A época é fértil para o cultivo de platitudes diversas e discussões vazias. Jogadores de férias – embora alguns dos nossos pouco tenham trabalhado durante o ano –, dirigentes blefando, imprensa boatando e a multidão ensandecida renovando suas crenças em Papai Noel.
Justiça seja feita: a diretoria do Flamengo tem preferido a discrição à bazófia, só aceitando falar de nomes quando os papéis recebem os indispensáveis jamegões. Antes disso, sapatinho.
Claro que ainda há derrapadas, mas nada que não se possa relevar. Fiquei um tanto decepcionado quando, no início da semana, o Flamengo se mostrou surpreso com o fato de Vitinho custar caro (pelo que li, dez milhões de euros). Independentemente do absurdo a que chegaram os valores que giram hoje junto com a bola e da bem equipada lavanderia em que se transformou o futebol russo, o Atlético Paranaense acabou de vender Hernani para o Zenit por oito milhões de euros, e ainda manteve 20% sobre os direitos do jogador.
A estupefação do Flamengo só não foi maior do que o espanto de Merval Pereira ao descobrir – aos 67 anos de idade, jornalista experiente e destacado integrante da Academia Brasileira de Letras – que financiamento de campanha política virou um negócio. Ah, Merval. Ah, Flamengo. Espero que o desabafo rubro-negro a respeito do valor de Vitinho faça parte de uma esperta estratégia de negociação. Se não for isso, quanta ingenuidade.
Passemos à primeira discussão vazia.
Creio que não há mais espaço para se debater pontos corridos e mata-mata no campeonato brasileiro. Aqueles que preferem o mata-mata – entre os quais me incluo – logo são acusados de retrógrados, defensores do improviso e da bagunça, inimigos do planejamento, acólitos da Globo. Mas vamos tentar.
O que eu penso: o momento sublime do futebol acontece nos grandes clássicos. Nenhum rubro-negro vai dizer que o jogo da sua vida foi Flamengo e Olaria disputado na Rua Bariri. Vai ser sempre um Fla-Flu, um Flamengo e Corinthians, um Flamengo e Grêmio. Ocorre que, como veremos abaixo, nos campeonatos por pontos corridos os grandes costumam se devorar uns aos outros e a encrenca se define nas partidas contra os pequenos. Quando a gente vai ver, o Palmeiras não foi campeão brasileiro por ter derrotado quem brigava com ele pela taça, e sim por não ter perdido pontos para os últimos colocados.
Campeonato que se preza tem que ter final, com os dois times podendo ficar com o caneco. Todo flamenguista com mais de quarenta anos lembra que, na decisão do Brasileiro de 1980, nossos gols foram feitos por Nunes, Zico e Nunes. Entretanto, tire o acesso ao google e pergunte aos flamenguistas quem fez o primeiro gol do time na decisão de 2009, há sete anos. Muitos já esqueceram. A final de 1980 foi uma decisão de verdade, com um timaço do outro lado (Reinaldo, Cerezo, Éder, Luisinho) jogando pelo empate para ser campeão. Já em 2009, nosso desinteressado adversário escalou oito reservas e entrou em campo doido para perder. Pode não ser apenas coincidência o fato de as duas mais importantes e cultuadas competições do futebol – Copa do Mundo e Champions League – se decidirem no mata-mata.
Entretanto, convém deixar de lado as digressões: com o sistema de pontos corridos estabelecido e dogmatizado, resta aprender de uma vez por todas como disputá-lo.
E aí entra em cena a discussão vazia número 2.
O Campeonato Brasileiro de 2016 teve quatro reais candidatos ao título. A parada foi resolvida no ótimo jogo em que Atlético Mineiro e Flamengo empataram em dois a dois e, abraçados, puseram a faixa no peito do Palmeiras. Ali o Atlético jogou a toalha, para se dedicar à Copa do Brasil, e o Flamengo perdeu a última chance de permanecer fungando no cangote palmeirense. (Por paradoxal que pareça, apesar de ter terminado na segunda colocação o Santos jamais chegou a ameaçar de verdade. Coisas dos pontos corridos.)
Pois bem. Se organizarmos um campeonato particular, considerando somente as partidas que os quatro primeiros disputaram entre si, teremos 18 pontos em jogo e um resultado surpreendente. Em primeiro lugar, Flamengo com 9 pontos ganhos, além de ter o ataque mais positivo e o melhor saldo. Em segundo, Santos com 8. Em terceiro, Atlético Mineiro também com 8. E em quarto o Palmeiras com 6. Sim, o campeão na lanterna.
Agora, se fizermos o cruzamento dos quatro primeiros contra a turma da rabeira – os três que chegaram à última rodada com possibilidade de cair (Internacional, Sport e Vitória) mais os três antecipadamente rebaixados (América Mineiro, Santa Cruz e Figueirense), teremos 36 pontos disputados e a seguinte classificação: em primeiro lugar, o Palmeiras sem um vacilo sequer e 36 pontos ganhos. Em segundo, o Flamengo com 27. Em terceiro, Atlético Mineiro com 25. E na lanterna o Santos com 19.
Resumo da bagaça: levando em conta apenas os jogos do pessoal da cobertura contra a rapaziada do subsolo, a diferença entre Palmeiras e Flamengo é de 9 pontos. Como sabemos, o Palmeiras terminou o campeonato com 80 pontos, o Flamengo com 71.
Xisto Beldroegas, um dos mais lúcidos e divertidos comentaristas aqui do RP&A, gosta de usar o lema “esmagar os pequenos”. Ele está cheio de razão. É possível que esmagar os pequenos não seja o único caminho para se ganhar um campeonato longo e equilibrado, mas certamente é um dos mais viáveis. Tenho a sensação de que todo mundo sabe disso, mas entra ano, sai ano e continuamos perdendo preciosos pontos para os figueirenses da vida.
Não aceito reclamações e ninguém precisa me esculachar: já na frase de abertura preveni que o post envolveria discussões vazias e platitudes diversas. Mas acredito que, se nada disso serve de consolo, poderia ao menos servir de lição.
FELIZ NATAL PARA TODOS QUE PARTICIPAM DO ‘REPÚBLICA PAZ & AMOR’…!
CADA QUAL A SEU JEITO CONSIDERO-OS MUITO LEGAIS…VAMOS EM FRENTE COM O MENGÃO NO PEITO… E UM 2017 DE GLÓRIAS, QUE A GENTE SE ENCONTRE , AQUI, OUTRA VEZ, E NOVAMENTE, RSRS.
EDVAN-ALAGOINHAS-BA.
PS – O QUE VOU FAZER SEM ESSA TURMA?
AH, JÁ IA ME ESQUECENDO…O ZÉ NÃO É TÉCNICO PRO FLAMENGO, O TITE, EH…!
VOU E VENHO…!
Edvan, meu camarada!
Feliz Natal pra você também. E no ano que vem, tamo junto de novo. Que 2017 seja cheio de felicidades para todos nós.
Forte abraço. SRN.
OBRIGADO, MURTINHO…SOU SEU FÃ…!
Edvan-Alagoinhas-Ba.
PS – O problema em 2017 é o ZÉ…! rsrsrsrsrs kkkkkkkk hahahaha hehehehe…!
Chegamos ao por mim muito querido dia 24 de dezembro.
Não importa o ano, é sempre um dos mais festivos, sei lá desde quando, talvez 1944, talvez até um pouco antes, na minha primeira infância.
Papai Noel, preciso confessar, no lugar de Jesus Cristo.
A Ãrvore de Natal, no lugar de qualquer Igreja, desta ou daquela confissão.
Importantíssima, a reunião familiar, que, por tantos e tantos anos, continua persistindo.
Os ^jogadores^ (já que estamos num canto de futebol) vão sendo trocados.
Os antigos sendo sempre lembrados, mas os novos, os ainda mais novos, não deixando que a alegria diminua.
Assim será neste 2016, que, se foi – e muito – decepcionante em tantos campos da vida brasileira e flamenga, foi também intensamente vivido, pois as decepções foram sempre precedidas pela esperança, que, apesar de tudo, continua a existir, até maior do que antes, pois, acima de tudo, existem aquelas pessoas tão queridas, não só as da família, mas os amigos, de sempre e os que surgiram há pouco, alguns até neste ano cinzento, inclusive os virtuais, como tantos deste Blog, o nosso RP&A.
