Menino levado da breca, Chacrinha sabia das coisas e se recusava a entrar no palco se tudo não estivesse organizado de forma minuciosa. Abelardo Barbosa dizia que a alma dos seus programas era a esculhambação, só que ninguém consegue esculhambar o que já está esculhambado. Assim, antes de começar a barafunda absoluta, era imprescindível que a produção tivesse cada detalhe sob controle. Só então, Chacrinha entrava e quebrava tudo.
O futebol é generoso em abrir espaço para surpresas e improvisos. Mas para que eles apareçam é necessário partir de uma formação organizada, algo que o Flamengo está longe de ter.
No filme Tropa de Elite, de José Padilha, em certo momento do estranho treinamento a que são submetidos os candidatos a uma vaga no Bope, o Coronel Nascimento avisa ao Zero Dois que ele tem um minuto para colocar aquela farândola em forma na área do cerimonial. Farândola: eis aí uma palavra que se aproxima do que é o time do Flamengo hoje – embora apenas se aproxime, pois nosso time está bem pior do que isso.
Nosso jovem goleiro, que não tem culpa de nada, não sabe bater um tiro de meta. Então, sou obrigado a retificar: não importa que idade tenha e quantas espinhas estourem em seu rosto, mas se um goleiro da primeira divisão do futebol brasileiro não sabe bater tiro de meta, a culpa é dele sim senhor. Zico não ficava horas cobrando faltas depois que o treino acabava e todos já tinham ido embora? Pois é obrigação dos nossos goleiros – isso, no plural, porque também vale para Paulo Victor – ficar depois do treino aprendendo a trabalhar com os pés pelo menos o suficiente para repor a bola em jogo.
Luiz Antonio, que ganhou espaço junto à torcida rubro-negra por sua capacidade de apoiar, no jogo de ontem passou do meio-campo somente uma vez, para receber ótimo lançamento de Emerson e participar de uma das duas únicas jogadas de perigo do Flamengo. (É, gente, foram duas, no jogo inteiro.)
Wallace é o nosso armador, o que me poupa de qualquer comentário. Anderson Pico e Canteros insistem em fazer o que não sabem em todas as bolas que lhes passam pelos pés. Cirino e Paulinho, que davam a impressão de saber, têm se esforçado em nos provar que desaprenderam, além de mostrar um desinteresse inaceitável. Mesmo com sete dias livres para treinar, Everton sistematicamente se cansa e pede para sair no segundo tempo.
Embora o time tenha adquirido um mínimo de toque de bola ofensivo com a entrada de Alan Patrick, ele me parece um legítimo exemplar do que, nos tempos do meu pai, o pessoal chamava de “tico-tico no fubá”: o cara que toca bonito, dá dois ou três dribles estilosos, mas pouco resolve. De todo modo, reconheço que é cedo para avaliar e, mesmo, com o padrão dos meio-campistas (perdão, São Carlinhos, mil vezes perdão!) que compõem o nosso elenco, Alan Patrick tem de jogar.
Na partida com o Vasco, do mesmo modo que acontecera semana passada contra o Atlético Mineiro, salvou-se Emerson Sheik, pelo espírito de luta e raros momentos de lucidez.
Já escrevi aqui, algumas vezes, que o Flamengo necessita somar pontos, seja do jeito que for e jogando da forma que der, até que a gente possa contar com o time da segunda e decisiva fase do campeonato. Armero é o titular. E se Armero não acertar, Jorge voltou da seleção subvinte com moral para entrar ali. Acho Cáceres limitado para vestir nossa camisa cinco (perdoe mais uma vez, São Carlinhos), mas é possível que ele aumente a segurança da zaga. Guerrero é um centroavante perigoso e está acostumado a jogar com Sheik. Isso não vai bastar e há enorme carência de qualidade no meio. O problema é que, quanto mais se fala em Montillo, Ganso e Diego, maior é o sofrimento ao ver Márcio Araújo pegar a bola e partir com ela horizontalmente, dando a impressão de que está num daqueles antigos treinamentos em que os técnicos dispunham duas traves móveis em cada lado do campo, para diminuir-lhe o comprimento.
Fora as limitações individuais – que, insisto, em hipótese alguma são maiores do que as da Chapecoense e do Avaí, que estão seis e cinco pontos à nossa frente –, o Flamengo precisa de organização, e quem organiza times de futebol são seus treinadores.
