Em recente troca de mensagens no WhatsApp, o fabuloso autor de Crônicas Flamengas me provocou. Eu falava sobre a formidável importância dos cinco a zero sobre o Grêmio, nas semifinais da Libertadores, e começamos a rondar o tema. Até que, na esteira da recente matéria assinada por João Pedro Fonseca em O Globo, Dunlop me desafiou.
A reportagem do João Pedro elege os seis jogos que ajudam a entender a história do Flamengo, incluindo duas derrotas (três a dois para o Fluminense em 1912, três a zero para o América do México em 2008), três conquistas de títulos (um a zero sobre o Vasco em 1978, três a zero pra cima do Santos em 1983 e dois a um no River Plate em 2019), além de uma partida que nada representava em termos práticos (quatro a zero no Vasco em 1939, com o título rubro-negro garantido na rodada anterior).
O desafio do Dunlop era diferente e cabia em três artigos.
1) A inexistência de um número predefinido de jogos. Podiam ser três, seis, nove, doze, cada um com seu cada um.
2) Não considerar partidas que definiram títulos, por sua importância universal e indiscutível.
3) As lembranças teriam de vir de pronto à cabeça, sem longas reflexões e sem consultas ao Google. Ou seja: tudo ficaria por conta da emoção e do impacto sentidos no estádio ou à frente da tevê, e como aquilo se fixou na memória e ajudou a moldar – ou amplificar – a paixão pelo clube.
Dunlop é grande mas não é dois. E como não sou cabra de enjeitar desafios, caí pra dentro. Em ordem cronológica.
1966. Flamengo 2 x 1 Bangu. Maracanã, última rodada do 1º turno do Campeonato Carioca. Além de ter um time muito bom, o Bangu contava com os inesgotáveis recursos de Castor de Andrade, bem-sucedido empresário do ramo zoológico sobre quem pairava a suspeita de que – após dois vices consecutivos, em 64 e 65, – teria comprado meio mundo para garantir o título de seu clube em 66. Paulo Borges fez um a zero para o Bangu no primeiro tempo. Silva empatou aos 28 do segundo e foi expulso dois minutos depois. Aos 40, Murilo cruzou da direita, Almir mergulhou de peixinho e completou de cabeça. Ubirajara espalmou e a bola ficou presa na lama, junto à trave. Caído, Almir arrastou o rosto no chão e arranhou a testa inteira para marcar o gol da vitória. Quem viu não esquece.
1966. Bangu 3 x 0 Flamengo. Maracanã, última rodada do 2º turno e decisão do Campeonato Carioca. Sabem o papo do Castor comprar meio mundo? Pois então. O Bangu jogava pelo empate. Aos 24 minutos do 1º tempo, o meia Ocimar recebeu na entrada da área e chutou em cima de Valdomiro. O goleiro rubro-negro voou acrobaticamente e espalmou a bola para dentro. Correu à boca larga que Valdomiro estava no bolso do Castor, só que nada foi comprovado. Como dizia João Saldanha, suborno não tem recibo. Antes do gol, o lateral Ari Clemente tinha dado uma pregada firme no joelho direito do nosso perigoso ponta Carlos Alberto, que permaneceu enfaixado e mancando até o final da partida. Naquela época, não eram permitidas substituições. E um pouco depois, o meio-campista Nelsinho sentiu o músculo da coxa e passou a jogar no sacrifício. Aladim fez dois a zero ainda no primeiro tempo, Paulo Borges fechou a tampa no segundo. Irritado com o conjunto da obra, Almir partiu atrás do atacante banguense Ladeira, que correu para o lado errado e foi recebido por uma carinhosa voadora do zagueiro Itamar. Brigou todo mundo e a partida acabou. O jogo é marcante, sobretudo, por uma lição que nunca mais esqueci: nosso apego ao resultadismo não permite, mas, muitas vezes, futebol precisa ser contextualizado. Na temporada seguinte, ninguém mais falava de Valdomiro, de Ari Clemente, da pedreira que é disputar uma decisão com um goleiro sob suspeita e dois a menos já na metade do primeiro tempo. Só se falava o que se diz até hoje: que o Bangu deu um passeio.
1969. Flamengo 2 x 1 Botafogo. Maracanã, 3ª rodada do 2º turno do Campeonato Carioca. O domingo em que a torcida rubro-negra virou o jogo em relação ao urubu, tranformando ofensa em orgulho. O dia em que assisti ao vivo, e pela primeira vez na vida, à melhor definição do que viraria modinha no linguajar dos comentaristas de futebol: o nó tático aplicado pelo treinador Tim em Zagallo, então técnico do Botafogo. A mais linda festa que presenciei em tantos anos de Maraca, com ao menos 100 mil rubro-negros cantando, no intervalo, “Flamengo / Os meus olhos estão brilhando / Meu coração palpitando / De tanta felicidade”, adaptação do lindo samba-enredo “Bahia de Todos os Deuses”, composto por Bala e Manuel Rosa, que ajudara o Salgueiro a vencer o desfile daquele ano. Uma armadilha tática extraordinária, uma atuação coletiva irrepreensível, um espetáculo memorável.
