Após 13 meses de muita intensidade e repetidos movimentos de levantamento de taças, Jorge Jesus deixou o Flamengo. Um ciclo virtuoso se encerrou. Jorge Jesus deixou sua marca no Flamengo. Como seu homônimo nazareno fez na Terra Santa, a passagem do estratego amadorense mudou tudo à sua volta. Não foi só o Flamengo, Jesus mudou o futebol brasileiro. Elevou o nosso nível de exigência, estabeleceu um novo paradigma, que será perseguido por todos durante os próximos anos aqui na Terra de Santa Cruz.
Enquanto Jesus esteve entre nós sua presença foi muito notada, mas não se compara ao quanto a sua falta será sentida. Principalmente devido às circunstâncias que cercaram a sua saída. Um coquetel de sabor invulgar, que misturou a visão distorcida do que é o futebol profissional a uma incompreensão da ética do trabalho, a agressividade pusilânime dos ataques pessoais, o desgoverno catastrófico do país e aquele sentimento difuso tão bem sintetizado por Fernando Pessoa: Saudades, só portugueses/ Conseguem senti-las bem/ Porque têm essa palavra/ Para dizer que as têm.
A saída do Jorge Jesus ilustra com mais perfeição do que nós torcedores poderíamos esperar, como a desigualdade estrutural brasileira arrebenta com o tecido social e diminui nossas chances de ascensão no ranking das nações. De que adiantou o Flamengo ser o mais rico do país? Jesus volta pra casa para ganhar menos dinheiro do que ganharia aqui. É que saúde, segurança, educação, tudo isso influi pra se ter uma vida plena, sem sustos e opressão. Onde não há um mínimo de igualdade ninguém é rico de verdade.
No futebol mundial o Flamengo quer muito ser um top player, mas ainda estamos longe dessa condição. Muito porque o Brasil é um mercado periférico. Para os europeus é muito fácil levar embora quem brilha por aqui. Vinicius Jr está lá entortando cervicais dolicocéfalas e comprovando a tese. E agora é Jorge Jesus quem nos mostra que às vezes a Europa nem precisa oferecer dinheiro, casa ou comida para levar nossos talentos. Basta garantir a roupa lavada.
Encaremos a realidade sem ira ou rancor, só na consciência histórica. Quando foi que um português chegou aqui no sanhaço, viu que a terra era fértil, criou um império e não saiu daqui voado levando nosso ouro e o pau-brasil para melhorar o seu Portugal? Como censura-los? Ainda mais quando os que não seguem essa receita do tempo das colônias e por aqui ficam acabam fundando padarias, Adegões, Vascos da Gama e Portuguesas?
Agora que o Míster está partindo é impossível dibrar o trocadilho infame ao ver o esforço de muitos para crucificar o Jesus da Amadora. Ficar puto é 1000 vezes mais fácil que analisar os fatos conhecidos (não os presumidos) com frieza analítica. Por isso atacam Jesus, com único intuito de colher os aplausos dos mal informados, com uma reprovável, mas nunca surpreendente, dose de covardia.
O tempo em que Jesus não falou nada externamente (internamente não sabemos) sobre sua especulada saída do Flamengo serviu pro clube manter o foco no Carioca e, se houve sagacidade da diretoria, começar a mapear o mercado. Se Braz e Spindel fizeram seu dever de casa devem ter usado esse tempo pra identificar três ou quatro treinadores que se encaixam no perfil pretendido pelo clube. Agora que tudo está consumado é escolher o alvo e negociar. Algo que não poderia ter sido feito antes do anuncio oficial do desligamento.
A saída de Jesus foi todo um processo muito normal e profissional de ambas as partes. Que pelo que se pode depreender pelo tom da nota oficial, divulgada pelo clube no início da noite de sexta-feira, era de total conhecimento do Flamengo. Se faltou sinceridade a alguns dos atores do drama, há de ter sido em função de um bem maior. Mas notem que, desde o início das especulações, Jorge Jesus foi o único que sempre se manteve em silêncio. E calado ninguém é capaz de mentir.
