesse concluído. Mas os jogadores profissionais estavam de férias e quando voltassem o novo CT já estaria pronto.
Porque não fizeram imediatamente a transferência? O Bandeira errou feio e o Landim assinou embaixo tendo assumido a presidência e não dando a mínima para as condições dos meninos.
Alertei aqui diversas vezes que as possibilidades dos títulos eram grandes e que esse episódio seria uma mancha. E é. E vai continuar sendo até que se resolva esse imbróglio ao qual o clube deve se curvar e não ficar regateando mesquinhamente.
Agora a Justiça determinou o pagamento de 10 mil mensais pras famílias atingidas e o Flamengo vai recorrer. Vai recorrer? Como assim? Então esses canalhas olham para uma tragédia como essa, na qual seus dirigentes são responsáveis, como sendo um negócio a ser resolvido em embates jurídicos?
Mas a questão não é essa, já que esse montante é dinheiro de pinga pro clube. A questão é saber quem é O responsável ou Os responsáveis. É óbvio que são os presidentes das gestões anterior e atual.
Essa gente quer receber os justos louros das conquistas, mas não o fardo da responsabilidade pelas perdas. Sendo que para as primeiras, se não fossem bem sucedidas, haveria nova oportunidade; para as segundas, não.
Nestes 10 meses jamais deixei de me incomodar profundamente com esse assunto mal resolvido. E sei que vai continuar assim. Não confio em dirigentes, não confio em pessoas que colocam outros interesses acima da própria vida. Não é por acaso que no site do Flamengo o acesso à Ouvidoria foi retirado. E nenhum filadaputa de um repórter é capaz de questionar publicamente e é publicamente que o Landim tem que se manifestar, com clareza e transparência.
Acho que o maior legado de Jorge Jesus é a nossa percepção de que o Flamengo precisa jogar como Flamengo sempre.
E, agora que os resultados vieram e a pressão diminuiu, poderemos exigir a presença de treinadores que queiram SEMPRE jogar pra frente.
Podemos levar gols bobos de times como Bahia, Ceará, Goiás e Vasco? Sim.
Mas isso acontecerá sempre porque estávamos no ataque querendo fazer mais gols; não na retranca tentando garantir resultados magros.
A coragem de querer SEMPRE vencer, no longo prazo, vale a pena. Podemos até perder títulos e ter eliminações por arriscar demais. Mas, no final das contas, o saldo tende a ser positivo.
Neste ano, por exemplo, perdemos a Copa do Brasil. Mas ganhamos Brasileirão e Libertadores. E, pelas condições que estamos vendo, o Mundial é bastante factível.
Fala, Vagner.
Pelo visto, o Chacal deu o recado, certo? Grande Chacal!
Cara, é exatamente isso. Existe alguma coisa mais chata do que aquele Corinthians do Carille, campeão brasileiro do um a zero? Só quem gostava daquilo era a torcida corintiana.
Ligue a televisão a qualquer hora do dia – tá bom, desculpe, isso é coisa de aposentado, eu sei – e você vai ver jornalistas dos mais variados estados, todos eles torcedores assumidos de outros clubes, elogiando o Flamengo e Jorge Jesus. A coisa virou um vendaval, e vai mudar o futebol brasileiro.
Não vamos ganhar todas, não vamos jogar bem sempre, levaremos gols de empate no fim – como aconteceu contra o Goiás e o Vasco -, mas na hora do balanço final, o resultado será sempre positivo.
Como diria meu falecido pai: pra quem ganhou Libertadores e Brasileiro, Copa do Brasil é pinto.
Abração. SRN. Paz & Amor.
SRN! No Sariá em 1982 o gol do Falcão eliminaria a Itália, no entanto, fomos pra cima e Paolo Rossi fez sua parte, continuamos no ataque e não deu! É assim quando o DNA é de atacar, as vezês o predador sifu.
JJ trouxe de volta nossa natureza, perderemos algumas tentado ganhar sempre!
Abraço do Jorge.
Epa, epa !!!!!
Não se procurou estabelecer uma comparação direta, mas, indiretamente, pode ser interpretada como tal.
Se eu não comparo, pelo menos ainda, o time rubro-negro atual com o de 81, menos ainda com a seleção de 82.
Há lamentar que, em Sevilla, a Itália mereceu ganhar.
Nossa seleção demonstrava, mesmo quando chegou ao segundo empate, extremo cansaço.
Não sei o motivo, mas, do ponto de vista físico, os italianos sobraram.