1969. Fluminense 3 x 2 Flamengo. Maracanã, partida pela 6ª rodada do 2º turno e que decidia o Campeonato Carioca. (Estranhos regulamentos perseguem o futebol do Rio de Janeiro há tempos. Naquele ano, a competição teve doze clubes no 1º turno e apenas os oito primeiros no 2º.) O time deles era bom; o nosso, pouco mais que esforçado. Pois mesmo com qualidade técnica inferior e jogando com um a menos desde o final do primeiro tempo – após o segundo gol do Fluminense, o excelente goleiro Dominguez foi expulso –, aqueles honrados caras vestidos de vermelho e preto mostraram uma garra comovente, e não mereciam sair de campo derrotados. Deixaram mais duas lições. Primeira: futebol e merecimento equivalem a água e azeite. Segunda: ganhar, empatar e perder são do jogo, o que não dá pra fazer é deixar de lutar.
1972. Botafogo 6 x 0 Flamengo. Maracanã, 20ª rodada da 1ª fase do Campeonato Brasileiro. Quando um placar desses acontece a favor, a gente procura os méritos. Quando é contra, não há explicação. Só sei que, independentemente do que estivesse acontecendo no Campeonato Carioca ou no Brasileiro e de quantas vezes seguidas o Flamengo vencesse o Botafogo, sempre que o clássico era disputado a gente via aquela pequena faixa, com texto em caixa alta, no outro lado quase despovoado da arquibancada: NÓS GOSTAMOS DE VO6. Durou nove anos.
1980. Flamengo 6 x 2 Palmeiras. Maracanã, 2ª rodada da 2ª fase do Campeonato Brasileiro. Em 1979 o Flamengo perdera para o Palmeiras por quatro a um, no Maracanã, resultado que barrou nossa chegada às semifinais da competição. O time ainda não era tão poderoso quanto viria a ser no ano seguinte, mas era muito bom. Levantara três títulos cariocas – numa época em que clubes e torcedores davam mais valor aos estaduais do que à Libertadores –, faltava certificar a qualidade com a conquista da taça mais significativa do país. O jogo não chegava a ter grande importância, perdidão lá pelo meio do campeonato. No grupo que também abrigava Bangu e Santa Cruz, deu a lógica, com Flamengo e Palmeiras seguindo adiante. Entretanto, naquele dia e do mesmo modo que aconteceria 39 anos mais tarde, nos cinco a zero em cima do Grêmio, ficou claro que tínhamos um timaço acima de qualquer dúvida – um time que dificilmente algum adversário conseguiria parar. Ninguém parou. Foi, talvez, a melhor atuação de Tita com a camisa rubro-negra. Ao fazer o quinto gol, ele atravessou o gramado para dar um educado adeusinho à torcida palmeirense instalada à direita das cabines de rádio.
1981. Flamengo 6 x 0 Botafogo. Maracanã, 7ª rodada do 3º turno do Campeonato Carioca. A vingança vinha amadurecendo. Em 1975, pelo 3º turno do Campeonato Carioca, aos 13 minutos do primeiro tempo o Flamengo ganhava do Botafogo por três a zero. Tirou o pé, fez o quarto no fim do jogo e deixou a torcida irada. Em 1979, em mais um rolo do futebol carioca, foi disputado o Campeonato Especial, dessa vez devido à confusa fusão das federações da Guanabara e do Rio de Janeiro. Na final do 1º turno, Flamengo e Botafogo. O primeiro tempo terminou três a zero, fora o baile, três belos gols de Zico, Carpegiani e Luisinho das Arábias. Embora a torcida rubro-negra clamasse por vingança, ficou nisso. Confesso: como não pude ir a nenhuma dessas duas partidas, em ambas torci para que a vingança não acontecesse. Eu estava nos seis a zero contra, não poderia perder os seis a zero a favor. Não perdi e testemunhei um delírio no Maraca. Vários amigos rubro-negros declaram ser este jogo – que aposentou de vez a incômoda faixinha de dois parágrafos acima – o mais importante da Era Zico. Não sei se chego a tanto, embora não negue: o gol de Andrade provocou uma das maiores felicidades que pude sentir no estádio. Adílio participou das jogadas dos dois primeiros gols, só não marcou o terceiro porque Lico se antecipou a ele na conclusão, mas fez o quarto, sofreu o pênalti no quinto e foi o autor do cruzamento que, mal cortado por Gaúcho, sobrou limpo para Andrade encher o pé, estufar a rede e fazer o Maracanã arrebentar de alegria.
1985. Flamengo 1 x 1 Fluminense. Maracanã, partida de abertura do triangular decisivo do Campeonato Carioca, reunindo o campeão do 1º turno (Fluminense), o do 2º (Flamengo) e o time de melhor campanha na competição (Bangu). O Fluminense vencia por um a zero até os 45 do 2º tempo. O Flamengo apertava. Andrade cruzou para a área e um dos zagueiros tirou de cabeça na direção da intermediária tricolor, com a bola chegando onde estava José Leandro de Souza Ferreira, o Peixe Frito, o monstro. Escalado na zaga central, onde também estraçalhava, e participando ativamente da pressão pelo empate, Leandro pegou de prima, de bate-pronto. A bola saiu feito um foguete, explodiu no travessão, roçou nas costas do goleiro Paulo Victor e foi ao fundo da rede. Pela dificuldade e precisão do chute, pela importância e o momento do jogo, pelo irrestrito amor de Leandro ao Flamengo e por tudo o que o nosso lateral gigante representa para o clube, este gol faz daquele um dos jogos mais emblemáticos da minha história como torcedor. Para ver e ouvir, na voz de Jorge Curi – foi o último gol do Flamengo narrado por ele, doze dias antes de morrer em um acidente de carro perto de Pouso Alto, Minas Gerais –, copie e cole: https://www.youtube.com/watch?v=-zjBRX_UYow
2011. Flamengo 5 x 4 Santos. Vila Belmiro, 12ª rodada do 1º turno do Campeonato Brasileiro. Um jogo emocionante e de admirável qualidade técnica. Neymar fez o gol que recebeu o Prêmio Puskas, da Fifa, como o mais bonito do ano – uma bobagem, concordo, mas cabe o registro –, enquanto Ronaldinho Gaúcho, desfilando técnica e sagacidade impressionantes, deixou claro porque, alguns meses depois, se transformaria na maior decepção que a torcida rubro-negra teve neste século. Pelo tamanho da bola que ainda jogava e o carinho com que foi recepcionado por mais de 20 mil pessoas na Gávea, Ronaldinho Gaúcho tinha tudo para ser o segundo maior ídolo da história do clube. Bastava o mínimo de profissionalismo, dedicação e respeito. Uma pena.