Mantendo todo o respeito devido à intimorata crônica esportiva auriverde, não concordo nem um pouco com a necessidade patafísica (a ciência das soluções imaginárias, segundo Alfred Jarry) que alguns analistas tem demonstrado em conseguir colocar algum defeito na postura e na condução de Jorge Jesus durante o processo. O Míster foi profissional até o ultimo minuto, dentro e fora de campo.
Cumpriu com todas as obrigações previstas no seu contrato, exigindo tudo do elenco e ganhando tudo que pôde. Entre as suas obrigações contratuais não constava a de que ele deveria dar satisfações, à torcida ou à imprensa, sobre cada especulação ou fofoca que envolvesse seu nome. Jesus sempre ficou sapato, segurou a marimba e o mais importante, entregou as encomendas. Veio, viu e venceu.
O futebol se moderniza, o torcedor tem que se modernizar também. A missão do Flamengo segue a mesma desde 1895, mas os valores e a visão evoluem. O torcedor que tenta entender o futebol de 2020 armado apenas com os valores que trouxe do século XX tipo amor à camisa, fidelidade e paixão, sofre demais, e sem necessidade. Os cães ladram e a caravana não para. Nós, torcedores, temos que nos informar, olhar o mundo à nossa volta, estudar, formar nossa opinião baseada nas coisas como elas são e não em como achamos que as coisas deveriam ser. Pior que não saber é saber errado.
No futebol moderno todo mundo, nós torcedores também, está na pista pra negócios. Quem gosta do Flamengo acima de tudo é o torcedor e o nosso trabalho é torcer e, eventualmente, pagar as faturas. Não fiquem putos. Fiquem espertos.
Ao Jorge Jesus, muito obrigado. E que o Flamengo lute para manter o alto padrão. Segue o jogo.
Mengão Sempre
parabéns pelo conteúdo do seu site, sou Ana Aparecida gostei muito deste artigo, tem muita qualidade vou acompanhar o seus artigos.
O JJ quando chegou veio cheio de marra e saiu com a mesma na bagagem.
Quando veio trouxe alguns preferidos por ele: Gerson, P. Mari etc…. ele nao queria trabalhar com o Gabriel Barbosa mas o fez.
Ja’ deixou uma histo’ria linda mas………. nunca quis deixar um legado, pelo contra’rio, proibiu membros da comissao do Flamengo de assistir aos treinos e afastou as categorias de base do profissional. Na hora de ir embora quiz levar nosso me’dico ( Tanure) ,fisioterapeuta e a galera do condicionamento fi’sico Tupiniquim fora que nao vai deixar ningue’m aqui para dar o repeteco do ano passado.
O Jesus mentiu para a torcida, para o grupo e para seus empregadores. Pacto para ganhar o mundial? VTC Jorge!!! Tal como Judas voce falou o que o povo queria ouvir. Fosse homen e subiste na cruz, nao foi.
Arthur, concordo e muito com va’rias facetas so’cio economicas explicadas por voce mas esse portuga safado sai pela porta dos fundos. Nosso presidente nao tinha a mi;nima ide’a que ele e sua turma do fado ja’ estava com a cabeca voltada pra terrinha.
Que o Benfica definhe em derrotas e que mais uma vez as bigodudas o assolem por la’.
O meu maior medo e’ perder a espinha dorsal desse time que encaixou, o Gerson pra mim e’ o melhor meio campo brasileiro disparado e sera’ alvo dos FDP’s assim como o insubstitui’vel BH.
Meu resumo disso tudo e”: Jesus chegou cheio de retissencias e ao sair nos deixa cheios da mesma, se ele e’ um idiota ou nao (vide
o significado cru’ da palavra) eu quero que ele se exploda porque antes de tudo sou Flamengo e ele fudeu com nossa instituicao.
Desde ja’ deixo minhas desculpas pelo teclado sem assento( acento), sou velho mesmo e e’ isso ai’ o que tem pra hoje.
Puti’ssimas SRN
Zeus
Obrigado Jesus por tudo que proporcionou a todos nós brasileiros, demostrou que o futebol no Brasil tem de sobra, o que não tem é gente competente para elevar nível que vc conseguiu, agradeço por todas as emoções que tive, por todos os ensinamentos de vitórias que conseguiu pelo Flamengo, não tenho nada a reclamar de sua atitude, não cabe a mim julgar ninguém.
