O culto aventureiro italiano Antonio Pigafetta, o mais célebre cronista da acidentada primeira viagem de circum-navegação do planeta, conta que há exatamente 500 anos, aportou na Baia de Guanabara a nau Concépcion, umas das cinco embarcações da frota do navegador Fernão de Magalhães na expedição espanhola para encontrar a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico. O piloto da Concépcion era o português João Lopes de Carvalho, que havia vivido durante 4 anos na Ponta do Matoso, uma roça no sul da atual ilha do Governador, onde ficava a primeira feitoria portuguesa no Brasil.
Apesar de viver na feitoria rodeado pela tribo dos Maracajás, João Lopes era um tuga muito guerreiro. Se casou e teve um filho com uma mulher tupinambá, tribo mega inimiga dos Maracajás, que moravam no pico que ficava por ali onde hoje é o Largo da Carioca. Pra arrumar mulher naqueles verões quinhentistas o cara tinha que ter muita disposição. Esse filho do João Lopes, nosso primeiro fruto da mistura Europa-América, chamado Juanito, foi o pioneiro entre os muitos mestiços cariocas que o seguiriam.
Após penar por 4 anos um quase desterro na Terra de Santa Cruz e conseguir retornar à Portugal, João Lopes de Carvalho se submeteu à louca aventura de participar da expedição de Magalhães e atravessar o oceano outra vez em 1519 apenas para ter a chance de resgatar o seu filho. Um radical exemplo de paternidade responsável e presente. Que é coisa bem portuguesa. Mas destaco esta passagem obscura da história da nossa colonização só pra encher lingüiça e porque ela aconteceu mais ou menos na mesma época que a vasca conseguiu ganhar pela última vez uma decisão do Flamengo.
Pra decidir a taça Rio o Flamengo e a vasca cruzaram os bigodes outra vez. Com o resultado mais do que esperado: vasco vice de novo e o Mengão a carregar mais uma Taça Rio, prenda sem grande serventia, para a nossa espetacular sede lacustre. Mas tudo bem que a Taça Rio não vale nada. Ganhar da baranga é bom demais. Com gol no final então, nós não conseguimos mais viver sem esse hábito. Apesar da estridente diferença de categoria entre os dois elencos, o titular da vasca e o reserva do Flamengo (com dois malucos que outro dia estavam jogando Copa do Mundo), o jogo foi muito mais duro do que se imaginava.
Culpa do bom goleiro bacalhau, que não parecia muito motivado a manter a longeva tradição de vicecampeonatismo tão arraigada em São Janu. O barbudinho atrapalhou bastante, contando com o pé tortismo dos nossos craques e a uma certa afobação da nossa molecada. Mas a verdade é que ele deu seu jeito e protagonizou alguns bons momentos na partida. Não tão bons quanto a faixa estendida na arquibancada do rival com a inscrição Ditadura Nunca Mais. Só por essa faixa o torcedor vascaíno já pode se sentir um campeão. O que talvez seja o mais perto de um campeonato que o vasco vai chegar esse ano.
Sempre é mais legal quando o Flamengo triunfa colocando em campo a sua própria produção, isto é, os moleques do Ninho do Urubu. Na decisão da TR eles eram maioria. Os crias brilharam, jogaram mais bola, apertaram a baranga no canto, sem traço de medo, como verdadeiros flamengos. Nem parecia que a maioria dos jogadores do Flamengo ainda nem pode entrar em boite sem a companhia de algum responsável. Jogaram com muita maturidade, assimilarem bem o gol do adversário e, sem se importar com a retranca safada em que se fechou a baranga, perseguiram o resultado até o ultimo minuto. Mais Flamengo, impossível.
O Flamengo nos dá muitas alegrias cotidianamente, mas nenhuma é maior do que quando ele é malvado. Esse pacto do Flamengo com a vitória, erroneamente interpretado pelos vascaínos como um pacto com o capeta, é a nossa melhor característica. E foi possível perceber desde o começo do jogo que os moleques estavam muito conscientes da intransitoriedade desse pacto. Mesmo com o placar adverso não haviam muitas dúvidas entre os torcedores de que o Flamengo ia conseguir ao menos o empate com a barangada.
A torcida do Flamengo é muito sábia, percebe as coisas na hora. E todos notaram que havia um fogo santo a queimar o rabo da nossa molecada. Antropólogos atribuíam a nítida mudança de atitude do time à raça, sismólogos perceberam uma vibração diferente no estádio, torcedores que já receberam alta de seus terapeutas apontavam a demissão do psicólogo do Flamengo como decisiva. Em resumo, a ciência ajudava a explicar, mas todo mundo de alguma forma já sabia que o Flamengo ia fazer um gol de surpresa no último minuto.