Em resposta a alguns comentários que apareceram nos últimos posts, me declarei contrário a improvisações. Elas não representam um erro em si e podem surpreender os adversários, mas não no caso de um bando como o do Flamengo. Antes de puxar Luiz Antonio para a lateral-direita e recuar Everton para a lateral-esquerda, é fundamental montar a bagaça. Alguém se lembra do nosso time titular na reta final do Brasileirão 2009? Sofremos desfalques por cartões, lesões e ferimentos causados por inocentes lâmpadas de jardim, mas havia uma base. Bruno, Léo Moura, Álvaro, Angelim e Juan; Airton, Maldonado, Willians e Petkovic; Zé Roberto e Adriano. Sim, é verdade: tínhamos três volantes e se um deles não pudesse jogar, Andrade não mexia no esquema e punha Toró em campo, preservando a organização.
Nosso atual time é ruim? Bem, como a colocação do Flamengo no campeonato torna essa pergunta desnecessária, passemos à próxima e talvez mais importante: qual é o nosso time?
Além de não definir os titulares e de não dar a eles um jeito de jogar, creio que Cristóvão vem fazendo escolhas equivocadas. Só é possível escalar três volantes se tivermos laterais bons no apoio e, sobretudo, alguém com qualidade para acionar os atacantes – o bom e velho Pet do time de 2009. O estilo de Alan Patrick me parece mais adequado para começar jogando do que para ser lançado depois do intervalo, e com o time perdendo. Ele cadencia e melhora o toque de bola, só que não é rápido e incisivo o suficiente para inspirar viradas. Se não está 100% fisicamente, que jogue os primeiros 45 minutos. Além da inadmissível falta de interesse, Cirino também não é jogador para resultados adversos. É velocista, precisa de espaço, e ninguém dará espaço ao Flamengo estando à frente do placar.
O campeonato é longo e difícil, surpresas desagradáveis – como a grave contusão de Paulo Victor, por exemplo – acontecem com todos os competidores, mas o passo inicial para sairmos da lama deve ser dado imediatamente. Precisamos deixar de ser a farândola do Capitão Nascimento. Precisamos, nesse momento crítico, esquecer o camisa dez, esse nosso misterioso Godot que nunca chega. Precisamos parar de discutir se é melhor jogar com Paulinho ou Gabriel – tanto faz. Precisamos, pra ontem, seguir o que sustentava o Velho Guerreiro e entrar em campo com papéis definidos e as coisas organizadas.
Resumindo e encerrando: está mais do que na hora de Cristóvão mostrar a que veio. Do contrário, logo logo a multidão enfurecida irá exigir que ele seja devidamente buzinado.
Não dá pra fazer comentário crítico e usual depois do desastre de ontem, melhor mesmo é pegar a onda, rolar nas águas da moda, e é por aí que vou, no vácuo. Agora não tem mais jeito: Fora Dilma…! É a culpada de tudo.
Edvan-Alagoinhas-Ba.
PS – Time POBRE no ataque, destabilizado na ECONOMIA de criatividade no meio e imenso ROMBO na defesa.
É Ela…!
Deixem o Cristovão em paz… .
E por falar em ” BILHETE AZUL “, sei não……é capaz até de sobrar pro “Cristo” “CRISTÓVÃO”, que convenhamos, claro que é um dos menos culpados, mas também tem lá suas parcelas de culpas…….
A semana promete !
SRN.
Não quero Crucificar o CÉSAR, mas ele foi o responsável direto pela derrota do Flamengo no jogo de hoje, ao ceder o empate quando estávamos melhor na partida, ao tomar um bobo gol de falta, e no final (aos 48 do 2º tempo) num chute cruzado em que ele estava mal colocado mais um vez, e tomamos o gol da virada…….
Um jogador de linha, jogar mal, é uma coisa……..um goleiro jogar mal, É UMA CATÁSTROFE………
E seguindo esta linha de raciocínio, isto poderá continuar a se repetir (muito provavelmente, dado a ruindade do CÉSAR), e reproduzir outras CATÁSTROFES para o Flamengo…….
CÉSAR, por enquanto não serve nem para ser reserva do time do Flamengo, se é que algum dia ele servirá para ser um goleiro decente…..e para ser um goleiro decente, terá que mudar muito, pois a continuar assim, terá que seguir para o ostracismo em times de bem pequena expressão……
Estamos totalmente VULNERÁVEIS em nosso GOL, e isso certamente além de deixar a equipe insegura, pode arruinar todo o bom andamento de um jogo, como aconteceu hoje……
Precisamos CONTRATAR um goleiro URGENTEMENTE, PRA ONTEM, com EXPERIÊNCIA, mesmo que seja para ser reserva depois que o PAULO VÍTOR VOLTAR, mas o que não pode acontecer, é deixar mais este PROBLEMAÇO, da falta de um bom goleiro, levar o nosso time para o buraco……..
Providências quanto a isso precisam serem tomadas com a maior brevidade…….ALÔ DIRETORIA, SE LIGA NA MISSÃO !
SRN SEMPRE !
DSiscordo, com toda ênfase.