Eu espero que tenha toda a sorte no seu novo clube e vou torcer para que chegue o mais longe possível rumo a orelhuda, pois só demonstrará sua competência técnica.
Espero que o próximo técnico seja estrangeiro e que siga o nosso lema como tão bem o JJ o seguiu, vencer, vencer e vencer.
Triste por sua partida, mas vida que segue e como uma grande amor que se vai, sempre haverá outros que chegam, a cada um o tempo de compreensão necessário pra assimilar essas perda.
Como é ótimo ser flamenguista e saber que temos uma nação que ama e é feliz por ser flamengo assim como eu.
Acabo de ver no Globoesporte.com os comentários do Muricy e do Cahê Mota sobre a saída à Bangu do JJ. Muricy aponta pra falta de planejamento do Flamengo em não ter nenhum profissional que pudesse aprender e assimilar o modus operandis do Jesus, pois sabia desde o início que sua passagem não seria longa. Isso ficou bem claro pra todos o tempo todo. Cahê observa que uma das cláusulas impostas por Jesus foi de estabelecer uma multa baixa em caso de rompimento de contrato pra compensar, na renovação, o aumento mínimo que foi dado em função da pandemia, o que demonstra que não havia nenhuma proposta européia, mas havendo, no futuro – o mais breve possível, orava Jesus -, a multa não seria empecilho. Mesmo com todos os sinais de alerta ligados, a diretoria não mexeu sua bunda gorda. Disse também, o Cahê, que o JJ impediu o Marcelo Fera de participar como auxiliar-técnico, só permitindo seu staff. Embora seja praxe aceita que o treinador se cerque de sua galera mais íntima e de confiança, nada impede que um funcionário capacitado do clube acompanhe seus treinamentos com o objetivo de aprender e, caso dê resultado, como deu, implantar o modelo desde a base. Ou seja, os dirigentes, que em tese são patrões, sempre foram reféns das exigências e humores do ex-Mister.
Como torcedor, não tenho nada a agradecer. Não fez mais do que a obrigação, porque é obrigação de qualquer técnico/treinador do Flamengo partir pra cima e vencer, vencer, vencer. Ele sim, deve muito ao Flamengo, ao timaço que recebeu da diretoria e, acima de tudo e de todos, à sua fantástica torcida, A MAIOR DO MUNDO, à qual, como gesto de gratidão e despedida deu uma solene banana de desprezo, hipocrisia e memória fraca. Nunca, em momento algum antes, esteve ele com todas as luzes das ribaltas futebolísticas voltadas pro seu trabalho e o sucesso do time por ele comandado – graças ao Flamengo e à sua torcida.
Falei hoje com o Hugo, meu amigo português da torcida organizada No Name e disse a ele que agora tinha outro time pra torcer… contra: o Benfica, que, até então, era por quem eu tinha, vamos dizer, uma certa simpatia. Ele riu e disse que a turma dele não iria participar da recepção ao JJ.
A cada dia que passa, e as informações de bastidores vão saindo da caixa-preta, fica cada vez mais claro o mau-caratismo do portuga, caráter esse que cheguei a elevar ao nível da perfeição, fruto da idiotia característica do apaixonado.
srn p&a
Serei eternamente grato ao Mister pelos títulos conquistados. Mas ele mancha sua história no clube saindo dessa forma, na calada da noite, um mês após renovar o contrato.
Os problemas do Brasil eram os mesmo há três semanas, quando ele aceitou renovar.
JJ não errou por ter saído. Errou na maneira como conduziu a saída.
O Mister foi profissional? Foi. No mundo dos negócios, as coisas são assim, frias, vale o que está escrito. Mas no futebol não basta ser profissional. É preciso respeitar o torcedor, que é a razão de ser de tudo isso. É por causa dos torcedores que profissionais como JJ ganham milhōes.
No futebol, não basta ser profissional. Clubes de futebol não são bancos, não são apenas empresas com açōes na bolsa
JJ era ídolo de uma nação maior que o país dele, era adorado por crianças e adolescentes. Ficou feio sair dessa forma, quase clandestina. Foi embora na calada da noite, sem dar uma entrevistas, uma satisfação, menos de um mês após renovar o contrato. Não se dirigiu em nenhum momento aos torcedores que o abraçaram todo esse tempo. Nem um vídeo, nem uma coletiva. Mandou um assessor publicar uma notinha protocolar em rede social e caiu fora.
