Nem queria falar nada (diz ele, antes de sair falando), mas chega a ser curioso ouvir dos mesmíssimos produtores de “O Flamengo vai ganhar 217 títulos em sequência, até 2050” seu mais novo sucesso: “Já era, buá, acabou a temporada”. Sim, vocês aí mesmo. Aprumem-se.
Claro, eu sei que cuspir marimbondos faz bem, e que o Twitter é um perfeito saco de boxe anti-estresse para preguiçosos. Há inclusive um estudo de Yale que aponta os três melhores remédios contra a ansiedade: o banho de mar, a música e xingar a defesa do seu time. O estudo não foi publicado, o ministro do Meio Ambiente é que leu por lá e me contou.
E assim ficamos, a caçar os suspeitos de sempre, mas esquecemos o grande culpado de tudo. Trata-se do compositor Lamartine Babo, que ao exercer seu papel de genial letrista acabou por criar um incontornável mal-entendido. Para quem escuta o nosso hino, desde os anos 1940, fica parecendo que o papel do Flamengo é vencer, vencer, mas sua missão é bem outra. Anota aí: o clube nasceu, cresceu e foi alimentado para quebrar a cara de adivinhões, palpiteiros e bidus em geral.
É de se imaginar o tanto de incompreensões e filmes queimados que isso já pode ter gerado:
– Sente-se, meu filho.
– Olá dona cigana, estou indo para a final do Maracanã e não resisti, sabe como é…
– Ohmmmm. Flamengo x Santos pelo Brasileiro, correto? Mostre sua palma, por favor. As linhas de sua mão se entrelaçam feito um peixe. Cheirinho de gol do Leandro.
– Alegria! Aproveita aí para ver nosso futuro na Libertadores e Mundiais, madame.
– Ih meu filho, não prefere voltar depois do jogo?
– Qualé, dona. Desembucha.
– Vejo quase 40 anos sem Libertadores. E o Campeonato Brasileiro será um por década, se São Judas ajudar. Pelo que vejo aqui, ainda vão derrubar o Maracanã.
– Hein? Devolve meu dinheiro, charlatã. Dá os 10 cruzeiros!
É hora de união, de esquecer as intrigas e os clássicos trelelês de bastidores, que não fazem a bola entrar. O único mantra capaz de funcionar, nessas horas, saiu certa vez dos lábios de um meio-campo chamado Arthur Antunes Coimbra, num raro momento de baixa: “Quando a fase é ruim, o jeito é suar mais.”
Ah, quem dera todo messias exalasse essa sabedoria. Chegou a hora de suar. De bombear sangue. De curar as feridas e viroses para as rodadas de fogo que se avizinham.
Sei que o nosso gramado é um cânion, nosso treinador é um Zé Ricardo narigudo e nossa comissão de futebol usa máscara nos olhos, enquanto jogador se arrasta sem a perna em campo. Sei tudo isso. Mas o torcedor que sabe que o Flamengo é preto e vermelho também já aprendeu outro detalhe sobre o clube: nem sempre fomos campeões com técnicos e diretores brilhantes. Muito pelo contrário, aliás. Nossa glória é lutar, várias vezes contra nós mesmos.
O que os sabichões se esquecem, e por isso os comentaristas da Fox sempre se estrepam com o Flamengo, é que nosso escrete raramente se vale do cérebro, mas do coração. E deve ser por isso que a trajetória flamenga é tão ilógica, sentimental e irregular, como os gráficos de um eletrocardiograma, em cima e embaixo, pulsante e vital, como as ondas do aparelho inventado pelos geniais Einthoven e Marey (oh, demorou para abalar).
Chegou a hora, Flamengo. Vá ser sístole e diástole na vida, vá cumprir seu destino de bombear o élan vital de seus jogadores para sua torcida, de lá para cá, daqui para lá. É hora de arrasar novamente os maus profetas, como é seu ofício há 125 anos.
Que venha o Racing, que venha Sampaoli e o São Paulo de Diniz no segundo turno (“A Forra de Fevereiro”). Que venha, em especial, o fim dessa crônica exaltação, uma gemada em letrinhas numa desesperada tentativa de levantar o ânimo da rapaziada.
