Qual foi o maior momento particular da sua vidinha? Aquele lance “iiiincrível, épico, memorável”, nas palavras do profeta João Guilherme, de que você se orgulha até hoje, na sua trajetória pessoal ou profissional?
No mais novo livro de Luis Fernando Verissimo, uma antologia dos seus 50 anos de carreira, há uma crônica impagável na qual amigos desandam a recordar seus dias mais felizes, episódios memoráveis que, de certo modo, justificaram suas vidas até ali.
Isso é, o dia em que você brilhou absoluto, mais ou menos como fez Gabigol naquele 23 de Novembro no Peru. A bola quicando, os zagueiros mordendo, mas você não desperdiçou: mandou para dentro com categoria e correu para o abraço. A sua “glória eterna” privada.
Mas fiquemos com um exemplo do próprio Verissimo, tirado da tal crônica “O maior momento” (In “Verissimo antológico”, Editora Objetiva, 2020):
“A Bela disse que foi a primeira vez que acertou um pudim. A mãe vivia dizendo que ela não acertava o pudim porque era muito nervosa. Fazia tudo certo, não errava nos ingredientes, não errava na mistura, mas de alguma maneira seu nervosismo se transmitia ao pudim e o pudim desandava. O pudim também ficava nervoso. No dia em que acertei o pudim — contou a Bela sorrindo —, tive uma crise de choro. Saí da cozinha para não influenciar o pudim, que poderia ter uma recaída. Mas na mesa, quando a mãe disse ‘O pudim é da Bela’ e todo mundo aplaudiu, meu Deus do céu. Nunca mais senti a mesma coisa. Nunca mais.”
Não sei vocês, mas após cem dias asilado em casa durante a pandemia, passei a me dedicar sem dó ao vício solitário da nostalgia. Ah, meus dias de glória… Qual teria sido o maior? Aquela tarde mágica em Paraty? Talvez um certo beijo molhado, naquele momento de indecisão… Ou teria sido aquele nado improvável, com uma equipe da pesada na Costa do Sauípe? Apelemos para o Verissimo mais um pouco, enquanto a inspiração não vem:
“Para o Raul Pedro, foi a vez em que ele acertou uma bicicleta. Nunca tinha testado uma bicicleta antes, mas do jeito que a bola chegou nele não havia alternativa. Fechou os olhos e fez o que tinha visto outros fazerem. Atirou-se para trás, pedalou no ar, sentiu o segundo pé acertar a bola, e quando levantou-se do chão viu que a bola tinha entrado no ângulo. Bem, no ângulo não, porque era uma goleira improvisada de praia. No que seria o ângulo numa goleira regulamentar. Não havia plateia para aplaudi-lo. O goleiro adversário, ressentido, só disse ‘Sorte’. Seus companheiros de time também não se entusiasmaram muito com o lance. Não os conhecia, tinha sido escalado porque estava passando e faltava um jogador. Ele já se resignara à comemoração solitária do seu feito, pelo resto da vida, quando viu o garoto que vendia picolé na praia olhando para ele e sorrindo. O garoto estava sentado na sua caixa de isopor e quando viu que Raul Pedro o avistara levantou o dedão num sinal de positivo. Sua bicicleta tinha sido positiva. A única posteridade do meu lance, disse Raul Pedro, é um vendedor de picolé, que já deve ter esquecido. Mas eu não esqueci. Nunca me orgulhei tanto de alguma coisa como daquela bicicleta.”
Um bom modo de começar a abrir esse baú do passado, que jeito, é desfiar os lances apoteóticos dos grandes amigos, que testemunhamos incrédulos, cientes de que estávamos vendo episódios históricos.
Como esquecer o fim de tarde em que o Mario, atleta olímpico, acostumado a emoções, chegou ao bloco de sujos no carnaval e percebeu que, uh salvação, o homenageado daquele ano era… ele próprio! Ou a noite em que o Bernardo Mantu, voltando do Maracanã, aceitou um convite inusitado e pegou carona no caminhão da Comlurb, papeando com os garis?
E a Manu da Cuíca? Ah, o dia em que a Manu ouviu seu samba levado, pela primeira vez, por toda a bateria da Mangueira… E ninguém foi mais feliz, claro, que o primo Bruno, ao completar certinho aquele verso de partido alto – no meio da sala de estar da Beth Carvalho, durante um inesquecível pagode de Natal.