Se tivesse saído antes de renovar, olhando no olho da torcida, JJ seria enternenamente lembrado como um dos maiores ídolos da história do Flamengo. Renovando e saindo escondido um mês depois, será lembrado apenas como um técnico que fez um ótimo trabalho.
SRN
será que os problemas eram os mesmos de 3 semanas atrás? sim, se fala da estrutura do país, é claro. 3 semanas, 3 anos, 30 anos, 300.
Mas pode ser, de fato, que na vida personalíssima, privada, algo tenha mudado, como disseram repetidamente.
Enfim, agora que escrevo aqui, já temos até novo técnico.
Boto fé, acho que, ANOTA AÍ,
o Flamengo, será AINDA MELHOR.
Pedigree o espanhol da fronteira com a França, daí o nome, TEM.
O Tulio Rodrigues, do Canal Ser Flamengo, poupou o meu trabalho de dizer aqui no RP&A, tudo aquilo que eu ainda gostaria de acrescentar a respeito da saída do Jorge Jesus do Flamengo: saiu pela porta dos fundos.
Vale a pena ver o vídeo.
https://www.youtube.com/watch?v=voYmgRWK-CI
Quando um grande amor acaba, inesperadamente, subitamente, a dor é profunda. Alguns necessitam de tempo para o luto, as vezes muito tempo.
Outros querem imediatamente cobrir a lacuna deixada e ter um novo relacionamento, as vezes nem se importando quem é a substituta, alegando que „a vida segue“.
A tendencia pode ser procurar alguem que se pareça com o velho amor – no outro extremo alguem que nao tenha nada que lembre o ultimo amor.
O Flamengo nao vai ter tempo para o luto. Teremos que trabalhar esse luto que muitos sentem tendo uma outra, uma nova relaçao.
Vamos correr o risco de comparar qualquer açao do novo relacionamento com aquele que acabamos de perder.
Isso é inevitavel, é normal – mas nos leva a tirar a liberdade da outra pessoa que nao podera, em hipotese alguma, ser a antiga parceira, mas pior, nem ter açoes novas, que saem de SUA personalidade.
Teremos que nos policiar, para dar-mos ao novo relacionamento o campo, a liberdade e o tempo, que ele necessita para evoluir e crescer.
O que mais me inquieta nisso tudo é aquilo que o Arthur colocou tao perfeitamente:
O problema que enfrentamos, a curto e a longo prazo, é a sociedade brasileira com todos seus disparates.
Nao é, nem sera, o dinheiro, o poder economico.
Eh pior, bem pior – é algo que nao pode ser resolvido com muita grana, belos apartamentos, mordomias e luxo.
Melhor do que o Arthur é impossivel colocar o problema basico que enfrentaremos de agora em diante, se quizermos ter pessoas integras vindo de outros continentes, a „vida plena“:
„Eh que saude, segurança, educaçao, tudo isso influi para se ter uma vida plena, sem sustos e opressao. Onde nao ha um minimo de igualdade ninguem é rico de verdade.“
Isso o Flamengo nao vai poder consertar. Somente os 70porcento talvez conseguirao, ao longo dos anos.
O resultado dessa impossibilidade vai ser provavelmente a nossa convivencia com relaçoes curtas, o contrario daquilo que esperavamos, no intuito de construir, enfim, uma hegemonia plena e descansada, um clube funcionando com problemas pequenos, acessiveis e nos proporcionando alegrias inumeras até o fim dos nossos dias.
Receio que teremos que nos preparar a receber um adeus atras do outro.
Quando o amor acaba…! Puxou Paulo Mendes Campos, na raiz. SRN
Nao conhecia, desculpe a ignorancia. Em que parece com esse senhor? Abraço e SRN !
Ahhh, lindo texto desse senhor! “Para recomeçar em todos os lugares e a qualquer hora o amor acaba.”
