Mais uma covardia do Flamengo no Maracanã. Insensível, o Flamengo não pensou duas vezes antes de humilhar os mano e aumentar a taxa de desemprego na ponta feia da Dutra. Aos fins de mais de 90 minutos de domínio abusado e irrestrito dos artistas rubro-negros no gramado o Flamengo seguia líder do Brasileiro, com larga vantagem sobre o segundo colocado, e o Curica, todo fudido, com 4 cocos nos balaio, estava sem treinador.

Com a justa goleada aplicada por um Flamengo motivadíssimo os três dias de corneta e pânico na Nação, provocados por uma ação orquestrada de contrainformação após o empate não canônico com o Goiás, se dissiparam no ar. A torcida do Flamengo acordou do transe e percebeu que só faltam oito jogos pra acabar a palhaçada e oito pontos nos separam do porco.

Uma diferença que pode até parecer pequena quando observada dentro dos estreitos limites da aritmética, mas de uma extensão ainda desconhecida quando comparamos o futebol praticado pelas duas equipes. Não dá nem pra calcular o quão longe é isso. O Flamengo está em um nível de desenvolvimento tático e estratégico que destoa gritantemente dos outros 19 competidores. Ainda assim, não há motivos para que se baixe a guarda ou se afrouxe a vigilância.

Se o Brasileiro fosse só futebol não haveria nenhum motivo para receio, cautela ou preocupação. Se fosse só futebol a Magnética já estaria abrindo o Carnaval 2020 numa boa, sem traumas. Mas a torcida do Flamengo sabe que o Campeonato Brasileiro de 2019 vem sendo jogado com extrema violência, de segunda a sexta, em gabinetes, corredores e cantinhos escuros da CBF, pela facção paulista que, com a ajuda do FBI, tomou de assalto a entidade.

A certeza da impunidade é tamanha que a tal facção já nem se preocupa em manter as aparências. Os roubos, desvios e favorecimentos aos times paulistas estão sendo praticados à luz do dia. Operam qualquer adversário sem anestesia e sem qualquer pudor. A campanha do Palmeiras no Brasileiro é uma representação microcósmica do momento nacional. O triunfo desavergonhado da cleptocracia em favor da inépcia, ante o silêncio constrangedor da mídia e da justiça. E não podemos negar, uma certa bundamolice da sociedade civil. Fogo na Babilônia.

Como disse o vice-presidente Pedro Aleixo em 1968 ao se recusar a assinar o AI-5, “Não é o presidente que eu temo, mas, quando o arbítrio e o autoritarismo se instalam no topo da cadeia, eles descem em cascata até o guarda da esquina, e a esse eu temo. Então, não assino.” Em 2019 o Palmeiras é o guardinha da esquina vestido de verde. Com uma grande diferença: o Palmeiras não deve ser temido porque é um time meia-boca que joga um futebol horroroso. Mas é paulista e à tal facção, sim, devemos temer (toc, toc, toc). Já vimos do que são capazes.

Mas com o Flamengo a paulistada não se cria. Não perdemos nenhum jogo pra eles em 2019 e lamentamos muito os empates injustos que empanam a nossa admirável campanha. Felizmente, neste ano abençoado, o Flamengo parece ter consciência de que não é possível ser campeão brasileiro, de fato e de direito, sem passar o rodo na paulistada. Delenda est São Paulo.

Hoje, tal condição implica em, além de ganhar dos caras, neutralizar as artimanhas da inidônea CBF e seu saco de maldades. Desroubando em campo, com bola no barbante, o que os árbitros, bandeirinhas, a putada malocada no cafofo do VAR e nos tribunais Playmobil inventam para nos prejudicar. Dá raiva, mas da mais é orgulho ver o Flamengo mais uma vez do lado certo, lutando por tudo que o esporte tem de belo, justo e bom.

Belo, justo e bom como o futebol que o Flamengo jogou no Maracanã. O pessoal lá em casa andava meio preocupado com a aparente falta de saco do Flamengo pra jogar com Fortalezas, CSAs e Goiázes da vida. Mas bastou a bola rolar pra perceberem que o Flamengo só quer jogar bem em jogo grande. Normal, né? Quem nunca? Até porque o Flamengo não está lutando contra a arcoirizada reunida, o Flamengo luta, e está vencendo, o sistema federativo e todas as suas moléstias colaterais.

Bruno Henrique, em tarde espetacular, fez sua trifeta e levou a bola do jogo pra casa. No seu segundo gol concluiu, com a letalidade habitual, uma jogada espetacular de Gérson, que incluiu dibre da vaca e lançamento primoroso. Como joga o nosso oito! O Flamengo não deixou os mano brincarem com a bola, os cara ficaram na roda o jogo todo. Vitinho, veja você, também fez um golaço. Mas deve-se reconhecer que os beques deles só deram quatro moles, bloquearam bem demais. Se não fosse por eles era jogo pra seis, sete gols, sem nenhum exagero.

Diria o mesmo dos nossos zagueiros, mas não podemos passar a mão na cabeça de uma defesa que deu três vacilos no jogo. Dois salvos pelo Diego Alves e um, lamentável, acabou em gol dos curica. Temos muito o que melhorar, é duro aceitar que o Flamengo, jogando o que está jogando, tenha apenas a terceira defesa menos vazada do campeonato. Mas se eu que sou um porralouca notório estou preocupado com isso imagino que Jesus não deve nem estar conseguindo dormir quando pensa na nossa defesa.

Chega a dar medo pensar do que o Flamengo será capaz quando ficar pronto e conseguir escalar todos os seus craques em forma ao mesmo tempo. Porque até hoje o Flamengo tem jogado sempre com um dodói, um suspenso, um convocado, um pendurado, um voltando de contusão, nunca a nossa força máxima está em campo. Quando estiver vai ficar muito sinistro.

O Flamengo vive um momento peculiar. O time está voando, dando show, desfilando nos gramados. E ainda assim tem um monte de torcedor rubro-negro que se recusa a formar na grande corrente pra frente do Oba-Oba. Insistem em não se render ao contágio do Oba-Oba oficial e necessário, criam um núcleo de resistência que aos menos atentos dá a impressão errônea de que a torcida do Flamengo não está unida.

Nada mais falso. A torcida do Flamengo está mais unida do que nunca, quebrando recordes de publico, renda e audiência em todo o Brasil. Semana que vem teremos joguinho meio desinteressante contra o Foguinho. A tendência, lógico, é que nossa rapaziada não demonstre o mesmo ímpeto exibido contra o Curica. Mas é o Foguinho, quem se importa? Desde que tragam os três pontos estão autorizados até a jogar mal.

Importante é a festa pós-jogo e manutenção do Oba-Oba. Hoje, o Cheirinho, o Segue o Lider, o Deixou Chegar, o Ácido Heptanóico e similares já não sofrem tanto preconceito. Na verdade é o sapatinho que não tem sido visto com bons olhos. Pode comemorar. Flamenguistas, tomem consciência: nosso time é foda! Não abram mão de nenhum dos seus  direitos!

Só faltam oito. Vapo! Vapo! Vapo!

Mengão Sempre