Para todos, mesmo aqueles que costumam discordar, o meu desejo que possam cantar, a pleno pulmões, por mais piegas que possa equivocadamente parecer, NOITE FELIZ.
Natalinas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Mata-mata ou pontos corridos.
Tanto faz, o importante é ganhar.
Já ganhamos com pontos corridos. Já perdemos com mata-mata.
O problema, é que nos últimos anos não ganhamos rigorosamente nada. Se não aprendemos ainda a jogar pontos corridos, aparentemente esquecemos como se joga mata-mata.
Em 2016 gastamos os tubos em contratações e altos salários e perdemos precocemente todos os torneios mata-matas para as seguintes potências esportivas: atletico-PR, vice, fortaleza e palestino.
E é melhor reaprender logo, porque o grupo 4 da Libertadores não é pra amadores. A média de gols da Universidade Católica em jogos FORA DE CASA em 2015, foi de TRÊS GOLS por jogo, só para que se tenha uma ideia do que nos espera.
Fico com o brilhante diagnóstico do Bruno, mas acrescento que só “sangue nos olhos” não resolve.
Se começarmos 2017 com Gabrieis, Fernandinhos e Marcios Araújos no time titular, Guerrero isolado, e um esquema monocromático dependente de Diego, não vai fazer muita diferença se o campeonato é de mata-mata ou pontos corridos…
Murtinho, muito bom vê-lo de novo interagindo nos comentários. Vc faz falta.
SRN
*Em 2015, leia 2016
Fala, Romano.
O problema é tempo, rapaz. Se eu tivesse tempo sobrando, escreveria muito mais e responderia a todos os comentários. Acho o maior barato. Mas, infelizmente, é impossível.
Concordo: sangue nos olhos, raça, tudo isso deveria ser default num time de futebol. Mas é preciso algo mais: gente que saiba jogar bola de verdade. E temos algumas carências que têm de ser resolvidas já, e não depois que as competições começarem – como aconteceu esse ano, por exemplo, com o nosso miolo de zaga.
Forte abraço. SRN. Feliz Natal. Feliz 2017 para todos nós.
Coerente com a ^ressaca pré-natalina^ bem sacada pelo nosso Beldroegas, não vou falaar de futebol.
Descanso da companhia.
Vou me atrever a uma recomendação aos caros colegas.
Procurem ler a ^cartinha aberta^ que o Eugênio Aragão enviou para o seu coleguinha Pastor DD.
Simplesmente SENSACIONAL
Diz tudo
Politizadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Nada como ter colega bem informado, a carta realmente é um resumo muito de todo esse embuste que anda por aí, o chato é que pra variar ela não está tendo a divulgação que merece, ou quando muito, publicada mutilada. O que também faz parte do embuste.
Feliz Nata pra todos com ou sem ressacas , rubro-negras naturlamente
Enfim, vou tentar comentar o ^tema central^, que não havia captado como tal.
Estabelecida, em definitivo, que a fórmula de disputa do Brasileirão é a dos pontos corridos, será que o nosso Flamengo ^APRENDEU COMO DISPUTAR O CAMPEONATO^, eis a QUESTÃO.
Pelo que ando lendo onde posso, em especial via computador, NÃO CREIO.
O nosso por muitos louvado Presidente, a quem não dedico admiração, continua arrotando grandeza, o que, para mim, é muito perigoso.
Temos um calendário já montado, com destaque especial para a fase de grupos da Libertadores, cujos adversários serão conhecidos ainda hoje, mas com datas já esclarecidas. Jogaremos em duas semanas de março, em três de abril e em mais três de maio.
Não há DÚVIDAS a respeito. Assim sendo, preparação em caminho, já e já.
Tudo bem. A preocupação do grande Murtinho – ^o seu tema central^ – seria o Campeonato Brasileiro, cuja fórmula (pontos corridos) é diferente da adotada para a Libertadores,
Há que se considerar, por outro lado, que há pontos rigorosamente em comum.
Quais serão os nossos jogadores, quais os estádios em que iremos jogar, são, por exemplo, perguntas que cabem numa e noutra disputa.
Li – e morri de rir – que, ^de forma republicana^, a nossa Diretoria afirmou (emitiu até Nota Oficial) – ^Só jogaremos no Maracanã (eles ainda não adotaram a nomenclatura correta, MaracANÂO), se o meu parceiro for escolhido para gerir a bagunça.^
De imediato, tive saudades de Don Pedro II.
Quer dizer que, se não for o meu amigo, lá não entro.
^Republicano^ e altamente democrático.
Bem de acordo com os tempos atuais em terras tupiniquins.
Como dizem que o parceiro será o escolhido, parece que teremos um problema a menos. Jogaremos no ANÃO.
Jogadores.
Tenho verdadeiros calafrios com este momento do ano, em termos de futebol.
Vem Fulano, sai Beltrano.
Um abominável ^quem dá mais^.
Além do mais, quase sempre meramente especulativo.
Por mim, começou muito errado, em razão de certas renovações, que nem vou comentar. É de chorar na rampa.
Tenho, ainda, outros ^craques^ na listinha de dispensas, mas, pelo que ando lendo, a maior parte deverá continuar.
Por tudo que exposto ficou, caríssimo Murtinho, chego a uma conclusão definitiva.
Não há, pelo menos por enquanto, como enfrentar o ^tema central^.
As perspectivas não são boas, mas, com a ajuda de São Judas Tadeu, pode ser que aconteça algum milagre.
Há que se aguardar.
Milagreiras SRN
FLAMENGO SEMPRE
Pois é, Carlos.
Bem que São Judas Tadeu poderia ajudar, mas, por via das dúvidas, acho recomendável contratarmos um bom volante e pelo menos mais um grande atacante.
Forte abraço.
Lendo as respostas que o Murtinho, em boa hora, voltou a adotar, dois assuntos se me parecem obrigatórios comentar.
Um deles vou fazer agora, o outro, como já é tarde da noite, vou deixar para depois.
INJUSTIÇA –
Uma das maiores atrações do nosso esporte favorito é exatamente a possibilidade de ocorrer INJUSTIÇAS, muitas, uma atrás da outra, o que é praticamente impossível em outras modalidades.
A injustiça não se reflete no fato do oitavo vencer o primeiro, mas é inegável que o critério mata-mata abre espaços ainda maiores para que venha a ocorrer amiudadamente.
O problema está em tudo se resolver em apenas UM confronto (normalmente, com jogos de ida e volta).
Muito mais justo que o campeão seja o time que MAIS se impos, ao longo de trinta e oito jogos (como é também na Inglaterra, na Espanha, na França, na Itália, sendo trinta e quatro na Alemanha), do que aquele que se beneficia apenas e tão somente de dois, quando pode jogar numa retranca absurda (como qualquer time do Simeoni) e arrancar um empate e uma vitoria magrinha de um a zero.
Em 1950, o Brasil perdeu para o Uruguai (mesmo não tendo sido este o critério, na oportunidade), em 1954, pior ainda, a Hungria para a Alemanha, em 1974 e 1978, a Holanda para a mesma Alemanha e para a Argentina, são MUITOS dos exemplos possíveis.
Não há como remediar o óbvio – uma confrontação entre todos será SEMPRE algo mais coerente que qualquer outra fórmula, a não ser que se busque resultados de outra natureza, ou seja, no campo econômico-financeiro.
Competições INTERNACIONAIS, como de todo EVIDENTE, NÃO PODEM ser disputadas de forma diferente que a das Copas do Mundo. Resumem-se a disputas de apenas UM MÊS, por mais que se queira desfigurá-las com um GIGANTISMO havelangeano, que já se transforma em um possibilidade DANTESCA de QUARENTA E OITO seleções.
Mesmo assim, ao contrário do que aconteceu nas três edições anteriores à Grande Guerra, instituiu-se a fase de Grupos, procurando-se, ao máximo, minimizar os efeitos do acaso decidindo uma classificação e, por conseguinte, uma eliminação.
O segundo tema, que não percebi ser considerado como principal – uma vez admitida a regra do jogo, adaptar-se (no caso o nosso Flamengo) a ela – comentarei depois.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Meu querido Carlos.
Concordo no atacado, discordo no varejo.