Seja como for, o que mais invejo ainda é aquele lampejo de craque do meu amigo Gabriel Barbosa – não o que vocês conhecem, esse é outro. O Gabriel a que me refiro é um tricolor, que nunca jogou nada e estudou comigo na PUC-Rio, e hoje nem está mais entre nós (não morreu não, foi para Atlanta, longe pacas.)
Era aniversário do Gabriel, e a feijoada comia solta em Santa Teresa, como manda o figurino. Já tem o que isso, 20 anos? Sei que o samba estava no auge, até que um dos músicos precisou ir ali rapidinho. Dada a informalidade da roda, chamaram o aniversariante para enganar ali por uns minutos – e o Gabriel topou, após segurar o tantã como um pai de primeira viagem recebe o rebento. Mas deu-se o seguinte: o grupo, seguindo o roteiro, lascou um clássico do Fundo de Quintal, daqueles que previa uma sequência de solos, e cada ritmista começou a dar seu recado. Tensão no ar!
Os velhos sambistas se entreolhavam, o Gabriel sorria amarelo, os convidados em suspense – logo logo viria o solo do tantã, e tudo poderia acontecer: o samba travar, constrangimento, vaias, panelas voando… Só que aí… baticum tanticumbum pam-pum! O Gabriel bateu no couro redondinho e devolveu para a roda, como se fosse cria dos Prazeres ali perto, e não um branco azedo, leitor de Nietzsche e futuro manda-chuva de multinacional. A festa foi abaixo, e só faltou levarmos ele nos ombros, como um Tostão ou Rivelino na Copa do México.
Embromo, embromo, e o leitor e a leitora já sacaram: nada de eu conseguir desencavar da memória uma vitoriazinha particular sequer, nessa minha reles vida sem filhos nem brilhos.
Quem dera, meus amigos, quem dera, ter vivido por exemplo a “glória eterna” do Claudio. Minutinho, doutor Claudio para vocês, já que se trata de excelso jurista e advogado condecorado. Nascido e criado em Volta Redonda, doutor Claudio foi tentar ganhar a vida na capital, e para distrair corpo e mente, fazia sua ginástica de lei: trote de cinco voltinhas no Maracanã à noite.
Era uma quarta-feira qualquer do ano de 1984, e munido de um par de notas de 1 cruzeiro na algibeira da sunga, Claudio cumpria sua volta derradeira quando os ouvidos o atraíram. Sim, o funcionário da Suderj já executava com pachorra sua missão de todo jogo: arrastar o clássico portão de ferro da geral, para deixar o povão sair, e os gatos pingados, entrarem. Claudio, pingando, entrou.
Uma vez lá dentro, descobriu que o estádio estava vazio, 2.599 pessoas por lá, e o jogo era uma pelada protocolar, para preencher a tabela do Campeonato Brasileiro. Claudio se posicionou perto da bandeirinha, mais ou menos onde seria ali embaixo da Flamante, e ficou ali, interessado no ponta arisco que se ajeitava para cobrar o córner. O jogador se agachou, retirou a cordoalha de fios de rádio e TV e alçou a bola na área: mas que beleza, na cabeça do atacante reserva que entrara. E o gol!
Já tomara banho, quase indo dormir, quando toda a Volta Redonda começou a telefonar. Ele entrara naquela geral do Maraca como um simples Claudio, mas sairia como um herói da cidade: “Pessoal aqui com maior saudade, doidos por notícia, e quando a gente falava de você… O Seu Alfredo ligou no ‘Jornal da Globo’ e lá estava o garoto Claudio. A cidade toda viu! Você, de Speedo verde, num jogo do Maracanã!”.
Mas rapaz, não é que lembrei? Meu maior momento… Pelo menos até ontem.
Ano-Novo de 2004, a turma toda na casa do médico Chico Cabral, inesquecível padrinho do meu irmão. A Bia foi com o namorado, um niteroiense lourão e competitivo que me fitava fundo, com aqueles olhos de ressaca que o Charles Bronson punha nos rivais. Pitando o cigarro, ele apontou o queixo na minha direção e disparou:
– Soube que você é o maioral, o campeão imbatível do jogo de Perfil. Quero conferir essa fama, morou?
Não morei nem moraria – e neguei peremptoriamente a lenda. Eu obviamente era um macaco velho no jogo da Grow, por conhecer muitas das cartas. O Perfil, você sabe, é aquele jogo besta em que os participantes se revezam lendo uma cartela misteriosa (“Eu sou uma cadeira”, “Eu sou a Anitta”, “Eu sou o Canal do Panamá”), enquanto os demais se viram para acertar o pitaco, em até 20 dicas. Mas cadê que o lourão largava do meu pé?