As profecias se confirmaram quando Rodinei, em seu momento mais brilhante, quiçá de toda a carreira, bateu o último lateral do jogo nos pés do Bill. Este jovem atacante mostrou então que tem tudo para no futuro ser o chefe de uma família com prole numerosa, pois cruzou bem demais. De Arrascaeta meteu a abençoada cabeça uruguaia na bola e aí um abraço e corre pra galera.
Nosso gol 5000 em Cariocas não poderia ser mais gostoso. Valeu a pena esperar 106 anos por ele. Teve um quê de Valido e um inequívoco toque de Rondinelli, foi um gol todo cheio de referências. A bola entrou na meta como se fosse um objeto perfuro-cortante, estufando o filó e magoando profundamente os entrefolhos de toda a colônia portuguesa. Gol no ultimo minuto, levando ou fazendo, é uma especialidade flamenga. Que delícia ver os camisa-feia levando as mãos à cabeça, se jogando no gramado, explodindo em impropérios e culpando os deuses pelo seu infortúnio. Os closes nos torcedores vascaínos na transmissão da TV mostraram para todo o Brasil porque o sofrimento não pode parar. Eu até gravei pra ver mais tarde. Não pra debochar do sofrimentos das vítimas, só pra rememorar mesmo.
Para nós a sorte foi inversa, depois do gol foi só alegria. A disputa de pênaltis, que o Flamengo não perde pro bacalhau desde o 2º turno do Carioca de 1977, foi brincadeira de criança. Muita precisão de nossos cobradores, menos um, e espetacular postura do nosso César. A intimidante presença dos seus 1,94 m diante da meta, tal Bastilha inexpugnável, fez o sangue dos jovens vices congelar nas veias. Petrificados, mal conseguiam chutar no gol, mandaram suas bicudas para fora do estádio. Nosso goleiro se consagrou, é agora César Banks. Como diria o mangueirense Mussum, César Banks do Dieguis Alvis.
Não importa muito o tamanho do título. Importante é o Flamengo campeão depois de um longo e injustificado hiato. Todos de parabéns, mas tem que dar parabéns especiais ao Leomir, que tem pinta de técnico campeão e mostrou muita ofensividade ao tirar zagueiros e volantes para colocar atacantes em campo. É exatamente isso que buscamos no treinador ideal do Mengão, culhão. Para garantir a mais completa recuperação do Abel não seria má ideia se ele se mantivesse em repouso até o fim dos compromissos dessa semana. Pra quando voltar, inteirão e com o salário de março na conta, encontrar o Flamengo Campeão Carioca e já classificado pro mata-mata da Liberta. É ou não é um tremendo adianto?
Enfim, é isso. Foi ótimo enquanto durou, mas acabou a brincadeira. Pelo menos os próximos jogos do Carioca obrigatoriamente valerão alguma coisa. Ganhar da vasca, mesmo quando não é roubado, continua a ser um dos grandes momentos da existência de um rubro-negro. Tem uns espirito de porco que dizem que o melhor resultado seria a derrota pelo bônus da eliminação tricolor. Lamentável falta de empatia dessa gente sem coração. Vencendo a Taça Rio Flamengo deu alegria à sua torcida, sacaneou o bacalhau e ainda agiu em benefício de uma minoria oprimida, restituindo ao Florminense seu lugar de fala na reta final do carioqueta.
O Flamengo, grandioso, é sempre assim. Defensor dos direitos, dos esquerdos, das liberdades e da diversidade. A Democracia começa no Flamengo.
Mengão Sempre
Esses vascos são esquisitões mesmo.
Ao invés de se preocuparem com, ali, o ludopédio, vieram com essas (EMBORA JUSTAS) anacrônicas preocupações. Ou então… sim, até parabenizo-os pela preocupação e (quase infantil) esperança de que caiam JÁ os graves regimes venezuelanos, norte coreanos, e tantos africanos e possamos bradar com eles “ditadura nunca mais”.
Mas creio que esses regimes esquerdopatas não minguem tão cedo. Pena. (na verdade, mas não quero entregar a mariola, tio sam vai colocar aqueles russo pra correr em breve. Anotaí)
Falam de ditadura, algo tão distante do brasil. Não saco muito de anos 30, mas parece que houve um tal estado novo do getúlio. Era ditadura?
enfim, quem sabe eles se preocupam com o que vale a pena daqui pra frente. O futebol(zinho) que estão jogando, o futuro do brasil, etc. E que, de fato, sejam rememoradas as coisas boas.
Tenta nao politizar 😉
carlos, pode ler à vontade, se quiser pode criticar também. É tudo grátis. Mas pra me dizer o que vou escrever só pagando. Tá disposto a gastar algum pra só ler o que te agrada no meu texto?
Sensacional e hilariante esse texto.
Última vez que Arthurzera tava inspirado (e produtivo) assim veio o Hexa em 2009 (teve livro publicado e os caramba).
Auspícios, meus caros! Auspícios.
Em outra editoria:
31 de março de 2019 entra pra (vala da) história como o dia em que o governo de covardes atual celebrou o golpe militar de 1964.