Sim, estamos avidos de amar de novo! Que o proximo tecnico nos proporcione esse sentimento tao fabuloso!
SRN
P.S. Agora, vc me comparar com esse senhor da escritura leve e profunda – é brincadeira de bom gosto! Abraço!
Quem diria que um dia eu aplaudiria um comentário seu, parabéns e muito lúcido seu raciocínio.
Como é ótimo ser flamenguista e saber que temos uma nação que ama o Flamengo assim como eu e o Henrique.
Ps. Se você for o flamenguista que mora na Suiça esse comentário é pra vc, se não for peço desculpa mas o comentário é verdadeiro.
Muito obrigado JJ, estará eternamente em nossa hsitoria e corações… Mas que eu vou torcer muito prp benfinca se f… Isso eu vou.
Jorge Jesus, meio de surpresa, nos deu uma alegria que eu, particularmente, estava atrás há uns 27 nos .
Mais precisamente depois de 1983.
Muitos de nós demoraram um século e meio para perceber que o que estavam assistindo pela TV, estava acontecendo, ao vivo e à cores, no Maraca.
Perderam, que fiquem mais espertos caso tenhamos outra oportunidade parecida.
Eu, já com meus 65 anos, pensava que não teria outra chance dessa, e a sorvi como faria com o tal “manjar dos Deuses” e estive presente em quase todos os jogos sob a batuta do Mister ( todos menos quatro, esse é o numero real )
Obrigado Jorge Jesus, vc, e todos que participaram dessa fase, me fizeram ter, de volta, um puta orgulho de torcer pelo Flamengo.
Saudações
Perfeito Arthur.
Se alguém chegasse pra qualquer rubro-negro em maio de 2019 e o perguntasse: amigão, o que vc acha de contratarmos um treinador que revolucionará o futebol brasileiro, ganhará mais títulos do que terá de derrotas, incluindo o hepta brasileiro e o bi da Liberta na mesma temporada, mas depois de 12 meses ele voltará para o lugar de onde veio? Topa?
Garanto que 100% toparia e, mais, nem acreditaria que isso fosse possível.
Impossível é um contrato ser mais bem sucedido que esse que acabou de se encerrar.
Quanto aos que atacam o Mister, profissional até a última gota do seu sangue, que me perdoem as palavras duras: não passam de ignorantes. Como aqueles que criticam – também covardemente – a diretoria do clube por lutar pelos interesses do Flamengo, independentemente de quem ocupe os cargos de chefia do executivo federal, estadual e municipal. Aqueles que acham que suas opiniões políticas devem prevalecer até sobre o bem do Flamengo. São uns lunáticos.
Jorge Jesus é uma eterna lenda rubro-negra.
Vai deixar muita saudade. Torcerei para o Benfica na Champions, porque ele merece todo o sucesso do mundo e porque não sou recalcado.
Por aqui, que fujamos como o diabo da cruz de treneiros brasileiros, esses sim recalcados (e incompetentes), e vamos continuar ganhando a porra toda.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.
Obrigado por tudo, Mister. Brasileiros terão dificuldade de entender seu nível de profissionalismo. Mas seu lugar na galeria de gigantes rubro-negros está reservado. Vai com Deus!
Chamado de “lunatico” te digo uma coisa, Trooper:
Esse jeitinho de fazer média com todo mundo, como vc nao somente sugere, mas acha normal e perfeito, mesmo sendo com genocida, nao tem nada a ver com “opiniao politica”, nem com o “bem do Flamengo”, mas sim com a retidao de um ser humano.
Voce ainda nao percebeu no percurso de sua vida que nao existe a posiçao neutra em matérias de politica: vc ou é a favor ou é contra. O que nao quer dizer que nao se possa fazer compromissos. Mas nao no caso desse cara.
Como Flamenguista tenho certeza: O nosso mister NUNCA teria dado um manto sagrado a esse imundo que governa nosso pais.
Foi uma bofetada na cara dos 70porcento, Nao perdoo.
Mas agora é hora de outra conversa. Sobre esse imundo nao vale perder um segundo do nosso tempo.
SRN
O Flamengo tem obrigação de ser neutro em matéria de política partidária.
Tá no estatuto. Flamengo não é sindicato ou partido político.