2019. Flamengo 5 x 0 Grêmio. Maracanã, partida de volta das semifinais da Libertadores. O jogo que deu o pontapé inicial do desafio. Em competições decididas no mata-mata, tudo pode ser perigoso. Na Libertadores de 2019, o maior sufoco que o Flamengo passou foi, por incrível que pareça, contra o Emelec. O time não se achou em Guayaquil e, apesar do começo arrasador na partida de volta – dois a zero em dezoito minutos –, não conseguiu garantir a classificação às quartas de final no tempo normal. Era o começo do trabalho de Jorge Jesus, e isso fazia toda a diferença. Duvido que quem assistia em casa, igual a mim, não tenha se petrificado no sofá nos quinze ou vinte segundos em que Renê caminhou até a área para cobrar nosso terceiro pênalti. Pois ele foi lá e pimba. Sem chance de defesa. Na fase seguinte, mesmo com a boa atuação no Beira-Rio, também vivemos momentos de apreensão, quando uma bola vadia levantada na área fez o Inter abrir o placar. Outra daquelas e o caldo engrossava, assim é o danado do futebol. O time vinha fazendo grandes apresentações. Ousadia tática, alta qualidade ofensiva, vitórias convincentes. Faltava, porém, o resultado emblemático, aquele que dirime dúvidas, dá moral e mete medo, e que só é irrefutável quando obtido contra um grande adversário. O Grêmio chegou ao Maracanã carregando o prestígio de ser um dos melhores times da América Latina nos últimos três anos. Campeão da Libertadores de 2017, semifinalista nas de 2018 e 2019. Um miolo de zaga, Geromel e Kannemann, visto até então como o melhor do Brasil. Um meio-campista, Matheus Henrique, que o jornal inglês Manchester Evening News acaba de considerar a melhor opção que o Manchester City tem no mercado para ser titular no supertime comandado por Guardiola. Um ponta, Everton Cebolinha, que começou o ano na condição de mais cobiçado atacante do futebol brasileiro. Não se pode brincar com um time desses. E – para usar uma expressão tão cara a Renato Gaúcho – o Flamengo brincou. Um resultado que, seguramente, fez tremer os alicerces do Monumental de Núñez, o que talvez explique a rigorosa eficiência com que o River Plate marcou durante 88 minutos na final da Libertadores. Não foi suficiente. Depois dos cinco a zero em cima do Grêmio, nada mais seria.
Aí está, Seu Dunlop. Fechei a conta com dez. Missão dada, missão cumprida. Quanto a você, querida leitora, e você, amigo leitor, faça como Leandro: vá na fé, pegue de bate-pronto e diga pra gente quais partidas do Flamengo mais marcaram a sua paixão. Lembrando: não vale jogo que virou título, pois estes são igualmente importantes para todos os bem-vestidos do mundo.
Escrevi, abaixo, sobre o jogo Flamengo 4 x 0 Fluminense. Relendo o texto, e motivado pelo elogio do Murtinho, a bem da precisão, gostaria de corrigir alguns pontos.
O jogo foi em 1978, não em 1979. Foi o ano da Copa da Argentina, de muitas decepções, dentre as quais a apagada participação de Zico. Flamengo teve uma participação decepcionante no brasileiro daquele ano, que pode ser simbolizado pelo vareio de 5 x 2 que o Grêmio impôs no Olímpico, fazendo o que quis com a zaga formada por Adriano e Cidade. O retrato daquele período até então pode ser simbolizado pelo primeiro gol, no qual Cláudio Adão, então perseguido pela torcida, se enrolou com a bola embaixo do gol. Para quem quiser conferir o show de horrores, segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=XNeJXu2NN8s
O narrador do jogo na TVE não foi o José Cunha, que comandou o microfone por muito tempo, até ser substituído pelo Januário de Oliveira: foi o Técio de Lima.
Para quem quiser ver o show, agora não de horrores, vai o link. Destaque para a jogada do prmeiro gol do Cláudio Adão, que começa com o Carpegini e com ele acaba, com um passe tão sutil quanto meticuloso.
https://www.youtube.com/watch?v=Gd2B5hXNtAo
Grande seleta, Murtinho. Se chorei ou se sofri, o importante é que o Mengão vai ser TRI.
Interessante é que na foto que ilustra o artigo sensacional vemos um time perfilado e ao que me parece o saudoso Jaime da Charanga junto. Como mudou a relação das torcidas com os clubes!
Fala, Marcos.
Obrigado pela força e pelo “artigo sensacional”.