1) O bem-armado time do retranqueiro Simeone nas últimas três temporadas chegou duas vezes à decisão da Champions League, jogada em partida única. Como se atravessasse uma faixa preta na camisa, foi bivice. Entretanto, ficou com o título da Liga Espanhola – disputada sob os pontos corridos – em 2013/2014.
2) Minha preocupação não é com a economia ou com as finanças. É com a emoção, o grande jogo que decide de verdade. Quero ver de novo um Flamengo e Atlético como o de 80. Um Flamengo e Grêmio como o de 82. Sei que para isso existe a Copa do Brasil, mas acho que a competição mais importante do futebol brasileiro merecia momentos como aqueles.
Grande abraço. SRN. Feliz Natal pra você e sua maravilhosa família.
Tenho que discordar, novamente, de seu ponto de vista amigo, os principais campeonatos no mundo são feitos por pontos corridos, Espanha, Portugal, Inglaterra, França, Holanda, Alemanha, França e por aí vai, você confunde CAMPEONATO com TORNEIO, Champions League, Europa League e Copa da Mundo, da mesma forma que a Libertadores e Sul Americana são TORNEIOS cujos clubes classificados em seus respectivos campeonatos de PONTOS CORRIDOS a elas se habilitam, logo essa discussão, que sequer existe, é inócua, vazia e sem sentido.
Ler Merval Pereira deve ter mexido com seu equilibrio, por favor, mude com urgência seus hábitos de leitura, você verá como se sentirá melhor e muito mais bem informado.
Feliz Natal e um Ano Novo repleto de conquistas,
SRN !!!!!!!
Não, Schwarzenegger, discordo e reforço: as principais competições de futebol que existem, tenham o nome que tiverem – campeonato, torneio, taça, troféu, sei lá – são a Copa do Mundo e a Champions League. Ambas contam, após uma fase classificatória, com fases decisivas disputadas sob a forma de mata-mata.
E vale aqui o mesmo argumento que usei na resposta ao Gilberto: achar que o mata-mata caracteriza necessariamente um torneio é diminuir nossas conquistas em 80, 82, 83, 87 e 92. Queremos isso?
Que a discussão é vazia e sem sentido, nenhuma novidade. Eu mesmo escrevi. E acho que não ficou claro que o eixo do post não é debater o que não será alterado (o sistema de pontos corridos no Campeonato Brasileiro) e sim o que precisa mudar – nossa insistente e irritante falta de competência para compreendê-lo e disputá-lo.
Seu parágrafo sobre o Merval Pereira é muito bom. Cheguei até a escrever, entre os travessões que usei para definir o cara, “jornalista experiente, integrante da Academia Brasileira de Letras e muso do impeachment”, mas achei mais conveniente deixar quieto, para não cutucar com vara curta a onça do radicalismo político que, num certo momento, tomou conta do blog. Melhor assim.
De qualquer modo, deixa eu dizer: leio tudo o que consigo e que o tempo me permite, até coisas bem piores. Sim, se você pensou em Reinaldinho, Olavo e Pondé, bingo. Não é sempre, claro, porque não há estômago que resista, mas às vezes dou uma conferida, nem que seja para ver até que ponto é capaz de ir a cara de pau de certas pessoas. Além disso, não sei se ler somente as pessoas com quem concordamos nos deixa mais bem-informados.
Quanto a me sentir melhor, agradeço sinceramente a preocupação, mas pode ficar tranquilo: estou ótimo.
Abraço. SRN. E feliz 2017 para todos nós.
Que que tá havendo aí, porra!Todo mundo caladinho, é ressaca pré-natalina ou ainda deprê pela pífia atuação do Mengão esse ano? Verdade é que está na hora da gente ganhar um título de expressão, o último foi em 2009, houve de permeio uma Copa do Brasil, acho. Eu não acredito nessa falácia de autoajuda ( nossos professores acreditam piamente, por isso vivem perdendo jogos idiotas e não saem do manjado ramerrão, pior, nossos jogadores também, eles ainda ficam com aquela história de se ajoelhar no gramado pedindo a Deus que endireite as respectivas pernas-de-pau, nada contra religião de cada um, mas seria melhor que confiassem mais nos seus tacos do que em Deus, que, aliás, não anda ajudando o Seu, Dele, time do coração que só pode ser o nosso, bem, me perdi, fechar parênteses). Mesmo sabendo que nossa mente não tem esse poder todo, mas não custa tentar imaginar encher aquele novo CT de vitórias, campeonatos, canecos o que der lá dentro. Já perdemos muito tempo bestando por aí, um ano inteiro, sem ganhar porríssima nenhuma, tem dó. Vou parar porque meus olhos estão marejados, qual donzela descabaçada. Vamos lá moçada, 2017 será o nosso ano.
Caro Murtinho,
Em um campeonato cuja duração ultrapassa a novela das 8 (agora é das 9 né?), qualquer recorte que façamos é apenas a ‘vista de um ponto’, nesse ponto concordo com a Bia em seu comentário, não foi só “esmagando os pequenos” que o título foi decidido.
O ‘Parmera’ ganhou também porque teve aquele famoso elemento determinante em campeonatos de pontos corridos: regularidade. Vitórias muquiranas de 1 X 0, pontos ganhos fora de casa, defesa consistente e um time sem ‘Diego-dependência’, por exemplo.
Já o Flamengo cultiva a tempos o papel de Robin Hood do esporte bretão, “rouba dos ricos e dá para os pobres”, ou seja, ganha dos grandes e perde para os pequenos. Além de ladrão é viado, diria a torcida arco-íris na contramão do politicamente correto (MUHLENBERG, . [s.d.])
É nesse sentido que vejo a necessidade de resgatarmos além das finanças, gestão, ‘compliance’, ‘pranejamento’, planilhas e posições políticas proeminentes (no bom sentido), o famoso “sangue nos olhos” dos jogadores, a declamada raça rubro-negra.
Nosso grande lamento pela falta de mata-mata é que tradicionalmente o Flamengo se agiganta quando um campeonato se decide assim. Daí vem nossa preferência subconsciente por aquilo que nos facilita a vida. Jogos decisivos, no Maraca lotado, que forjaram o nosso lema: “Se deixar chegar, fudeu!”.
Essa transição para os pontos-corridos nos transformou em zumbis durante um bom tempo. Nem time, nem torcida souberam lidar com esse estilo de campeonato, afeito a coitos interrompidos e/ou ejaculações precoces, com vergonhosos namoros com o descenso e salvações apoteóticas da série B.
Como fazer o jogador, diretoria, torcida e treinador entenderem que nessa fórmula fantástica de campeonato, os 38 jogos são decisivos? Pois bem, aos trancos e barrancos, já sabemos que elenco numeroso e qualificado é imprescindível, assim como um estádio pra chamar de seu para garantir uma alta porcentagem de pontos obrigatórios nesses domínios também.
Ocorre que, neste ano montamos o elenco no meio do caminho e jogamos sem uma residência fixa. Disputamos (até certo ponto) a bagaça e criamos (a torcida: melhor marqueteiro do clube) o mote do Cheirinho de Hepta, que movimentou o mercado e alavancou a audiência para a republicana rede de TV dos Marinho.
Ainda assim, particularmente, o que mais senti falta foi da raça nos momentos/jogos decisivos, a falta de tesão em querer ter a bola e só parar depois de conseguir, o carrinho que atravessa as placas de publicidade, a dividida com a trave, o ‘retroceder nunca, render-se jamais’, que sempre amedrontou os times adversários.
Continuo insistindo que lá no CT George Helal deveria ser obrigatório que os atletas cantassem o hino do clube antes de cada dia de treinamento, e, que quando estivessem na academia, as televisões mostrassem imagens de Rondinelli, Doval, Almir Pernambuquinho, Nélio, Mozer, Andrade, Júnior et caterva, para que vislumbrassem um pouco daquilo do que têm a obrigação de representarem em campo.
Por fim, mas não finalmente, aproveitando as analogias entre sexo e futebol, vou de Veríssimo que é muito melhor do que nós em aforismos, para apimentar a discussão sobre mata-mata ou pontos corridos (tirem suas próprias conclusões):
ORGANIZAÇÃO: No fim, sexo e futebol só são diferentes em duas coisas. No futebol não pode usar as mãos. E o sexo, graças a Deus, não é organizado pela CBF.
S.R.N. e um ótimo Natal a todos.
Querido Bruno.
Na boa, esculachou. Comentário maravilhoso.
