Um dos meus tipos humanos inesquecíveis é o torcedor do Flamengo que já se planeja para o jogo de volta com o Emelec na quarta-feira que vem. Esse cara é um herói, na mais ampla acepção do termo.
O herói é o indivíduo que se notabiliza por suas realizações, seus feitos guerreiros, sua coragem, sua abnegação, sua magnanimidade. O herói é capaz de suportar exemplarmente uma sorte incomum (eufemismo pra azar do caralho) que consiste em uma sequência interminável de infortúnios e sofrimentos.
O herói é ainda o sujeito que arrisca a vida pelo dever ou em benefício de outrem ou de uma causa maior. É a figura central de um acontecimento, de um período.
No Maracanã, o cenário já está montado para a enésima reencenação da tradicional tragédia rubro-negra na Libertadores. Esse torcedor, que parece desconhecer o básico do cálculo de probabilidades e ri na cara das estatísticas, vai estar lotando da primeira à ultima fila dos 40 milhões de Maracanãs do mundo.
Esse torcedor transbordando de fé nas inesgotáveis capacidades do Flamengo vai se esgoelar durante 90 minutos movido pela crença genuína em um improvável triunfo. Desnecessário apontar que esse torcedor herói tem um quê de mártir.
Ele desafia os deuses como os heróis mitológicos um dia fizeram, desprezando os conselhos dos sábios, dos velhos e o consenso científico que estabeleceu, desde a semifinal contra o Peñarol em 16 novembro 1982, que jogar a Libertadores no Maracanã é kriptonita para o Flamengo.
Esse mesmo torcedor estava ainda ontem com os olhos vidrados na TV assistindo ao Flamengo entregar as rapaduras e as cocadas com aquela amabilidade vira-lata tão comum aos brasileiros quando viajam ao exterior. O Emelec fez o Flamengo ganir no gramado do George Capwell.
Era um Flamengo armado à la loca pelo Jorge Jesus, num preocupante surto de pardalismo, que bagunçou profundamente o pouco que o time tinha mostrado até agora em termos de organização. Como atenuante às tresloucadas escolhas feitas pelo treinador temos apenas os desfalques inevitáveis de Arrascaeta e Ribeiro e o evitável de Cuellar, que para nós se mostraram fatais. O que é muito pouco pra justificar a magnitude da cagada assinada pelo português.
O futebol que o Flamengo apresentou na noite de Guayaquil foi desastroso. E nos forçou a relativizar o valor da evolução, a contestar a escola europeia, e até mesmo a questionar a necessidade do Flamengo continuar a insistir nessa busca pelo Santo Graal do continente. O Emelec nos botou na roda, reforçando a ideia herética de que o Flamengo é tigrão no Carioca e tchutchuca na Libertadores.
Não contente em nos esculachar em regra e colocar a Nação em pânico, os equatorianos ainda quebraram o Diego de forma grave, talvez tirando o jogador dos planos do clube por muitos meses. O que nos deixa para o jogo de volta com limitadíssimas opções no meio de campo, nenhuma delas que se destaque pela criatividade.
Se ontem o torcedor herói que se prepara estoicamente para o jogo de volta no Maracanã percebeu o quão frágil é a nossa estrutura, como é vã a nossa afluência, como é muito mais espiritual do que física a confiança que depositamos na força do elenco, a sua vaidade em ser Flamengo não nos deixou perceber.
O herói segue adiante, com a fronte erguida, o ingresso na mão e uma esperança que nem os 38 anos na fila imensa da Libertadores parecem capazes de arrefecer. Lá vai ele rampa do Belini acima, vestido de vermelho de preto, imune ao descrédito com que agora nos julgam, munido de uma certeza mística de que o Flamengo tudo pode.
O torcedor herói, esse tipo humano inesquecível, guerreiro, mártir, fanfarrão, não é o maior patrimônio do Flamengo. É o único.
Mengão Sempre
Uma bela vitória, que deveria ser muito mais tranquila não fosse o frango do nosso goleiro (No segundo gol. No primeiro, com o cara subindo pra cabecear sozinho no primeiro pau, o goleiro não é culpado. Se não tivesse saído, seria gol do mesmo jeito).
Reforçado pela ausência da enceradeira quebrada, pelo retorno do Cuellar, pelo espetacular Rafinha na lateral, e pelo Bruno Henrique aberto pela ponta esquerda, sua posição de origem, o Flamengo encontrou uma formação capaz de derrotar o Emelec por quantos gols de diferença desejar.
Léo Duarte foi vendido na hora errada, ficamos sem nossa dupla de zaga titular pra decisão. Jogar o peso nas costas de um garoto de 18 anos e de um recém-contratado egresso de um time pequeno da segunda divisão do campeonato espanhol é bem temerário.