Caía a tarde e lá vinha o Niterói com a caixa do jogo. Mudavam as duplas, casal contra casal, time com três, e o cara só tomando fumo.
Na sexta ou sétima partida, porém, ele veio confiante. Havia pego a manha. Disputa individual, e a Dona Sorte a lhe sorrir. Cartas chupetinhas no mel, “Perca sua vez” pros rivais, e o cara disparado na dianteira. Na última jogada, a rodada de fogo, nosso Charles Bronson já abrira 11 casas do segundo colocado e precisava andar apenas cinco para a linha de chegada. Como era a vez dele de ler a cartela, os demais que lutassem para acertar em menos de 15 dicas.
Aqui, é preciso confessar ao paciente leitor, à curiosa leitora, que eu estava em terceiro ou quarto no tabuleiro, e chupetilhava minha caipirinha mais desinteressado que o vira-lata que cochilava na soleira da varanda. Até o gesto precipitado do virtual vencedor:
– Vamulá, agora quem pega a carta é o papai aqui… Quá! Já ganhei. “Diga aos participantes que sou um Ano!”. Ano é foda! Quero ver!
“Quá”? “Já ganhei”? “Foda”? Aquelas singelas palavras batidas e servidas despertaram o Wolverine que dormia em mim. Larguei a bebida, me endireitei na cadeira e me concentrei, enquanto a turma cercava a mesa para acompanhar o desfecho.
A jogada começaria com o participante do meu lado, que tinha direito a uma dica e um palpite – se acertasse o ano em questão, andaria 19 casas, e o dono da carta, uma. O Bronson perguntou o número da dica e disse algo parecido com:
– Quer qual, 13? Dica 13 então: “Vi o Botafogo de Zagallo ser campeão no Maracanã – sem Garrincha, que então vestia rubro-negro.”
– Hein? Cacete… Sei lá, 1930?
Água.
Era minha vez. Conferi rapidamente o tabuleiro. Se eu andasse 18 casas – ele duas – eu atropelava na reta e vencia o jogo. Só havia essa chance.
Língua seca, mão úmida, empurrei a ficha vermelhinha no número sete, e o Bronson leu, sem segurar o riso:
– “Vi a morte do humorista Stanislaw Ponte Preta.” Impossível! Próximo.
– Peraê, vou chutar.
– Ah, beleza, ele vai chutar. Mandaí.
Juro uma coisa para vocês, espremi cada neurônio da minha massa encefálica, que como se percebe não é lá muito decente, e fiz todos os cruzamentos possíveis de memórias, livros que li, cálculos matemáticos, raiz quadrada, vai um…
Desfiz a careta, bufei e lasquei:
– Mil novecentos e… 68.
– Fi-lha da pu-ta…
Olha, não vou dizer que foi igual a Lima em 2019, afinal não tinha o João Guilherme narrando, mas foi uma virada histórica. Que acabou em volta olímpica com um memorável tchibum de roupa e tudo, para gargalhadas gerais – inclusive, que jeito, do próprio Bronson, que enfim baixou as armas. Aproveitei o momento para anunciar, para todo sempre, minha aposentadoria do jogo de Perfil.
Essa, claro, era minha maior glória até ontem, quando me disseram que tive meu nome – e de meu livrinho – mencionado em vídeo da Nivinha. Da Nivinha! Parei. Não há nada mais a conquistar. Atingi meu próprio Everest.
Após abrir minha melhor garrafa da adega (safra 2011, cachaça de banana de Paraty), fiquei horas a ouvir na vitrola o velho clássico de Barbeirinho do Jacarezinho, Luiz Grande e Marquinho Diniz:
…Quando tem blitz no morro
O primeiro barraco a ganhar a geral é o meu
Por que está sempre lotado
E todo mundo pensa que estou no apogeu…
Obrigado, Dona Sorte. Agora é pensar alto: o Nobel? O Oscar? Quem sabe o comercial do mercado Guanabara, o que vier primeiro. Enquanto isso, alguém aí topa uma partidinha de Perfil?
Meu momento gabigol ocorreu lá pelos idos dos anos 70 quando em férias no RJ, provalvemente 1975 ou 76. Minha mãe me levou à gávea pela primeira vez. tinha eu na época 11 ou 12 anos e era uma manhã agradável, gávea quase vazia, tínhamos a esperança de acompanhar uma parte do treino do time de futebol.