Dar camisa a uma autoridade é uma praxe tão normal e óbvia, que o fato de vc estar tão focado nisso – em vez da MP que o Flamengo conseguiu costurar, que o levará em médio prazo a um outro patamar como player no mercado – demonstra um certo desconhecimento, desculpe.
Imcomodou-me muito mais ver o Witzel – maior rival político daquele que vc chama de “genocida” – dentro de campo na comemoração do título da Libertadores, por exemplo. Não vi vc reclamando disso.
Por outro lado, a concessão do Maracanã é nossa. Vc preferia que o Flamengo tivesse sido campeão brasileiro jogando na Ilha do Urubu? Pois é…
Novamente: o Landim não tem que se posicionar sobre política partidária. É exatamente o contrário: ele tem obrigação de NÃO se posicionar.
E vc precisa entender que VOCÊ não gosta do Bolsonaro. Mas a maioria das pessoas que têm título de eleitor prefeiriu ele a outro. Já pensou nisso? Sinistro né?
O nome é Democracia. É uma merda, mas os especialistas dizem que não tem nada melhor. Então é melhor aprendermos a conviver com ela.
Na esmagadora maioria das coisas, vc tem razao. Nao tenho mesmo noçao de muita coisa.
Se outros tem, nao sei.
Mas uma coisa – o genocida hoje em dia nao tem maioria, pelo contrario, é minoria e esta na hora de ir se lascar mesmo.
Acho que sou democrata sim, e ela nao é uma merda nao, mas tb sou gente e nao é porque uma maioria gosta de alguma coisa que vou ter que gostar. Vou ter é que engolir a merda diaria desse sujeitinho, so isso, e jah é muito. E agora encheu.
Agora, sobre o fato da camisa continuo achando que nao teve nenhuma necessidade. Eh nao é pq é “praxe” e “normal” que se deva fazer isso volontariamente.
O ato em si é um ato politico, repito. Se vc quizer que o Flamengo, melhor, sua diretoria, nao seja partidaria, torça que se abstenha de fazer horrores desses.
Do resto, bola pra frente. Temos bem outros problemas apontando.
SRN
Dizer mais o que, Arthur?
“A saída de Jesus foi todo um processo muito normal e profissional de ambas as partes”. Não, não foi. Só concordo que tenham sido de ambas as partes. Não foi profissional e muito menos normal por parte do Jesus que se fechou num mutismo inaceitável pra sua condição de ídolo máximo dos torcedores na categoria dos treinadores da história do Flamengo. Nenhum outro – nem Coutinho, nem Solich, nem Carlinhos, nem Flavio Costa, nenhum – teve essa honra e privilégio de ser alçado ao panteão da glória rubro-negra só habitada por Zico; nem mesmo Gabigol, com todo seu carisma, chegou lá. Então ele tinha, sim, uma obrigação moral com o torcedor de lhe dar uma satisfação “pelo inconveniente que estava causando” e que não era em prol do seu bem estar. Ao contrário, ele ignorou solenemente esse mesmo torcedor que o idolatrou – com justíssimas razões, diga-se de passagem – por estar voltado pra confabulações, diálogos e dúvidas com o próprio umbigo. Ou seja, transferiu pro torcedorsuas angústias em vez de ter tomado a nobre atitude de compartilhar com ele, se expondo e devolvendo o carinho, não com palavras, mas com ação. Somos responsáveis pelos afetos que conquistamos e gratidão é sinônimo de amor.
E o mesmo vale pra diretoria, que se comportou como refém do JJ. O normal e profissional seria se, em meio a burburinhos e especulações, tivesse se antecipado e cobrado um posicionamento pra que ela pudesse se adiantar e tomar suas providências dando satisfação à torcida e fazer uma triagem em relação ao próximo comandante, inclusive solicitando a ele sugestão de nomes que melhor se enquadrariam no sistema de jogo já implantado, assimilado pelo elenco e enaltecido pela torcida.
Nada disso foi feito, de ambas as partes. E tudo o que foi feito não tem nada de normal nem de profissional. De ambas as partes.