Acho que você pescou muito bem o que deixou minha amiga Bia irada, embora não tenha sido essa a intenção do post: absolutamente não houve uma depreciação do título do Palmeiras (ela chegou a usar a palavra “despeito”). Pelo contrário: o que eu quis dizer foi que, num campeonato como o Brasileiro, não se pode dar mole pra kojak entregando pontos de bandeja para os times que brigam pra não cair. E é claro que o Palmeiras não foi campeão exclusivamente por causa disso. Perfeito.
Entretanto, seria um argumento plausível afirmar que o Flamengo perdeu sua chance de brigar pelo título até o final por causa disso. Ou seja: nós é que fomos incompetentes, e é isso o que precisamos resolver.
Mas tem uma coisa, Bruno, que eu questiono. Não sei não, mas fico com a impressão de que, quando o time para o qual a gente torce não vai bem – isso vale para o Flamengo e para todos os outros – a tendência é jogar a culpa numa suposta falta de raça ou num certo mercenarismo. Lembro que quando minha tia faleceu, e publiquei aqui no RP&A um post sob o título “Minha professora de Flamengo”, citei a revolta dela quando estávamos assistindo a um jogo pela tevê, o time ia mal e a torcida começava a gritar “queremos raça”. Tia Isa reclamava: o problema do nosso time não é falta de raça; o problema do nosso time é que é ruim mesmo.
Tudo bem que futebol sem dedicação absoluta é inadmissível, mas não dá para acusar de falta de vontade um time que buscou a vitória até o fim, por exemplo, nos jogos contra o Cruzeiro e a Ponte Preta, ou o empate com o Atlético no Mineirão. Ou, ainda, que se matou para garantir o empate, fora de casa e jogando com um a menos em todo o segundo tempo, com o Palmeiras. Claro: o jogo do segundo turno com o América Mineiro foi de dar sono, o empate com o Coritiba foi inaceitável, mas há dias em que as coisas desandam mesmo. E num campeonato longo como o Brasileiro, isso acontece várias vezes. Não quero aliviar o pescoço de ninguém, acho que ainda falta muita coisa para termos o time com que sonhamos, mas não creio que o problema seja de falta de raça.
Bem bacana o comentário e um arraso a citação do Verissimo.
Grande abraço, SRN e feliz Natal pra você também.
Depois dos fracassos com Carlos Eduardo e Éderson, essa diretoria que, definitivamente, não entende nada de futebol, me vem com o bixado Conca? Aos 34 anos e que, segundo os que têm acompanhado a trajetória do argentino, em franca decadência? Pra que? Pra vender camisa e aumentar o ST? O que vai contribuir pra isso é formar um grande time com os meninos da base e ganhar o que vier pela frente. Ou será que o torcedor aprova que se pague um salário de 500 mil pro Conca vir se tratar no Flamengo sem nenhuma garantia de retorno? Bom negócio pros chineses que com a contratação do Oscar extrapolaram o nº de estrangeiros e recebem o Conca de volta curado e com ritmo de jogo. Será que o óbvio é tão difícil de enxergar?
Um adendo (epa!) minha memória só trabalha quando ela quer, me lembrei do nome do folclórico dirigente: Agartino não sei das quantas, acho que era Gomes. Já que ninguém se manifestou, concurso encerrado.
Não, eu não nasci há dez mil anos atrás !
Mas já poderia me aposentar, mesmo se aprovada for a perversa mudança na Previdência Social.
O nosso grande Murtinho, que também não chega a ser uma criança, deve ter menos uns vinte anos. Bem feito, se passar, vai trabalhar mais uns cinquenta.
O que a idade tem a haver com as calças, ou melhor , com o artigo. perguntaria um inocente.
Muito, por incrível que pareça.
Estabelece parâmetros.
Nascemos, ele e eu, na Cidade Maravilhosa, quando fazia jus ao título.
Lá, sabiamente, não mais vivemos. Virou um pandemônio. Decadência completa.
Nos gloriosos anos 50, já era um velho freguês do verdadeiro Maracanã (hoje, como tudo mais, totalmente falsificado).
Murtinho não tinha nascido.
Vou falar, portanto, dos anos 60, quando o nosso herói já frequentava o maior do mundo.
Para não haver dúvida, vou logo para o final – 1969.
Campeonato Carioca, por pontos corridos.
Flamengo 1 x 1 América – 93.393 de público — Flamengo 2 x 1 Botafogo – 149.191 (o jogo do urubu) — Flamengo 1 x 1 Vasco – 131.266 — Flamengo 2 x 3 Fluminense -171.599
Esta a realidade, nua e crua.
Quem viveu esta época, dos vibrantes pontos corridos, dos insuperáveis Campeonatos Cariocas, não se deixa impressionar pela baboseira dos mata-mata, que, além do mais, não poucas vezes consagraram a injustiça.
Além do mais, grande Murtinho, você mesmo dá o argumento definitivo.
Champions League, nos dias de hoje, disparado o melhor campeonato de clubes do mundo.
Sistema mata-mata, tudo bem.
Só que a Champions League, como qualquer pascácio sabe, é alimentada pelos grandes times dos grandes campeonatos europeus, quais sejam, pela ordem de público, o da Alemanha, da Espanha, da Inglaterra, da França e da Itália.
Perguntinha inocente – alguém supõe ser possível que estes campeonatos citados possam ser disputados fora do sistema de pontos corridos (INT)
A Champions está para a Libertadores, assim como, por exemplo, a Bundesliga está para o Brasileirão.
PONTO FINAL e definitivo.
Corridas SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – independentemente da discordância quanto ao tema central, o artigo está ótimo. Um achado a comparação do Flaamengo com certo jornalista que abomino.
PS 2 – Em 1969, para não faltar com a verdade, o nosso último jogo foi contra o Bangu. Sábado à noite, chovendo caracóis. Fora da disputa do título, apenas pouco mais de sete mil otários presemtes, um deles este poderoso escriba. Pelo menos ganhamos de 3 x 1.
Querido Carlos.
Seu excelente comentário levanta outra questão.
Olha só que interessante: na década de sessenta, o Campeonato Carioca disputado por pontos corridos costumava mesmo ser decidido na rodada final, ou no máximo na penúltima. Não lembro como foi em 61 e 62, mas em 63, 65, 66, 67 e 68 a briga foi até a última. Em 64 Fluminense e Bangu terminaram empatados, levando a decisão para o que chamávamos de “Melhor de Três”, e em 69 e 70 a definição veio na penúltima rodada. Era emoção até o fim. (No último Carioca sob os pontos corridos, em 71, a decisão também só aconteceu na rodada final, na famosa partida em que o Botafogo jogava pelo empate e o Fluminense venceu com um gol irregular de Lula bem no finzinho.)
Entretanto, no Campeonato Brasileiro a coisa funciona de um jeito diferente. Em catorze anos de disputas, nada menos do que nove campeões foram conhecidos com razoável antecedência – estou considerando que esse ano o Palmeiras chegou ao título bem antes da matemática.
A explicação me parece óbvia: o número de clubes na competição. No Campeonato Carioca eram doze, no Brasileiro são vinte. Um campeonato com vinte clubes sempre terá uma enorme possibilidade de ser decidido muito antes da hora, enchendo as rodadas finais de desinteresse e falta de graça. A última rodada do Campeonato Brasileiro deveria definir o campeão, e não quem cai ou deixa de cair.
Considero bacanas os argumentos de quem prefere os pontos corridos, só acho que eles retiram do futebol talvez o que o jogo tenha de mais emocionante: a decisão de um título disputada entre dois grandes times.
Por fim, e apesar da longa tréplica, faço questão de repetir o que já coloquei em resposta a outros comentários: o objetivo do post não era discutir os pontos corridos – que, creio, não há mais quem derrube -, mas o fato de o Flamengo ainda não ter manjado quais são as manhas de disputá-los.
Abraço enorme. Saudade do amigo. SRN.
Grande Murtinho,
em primeiro lugar, as clássicas felicitações natalinas e que, no novo ano, tenhamos menos – MUITO MENOS – Mervais, Reinaldinhos, Olavos e Pondés.
Como você gosta de dizer – BINGO !
Nisto, penso exatamente como você. O grande problema está no NÚMERO de participantes. Reforço a idéia com mais um exemplo, valendo-me, ainda uma vez, do nosso espetacular CARIOCÃO, que passou a ser a porcaria que hoje é a partir de que os intrusos do antigo Estado do Rio foram entrando e transformando-o em uma enorme colcha de retalhos.