Havia um senhor sentado na arquibancada de concreto e minha mãe lhe perguntou se haveria alguma atividade marcada ? Ele respondeu que não sabia, de repente se virou em direção ao portão de acesso e falou. Bem o zico ali deve saber. Neste exato instante o zico caminhava calmamente em nssa direção portando uma calça jeans e camise polo.
Quando ele chegou perto da entrada para os vestiários foi chamado pelo senhor da arquibancada e veio em nossa direção. Ficou conversando com minha mãe por uns 2/3 minutos e foi muito solícito, respondeu sobre o horário do treinamento , excursões do flamento pelo brasil etc. Até me convidou para ir conehcer o elenco, mas eu tolamente (encabulado) nem fui. Naquele dia eu comecei a ver como um ídolo deve se portar, não só em sua atividade, mas nas pequenas coisas do dia a dia.
Reminiscências brotaram aqui, e nem vou me atrever a narrar pra não parecer pretensioso e sem noção.
Obs: Dunlop, vc prezou tanto pela correção na escrita que escreveu Conlurb, qd na verdade é Comlurb.
SRN
Vou editar!
Sorvo suas palavras assim como vc chupetilha a caipirinha. Sinto prazer e alegria de cada frase, pensando esse é meu sangue. Longe mas é . Espetacular. Se o Verissimo ler essa crônica vai ficar com vergonha de não saber atingir esse climax. PARABENS PRIMO
Já encomendei o meu!
Foi perfeito, desde a nossa viagem até o épico final, ouso dizer que foi o maior ‘fim de semana Flamengo’ da minha vida! ESPETACULAR
Que cronica sensacional… viajarei por muitos anos em minhas lembranças…nascimento dos meus filhos,o dia q joguei vi e joguei bola com o Zico, o dia q fiz gol no Maracanã…faz a gente pensar que nossa ” vidinha” na verdade está repleta de momentos Gabigol…obrigado!!! SRN
Espetáculo de cronica. Não me convide pra jogar Perfil, não curto fazer figuração.
Teu momento tá chegando…tem cadeira na ABL com teu nome. Grande mestre, não conheço ninguém com vida mais recheada de causos, humor e golaços!
Ps. Que isso de “joga nada”? Jogo o fino…cheio de momentos gabigol…só ainda não passei em nenhuma peneira, mas tamos aí.
Quanta história sobre sorte, todas ótimas, e todas de gente importante (ou mais ou menos). Ainda acho, depois de certa idade, que sorte mesmo é ter nascido. E que a melhor história virá amanhã
Dunlop, parabéns, mais uma bela crônica. Eu diria que meu “gabriel” foi ver o Garrincha jogar em 1977, em uma pelada em Secretário, distrito de Petrópolis. Mas não vou contar essa estória, vim aqui fazer um pedido.
Li uma reportagem segundo a qual você estaria fazendo uma coletânea inédita e única de crônicas do Veríssimo. Meu pedido, quase um rogo desesperado, é para que você inclua nessa busca uma crônica sensacional escrita em 1980, sobre o atentado que Ronald Reagan sofreu.
Nela, dois aposentados, sem ter o que fazer, ficavam debatendo acerca daquela tentativa de assassinato, à luz do comentário que pululava à época, segundo o qual presidente americano eleito em ano que começava em zero nunca chegava ao final do mandato.
E um dos aposentados, que não tinha mais o que fazer, começou a falar sobre aquelas clássicas coincidências sobre os assassinatos de JFK e Lincoln e começou a tirar da algibeira diversas outras coincidências sobre diversos outros presidentes e vice-presidentes americanos (não que ele acreditasse nelas, sempre esclarecia, era apenas porque não tinha mais o que fazer…) que envolviam até revezamento de signos astrológicos entre presidentes assassinados. Ao final, após uma teoria louca, mas que fazia todo o sentido, ele demonstrou que, a soma dos números do ano de nascimento do determinado presidente resultava no calibre da bala que atingiu Reagan. O outro aposentado, que ouvia atentamente, não aguentou e disse que o amigo tinha que levar isso ao conhecimento do governo americano, porque os americanos saberiam o que fazer com aquelas informações. Porém, os dois, analisando todos os aspectos levantados, descobriram alguns furos na linha de raciocínio e resolveram deixar para lá, pois, afinal, tudo aquela teoria havia sido feita porque eles não tinham mais o que fazer.