“O torcedor que tenta entender o futebol de 2020 armado apenas com os valores que trouxe do século XX tipo amor à camisa, fidelidade e paixão, sofre demais, e sem necessidade”. Fiquei surpreso com essa frase/pensamento, até um pouco chocado, mas vamos lá: eu, hoje, e já há algum tempo, não sofro com futebol por concordar que seja sem necessidade; vibro, e muito, com a vitória, mas com derrotas e atuações pífias, que antes me irritavam e consumiam, viro a chave e ignoro – retardamento mental tem prazo de validade. Mas futebol é, sim, amor à camisa, fidelidade e paixão. A maioria de nós escolhe um time na infância quando o campo cerebral está vazio pra abraçar qualquer sinapse. Como ela é estimulada quase certamente dentro de casa em clima de paixão, fidelidade ao clube e amor à camisa, é assim que tende a se manifestar pro resto da vida – a menos, claro, que o cara queira se livrar dessa praga. Não dá pra imaginar a Magnética que não seja enlouquecida e aos prantos como foi no Maracanã nos 5×0 contra o Grêmio e em Lima. Acho que essa mudança não vai acontecer. Não consigo nem assistir aos incensados clássicos europeus. Porque eu não gosto de futebol. Eu gosto do Flamengo. Só de ver essa marca – Flamengo – impressa, meu coração vibra. É o meu sobrenome.
srn p&a
“Somos responsáveis pelos afetos que conquistamos e gratidão é sinônimo de amor”. E de humildade.
grande texto arthur !
vai ficar a lembrança dos Domingos com o maracanã lotado e a galera gritando ,mister,mister ….
foi lindo ter o flamengo de volta.
OBRIGADO MISTER !!!
SRN !
Isso Chacal. Vai deixar muita saudade. Nunca esqueceremos de cada detalhe de 2019.
Parabéns pela demonstração de gratidão e respeito ao profissional.
Quando vc tá certo, eu dou a mão à palmatória.
E em breve terá gol do Gabigol de novo para comemorarmos!!
vai dar meia hora de bunda …
Kkkkk
Rapaz afetado
Meu caro Arthur, com a sua devida permissão, ouso discordar de parte desse seu artigo.
Vamos ao âmago da minha discórdia. Não existe, para mim, essa questão de torcedor moderno, aquele que deve formar a “opinião baseada nas coisas como elas são e não em como achamos que as coisas deveriam ser.”
Ora, o que é torcer senão “alterar o sentido, o significado ou os objetivos de algo; desvirtuar: O indivíduo torceu tudo o que eu lhe contara, causando desentendimento no grupo. O meu chefe torceu a proposta que eu havia apresentado para aquilo que lhe interessava” ou “aceitar ou fazer alguém aceitar uma ideia, uma sugestão ou um pensamento, mesmo contra seus princípios: Ele conseguiu torcê-la, fingindo que a amava.” (Dicionário Michaelis)
Torcer, portanto, também é interpretar a realidade com a alma, com a emoção, e não com a razão. Torcer é distorcer a realidade do fato.
Pouco importa ao torcedor se o árbitro acertou na interpretação da infração, porque a sua mãe (do árbitro) será devidamente “homenageada”, se essa interpretação prejudicar o time pelo qual ele torce.
O (dis) torcedor de ontem é o mesmo de hoje e será o mesmo do amanhã. Caso contrário não será um torcedor de futebol, mas apenas um defensor da razão.
Diante desse meu entendimento, eu vou analisar a postura do Jorge Jesus de ter aceitado a proposta do Benfica, com base, é claro, em informações divulgadas pelas mídias.
No mês passado, o Mister renovou o contrato com o Flamengo, assegurando na ocasião que:
“As expectativas são sempre as melhores, em função daquilo que é a grandiosidade deste clube. Este clube trata de ser não só o maior melhor e maior do Brasil, mas também além das fronteiras. Nossa convicção é exatamente a mesma que tivemos no ano passado, e se possível, por a cereja no bolo, que ficou atravessado na garganta, que foi ser campeão do mundo.”
Ora, em junho, a pandemia se alastrava pelo Brasil afora e o (des) governo do Capitão Cloroquina, notadamente em relação ao combate à pandemia da covid-19, já era demasiadamente conhecido por todos. Assim, não há como se justificar o rompimento do contrato com o Flamengo, com fundamento nessas duas razões.