Enquanto foram os da terra da família Garotinho, ainda deu para aguentar, mas com a chegada de Porto Alegre (Itaperuna), Cabofriense, ADN e outros que tais, lá se foi a vaca pro brejo.
Pior – neste aspecto, para o Brasileirão, não há solução aparente.
Afinal, o noso pequennino Brasil com eventuais DOZE clubes e a grande Inglaterra com VINTE, como explicar.
Os alemães, pragmáticos como sempre, fixaram-se em DEZOITO, motivo pelo qual, a cada ano que passa, lideram com maior facilidade o ranking de público presente e pagante.
No nosso caso, impossível até esta pequena válvula de escape.
É torcer para que o Havelange não ressuscite (ameaça chegarmos de novo aos 94) ou o Infantino não nos dirija as suas baterias inflacionárias.
Dito isto, quero dizer que escrevi uma cartinha para o Papai Noel, com alguns pedidos para o bem do Brasil, estando implícito, como não poderia deixar de ser, mais felicidade para os torcedores flamenguistas (não preciso dizer que pedi que o Márcio Afaújo fosse contratado pelo Chelsea).
No tocante ao RP&A, alegria minha e muitos outros, inclui, entre as pretensões, exatamente a volta triunfal das respostas-comentários do Murtinho.
Estou na dúvida – o Bom Velhinho, antecipadamente,me atendeu, ou foram as férias que chegaram (INT)
Natalinas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Querido Murtinho, muito obrigado pela referência, você conseguiu provar de maneira objetiva minha teoria que por preguiça, a assim chamada falta de saco, nunca me propus a fazê-lo. Então sou suspeito em elogiar seu, pra variar, excelente comentário.Obrigado mais uma vez, nesses tempos tão escuros como cabeludos, também me poupou um Rivotril e meia garrafa do meu professor. Quanto ao Merval, ora o Merval, como diria o Horta em relação a um folclórico presidente dos viceinos que não era o Eurico, vou lhe contar uma história. O nosso José Lins do Rego, que os mais antigos devem se lembrar bem, fanático rubro-negro, ao fazer seu discurso de entrada na Academia esculhambou o Ataulfo de Paiva seu antecessor, coisa que nunca acontecera até então, ele, Zé Lins, considerou o Ataulfo um dos piores se não o pior acadêmico daquela casa. Diz a lenda que desde então, seus discursos eram censurados.
Pois é, em certos setores intelectuais, o Merval, ora o Merval…
Obs. quem se lembrar do presidente dos anões da colina citado, algo assim como Agripino, etc., cartas para a redação.
Grande Xisto, coautor do post.
Até eu me surpreendi com a minha paciência para fazer essas contas todas. Tinha ido ao Rio para o aniversário da minha neta, precisei antecipar o voo de volta por causa de compromissos de trabalho e tomei um chá de aeroporto no Santos Dumont. Quando acabei de reler o maravilhoso “Memórias de um rato de hotel”, comecei a catucar a tabela do campeonato. Vi que o Flamengo perdera os tais nove pontos para times lá de baixo (Figueirense, Inter, Sport), fui conferir os jogos do Palmeiras e me surpreendi ao constatar que os caras ganharam todas. Pensei: olha aí o que o Xisto vive falando. Valeu pela inspiração.
Forte abraço. Deixo recomendações ao gato, que anda sumido, e rendo minhas homenagens à sacrossanta máquina de escrever.
A mim parece óbvio que a fórmula mista pontos corridos e mata-mata entre os 8 primeiros classificados é a que pode trazer um pouco de graça e emoção a esse mequetrefe futebol brasileiro.
O fato de um desses 8 ter chegado em 1º lugar antes do mata-mata – sabendo que ele (mata-mata) é que vai decidir – e ser destronado no final não significa necessariamente injustiça com a suposta melhor campanha, já que, conhecendo a fórmula, teria que se adequar a ela, implicando num planejamento de acordo, tal qual em corrida de longo alcance quando o corredor mantém a regularidade pra permanecer entre os primeiros e solta as pernas no sprint final.
Também poderia/deveria haver bonificação de acordo com a colocação nos pontos corridos (3 pontos pro 1º, 2 pro 2º e assim por diante), o que eliminaria qualquer possibilidade de injustiça.
Lembrando que o Campeonato Brasileiro é longo o bastante pra que a questão do mérito, da justiça e da regularidade prevaleçam.
Meu querido Rasiko.
Acho que é mais ou menos por aí. Se o campeonato começa com todos sabendo que há uma fase classificatória e depois uma fase decisiva, não existe esse papo de que ah, o primeiro perdeu pro oitavo, como é que pode, injustiça etc. e tal. Perdeu, perdeu, fazer o quê?
Mas, repito: a discussão é infrutífera. E quero ressaltar, ainda, que o papo sobre os pontos corridos foi simplesmente o pontapé inicial para o post. O objetivo era discutir a necessidade de o Flamengo se adequar de uma vez por todas a esse tipo de disputa.
Grande abraço. SRN.
Salve Jorge do Bem!
Exato. Concordo. Mas acho que deveríamos insistir, sim. Desse jeito o Brão não tá bão. Muito chato. E não digo isso só porque perdemos e o título do Palmeiras ficou óbvio muito antes da reta final. Lembro que em 2009 aconteceu coisa parecida. Assisti em Lisboa e se não fosse o maravilhoso vinho alentejano o pau nem se assanhava. Pior que maconha palha, que por sinal eliminei da minha dieta. É impossível esquecer o que vivi vendo os timaços do passado, e nem espero isso, mas todas as coisas da vida têm uma essência que não pode ser ignorada e no futebol é a paixão, que tem que ser incorporada por todos – jogadores, comissão técnica e diretoria – e não pode ser superada pelo business. Disso os competentes departamentos que cuidam do assunto estão resolvendo, exatamente para que os amantes se refestelem na varanda sem preocupações outras que não a expressão dessa paixão.
Grande abraço procê também
srnp&a
Prezado Murtinho!
Também não gosto do esquema de pontos corridos, mas reconheço que ele apresenta algumas vantagens em relação ao mata-mata, mas penso que poderíamos melhorar muito o campeonato, o fazendo mais justo e atrativo se aumentássemos duas datas ao Brasileirão: Semi-final e Final ambas em jogo único na casa do melhor classificado… Tenho dúvidas se daria a vantagem do empate para o melhor classificado também, ou se deixaria resolver com prorrogação e penaltis, mas não tenho dúvida alguma que uma final faria muito bem ao Brasileirão.
SRN
Sim, Pedro, mas agora Inês é morta. Os pontos corridos vieram para ficar, e o que precisamos fazer é não marcar bobeira. O Palmeiras fez isso esse ano e mostrou que dá certo.
Abração. SRN.
Caro Murtinho,
A discussão é vazia mesmo e vou entrar só porque hoje eu sonhei que você tinha postado um texto novo aqui e eu estava comentando! Não tinha nada a ver com o que você realmente postou, aliás (era alguma coisa sobre o mundial de clubes, com uma foto amarelada no meio de uma plantação, eu dei uma confundida com uma coluna do Tostão que eu li esses dias).