Não tenho certeza, mas também acho que é o Jaime de Carvalho – e com a camisa da Charanga. Sendo ele ou não, fato: a relação mudou inteiramente.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
fala murtinho,
sou fraco de lembranças e ai resolvi copiar um que mexeu com a minha memória,foi no jogo contra o patético mineiro em pleno mineirão,3×2 pro mengão com show do renato gaucho.
SRN !
Fala, Chacal.
Sem dúvida: jogaço. Zico, mesmo no sacrifício, engolindo a bola. E Renato Gaúcho arrebentando.
Abração. SRN. PAz & Amor. Se cuida.
Caro Jorge aqui vai a minha contribuição,mesmo não sendo uma lista tão extensa;Vou colocar 3 jogos,mas como um desta minha lista já foi retratado aqui,o fantástico jogo dos 3X4 pra gente na Vila Belmiro,só vou relatar que foi neste jogo que tive a felicidade de ver(pela TV) ao lado do meu sobrinho mais velho,de nome Artur,hoje com 19 anos,(sem o H pq nem o pai e nem a mãe sabiam da grafia exata do nome do Galinho,ao qual eu quis homenagear ao ganhar um sorteio entre nossa família para ver qual seria o nome do tal sobrinho),e que felizmente consegui trazer pro lado Rubro-negro da força,pra desespero do pai cruzeirense e justamente após este jogaço.O segundo vai ser um Fla X Santos no Maraca em 92 pela última rodada da segunda fase onde todos os 4 times do grupo(Flamengo,Santos,São Paulo e Vasco) entraram nesta rodada com chances de classificar para a final e eu quase tive um ataque de nervos,no auge dos meus 15 anos e vivendo o ápice do meu fanatismo Rubro-negro ,ao ouvir pela rádio Globo,um jogo daqueles de tirar o folego pelo fato de dependermos justamente de uma vitória do Vasco,e que veio,contra o SP que liderava o grupo com um ponto de vantagem,e é bom lembrar que naquele tempo a vitória valia 2 pontos.E felizmente tudo acabou dando certo com nossa vitória,3×1 sobre o Santos,com gols de Nélio,o volante Bernardo (contra),Marcelo Passos fez o de honra deles e o saudoso Gaúcho fechou a conta pra gente.E por último e não menos importante,o jogo Flamengo X Santa Cruz pela última rodada da primeira fase da Copa União de 87,com aquele golaço do Zico de falta já no fim do jogo,aquele do folclórico “eu tb quero ver o gol do Zico”que teria sido dito pelo Zé do Carmo que estava na barreira do Santinha.Vi este jogo tb pela TV na casa de um amigo de meu falecido pai,onde eu comemorei muito e fui repreendido pelo meu velho por sermos visitas.Pra completar,o anfitrião amigo de meu pai me disse após o fim do jogo,”não fique tão eufórico moleque,pq seu time vai enfrentar o futuro campeão deste ano,o meu Galo”.Mal sabia ele que a freguesia deles continuaria,e eu é que comemoraria mais um título brasileiro.SRN com muita P&A.
Fala, Maxwel.
Bela lista tríplice.
Houve um errinho de digitação ali no resultado de Flamengo e Santos. 5×4, e não 3×4, né?
Rapaz! Demais essa história de você ter sido sorteado para dar nome ao sobrinho, e escolher Artur. A ausência da letra h não importa, o que vale é a homenagem. Bacana.
Muito bem lembrado: o fato da gente ter que torcer para o Vasco torna aquele dia realmente histórico. Fizemos a nossa parte, eles deram uma mãozinha. E na final o Botafogo pagou o pato.
“Eu também quero ver o gol do Zico” – e que golaço! – é sensacional. E o amigo do seu pai continua esperando, até hoje, o título brasileiro do Atlético.
Valeu demais.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Falha minha caro Jorge,valeu pela correção.
Seguem meus jogos. Abraço, Murta!
6 de abril de 1979 – Flamengo 5 x 1 Atlético Mineiro. Maracanã lotado, jogo amistoso a favor das vítimas das chuvas em Minas, Pelé jogando no primeiro tempo pelo Flamengo, Zico no auge e meu último jogo na companhia do meu irmão. Inesquecível.
9 de novembro de 2009 – Flamengo 3 x 1 Atlético MG. Ali começou a caminhada para o nosso hexa. Teve gol olímpico do Pet, gol do Maldonado e do Adriano.
31 de janeiro 2010 – Flamengo 5 x 3 Fluminense, de virada. Os tricolores me perturbaram e ligaram pra minha casa porque o primeiro tempo terminou 3 x 1 pros caras. Eu ainda falei: calma que tem o segundo tempo. E a gente ainda tinha o Imperador. Virada histórica.
27 de julho 2011 Flamengo 5 x 4 Santos. Um dos melhores jogos que já assisti. Apesar do Santos ter mais time, eu tinha certeza de que a gente ganharia. Sofrimento e alegria. Que jogo!
23 de outubro de 2019 – Flamengo 5 x 0 Grêmio – Jogaço da semifinal de Libertadores, que acabo de assistir no Fox Sport, hoje, dia 31 de maio 2020
Fala, irmãozinho.
Imagino que o último jogo na companhia de Rothman seja mesmo inesquecível, independentemente de Pelé ou Zico.
Nesse Flamengo x Atlético de 2009, além do gol olímpico do Pet – ele já fizera um quatro rodadas antes, no Parque Antárctica, em cima do goleiro titular da seleção brasileira pentacampeã do mundo (Marcos, do Palmeiras) -, houve outro fato raro: um gol do Maldonado. O volante chileno jogou o fino naquela campanha, mas fazer gol não era a praia dele. Sem dúvida, uma vitória fundamental na arrancada para o título.