Obviamente resumi a crônica e meu resumo contém imperfeições. Mas é simplesmente impagável. Foi publicada na primeira página do Caderno B e tomou a folha inteira, de tão grande (por aí, você já pode imaginar a quantidade de coincidências nunca pensadas que ele encontrou). Eu guardei essa página durante anos, mas ela se perdeu em uma mudança minha e, desde então (cerca de 10 anos), venho empreendendo uma busca incessante em arquivos do JB e da internet, mas não consigo encontrar. Pergunto a amigos, falo com pessoas. Parece que somente eu conheço essa crônica. Veríssimo está com idade avançada, reside no sul, não tenho o email dele, nem endereço de eventual assessoria de imprensa. Você surgiu do nada, qual um Gabigol, como luz de esperança para esse resgate.
Então, peço que inclua essa crônica na sua pesquisa. Se achar interessante (acho pouco provável que não ache…) inclua na coletânea que você está montando (se é que realmente está, talvez eu tenha sonhado com a reportagem, não sei). Se você incluir, terá sido meu segundo momento Gabigol (desculpe, mas, aos 13 anos, ter pedalado mais de hora, embaixo de chuva, em uma bicicleta que só tinha armação e rodas (daquela em que se metia o pé na roda para frear) e visto Garrincha jogar ao vivo, com direito a gol anulado e famoso drible pela direita é coisa para fazer olhar o topo do Everest de cima…).
Abraços.; Confio em você!
Salve Alvaro!
Vou na caça dessa pérola perdida! O livro já saiu e eu jamais li essa joia, mas sei onde procurar. Vou te mandar um email.
Abraços
Valeu! Fico no ansioso aguardo! Segue outro email, para ter certeza de que não vou perder sua mensagem: Mesma “nick”, com sintaxe hotmail (**@hotmail.com).
Não sei se auxilia, mas, como disse, a crônica tomou a primeira página inteira do Caderno B. O layout era a folha com o “B” garrafal no meio da página e, embaixo do “B” uma charge do Bruno Liberatti (que recentemente nos deixou): o desenho do planeta Terra, e, em cima da esfera, os dois aposentados conversando, cada um sentado em uma cadeira.
Confio em você!
Mestre Alvaro, fiquei duas madrugadas nisso, mas como você tem Paes até na identidade, não considerei desistir nem por um segundo.
Com a alegria de um garimpeiro congelado no Klondike, encho os pulmões e digo: ACHEI!
Foi publicado em 11 de abril de 1981. Que maravilha de crônica.
Vou te enviar no email. A conta Bradesco para o depósito é… brincadeira, estou enviando mesmo assim.
Abraços e obrigado pela dica!
Apenas para deixar público o meu agradecimento, já li a crônica umas…. bom… Parei de contar após a 30ª…
Registro, ainda, que consigo visualizar você, após cruzar o Yukon em um carro puxado por cães esquimós, Buck à frente, olhando para o céu, braços levantados com as duas mãos cheias de pepitas de ouro caindo pelos lado, festejando a descoberta. Tio Patinhas não teria feito melhor!…
Valeu demais!
Forte abraço!
É o Alvaro Paes Leme, aquele do basquete na Band? O cara que me guiou nos primeiros passos pela NBA nos anos 80? Se for, deixo aqui meus sinceros e calorosos agradecimentos . Na epoca eu era um sólido monoglota, sem seus comentários jamais descobriria sozinho a diferença entre as regras da FIBA e da NBA ou dos papéis de um ala e de um pivô. Muito obrigado pelos ensinamentos e pela audiência. E se for um homônimo obrigado igual, e parabens pelo nome.
Prezado Mestre, lamento decepcioná-lo, mas não sou eu… Meu nome já deu margem a muita confusão e, principalmente, a aproveitadores, que se aproximavam de mim, pensando que eu era parente da Fernanda Paes Leme.
Nesse passo, vale a observação de que Fernanda Paes Leme é filha de um jornalista da Band, Alvaro José, que, por seu turno, era filho de um jornalista da crônica desportiva paulistana chamado… ALVARO PAES LEME!!!
Não sei se um deles foi o seu mentor no basquete, mas só o fato de saber que fui confundido, ainda que por breve momento, com alguém que iluminou seus horizontes em algum assunto fez com que, finalmente, eu conseguisse auferir meus 15 minutos de fama.
Forte abraço!
E.T.: uma modesta sugestão: quando, ano que vem, você for escrever o livro sobre o octa, recomendo abrir cada capítulo com a fota da musa da vez. Fez falta no livro do hepta…
Valeu, vc homonimo valoroso do pai da Fernanda. As fotos não sei, custam caro, mas a ideia é otima.