Como eu gosto dos pontos corridos e acho que esse saudosismo dos jogos decisivos do passado nada mais é do que um saudosismo do futebol praticado no passado (eu tenho pavor de pensar nos formatos antigos do Brasileirão, com os times disputando as fases iniciais com os poderosos Nacional do Amazonas, Remo, Juventude e Comercial de Ribeirão Preto; os clássicos só apareciam no final, numa espécie de Copa do Brasil piorada, e eu gosto de ver futebol o ano inteiro), vou rebater dois pontos seus:
Copa do Mundo e Champions League podem ser as melhores competições do planeta, e eu sempre gostei das duas, mas estou cada vez perdendo mais a paciência com ambas. A Champions esse ano eu simplesmente desisti de assistir a fase de grupos porque estava de doer. Aquele monte de timeco fundado há dez anos que nem da Europa são estragaram a competição. Eu tentei, eu juro que tentei, mas não consegui mais perder meu tempo com os jogos da fase de grupos. Já defendi isso aqui num comentário do começo do ano: time bom tem que jogar com time bom. É um sacrilégio colocar um Barcelona, um Chelsea, um Bayern de Munique para jogar com Astana, Apoel ou qualquer joça de Israel, e isso EM TRÊS JOGOS DE IDA E TRÊS DE VOLTA! O resultado invariavelmente é uma goleada em que os gols saem aos montes mais por erros grosseiros das defesas amadoras do que por lances dos craques (ou seja, ficamos seis jogos sem ter realmente o prazer de ver Cristiano Ronaldo, Messi etc.) ou um jogo truncado, que não flui, em que não se acertam passes e não se armam jogadas. Um horror. Essa Champions só vai ficar boa depois que chegarem as quartas de final, não vou nem me atrever a ver os jogos das oitavas que eu sei que vou me arrepender. Se todos os campeonatos do mundo fossem mata-mata, a gente ia ter metade da temporada de desgraça, jogada fora com um futebol lazarento. Mais ou menos como já fazemos aqui com os estaduais eternos e o Brasileirão espremido e é por isso que já passou da hora de fazer com que as competições mais importantes sejam distribuídas pelo ano todo. Copa do Mundo está indo para o mesmo buraco, e se aumentarem mesmo para 48 seleções, também não vou perder meu tempo tentando assistir. A única graça na fase de grupos ou é acompanhar a seleção brasileira (essa graça acabou, lembrem-se das últimas três copas…) ou acompanhar o grupo da morte. Sem grupo da morte a gente só vê graça porque quer ver mesmo, porque não tem. Pra ver Copa do Mundo para ver as semi-finais e a final, eu vou ler um livro.
E falar que o Palmeiras foi campeão em cima dos pequenos é puro despeito. Essa sua estatística aí com os quatro primeiros é mentirosa porque o Palmeiras perdeu os dois jogos para o Atlético Mineiro, inexplicavelmente, diga-se de passagem, pois jogou muito melhor. É o Imponderável não pode entrar na estatística; nos últimos anos o Galo virou uma pedra no sapato do Palmeiras, mais ou menos como o Inter foi durante muito tempo (tabu quebrado; o Palmeiras ganhou ou dois jogos dos chorões). Tem que ter um tabuzinho… Não perdeu para o Santos, e também nem queria ganhar, porque o Santos, como você bem lembrou, é café-com-leite em pontos corridos e o que interessava ganhar do Santos foi a final da Copa do Brasil do ano passado. A disputa que vale foi contra o Flamengo, e nessa se fosse uma final seria épica: o Palmeiras deu um chocolate no Flamengo num jogo com mando rubro-negro e ainda pôs mais torcedores onde vocês se gabam de mandar, e se segurou bravamente na liderança, mesmo com o juizão ajudando vocês e tirando o empata-foda do Márcio Araújo. Fora que o Palmeiras ganhou os dois jogos contra o Corinthians (com direito a derrubar técnico na casa do rival…), que vamos ser sinceros vale muito mais do que ganhar dos três clubes citados – só para comparar, o Flamengo tomou de quatro do Corinthians, garfado ainda, se fosse mata-mata teria perdido a final de goleada e ainda com a humilhação extra do chororô, como se fosse um Atlético Mineiro da vida… -, ganhou do Grêmio em um jogo excelente de sete gols, ganhou dos bambis (depois de dar uma vitóriazinha de lambuja para os coitados comemorarem, enquanto o Flamengo conseguiu tropeçar duas vezes no time horrível deles), ganhou de tapetense (os dois jogos) e Botafogo – clássicos que o Flamengo tem dificuldade enorme em ganhar. Ou seja, não ganhou título contra os pequenos coisa nenhuma!
E tenho dito!
Minha querida Bia.
Um post meu fazer parte dos seus sonhos é algo que jamais me passou pela cabeça. Ainda mais quando confundido com uma coluna do incomparável Tostão. Me senti lisonjeado, tremendo presente de Natal.
Como o seu comentário tem duas partes distintas, vou tentar manter o critério na tréplica.
Primeira parte. Em momento algum defendi e jamais defenderei o inchaço e a volta de remos, juventudes e comerciais de ribeirão preto. Aliás, eu não defendo mais nada, porque, como está claro no texto, essa briga acabou e não há mais como derrubar os pontos corridos. Apenas comecei o texto com a história dos pontos corridos por achar que o Flamengo, apesar do título de 2009, ainda não aprendeu a disputá-los. Mas confesso ter achado sua posição meio dúbia: ao criticar a fase de grupos e enaltecer a Champions League das quartas em diante, você não está, justamente, tomando as dores do mata-mata? Bem, Copa do Mundo com 48 seleções eu espero já não estar vivo pra ver. Se bem que outra batalha que estou perdendo é a da tal arbitragem eletrônica, mas isso talvez seja assunto para outro post. O que acho – e, veja bem, isso não aconteceu esse ano, porque apesar dos nove pontos de diferença o campeonato foi bem bacana – é que os pontos corridos muitas vezes jogam a emoção para escanteio. Você vai lembrar: em 2012, depois de vencer o Palmeiras, o Fluminense soube que foi campeão alguns minutos depois, porque um repórter de campo informou que não sei quem tinha perdido para não sei quem lá não sei onde. Maior anticlímax, impossível. Só isso.
Segunda parte. Faltou, no post, algo que cheguei a colocar no primeiro esboço mas acabei tirando no texto final, e o seu comentário deixou claro que era necessário: o título do Palmeiras foi indiscutível, inquestionável, conquistado no campo e na bola, nada a reclamar. Não é fácil segurar a liderança com um time fungando no cangote o tempo inteiro, e o Palmeiras se manteve firme e forte. Aliás, você citou os jogos contra o Corinthians e acho que o do segundo turno talvez tenha sido o mais importante da campanha. (Desculpe, mas a gente tem essa mania de eleger o jogo mais importante, o gol mais importante etc. Por falar nisso, vê se você concorda comigo: o gol mais importante desse título foi o de Gabriel Jesus no empate com o Flamengo. Uma derrota ali, em casa e com um a mais durante todo o segundo tempo – magnífica sua observação sobre a expulsão do Márcio Araújo! -, num resultado que levaria o Flamengo à liderança, talvez mudasse os rumos do campeonato. E a vitória sobre o Corinthians em Itaquera, na rodada seguinte, restabeleceu a autoridade palmeirense. D’accord?) Outras discordâncias: o Flamengo que o Palmeiras derrotou no primeiro turno não disputou título nenhum. O tal cheirinho só começou a ser sentido depois que a zaga foi arrumada e, sobretudo, após a chegada do Diego. Aquele time era outro, o que revela mais um dos grandes problemas do Flamengo na disputa dos pontos corridos: a mania de tentar arrumar as coisas durante a competição. E para deixar as coisas claras: o lugar em que a gente se gaba de mandar é o Maracanã. Também acho que não é muito o caso de comparar o sucesso do Palmeiras contra o Corinthians com o fracasso do Flamengo contra o Corinthians. O campeonato é cheio dessas coisas e poderíamos, por exemplo, dizer que o Flamengo ganhou os seis pontos da Ponte Preta, enquanto o Palmeiras ganhou apenas um. Ou que o Flamengo ganhou quatro pontos de Atlético Mineiro e Santos, enquanto o Palmeiras ganhou apenas um. Isso não muda nada. O Palmeiras levou o título, fez bem e fez bonito. E o fato de o time ter faturado os seis jogos contra os times que caíram e mais os seis contra os que chegaram à última rodada com chance de cair, enquanto os outros candidatos ao título cansaram de tropeçar, não deve ser visto como um demérito. Continuo achando, no melhor estilo Xisto Beldroegas, que é fundamental esmagar os pequenos.
Beijo enorme. Feliz Natal. Muito bom ler aqui as coisas que você escreve.
Oi Murtinho!