Esse FlaxFlu aí eu não vi. Morava em São Caetano do Sul, na hora do jogo caiu o mundo e a cidade ficou sem luz até três ou quatro horas da madrugada.
Quanto ao Flamengo e Santos, tenho uma observação. Em termos de técnica e emoção, foi um jogo espetacular, mas o que me marcou mesmo foi o futuro: a decepção que tive com Ronaldinho Gaúcho. Um cara capaz de fazer o que ele fez naquela noite não poderia desperdiçar a chance de deixar seu nome marcado na Gávea. Cracaço de bola, Ronaldinho Gaúcho saiu do Flamengo como se fosse um fulano qualquer.
Flamengo 5 x 0 Grêmio. Tamo junto.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Vixe! Essa é das boas! Quer dizer, pra mim, que tenho a memória abalada pelas idiossincrasias traumáticas de batalhas épicas e derrotas acachapantes que me faziam esguichar lágrimas na horizontal e desafiar toda a torcida adversária na flor da 1ª infância, a única certeza que tenho é de que aqui cheguei (mas não me lembro) e por aqui continuo (mas não tenho ideia de até quando), nem tanto.
Mas três são inesquecíveis: a estreia do Garcia em São Januário contra o Arsenal de Londres. Com 5 anos, foi a 1ª vez que assisti um jogo de futebol e a 1ª vez que entrei num chiqueiro.
As outras duas têm em Almir Pernambuquinho o grande protagonista: a que ele marcou mergulhando na lama e a magistral melação do sacode e título do Bangu, quando ele declarou, anos depois, que não ia permitir o massacre que fatalmente aconteceria se o jogo continuasse com o Flamengo com menos 2 e o Valdomiro engavetado (até as pedras sabiam). Teve também um depoimento dele, não me lembro se referindo a que jogo em particular, em que dizia “Eu queria dar uma porrada no cara, encostei perto dele e então dei um bico na bola pra cima com toda força. Eu sabia que todo mundo ia acompanhar a trajetória da bola, inclusive o juiz. E foi aí que enfiei a mão nos córneos dele. Quando a bola caiu, o cara tava estirado no chão e eu longe da cena”. Nos encontramos diversas vezes no posto 6, em Copacabana, nas imediações da Galeria Alaska, e até meu primo, botafoguense, filho do Renato Estellita, era fã dele.
Grande abraço. srnp&a
Fala, Rasiko.
Almir foi um personagem espetacular.
O lance que vou descrever agora é parecido com o que você contou, mas ele se metia em tantas confusões que talvez seja outro episódio.
Primeiro turno do Campeonato Carioca de 1966, FlaxFlu. O Fluminense tinha um lateral-direito, Oliveira, que cruzava muito bem. Com quinze minutos do 1º tempo, Oliveira já tinha feito dois cruzamentos perigosos. Almir, que gostava de cair pelo lado esquerdo do ataque, encostou em Oliveira e disse mais ou menos o seguinte (saca só o absurdo!): “Ó, esses seus cruzamentos estão tumultuando a minha defesa. É bom parar com isso, se não vai ficar ruim pra você.” Perplexo, Oliveira ainda tentou argumentar: “Mas eu só tô jogando bola, só tô fazendo meu trabalho.” E Almir, firme: “Bom, falei pra parar.”
Oliveira não parou e cruzou mais uma bola venenosa na área rubro-negra. Almir não disse nada. Na jogada seguinte, com a bola no outro lado do campo, Almir emparelhou com Oliveira, longe dos olhos do juiz Airton Vieira de Morais, o Sansão, e fuzilou Oliveira com uma cabeçada. O lateral tricolor desabou no gramado e lá ficou. Juiz não viu, bandeirinhas não viram, estávamos em 1966, a mais de cinquenta anos da invenção do VAR, a partida seguiu. Só que os jogadores do Fluminense ficaram ensandecidos: na primeira dividida com Almir no meio-campo, o volante Denílson deu, grosseiramente, no meio do Pernambuquinho. Denílson expulso. Logo depois foi a vez do lateral-esquerdo Bauer. Chuveiro. Com dois a mais em campo, o Flamengo fez dois a zero, gols de Osvaldo Ponte Aérea e Paulo Henrique, e venceu sem dificuldades. Almir continuou perturbando, e ainda achou um jeito de ser expulso no final. Era muito doido.
Almir já havia parado de jogar quando foi assassinado a tiros numa briga no bar Rio-Jerez, no Posto Seis, ao tomar as dores dos integrantes do grupo Dzi Croquettes, que estavam sendo ofendidos por turistas portugueses.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Gostei do desafio, vamo nessa
1996
2×1 Fluminense, gol de canela do Nélio que pos fim a um jejum de não sei quantos jogos sobre eles
1997
2×2 Grêmio um título da CB que escorreu pelos dedos e um gol do Romário parecido com esse do Almir contra o Bangu
1997
1×4 Vasco, no fatídico show do Edmundo e reestréia de Jr Baiano, que fez o de honra
1995
2×3 fluminense, numa das finais mais épicas que já presenciei no Maracanã
1993
2×2 São Paulo, que para mim é a final mais emocionante de todas que vi, depois de 2019, com duas exibições espetaculares do Marquinhos
Boa, Marcos.