Aprendi que “esperança” é o caminho mais curto pra decepção e consequente depressão. Não caio nessa. Não vai ser uma vitória sobre os curitibanos que vai levantar meu combalido pau. Como não canso de repetir, o xis da questão tá no topo da pirâmide frequentada, momentaneamente, pela elite comandada por Landim e sua gang, o que existe de mais execrável no que diz respeito a caráter. A corda esticou demais e várias suturas podem ser vistas a olho nu. De acordo com o Venê Casagrande, a reunião do Braz com as organizadas não foi nada amistosa. Ainda bem. Que os jogadores estão deixando a desejar, não há dúvida, mas toda consequência tem uma causa e enquanto esta não for descoberta – em ambos os sentidos – e solucionada, a esperança é vã, ingênua e só serve pra mascarar os podres dos poderes da direção. Até lá volto às pesadas pilhas de livros e extensas lista de filmes. Assim como meu querido Carlos Moraes, cresci meio centímetro e deixei o fanatismo pra trás. Afinal, futebol é entretenimento. E só. Fazer disso uma apologia a seja lá o que for seria me identificar com um retardamento mental que, se não me envergonho do passado, dispenso de assumir no presente.
srn p&a
Enquanto vc escrevia isso, o Flamengo era o líder isolado do campeonato.
Chegou o puliça querendo regular o que os outros escrevem. Vai se fudê asqueroso tu é muito nojento.
Tô com o Arthur Maciel e não abro.
Além do mais, com todo o respeito, que babaquice.
O Patético já nos ultrapassou, o que pouco o quase nada representa.
Lembrai-vos que, na próxima rodada, seremos nós que ficaremos com um jogo a menos, eis que a partida contra o Grêmio foi adiada não se sabe para que data.
E daí. Será válida a nossa mais do que provável queda na tabela de classificação.
Claro que não.
Tá tudo aberto. No mínimo, oito times na disputa.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Carlos Moraes e Arthur Macieira Enfiada no Rabo, por que vcs só falam mal do Flamengo?
2020 inteiro reclamando da diretoria, do clube, do time…
Nem em um posto otimista, vcs são capazes de ficar no cantinho de vcs.
Chatos e chorões para caralho, botafoguenses de carteirinha.
Babaquice é a sua Carlos Moraes. “Patético nos ultrapassou”…. o Atlético-MG perdeu em casa para o horroroso Atlético-PR e ontem empatou com o pavoroso Ceará. Rodada foi perfeita para o Flamengo.
O Flamengo vai ser octa e vai disputar a Libertadores até o final e gente como vc, o outro bobalhão do Arthur e o indigitado psicológico fake NÃO TERÃO LEGITIMIDADE PARA COMEMORAR.
Eu, o PULIÇA (kkkk) estarei de olho.
Fiz apenas uma constatação – o Patético passou para a ponta. Se é ou não é um bom time, silêncio total. Detalhe – ainda afirmei que tal nada representava. Motivo – faltam 16 rodadas, logo 48 pontos.
Afirmo e reafirmo.
Todos os oito primeiros colocados têm chances positivas de conquistar o título.
No tocante ao Flamengo, que é o que nos interessa, quando jogou bem – contra o Corinthians, p.ex. – fiz os maiores elogios.
Não vem, no entanto, brilhando, como também aconteceu contra o fraquíssimo Coritiba, cujo time, pelo menos neste ano, é bem pior que os dois citados por você – Genérico e Ceará.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Ô puliça, tu tem que ficá de olho no olho do cú arrombado da tua mulher seu escroto. Tu é chato pra caraleo puta que te pariu, ô vida miserávi desse cara.