Realmente, o mata-mata da Champions é insuperável. Só que não daria para o futebol europeu viver só de Champions. A graça é que em meio aos jogos de mata-mata da Champions os ingleses estão jogando clássicos na Inglaterra, se calhar do Barcelona pegar o Real Madrid uma semana antes, eles jogam todos os jogos com titulares e sangue nos olhos, sem reclamar, enfim, o futebol não pára, e na minha opinião os pontos corridos só melhoram o nível técnico de uma competição como a Champions. Se fosse para o Brasileirão ser de pontos corridos, os times teriam que disputar alguma espécie de competição regional, um Rio-São Paulo, uma Copa Sul-Minas, algum torneio de fundo de pontos corridos que mantivesse os times o ano inteiro – como os estaduais eram antigamente, o ano inteiro – e fizesse as vezes dos campeonatos nacionais europeus para a Champions League (eu acho que a Libertadores, por mais que forcem a barra, nunca vai ser para nós tão importante quanto a Champions é para os europeus; o campeonato mais importante para os brasileiros tem que ser o Brasileirão). Além disso, como eu disse no meu comentário, não tem nada que seja bom que não dê para estragar, e a politicagem da UEFA tirando times italianos (com a falácia do tal “ranking de clubes”) para colocar times de aluguel do Leste Europeu mexeu com o nível do futebol da fase de grupos. Se nem o maior torneio do mundo está imune a esse povo atrapalhando, eu penso que um campeonato seguro como o Brasileirão de pontos corridos foi a melhor coisa que aconteceu no futebol brasileiro. Dava para fazer muito melhor (muito melhor que a Europa, inclusive; eu não sou pacheca mas acho que o potencial do futebol brasileiro é único) em outros formatos aqui no Brasil? Dava, mas nós não temos nem dirigentes, nem esportistas, nem políticos e nem imprensa para garantir isso. Ia virar um tapetão sem fim. Tem que ter um campeonato “sem graça” para não matarem de vez o prazer de acompanhar futebol com as infinitas possibilidades de viradas de mesa.
Quanto ao Flamengo ainda não ter engrenado nos pontos corridos (isso eu concordo; parece mesmo que o único Brasileirão de pontos corridos que o Flamengo disputou para ganhar foi esse de 2016; mais até que o de 2009), eu tenho uma teoria para isso, baseada, como sempre, no Palmeiras. O Palmeiras, como o Flamengo, está desde 2003 muito confortável em não fazer porra nenhuma no Brasileirão. Aliás, desde que perdeu o mundial para o Manchester, a obsessão, partindo principalmente da torcida (e espertamente aproveitada pelos dirigentes) era se classificar para a Libertadores para perseguir o sonho de disputar outro mundial. Como fases horríveis do Palmeiras coincidiram com fases horríveis do Corinthians, todo mundo se acomodou em passar vários e vários campeonatos brigando para não cair, sempre com aquele sonho de dar uma disparada nas últimas rodadas e ficar com uma vaga na Libertadores. Uma ambição patética que quase sempre deu errado. Aí entrou um componente que eu considero fundamental para a insatisfação da torcida do Palmeiras com essa meta mesquinha: a rivalidade. Depois de ver o São Paulo ganhar três campeonatos seguidos, a coisa já ficou desconfortável, mas como o São Paulo não é um graaaaande rival, o que incomodou mesmo foi o Tite ser bicampeão com o Corinthians. Ali ficou claro que o objetivo tão sonhado pela torcida do Palmeiras, conseguido pelo rival (Libertadores e Mundial), passava por levar o Brasileirão a sério. Ficou claro não não bastava se arrastar para conseguir uma vaga na Libertadores e contratar medalhões para disputá-la no ano seguinte, que uma equipe com ambições maiores teria que ser forjada no Brasileirão, e um time para ser levado a sério teria que vencer um Brasileirão. O Paulo Nobre entendeu bem que as metas do Palmeiras, comparadas às conquistas dos rivais, estavam apequenando o clube. Por isso acho que o Flamengo sofre da mesma falta de rivalidade que o Palmeiras sofreu. Os times do Rio não despertam mais rivalidade, não estão conquistando nada, não estão incomodando. Botafogo e Vasco foram rebaixados cinco vezes, o tapetense ganhou 2 Campeonatos Brasileiros, mas um time que faz a presepada que fez para não disputar a Série B não provoca inveja em ninguém, provoca pena. O Flamengo vai ter que encontrar outra motivação para vencer, porque a motivação natural que as rivalidades históricas trazem não ajudam e a perspectiva é de que continuará assim no futuro próximo. Acho que foi por isso que jogar a temporada inteira fora de casa foi tão bom para o Flamengo, despertou um sentimento de “contra tudo e contra todos”, do Flamengo ter prazer em mostrar mesmo que tinha torcida pelo Brasil todo. Teve um pouco de bravata na história do “cheirinho”, mas às vezes é bom ter uma bravata para honrar, uma provocação aos outros times pode motivar.
Torço para que a diretoria do Flamengo entenda a importância disso e dê um jeito de alimentar esse Flamengo “garganta” de algum modo. Se continuar peitando a ferj, contestando a cbf, brigando com Marco Polo e cia., se mantendo num nível superior ao de Eurico Miranda, acho que além de ser o certo a fazer ainda motiva o Flamengo a ser campeão para esfregar na cara desse povo.
Enfim, Murtinho, o prazer de entrar aqui é sempre meu. Espero que você e todos aqui tenham um excelente fim de ano.
Grande beijo e até a próxima!
Minha amiga Bia.
Seu comentário tem dois pontos extraordinários.
Extraí, e reproduzo abaixo, o que considero uma das mais brilhantes defesas que já li ou ouvi dos pontos corridos:
“Se nem o maior torneio do mundo está imune a esse povo atrapalhando, eu penso que um campeonato seguro como o Brasileirão de pontos corridos foi a melhor coisa que aconteceu no futebol brasileiro. Dava para fazer muito melhor (muito melhor que a Europa, inclusive; eu não sou pacheca mas acho que o potencial do futebol brasileiro é único) em outros formatos aqui no Brasil? Dava, mas nós não temos nem dirigentes, nem esportistas, nem políticos e nem imprensa para garantir isso.”
Matador e irretocável.
O outro ponto é o da rivalidade. Eu também concordo que devíamos considerar o Campeonato Brasileiro mais importante que a Libertadores, e hoje consigo entender o quanto a rivalidade regional é responsável por acontecer o contrário. Cheguei a São Caetano do Sul em 2005, ano em que o São Paulo ganhou sua terceira Libertadores. O Santos já tinha vencido duas, o Palmeiras uma, faltava justamente quem? Ora, o Corinthians. Era quase que uma mancha na história do clube, mais até do que o muito suspeito título brasileiro conquistado no mesmo ano. A ausência de uma Taça Libertadores da América no currículo corintiano servia para encerrar qualquer discussão, e isso foi o segundo grande motivo (o primeiro, claro, foi o interesse da mídia em contar com mais uma competição futebolística de grande audiência) para transformar a Liberta no sonho de consumo de todas as torcidas brasileiras. O segredo, me parece (embora seja difícil), é o Flamengo conseguir parar de uma vez por todas de se preocupar com vascos e euricos, e entender que a grande rivalidade agora é com os verdadeiros gigantes do futebol brasileiro. Um dos passos para isso seria disputar o Campeonato Carioca com um time que misturasse a molecada vinda de base com jogadores reservas ou voltando de contusão – o que, no tempo em que comecei a acompanhar futebol a gente chamava de “aspirantes”. Mas sei que isso não é simples. Contratos precisam ser cumpridos, há os interesses dos patrocinadores, e os bandidos organizados sob a forma de federações de futebol sempre acenam com retaliações. Mas, quem sabe?
Entretanto, discordo da sua penúltima frase: mesmo que você goste bastante de entrar nesse humilde espaço que ocupo no RP&A, nós é que, mais do que prazer, temos de nos sentir honrados com a sua participação e a sua lucidez.
Feliz Natal. Feliz 2017. Beijo enorme.
Concordo contigo, acho que o campeonato poderia muito bem ter uma fase de mata mata com os quatro melhores jogando entre si , ou os seis dividido em dois grupos jogando entre si, ou até os oito melhores em disputa direta, todos em jogos de ida e volta, o que tornaria o campeonato muito mais atraente. Afinal, essa sempre foi a nossa cultura, mas há tempos que assistimos a cbf transformar o futebol brasileiro em uma cópia pífia da europa. Perdeu muito o charme desse jeito. Imagine os clássicos finais com casa cheia? Sem comentários.
Mais uma vez, é um prazer ler seu post, Jorge.
Aliás, para mim vc é o melhor cronista rubro negro, e foi aquele que melhor fez o balanço do time em 2016, sem nenhum ufanismo barato ou análise superficial.
Forte abraço.
Fala, Elvis.