Abs
SRN
Ahahahah, grande OFOF
Dunlop, é um repeteco, nem sei por que e guardei esse comentário que estou colando. Fiz já há algum tempo ( conservei a data ) e agora vem a propósito . Na ocasião, me lembro, que o Carlos Moraes pediu a fórmula.
Hoje tem gol do Gabigol
10.3.2020, terça-feira
O cara já estava mais pra lá do que pra cá, quer dizer, velhusco, o cara, não é que pintou o inesperado e ele teve sucesso absoluto, será que o Viagra enfim funcionou? Ou a jurubeba, ou… aquela porrada de coisa que ele utilizava chupando do YouTube e até os milagrosos de site de sacanagem. Isso é que dá misturar tudo, agora ele não sabia o que dera certo, lembrou-se da regra fundamental do jogo de batalha naval, não se deve dar os três tiros juntos, depois não sabe o que acertou o submarino. O importante é que dessa vez funcionou. Orgulhoso, ego saindo pelos poros, gagá é o cacete, aqui, ó. Olhou para o leito desarrumado, a bela emitia pelo vestígio de sorriso adormecido um tipo de ronquinho tão suave, sacana, o risinho, semblante pra lá de quem está satisfeita. O cara se levantou e foi até à janela, a madrugada azul estava chegando. Ninguém viu ele comemorar, fazendo aquele gesto típico do Gabigol quando coloca mais uma na rede.
Sem dúvidas, meu momento mais emocionante de Flamengo foi no Peru, terra do meu pai, no estádio Monumental, ao lado da minha filha mais nova, do desalento ao êxtase. Principalmente o segundo gol, desde o início da jogada, com toda a torcida entoando o “3 a 0 no Liverpool “. E na parte “e no Rio não tem outro igual”, a loucura do gol do título. Vi Rondinelli em 78, Pet em 2001 e Angelim em 2009, mas virar uma partida que parecia perdida a partir dos 43 minutos do segundo tempo de uma final de Libertadores é um enredo sem concorrentes.
Deixa eu detalhar essa emoção da minha vida flamenga.
Tão logo o Flamengo se classificou na fase de grupos, eu e meu amigo Petrônio compramos passagem baratinha para Santiago. Eu dizia que, se o Flamengo não estivesse lá na final, pelo menos poderíamos tomar bons vinhos chilenos. Depois de decisões por pênaltis e outras fases decisivas, eis que a final com o Mengão nos abençoou! Só que nem tudo podia ser tão fácil, claro! A convulsão social no Chile nos obrigou a fazer verdadeiras peripécias! Com a definição de Lima como palco da decisão, nos foi negada a mudança da passagem de Santiago para Lima! Voo de Santiago para Lima também não havia mais! Desespero total! Solução: voar de Santiago até Arica, extremo norte do Chile, atravessar a fronteira, e pegar voo de Tacna, extremo sul do Peru, até Lima! Viagem maravilhosa com Petrônio e Luis César, outro rubro-negro a se juntar na aventura, minoria flamenga ante a torcida do River, que vinha toda por esse caminho, mas sem poupar o gogó para cantar a alegria de ser rubro-negro.
Ao mesmo tempo, minha filha, neta de peruano e rubro-negra com certeza, pediu e ganhou uma passagem para o Peru e chegou antes.
Gostaria de dar um intervalo nesse relato para explicar o rubro-negrismo da família. Meu pai, hoje com 83 anos de idade, foi testemunha ocular do primeiro título internacional do Flamengo. Em 1952, ele foi ao estádio de sua cidade, Arequipa, assistir à vitória acachapante do Mengão sobre o combinado da cidade por 7×4. Foi paixão à primeira vista. Poucos dias depois, o Flamengo ganhava seu primeiro título internacional em Lima. Meu pai deve ser uma das poucas testemunha vivas desse título.
Chegando em Lima, o encontro com a fantástica torcida rubro-negra e minha filha. O resto é história. Ser campeão da Lubertadores, na terra de quem me ensinou o ser rubro-negro e que repassei a minha descendência, do jeito que foi, é difícil ter algo melhor a me esperar. Tomara que não, he, he!!
Essa de Arequipa rende crônica! SRN
Dunlop,meu pai está vivo, lúcido e mora em Niterói. Ouço essa história desde pequeno. Seria muito bom registrar para a posteridade. Fique à vontade para entrar em contato comigo pelo email associado ao comentário. Abraço!
Uau, que relato! Arrepiante, Fernando! SRN