Dunlop, primeiro parabéns pela crônica. Sabe que você tem razão? Passada a raiva momentânea, tudo volta como era antes, no quartel de Abrantes, embora eu não tenha a menor ideia de quem foi o Abrantes, talvez um general rubro-negro, não desses daí que pululam nessa porra desse governo de ensandecidos. Torcer e torcer como se nada tivesse acontecido. Mas fica chato essa repetição, pela primeira vez na vida, deixei de assistir um jogo do Flamengo. Quando os bâmbis fizeram o segundo, desliguei a televisão, só fui conferir o resultado muito depois, com direito a saber que o Vitinho tinha perdido mais um pênalti. Mas amanhã estarei assistindo o novo jogo, rente como pão quente, embora não vocação nenhuma para pão, acreditando mais uma vez. E achando que dessa vez vamos esmagar mais um, mesmo que de um a zeroi. Falar nisso, quem é que vamos esmagar mesmo?E que o Rogério vai deixar aquela cara de bunda deslumbrada de quem está doido pra entrar em campo para pedir autógrafo do Bruno Henrique, Arrascaeta et caterva, e finalmente vai dar esporro na rapaziada como fazia no tempo do Fortaleza. Enfim nunca é tarde pra ser feliz. Voltar a ser feliz. Assim seja.
Cabo Xisto, Abrantes era uma cidade perto de onde nasceu Jorge Jesus, a 152km de Lisboa. No século 19, a cidade foi invadida por um general aliado de Napoleão, de nome Jean Androche Junot. Como dom João e seus gajos haviam feito o percurso inverso do Jorge Jesus em 2020 – isto é, vazaram de malas e cuias de Lisboa ao Brasil em 1808, o general Junot jamais era incomodado por português nenhum. Ele se fez duque, o Duque de Abrantes, e quando perguntavam como estava a vida, respondia com a frase que pegou. “Está tudo como dantes no quartel d’Abrantes”. Só sei que o Google diz que foi assim.
Caro Dunlop obrigado pelo “cabo” que você me promoveu, eu, um mero soldado raso cujo único orgulho ( ou defeito?) é torcer pelo Flamengo. Erro de digitação ou não me caiu bem a patente, ainda mais nesse famoso quartel. Muito melhor do que ser general aqui colaboracionista desse infame governo.
Só pra sacanear duas pessoas a quem muito admiro, mesmo que à distância.
O Dunlop errou ao digitar, mas o Xisto também.
Positivamente, não fez o serviço militar, como fiz há séculos atrás.
Cabo, meu caro, não é patente, é graduação.
Se fosse possível digitar Capitão ao invés de caro, aí sim teríamos uma patente.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – qualquer semelhança com um certo capitão é mera coincidência.
Brilhante!
Que inspiraçao, Dunlop! Parabens!
Sim, nao vamos de jeito algum parar de ver as chances e tentar alcançar tudo que ainda esta dando sopa.
Tenho a esperança que vamos encontrar de novo o caminho das vitorias. Desta vez jogando um bom futebol.
Valeu!
SRN
Em primeiro lugar, elogiar um artigo brilhante do Dunlop.
Puta que pariu, que jovem brilhante.
Chegou e arrasou !
Depois, concordar que ^é hora novamente de arrasar os maus profetas^.
Pela lógica mais elementar, não seria possível.
Depois de perdermos um técnico excepcional, mandamos embora um que era uma incógnita, mas, certamente, um inovador, recrutando mais um iniciante, aparentemente acovardado para sacudir a moçada.
Seja lá o que for, a nós, torcedores, não cabe jogar a toalha.
Nunca fizemos e não será agora.
Com Landim e sua equipe de puxa-sacos, com vereadores deixando saudades da Patrícia, que era mais coerente, temos que partir pra cima dos adversários e impor o nosso futebol.
Temos jogadores para tanto.
Não podem ficar abalados com um gol, como admitiu o Ceni em sua lamentável entrevista após mais um sacode-iáiá que tomamos.
Se não reagirem, se não se sentirem capazes, vamos todos afundar, perdendo, neste ano execrável, tudo que ganháramos no ano anterior.
Fibra, minha gente.
Lembren-se que vestem a camisa rubro-negra.
Ainda esperançosas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Sei nao, Carlos “um inovador”? O Dome? Voce acha mesmo? Viu o que de novo, bom, digo. De ruim vi muitas coisas, mas nao é a isso que vc se refere.
Eu estico a mao a palmatoria, jah que achei que o Dome era o tecnico certo e o Ceni tb.
Nao entendo mesmo nada de nada, ta na cara.
SRN
Beleza, Dunlop!
SRN