SRN e brasileiras.
É realmente de impressionar.
Fala, Bruno.
Não sei se o pessoal ainda faz isso, mas lembro que, antigamente, às vésperas de um jogo qualquer, alguém chegava na roda e desafiava: “Domingo eu sou Flamengo e dou dois de vantagem”. Significava que se o Flamengo vencesse por um gol de diferença, o cara perdia a aposta. Se vencesse por dois, ninguém levava – o empate não era de ninguém. Para o cara ganhar a graninha casada na aposta, era preciso o Flamengo vencer por três gols de diferença.
O que aconteceu em 2019 foi mais ou menos como se, ao desembarcar no Galeão, em junho, Jorge Jesus dissesse: “Vou ser campeão brasileiro e dou oito rodadas de vantagem.” Ganhou com nove, ganhou a aposta.
Nunca antes na história desse país.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Perfeito, Murtinho
Queria o seu veredicto sobre uma questão que tem me incomodado
Afinal, se o Mister levar o Flamengo ao bimundial, seria o fim da linha? Acabaria a motivação por ter ganhado tudo?
Vi alguns rubro negros cravarem que se ele ganhar essa taça talvez nem volte pro Brasil.
Na minha humilde opinião, JJ é um verdadeiro monstro, sua fome por vitórias não conhece limites e no Flamengo ele encontrou condições pra ganhar tudo como nunca na sua carreira.
Que acha?
SRN
Fala, Marcos.
Essa é uma questão que não consigo responder.
Uma hipótese é a da boa, velha e defensável tese de que o cara deve sair por cima. Só que, no caso de Jorge Jesus, vai fazer o quê? Encerrar a carreira? Porque, pra ser maior que isso, só se conquistar duas vezes isso. Pode ser esse o desafio.
Nesse momento, não acredito que Jorge Jesus opte por algum clube da China ou do mundo árabe. E não acho que ele tenha espaço em times europeus que valessem a pena, por causa da Champions League. Talvez um PSG, devido à obsessão pelo torneio, quase igual à nossa com o bi da Libertadores, só que com um número de “adeptos” muito menor. Andaram falando do Everton. Ora, francamente. O retorno a Portugal seria um forte concorrente – parece que Jorge Jesus é bastante apegado à família, aos amigos, à comida e às coisas da terra, motivos mais do que justos para querer voltar. Mas também não creio que ele deseje isso em 2020.
O problema é que o ser humano é indecifrável. Sabe-se lá o que se passa na cabeça do Mister.
Minha esperança é de que uma convincente conversa de pé de ouvido e um Castelo de São Jorge cheio de dinheiro sejam argumentos suficientes para manter o homem no Ninho. Só nos resta aguardar.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Prezado Murtinho,
O Flamengo do JJ nos dá um duplo prazer: torcer pelo Flamengo e assistir futebol de primeira. Jogadas e gols bonitos, muito bonitos, como bem escreveu Mauro Beting em seu blog, no UOL Esporte (https://maurobeting.blogosfera.uol.com.br/2019/12/06/o-time-que-so-faz-gol-bonito-flamengo-6-x-1-avai/).
Em todo jogo vemos o Flamengo sendo Flamengo. Um time vibrante, muito técnico, buscando o gol do início ao fim. Faz-nos voltar no tempo. A ter as mesmas maravilhosas sensações da era Zico.
Lá de cima da arquibancada não dá para ver a expressão dos jogadores. Porém, senti que não só o Arão, mas todo o time, e também a torcida presente, ficamos desapontados quando o juiz encerrou o jogo, sem acréscimo. Creio que os jogadores, e todo o Maracanã, torcíamos pelo sétimo gol. Teria sido icônico, não?
2019 já está deixando saudades. Ano HEPTACULAR!
SRN! Pra cima deles, Flamengo!
PS – Em homenagem aos 10 anos do Hexa, “Jogo Extra” de hoje publicou o resultado da enquete, feita nas redes sociais, da “Seleção do Hepta”: “quem foi o melhor em cada posição entre os campeões pelo Flamengo?” O resultado:
Raul; Leandro, Rodrigo Caio, Mozer e Júnior; Andrade; Adílio, Zico e Arrascaeta; Adriano e Bruno Henrique. Técnico: JJ. Gostei. Timaço. Mas, pasmem: a maior “unanimidade” não foi Zico, que ficou em terceiro, com 89% dos votos. O primeiro foi Leandro, com 93%, seguido de Júnior, com 90%.