É exatamente isso aí. Não há uma lista certa, não há uma lista errada; não há jogos obrigatórios e nem os desprezíveis.
Cada um tem sua própria lista, em função de como cada jogo impactou e ficou marcado.
Valeu.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Vamos lá.
Obediente ao Mestre Murtinho, elaborei a minha lista, com OITO jogos.
Criei uma regra diferente, obedecidas as demais.
Os jogos teriam que ser mais velhos do que o próprio Murtinho.
1 – 1945 – FLAMENGO 0 x 2 Botafogo – Jogo disputado na Gávea, pelo 2o. turno, quando nós jogávamos (e perdemos) a última oportunidade do tetra-campeonato. Fui com meus pais e irmãos (todos botafoguenses) de cadeira numerada, que, só com meu pai, foram compradas pela manhã, na Gávea mesmo. O Botafogo, no primeiro tempo, fez 1 x 0, sendo que, ainda com esse placar, na etapa final, Pirilo perdeu um pênalti, chutando em cima do pequenino Ari, goleiro do Botafogo. Bem do lado do campo em que estávamos, o que dava para o Jockey Club. Começo mal a minha lista, mas vai melhorar, E MUITO.
2 – 1946 – FLAMENGO 5 x 2 Fluminense – Cariocão, última roade do primeiro turno, Nas Laranjeiras, super lotada. Mal podia ver, sendo que, do lado contrário em que estávamos , pouquíssimo eu, apenas com oito anos, conseguia ver. Fechamos invictos o primeiro turno, mas, lamentavelmente, no returno perdemos, na Gávea, perdemos pelo mesmíssimo e inusitado placar, provocando um superampeonato que os tricolores ganhariam. Ficou famosa a frase do Gentil Cardoso – ^deem-me o Ademir, que eu lhes darei o título^.
3 – 1949 – FLAMENGO 3 x 1 Arsenal – Em São Januário, em um domingo de sol. Estréia do extraordinário goleiro paraguaio Sinforiano Garcia, para mim o melhor que tivemos em todos os tempos. Durval, um bom atacante, e Jair da Rosa Pinto os artilheiros, este com dois gols, um de falta, do meio da rua, com um tirambaço que não veria mais.
4 – 1949 – FLAMENGO 3 x 0 Bangu – pela terceira rodada do Carioca, na Gávea, lotada. Fui nas Sociais, em companhia do marida de uma prima irmã do meu pai, Mário Tavares do Silva, meu companheiro em muitos e muitos jogos. O Bangu, então emdinheirado pelo
seu patrono Silveirinha, anterior à turma do zoológico, estaa montando um grande time, vindo embalado. O goleiro tinha um nome curioso – Mão de Onça. O extraordinário Zizinho abriu o marador, sendo que os ponteiros Esquerdinha e Bodinho fizeram os dois últimos gols. Foi a primeira vez que vi a famosa charanga do Jayme de Carvalho, que ficava sentada bem à esquerda das sociais.
5 – 1949 – FLAMENGO 1 x 1 São Cristóvão . também na Gávea, no mesmo local e na mesma companhia do jogo anterior.Um jogo de pouca importância, que selecionei apenas pelo inusitado. TODOS os cinco jogos da rodada, realizados num domingo de chuva, terminaram empatados pelo mesmo placar – 1 x 1.
6 – 1951 – FLAMENGO 2 x 1 Vasco – Campeonato Carioca. Maracanã. Gols de Índio e Adãosinho, Jogo importantíssimo e inesquecível. Domingo de chuva. Desde a vitória que nos deu o primeiro TRI, em 1944, não vencemos mais, até esta partida, o time de São Januário. Sete anos de pastor. Dolorosos, especialmente para uma criança. Uma vitória memorável.
7 – 1954 – FLAMENGO 2 x 1 Vasco,novamente – Campeonato carioca, Maracanã, gols de Dr, Rubens e Índio. Era o fantástico time do feiticeiro Fleitas Solich. Garcia, Tomires e Pavão – Jadir, Dequinha e Jordan, Joel, Rubens, Índio, Benitez e Esquerdinha. Os dois últimos não tinnham condições de jogo. Solich, apesar de ter a possibilidade de utilizar o fantástico Evaristo, resolveu inovar, como era de seu hábito. Lançou a dupla Dida e Babá. Quando anunciada a escalação, o Maracanã tremeu … de medo. Excepcional exibiçao dos dois. Dida iria se consagar como o maior artilheiro rubro-negro, até que … surgisse o Zico.
9 = 1956 – FLAMENGO 12 x 2 São Cristóvão – Maracanã, pelo carioca, em um sábado de sol. Esse jogo tem que ser incluído, eis que repesenta a maior goleada em jogos realizados no estádio. Evaristo fez cinco gols e Índio quatro.Pelo São Cri-Cri, um bom jogador, o atacante Sarcinelli, fez os dois. É possível que o Murtinho já tivesse nascido, mas certamente ainda não saia do berço.
Saudosas SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – ia esquecendo. Vou fazer um reparo no brilhante artigo do Murtinho. Tripudiar, desta forma, é demais. No jogo do urubu,o público ea mesmo de quase 150 mil pagantes, Fui sem pagar, na cadeira cativa do pai de um amigo, que também estava presente.
A bem da verdade, a torcida estava dividida, eis que o Botafogo estava numa fase excepcional. Tínhamos, digamos assim, um pequena maioria, mas a totalidade dos 150 mil nem de longe.
Meu amigo Carlos Moraes.