Então, o que pode ter acontecido para o Jorge Jesus ter virado a cabeça em apenas 40 dias?
PRIMEIRA HIPÓTESE: ter o JJ contratado uma bela advogada para defesa dos seus interesses no Brasil. O torcedor não tem culpa se a advogada andou postando nas redes sociais fotografia dos dois jantando em restaurantes de luxo ou se a insinuação de um relacionamento amoroso tenha saído para o mundo por detrás dos muros do Flamengo. “Se houve ou se não houve alguma coisa entre eles dois, ninguém pode até hoje afirmar, o certo é que “a mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.”
Jorge Jesus é um homem público, por isso deveria ser mais cuidadoso em suas andanças.
SEGUNDA HIPÓTESE: ter o Vice-presidente de relações externas do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o BAP, causado incômodo ao dizer que se fosse o técnico não teria colocado o Lincoln em campo e que assim o Flamengo não teria perdido o Mundial, argumentando que o atacante perdeu um gol contra o Liverpool. Essa declaração se deu no fim de junho, portanto após a assinatura do novo contrato. (alguém tem que colocar uma mordaça eletrônica na boca desse BAP)
Não há a menor sombra de dúvida de que tal afirmação deve ter contrariado sobremaneira o Jorge Jesus. Mas, não vejo aqui motivo suficiente para o rompimento do contrato. Serve no máximo como um aditivo.
TERCEIRA HIPÓTESE: ter o JJ pretendido salvar o seu amigo, Luís Felipe Vieira, o presidente do Benfica, que está sendo investigado por crime de fraude fiscal e lavagem de dinheiro, conforme denúncia do Ministério Público de Lisboa. Esta para mim a hipótese mais provável.
Como é sabido, a eleição para a presidência do Benfica ocorrerá agora no mês de outubro. A ida de Jorge Jesus para o Benfica por certo já está aplacando a ira dos torcedores locais e o descontentamento dos sócios do Benfica, possibilitando, dessa forma, a reeleição do dileto amigo do Jorge Jesus.
Agora eu pergunto: não será falta de ética, no mínimo, a assinatura de um contrato com a duração de três anos, a menos de três meses para o término de um mandado presidencial de um clube de futebol?
Imaginemos o Landim contratando um técnico por um longo período de três anos, faltando apenas três meses para o fim do seu mandato…
Finalizando, como um bom torcedor do Flamengo, eu não consigo justificar pacificamente a saída do Jorge Jesus do Flamengo, e o seu prolongado silêncio somente agravam as minha suspeitas de que ele, na surdina, negociava com o Benfica as cláusulas e as condições do contrato, como, por exemplo, a condição de ter que levar toda a sua equipe de portugueses de volta para Portugal, enganado até o presidente Landim, que afirmara logo após a conquista do Campeonato Carioca que Jorge Jesus estaria no início da semana vindoura, treinando o time no Ninho do Urubu.
Diante disso tudo, e com as simples palavras de um torcedor do Flamengo, que não procura a razão para justificar seus atos, palavras e emoções relativas ao futebol, eu quero que o Jorge Jesus e o Benfica se fodam!
Flamengo Sempre.
#somos70porcento
Onde se lê “mandado”, leia-se “mandato”.
Nem flamenguista eu sou, estou longe dessas bossas de futebol, mas entro aqui só pra ler esses textos do Muhlenberg que eu vou te contar, viu. Já os li com dor de cabeça, dor de barriga, alegre, puto da cara e sempre são bons e se encontra algo. O fato de eu não ser flamenguista e nem ligar pra futebol corrobora o que o próprio diz, quando alude ao fato de isso tudo não ser apenas Flamengo, ou vai ver o Flamengo é que transcende tudo e tudo acaba sendo um pouco de Flamengo. Isso deixo com vocês. Seja como for, para mim é o melhor escritor vivo em língua portuguesa. Pode ser que eu conheça poucos autores, vá lá, mas para mim é sempre um júbilo poder ler esses textos e pensar que quem os escreveu está vivo, andando por ai, tomando as cervejas quentes que também encontramos nas quebradas da vida. Valeu!