Mas, para o jogo contra o Emelec, isso não deve ser preponderante, já que mal seremos atacados. Precisaremos apenas de zagueiros velozes para fazer coberturas nos contra-ataques. E isso temos.
Vamos classificar.
Para o resto do ano, precisaremos resolver a questão da zaga, que já se fazia necessário mesmo com o Léo Duarte.
Dois jogo seguidos que o Diego Alves entrega a paçoca, mas como salvou um gol certo leva nota 4.
Rafinha – nota 11 – participou de todos os gols e foi o diferencial. Rebentou. O gol do BHenrique foi 90% dele numa jogada de vídeo-game.
Thuller – nota 7 – gosto mais dele do que do Léo Duarte, embora a diretoria esteja se acostumando a comprar na alta e vender na baixa.
Pablo – grata surpresa, nota 8. Tranquilo, não se afoba, Diego Souza sumiu perto dele e sabe sair jogando.
Trauco – com boa cobertura, é mais eficiente que o Renê – nota 7
Cuellar – ainda não reencontrou o excelente futebol pré-copa américa – nota 6 – mas não pode sair.
Arão – quando joga na frente rende mais – nota 7
Gerson – jogou muito e tende a melhorar – nota 9 – golaço
Gabriel – melhorando a cada jogo e me fazendo enfiar a corneta no saco, mas não perde a oportunidade de tomar um amarelo – nota 9 – outro golaço
Lincoln – com aquele pescoço de lutador de sumô, não vai longe – nota 4
BHenrique – melhorou, mas ainda tá devendo – nota 7
JJ – mostrou que sabe mudar o jogo em andamento – nota 9
srn p&a
Rasiko, o contumaz entregador não salvou gol certo, a bola está em direção para fora do gol. Não iria entrar, portanto, NOTA ZERO!
Apenas essa ressalva.
Concordo com o João Neto, Rasiko. A bola ia pra fora, caso contrário era capaz do enganador buscar novamente a bola no barbante.
Cesar precisa voltar, não é de hj que o Diego Alves não passa confiança alguma, além de ter baixa estatura e pouco reflexo.
SRN.
O herói foi recompensado hoje. Quarta-feira tem mais.
SRN
P.S. hoje o Cuellar queimou minha língua, ajudou bastante o ataque e a defesa (normal dele) mostrando que tem vaga sim como titular nesse time.
JJ explicou o Rafinha na direita, ele não acreditava que o Berrio pudesse fazer a função de armador. Hoje o Rafinha ganhou entrosamento com o Gerson, entrosamento que fez falta no jogo contra o Emelec. Seguimos
É isso aí Arthur, lá vamos nós pro Maraca sabendo que vai ser foda de aturar.
Sabendo que se, como geralmente ocorre nessas situaçoes, a nossa torcida começar a vaiar, um ou outro, aos 5 minutos do primeiro tempo, ou pior ainda, quando anunciarem a escalaçao, é quase certeza de que nao vamos arrumar coisa alguma.
Mas fazer o quê ???? Deixar de ir naõ passa pela minha cabeça.
Mas nós cantamos que “estaremos ao lado do nosso time de coraçao onde ele estiver, em qualquer situaçao, e aí vaiamos dentro da nossa casa ???
Não vou pedir racionalidade à massa, mas que tal esperar o jogo acabar ????
Vai que dá certo, vai que estejamos iluminados, vai que o juiz nao permita 60 minutos de cera e 30 de jogo ???? Vai…..
JJ pode errar, mas tem iniciativa… Tem que ter coragem também. Ou então não existe técnico para o Flamengo nessa terra, não me venham com treineiros da estirpe de Renight, um tremendo improvisador.
Não adianta falar que o emelec cagou um quilo certo, fez dois gols espíritas, não mereceu o resultado.
Cuellar não produz nada para o ataque, gosto dele, mas no momento concordo com sua barração.
Acho uma besteira essa recibagem do urublog de ficar marcando que o Flamengo não se dá bem na Libertadores, até fazendo piada disso… Enfia a ideia heretica na luva!
A grana, o investimento, a organização do clube, só irão aumentar nossas possibilidades de ir bem nas competições. Não vai fazer a gente levantar caneco (a não ser a baba do carioqueta, mas nem essa é garantida). Então a gente pode parar de palhaçadinha, e ir apoiar. Mesmo com as contusões a gente tem time para ganhar do foguinho e pegar o Emelec fazendo valer nossa camisa e nosso peso atômico, revertendo a desvantagem.
SRN