Arrebentou. Sensacional. Tanto que aguçou minha curiosidade, e fui checar a data exata da goleada de doze a dois no São Cristóvão. Vinte e sete de outubro. Como nasci em 1º de maio, estava a cinco dias de completar seis meses de idade. Um pouco cedo para ir ao Maracanã.
“Quase 150 mil rubro-negros” no Jogo do Urubu é força de expressão. Certamente há aí algum exagero, mas vamos combinar: nem oito nem oitenta. Dizer que a torcida estava dividida é um pouco demais, não? De todo modo, apliquei um refresco nos números e dei um aliviada no texto. Obrigado.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Digamos 90 mil contra 60 mil. Uma maioria, na verdade não tão pequena assim.
Há um detalhe curioso,
Há anos atrás, não sei se ainda no Urublog ou se já aqui no RPA, o Arthur, em um dos seus memoráveis artigos, colocou uma foto antiga, que, salvo engano, fora enviada por um admirador, do jogo Flamengo 3 x 0 Bangu, pelo menos na minha opinião.
Na oportunidade, fiz a observação a respeito, inclusive no tocante à minha presença.
Mais um detalhe.
Falar em sociais na Gávea era mera figura de retórica.
Faziam um quadrilátero pifiamente protegido, no meio da fabulosa arquibancada, no sentido vertical, e no meio do campo, no sentido horizontal.
Como todos sabem, a arquibancada não chega até o gol do lado da antiga Praia do Pinto, à época, e ainda por muitos anos, existente,
Registre-se. Era uma tremenda concenotração de rubro-negros, bem perto dos 100%. Daí sermos considerados o Clube do Povo, enquanto chamados pelos infelizes de Flavelado.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – fiz muitos erros de digitação no comentário. Sinto-me obrigado a corrigir um. Fui ao primeiro jogo com meus pais e meu
IRMÃO. Só tive um, mais velho.
Atletico – MG 2 X 3 Flamengo, Campeonato Brasileiro 1987 no Mineirao. Os gols iniciais do Flamengo (Zico e Bebeto) foram muito contestados pelos Atleticanos (como sempre – tenho familia em BH e eles nao aceitam quase nenhum titulo nosso em cima deles). Achavamos que o jogo estava resolvido, mas em poucos minutos no segundo tempo eles empataram e vieram com tudo. A corrida final do Renato Gaucho, em funcao de uma bola espirrada quando o Galo estava todo na nossa area, foi EPICA. O drible no Joao Leite foi emblematico e ele so correu pro abraco. Era uma quarta a noite, eu com 13 anos gritei tanto pela janela do meu apartamento no Meier. Dali iamos pra final contra o Inter mas o Atletico era o time de melhor campanha e exibicoes extremamente convincentes. Os jogos contra o Inter foram dificeis mas esses contra o Atletico (1 X 0 no Maracana) e esta volta no Mineirao foram as verdadeiras finais, na minha opiniao
Fala, Miguel.
Jogaço, sem dúvida.
Não sei se você lembra da reclamação do Zico, quando foi substituído por – veja você – Henágio. O Galinho estava uma arara com a quantidade de oportunidades claras que o Flamengo perdera, duas com Bebeto e uma com Aílton, e soltou os bichos.
Como sempre, ele tinha razão. Após abrir dois a zero, o time poderia e deveria ter matado o jogo, e não o fez. Na verdade, depois que o Atlético empatou – resultado que ainda nos dava a vaga na final, mas nos fazia correr enormes riscos – Renato Gaúcho achou aquele gol, numa arrancada fabulosa quando a pressão era tremenda.
Valeu, Miguel, ótima lembrança.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Não vou conseguir lembrar nem tantos jogos, nem com tanta precisão, mas seguindo a orientação, li o artigo e, de bate-pronto, lembrei-me de um que marcou a convicção de que, em, 1979, o Flamengo começaria uma nova era: Flamengo 4 x 0 Fluminense.
Tarde chuvosa de domingo, segundo turno do Carioca de 79, onde tudo começou. Flamengo não conseguiu ganhar nenhum clássico no primeiro turno (0 x0 com o Vasco, 0 x 0 com o Botafogo (a conferir) e 0 x 2 com o Fluminense). Só conquistou o turno, porque não perdeu ponto para pequenos.
O time era reforçado com jogadores do Cruzeiro, Zico vinha de uma Copa decepcionante na Argentina. Raul se machucara e Cantarele era o titular (por mais que contasse com a simpatia de boa parte da torcida por ser cria da casa, era famoso por sair mal do gol e havia aquela sensação de que o reserva Nielsen era bem melhor).
Fluminense começou aquele ano com pinta de que seria o campeão e que despontaria no cenário nacional por anos a fio: trouxe Nunes e Fumanchu do Santa Cruz, formando um ataque sedutor com o arisco Zezé na ponta-esquerda e promoveu Marinho Chagas a camisa 10, que, junto com Pintinho e Cleber, constituindo um meio-campo para encantar os amantes do bom futebol.
O Flamengo, apesar de campeão do 1º turno, particularmente, não conseguia me encher de esperanças: sabia que era um time esforçado, mas Manguito na zaga não era exatamente o tranquilizador do meu sono, mesmo com Rondinelli ao lado (que era um zagueiro raçudo, mas não chegava a paredão). O embate prometia angústias, quem sabe uma vitória (o Fluminense, no seu primeiro clássico, havia levado de 3 x 2 do Botafogo, o que arrefeceu o seu ímpeto inicial e equilibrou as forças daquele campeonato), mas nunca uma certeza tranquila de qualquer torcedor com um mínimo de racionalidade.