Sim, acredito que uma fórmula semelhante a essas que você propõe seria mais bacana, mais eletrizante, mas como disse no post, essa briga nós perdemos. Bola pra frente.
Ufanismo é tolice e análise superficial é algo desnecessário: tá cheio de gente que faz isso na grande imprensa esportiva. Obrigado pelo elogio, mas “melhor cronista rubro-negro” é um pouco demais, né não?
Grande abraço e SRN.
Prezado Murtinho, futebol de torcida única, futebol sem bandeiras, papel picado, sem sambas ou as marchinhas adaptadas aos cânticos do clube, e sem final , é como fazer amor sem preliminares, é uma pena que neste mundo do corretamente correto, das ofensas deslavadas e preconceituosas no meio virtual, nó percamos a grandiosidade da emoções que só o futebol nos dava. Posso falar, pois, assisti in loco aquela final de 80, e tantos outros jogos no sol e no perrengue das grandes arquibancadas, pode ser, e é saudosismo, mas, o que seria de nossa lembranças, se as mesmas não fossem lastreadas em grandes e maravilhosos momento dos domingos de maraca, dos domingos em um estádio de futebol. Parabéns, tô contigo!
Pois é, Maurício.
Também sinto falta de tudo isso aí que você falou, e é impossível que quem viveu essas coisas não sinta. Paciência, vamos em frente.
Obrigado pela participação e pelo elogio. Abração.
Dessa vez discordo do Murtinho, campeonato não é torneio, prefiro os pontos corridos, até porque de mata-mata já existe a Copa do Brasil, a Sul Americana, a Liga, etc…
É injusto o time que foi mais regular e jogou acertadamente pelo regulamento sair da competição num mata-mata, além disso, a preparação física para um campeonato de pontos corridos é muito mais bem elaborada e profissional do que numa competição de tiro curto como o mata-mata e que exige uma explosão física e um desgaste muito maior do que o progressivo aumento de performance dos pontos corridos…
Acho até o campeonato por pontos corridos muito mais fácil do que o mata-mata, basta saber disputá-lo, coisa difícil para o Flamengo, onde a diretoria só entende de finanças e nada de futebol e se contenta com pouco, acha que dirige um clube sem torcedores, afinal a Torcida Magnética jamais foi ouvida para nada, pela diretoria o Wallace ainda estaria no clube, a sorte é que ele ao ser perseguido pela Torcida pediu para sair e a diretoria teve que se mexer e contratou dois refugos, um bom, o Réver e o outro péssimo, o Vaz, que era reserva em time da segunda divisão, mas, o xerife Réver com seu bom futebol prevaleceu e normalmente tem conseguido cobrir as falhas e o tosco futebol de chutões e entregadas do companheiro, assim como o Aarão tem conseguido cobrir o péssimo Márcio Caramujo no meio-campo, mas, em 2017 precisa mais, não dá mais para aguentar PV entrando normalmente no lugar do bom goleiro Muralha, Pará sendo titular e Rodinei no banco e o Leo sendo jogador do Flamengo e titular absoluto com boas atuações no Furacão, sendo esquecido por lá, Vaz, péssimo como titular e Juan de bengala ainda no elenco por caridade da diretoria, Jorge sendo o único jogador titular da base e sendo preparado para sair, Caramujo eterno titular, com Ronaldo sem oportunidades e Cuellar sendo queimado, Mancuello idem, Fernandinho, Gabriel, Cirino como titulares ou primeira opção para entrar, Guerrero chupa-sangue e fraco tecnicamente como titular absoluto e tão prestigiado que ainda indica um outro compatriota que é contratado por essa diretoria que não entende de futebol…
Enquanto isso, os bons jogadores da base vão entrando e saindo do time titular, sendo queimados, sem conseguir ritmo de jogo e continuam pedindo passagem e o pseudo treinador que os conhece, não lhes dá oportunidades reais e insiste com a panela, ao invés de detoná-la numa barcaça, coisa que vai acontecer com ele no meio do ano, como tem acontecido com todos os treinadores do Flamengo nos últimos anos que tentaram treinar essa turminha da Stella, ex-jogadores em atividade e paneleiros que jogam quando querem e quando o treinador não faz todas as suas vontades, andam em campo, entregam jogos, desagregam o ambiente, boicotando o treinador, a Torcida Magnética e a Instituição Flamengo!!!
Em 2016 não ganhamos absolutamente nada, para 2017 ser diferente é preciso mudar muito!!!
A começar pela BARCAÇA levando o treineiro, o auxiliar Jayme, o Ridículo Caetano, o PV, o Pará, o Vaz, o Juan, o Chiquinho, o Caramujo, o Allambique Patrick, o Gabriel, o Fernandinho, o Cirino, o Seu Peru, o Sheik, etc…
Alguns como o Seu Peru, tem muito nome e pode ser usado como moeda de troca, outros tem o contrato vencendo nesse fim de ano, gente, é só não renovar!!!
Mas, a maioria dos citados vai dar lucro se sair do clube, afinal pernas-de-pau desequilibram o jogo, só que contra!!!
Concordo com essa “diretoria” quanto aos reforços pontuais, sim, já temos a maioria do time titular como reservas e como jogadores da base, então, é só colocar o Rodinei para jogar, o Leo Duarte, o Ronaldo, o Paquetá, o Mancuello, o Cuellar, o Viseu, etc. e contratar bem, prá que contratar agora uma aposta como o Conca?
E se ele estiver bichado?
Vai fazer companhia ao Éderson no DM???
E outra cara aposta no Marinho ou no Vitinho?
Ao invés do Vitinho tenta o Valdívia, ao invés do Marinho tenta o Lucas Moura do Paris Saint German, troca pelo seu Peru, pensa grande porra, aqui é Flamengo!!!
BARCAÇA JÁ!!!
FELIPE MELO NÃO!!!
SRN!!!
Fala, Gilberto.
A Copa do Brasil ficou bem mais interessante, e ganhou muito mais representatividade, depois que passou a contar com os times da Libertadores. Concordo que, a partir daí, começou a fazer mais sentido disputar o Campeonato Brasileiro sob o sistema dos pontos corridos.
Pode ser que eu esteja enganado, mas não acho que um mata-mata na fase final caracterize uma competição como torneio. Esse raciocínio nos leva a acreditar que em 80, 82, 83, 87 e 92 não ganhamos o Campeonato Brasileiro, e sim um torneio menor. (De acordo com essa lógica, torneios são sempre menores que campeonatos, certo?)
Outro tema do seu comentário que merece debate é a história da justiça – algo que no futebol é bastante discutível.
Tenho outra discordância importante: gosto do Guerrero. Claro que está longe de ser um jogador intocável, mas o considero um atacante muito bom que sofre por falta de companhia. Não discuto a questão de ganhar ou não uma fortuna, isso aí é outro papo e faz parte do tal “absurdo a que chegaram os valores que giram hoje junto com a bola”. E é justamente por causa da solidão do Guerrero que gostaria de ver Vitinho no Flamengo. Um cara ofensivo, que se movimenta por todos os lados do ataque e, principalmente, chuta de fora. Nosso time não chuta. Por outro lado, concordo que, tecnicamente, Valdívia é mais jogador.
Lucas Moura? Tá doido, rapaz! Ele deve ganhar uma fortuna lá no PSG, não tem como trazer um cara desses. Mas acho interessante sua restrição ao Felipe Melo. Não tenho nada contra ou a favor do Felipe Melo e não compreendo bem essa idolatria que a torcida do Flamengo tem por ele, da mesma forma que nunca compreendi a obsessão por Montillo, que durou um bom tempo e só acabou após a chegada do Diego.
Valeu, meu camarada. Grande comentário. Muito bom pra gente continuar discutindo as questões rubro-negras.
Abração.
acho campeonato de pontos corridos muito chato !!! pricipalmente aqui no Brasil, onde as equipes entram de férias antes da temporada acabar !!! um campeonato começa frio, fica morno e termina gelado !!
Fala, Vidal.
Rapaz, eu nem acho o Campeonato Brasileiro chato, pelo contrário. O desse ano, por exemplo, foi bem bacana. Só que, muitas vezes – e isso é muito comum ocorrer em campeonatos longos, aqui ou em qualquer lugar do mundo – eles perdem a emoção no final, justamente quando deveriam ser mais emocionantes. No mata-mata, não há chance disso acontecer.
Grande abraço.