Fala, Fernando.
Perfeito. Quando o Rasiko reclamou – com razão – que eu tinha fechado a descrição do segundo gol do Flamengo contra o Palmeiras com a expressão “bonito gol”, comecei a pensar no assunto, fiz um rápido retrospecto na minha cabeça e percebi o quanto tínhamos de gols bonitos na temporada. Esse é outro dado impressionante.
É a combinação extraordinária entre a força e a beleza do futebol coletivo com o talento individual desses caras, uns especialistas no último passe, outros magníficos finalizadores. E o melhor é que, muitas vezes, eles trocam de função. (Um dos passes mais precisos e preciosos da temporada foi o cruzamento de Gabriel para Reinier empatar aquele jogo encroado com o Bahia. O gol mais espetacular de todos foi o do Arrascaeta, de bicicleta, contra o Ceará. Funções trocadas.)
Eu acho que ninguém queria que o jogo acabasse, da mesma forma que – estou falando de futebol, e somente de futebol – ninguém quer que esse ano termine.
Quanto à seleção, não sei como é que os caras conseguem montar essa escalação. Minha opinião é a de que deveríamos dobrar o tamanho do campo para poder escalar 22. E olha que ainda ia faltar vaga pra gente muito boa. Agora, cá entre nós: Júnior merece, Leandro nem se fala. Mas o que foi que a turma bebeu pra deixar o Zico em terceiro?
Abração. SRN. Paz & Amor.
Murta. Eu tb notei o descontentamento do Arão. Hahahahaha. Fominha toda a vida. Muito bom. SRN.
Fala, meu irmãozinho.
Cara, foi muito engraçado. Parecia um daqueles moleques que, na hora em que a pelada tá pegando fogo, a mãe abre a porta de casa e chama pra estudar.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Não vou comentar agora, não tenho tempo.
Quero apenas registrar a minha admiração.
É impressionante a capacidade do Murtinho de reproduzir os lances da partida.
Lendo o resumão, vejo o jogo uma segunda vez.
Admiradas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Meu querido Carlos Moraes.
Você não imagina o quanto me deixa contente ver alguém elogiar o resumão.
Quando tive a ideia, achei que ia ficar chato – e certamente tem gente que acha, é normal. Mas se também tem gente gostando, é porque valeu a pena.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Só sei falar do prazer que é ver esse time jogar. Não consigo entender como alguém pode não ser Flamengo.
Muito boa essa entrevista com o Filipe Luís. Grande figura.
https://www.youtube.com/watch?v=MDyu35eL17w
Acabo de ver o canal do Gustavo Henrique da rádio Globo que garante que o Mister vai estender o contrato até o fim de 2020 passando a ganhar 2 mi e 200 por mês passando a ser um dos 10 treinadores mais bem remunerados do mundo. Merece.
srn p&a
Fala, Rasiko.
Pois é, meu amigo. Cada vez vale mais a frase dita por Jorge Jesus naquele vídeo promocional lançado pelo Flamengo às vésperas do dia de São Judas Tadeu, e que usei para encerrar a crônica do post sobre a conquista da Libertadores:
“Deve ser muito ruim não ser flamenguista, e eu nem quero saber como é isto.”
Filipe Luís é mesmo uma figura, e a entrevista é ótima.
Concordo em gênero, número (aliás, números, e que números!) e grau. Merece sim senhor.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Muito mais que recordes, esse time quebrou, arrebentou, estraçalhou a nossa rotina de mediocridade, a meia sola generalizada, o racionalismo estéril de poupar, garantir resultado, com medo de perder, pragmático e triste. Revolução é a palavra-chave, Murtinho foi na mosca. Esse time subverte nossa de forma viver cada dia, cada jogo. Vida e jogo, no fim, são a mesma coisa. Ontem era o que todos chamam de jogo que não vale nada. Por que o Flamengo vai lá e se empenha pra meter quase 10 gols na porra do jogo que não vale nada, às vésperas do campeonato mundial? Resposta: porque sua imensa torcida quer ser feliz AGORA!
Maravilha, Rafael.
Comentário excelente. Foi exatamente isso o que passou a acontecer a partir da chegada do Mister, é o que continua acontecendo e vamos torcer para que venha ainda mais coisa boa em 2019.
É um outro time, um outro clube, uma outra filosofia. Uma outra e indefinível felicidade.
Abração. SRN. Paz & Amor.