Entretanto, o que vi no gramado, no auge dos meus púberes 14 anos de idade, reverteu todas as expectativas.
O cenário era melancólico, um anticlímax de uma clássico que começou 40 minutos antes do nada: chuva, arquibancadas sem consistência, preenchidas somente na parte coberta e, mesmo assim com espaço entre seus torcedores. Da minha parte, fazia companhia a mim mesmo, pois não encontrei nenhum outro abnegado que se dispusesse a me seguir.
O que sei, contudo, é que o placar foi de 4 x 0, dois gols de Zico; dois de Cláudio Adão. Não houve gramado encharcado, com chafariz espirrando da bola sempre que ela girava, nem poça d’água atuando como zagueiro que conseguisse parar a irresistibilidade do time: defesa bem postada, meio-campo ocupando seu espaço e ataque agressivo que, com a bola, verticalizava para gol; sem ela marcava a defesa atrapalhando a sua saída para o jogo. Usando de um termo do cancioneiro popular, “o time estava encaixado”. E mais. Percebia-se que não era uma luz fugaz, menos ainda uma mera contigência do destino, tampouco um capricho dos deuses, que para aquele domingo perdido, resolveram no cara ou coroa que, a vitória seria do Flamengo. Não. O time exigiu a conquistou respeito.
Meu ângulo do jogo era o inverso das cabines de rádio, o que me fez revê-lo por outro prisma à noite, atentando a detalhes que me foram escondidos em virtude do ponto de vista diverso. Mas o detalhe íntimo, que só pude identificar na reprise da TVE, após chegar em casa enchardado pela chuva que tomei ao subir a pé a Avenida Maracanã, foi que, como veio a dizer Veríssimo anos mais tarde, o verdadeiro jogo é o videotape. Apesar de ter Zico em ascensão, com seus dois gols, apesar de ter Cláudio Adão redivivo, com outros dois gols, quando José Cunha declarou o final do jogo, a única coisa que pensei foi: “como joga o Carpegianni!…”
Belíssimo texto, Alvaro.
Deixa eu fazer apenas um esclarecimento. No post, conforme proposto pelo Dunlop, citei os jogos que me vêm automaticamente à cabeça. Até aí, beleza.
Entretanto, claro que certos detalhes das partidas, minutos em que os gols aconteceram etc., tudo isso foi pesquisado. Do contrário, nem o PVC com sua memória prodigiosa.
Muito bacana, show de bola. E não há como negar: Carpegiani jogava demais.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Uma verdadeira aula de história. Parabéns Murtinho
Valeu, Consulado!
Muito obrigado pela força.
SRN. Paz & Amor.
O Onça!! Porra,o Onça!! haha
Fala, Plinio.
Quer dizer que você também é do tempo do Onça? Maravilha.
O Onça tem dois momentos inesquecíveis pra mim.
1)Em 1968, houve um Flamengo e Botafogo pela Taça Guanabara. Se o Flamengo ganhasse, era campeão; se empatasse, jogaria por um empate com o Bonsucesso, no Maracanã, pra garantir o título. O clássico entre Flamengo e Botafogo terminou zero a zero. No final da partida, Onça fez uma festa da porra, foi pra galera, jogou camisa, calção, chuteira, meia, saiu do campo de sunga, comemorando o título. Na quarta-feira, conseguimos a proeza de perder para o Bonsucesso, dois a zero. Fomos para um jogo extra com o Botafogo e tomamos um sapeca de quatro a um.
2) Aí ele deu o troco. Em 1969, o time do Bonsucesso dava trabalho. Pra você ter ideia, o Botafogo tinha o timaço que foi bicampeão do Campeonato Estadual e bicampeão da Taça Guanabara (1967/1968). Pois no campeonato carioca de 1969, o Bonsucesso ganhou do Botafogo em General Severiano (dois a um, fui nesse jogo, morava ali do lado) e empatou no Maracanã (um a um e eu estava lá também, porque foi a preliminar de Flamengo um, América zero, gol de Doval). Pois bem. Na rodada anterior ao Flamengo e Botafogo que citei no post (Jogo do Urubu), Flamengo e Bonsucesso no Maraca. Jogo embaçado, primeiro tempo zero a zero, lá pelos quinze do segundo houve uma falta a cinco ou seis passos da área. Partida tensa, torcida impaciente, Onça foi lá e bateu magistralmente. Alívio. No final, Dionísio fez mais um e partimos com moral pra cima do Botafogo.
Grande Onça!
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
O cara esbanja, cita jogo, minuto quem fez o que e etc. Só não acredito quando ele fala que jogava bola igual escreve… Aí é pedir muito sem ter sequer um videozinho pra comprovar… Kkkkk
Meu amigo Delpupo!
Coloquemos as coisas em seus devidos lugares.
Quem diz que eu joguei bola não sou eu. É a história.
Aliás: se você entrar no meu facebook, na publicação dessa postagem vai ver um comentário de um cara com quem eu estudei por mais de dez anos. Chega lá e depois me diz.
(Minha mulher fala que eu pago esses caras pra sustentar a lenda.)
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida, nem que seja à base de cream-cracker.
Isso é lista para nenhum programador do Sportv botar defeito! SRN, Sr. Murtinho!
Tamos aí, meu camarada.
Tens outro desses? Se tiver, posta e convoca a rapaziada.
Bobeou, nóis entorta.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.