O grande culpado, ou melhor, entre tantos culpados, o destaque negativo para mim, além do inútil Cristóvão, foi o zagueiro Wallace.
Já no primeiro tempo entregou um gol ao adversário que, EXATAMENTE O CÉSAR, na melhor e mais difícil defesa do jogo (para os dois lados), SALVOU, em grande e difícil defesa.
Depois, infantilmente, cometeu uma falta desnecessária, pois já havia a cobertura do Jonas.
Extremamente bem cobrada, resultou no gol de empate, mesmo que TALVEZ pudesse ser defendida, o que acarretaria para o Cesar a segunda maior defesa de todo o jogo, se acontecesse.
Por fim, é um PUTA MALDADE atribuir ao goleiro qualquer responsabilidade pelo gol da vitória do Figueira.
Wallace , destrambelhadamente, foi para a frente, sem se preocupar se havia ou não cobertura.
Bitoca perde a bola quase que infantilmente na intermediária adversária.
Os catarina concatenam um excepcional contraataque, em alta velocidade, e com passes surpreendentementes (pela aparente qualidade insuficiente de seus jogadores) perfeitos e o Cesar é o culpado.
Desculpem-me, é a tal má vontade com a base e, em especial, com os campeões da Copinha, uma espécie de vingança ao brilhante título conquistado na gestão Patrícia Amorim.
Assism foi com o Adryan, assim se está arquitetando com o Cesar.
Lamentável a falta de senso de justiça.
Por isto, dá no que dá fracassos em cima de fracassos, ninguém culpando o bonde Marcelo, o alucinado Wallace, os bisonhos Jonas, Canteiros e Everton, o restolho autoritário Paulinho, o frágil Gabriel.
Nenhum destes é culpado de nada, exatamente por terem sido contratados a partir de 2013.
Assim não dá.
Há que se perder a paciência.
Francamenate …
As imagens não foram claras, mas alguém conseguiu enxergar “FALTA” no gol de empate do Figueira que o César aceitou com muita boa vontade ???
De longe pareceu-me apenas que o Jonas roubou-lhe a bola sem sequer tocá-lo, e o jogador do Figueira atirou-se ao chão na velocidade que vinha, sem que nenhum outro jogador tenha tocado nele……a Globo não repetiu colocando as imagens de perto, mas de longe não me pareceu falta……
SRN.
P.S. – Se tivéssemos um bom goleiro, não teríamos perdido esta partida. Aliás, teríamos ganho esta partida, e somados mais três pontos.
Que tal se tivéssemos bons zagueiros, bom meio campo e atacantes com melhor pontaria ( Int.)
Isto sem falar em um técnico competente.
LÚCIFER….
Concordo INTEIRAMENTE com você sobre as falhas do CÉSAR que, ontem, se resumiu a ficar adiantado UM PASSO E MEIO da RISCA DO GOL na hora da falta e, no segundo gol, por não ter saído em cima do cara do FIGUEIRA que ele mesmo CÉSAR apontou para alertar a marcação.
Agora, como tenho MANIA (do mesmo modo que o ÁUREO) de ver os DETALHES, vi também que tinha um jogador do Flamengo (me pareceu o AYRTON) que ficou PARADO na jogada, mesmo VENDO que o jogador do FIGUEIRA ia partindo SOZINHO para receber o cruzamento.
Dê uma olhada nos MELHORES MOMENTOS que você verá claramente o jogador ao FUNDO ficar PARADO e não acompanhar o cara que fez o gol.
Como de costume a GLOBO NÃO MOSTROU com DETALHES o lance da falta (e nem outros que poderiam ser a favor do Flamengo), como costuma mostrar quando algum lance se dá que possa favorecer a um adversário do Mengão.
Em outras partidas, acho que o CÉSAR também falhou ao NÃO cortar bolas cruzadas e rasteiras que passaram em frente a ele na PEQUENA ÁREA.
Nesse jogo também fomos derrotados por duas PERDAS DE BOLA no ataque: a primeira do Alan Patrick que resultou na FALTA(?) do WALLACE (na repetição ficou CLARO que NÃO foi o JONAS) e a segunda com o SHEIK que tem jogado um BOLÃO, mas deu aquele azar.
Menção DESONROSA também para o ÉVERTON, logo no começo do jogo, que poderia ter colocado o SHEIKE cara-a-cara com o gol e NÃO o fez, preferindo passar a bola para o CIRINO que levou um escorregão no mesmo tempo em que chutava a bola para fora. Se ele (Éverton) passa para o SHEIK, era SACO na certa.
Acrescentaria ao seu P.S. que NÃO teríamos perdido ESSA nem outras partidas. O CÉSAR É FRAQUÍSSIMO.
Por favor, tirem essa MALDITA letra “E” que, volta-e-meia, INSITO em colocar no final do nome do SHEIK…hehehehehehee