Vergonha pra muitos de nós. Orgulho pra alguns que deveriam ter vergonha.
No campo esportivo, apenas Bahia, Corinthians e nosso rival Vasco da Gama tiveram a decência de se posicionar (nos respectivos perfis oficiais do Twitter) a favor da democracia (e consequentemente contra a ditadura).
Nosso grande Flamengo, tão gigante, tem sido apequenado por condutas da atual diretoria. A postura no triste e doloroso caso do incêndio no ninho tem sido de uma pequenez que nos envergonha. O clube que se orgulhava de recordes e recordes nos balancetes, agora vem barganhado (e pode-se mesmo dizer enrolando) com as famílias vitimadas. Essa pequenez também ficou exposta em uma Nota Oficial divulgada hoje (1º de abril) em que a diretoria nega qualquer participação em homenagem a Stuart Angel, remador do clube, eliminado pelo governo militar. A homenagem foi de sócios e torcedores reunidos. O clube de fato não teve participação, mas bastava ficar quieto. A direção parece querer deixar claro: “Não homenageamos e não homenagearíamos”. Homúnculos. Felizmente o Flamengo é infinito. Eles passarão, como passam todos. O Flamengo e nossos heróis ficarão.
Concordo plenamente!
Parabéns pelo comentário!
A inspiração do Arthur é um ótimo presságio.
Também concordo plenamente.
Aliás, desconhecia tanto a homenagem prestada por uns tantos sócios como a condição de remador nosso do filho da também assassinada Zuzu Angel.
Vou dizer a verdade. Fiquei irado com o que aconteceu no MaracANÃO. Eles homenagearam, nós nos acovardamos.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Pedro Rocha, não sabia dessa canalhice. Como você frisou, bastaria não se manifestar, mas tirar da reta por escrito, é coisa de canalhas, canalhas, canalhas, bem de acordo com os que andam por aí dizendo que governam o ex-Brasil, transformado em mais um bananão sul-americano. Ou laranjal?
O Banana era o Banana e suas bananices coerentes. Já esse Landim, ainda não sei em que categoria colocar o atual presidente do Flamengo. Quem disse que o poder corrompe estava certo só até a pag.2. Quem disputa o poder já está corrompido. O que me impressiona é ver que NENHUM jornalista é capaz de botar esse cara contra a parede. Como ex-jornalista, cuja característica era exatamente essa (pressionar os caras), minha indignação não tem limite.
A Taça Rio, assim como a Taça Guanabara, não vale absolutamente nada.
Mas, ganhar do Vice com gol nos acréscimos e ainda esculachar a torcida Tricolor (que descobriu como é torcer para um time grande ontem) não têm preço.
O mais importante, na minha opinião, é que tivemos algumas boas notícias no jogo de ontem.
César se mostrou bastante seguro durante o jogo e intimidador nas cobranças de pênalti.
Thuller voltou a jogar bem depois de se recuperar da contusão sofrida no Sulamericano sub-20.
Ronaldo mostrando que tem total capacidade de ser titular do time. Não como 2º volante (como querem alguns), mas em sua posição de 1º volante. Isso só não acontecerá nos próximos capítulos porque Cuellar é dono da posição e precisaria cair muito de produção para que houvesse a mínima cogitação de mudança na posição.
Vitinho voltando a jogar bem e fazendo aquilo que sabe mais: chutar de média e longa distância. Não fossem as excelentes defesas do goleiro viceíno, poderia ter deixado uns dois gols na conta.
Arrascaeta jogou mal, mas mostrou mais uma vez que tem estrela e que decide jogos. Decidiu mais um… E isso já serve de combustível para ele continuar buscando o seu lugar no time titular (questão de tempo – na minha opinião).
E a molecada que, cada vez mais, entra nos jogos com “sangue nos olhos”, parte pra cima e resolve a parada.
Os pontos fracos todo mundo já sabe; não adianta falar muito mais sobre isso.
Mas, é bom saber que estamos construindo, também, um time reserva com boas possibilidades pra ajudar ao longo da longa jornada que será a disputa da Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão.
SRN a todos!!
Ontem, pela manhã, tive um impacto sentimental.
Revivi o final de maio de 1990, época exata em que conheci Londres, uma das capitais do mundo.
Abro o site da BBC Football, como sempre faço, e tenho um impacto.
Dia da final do EFL (England Football League) Trophy, entre Portmouth e Sunderland, dois times que já foram da Primeira Divisão e agora dão duro na Terceira, pois lá o Fluminense não teria a colher de chá de fugir da Série C direto para a A.
Chegamos pela primeira vez na cinzenta capital inglesa em um domingo, dia de mais um triunfo do Ayrton Senna em Mônaco.
Não sabíamos e nem desconfiávamos que, na segunda, seria feriado, um daqueles que só existem na Inglaterra. Dia do Comércio ou coisa que o valha.
Tudo fechado. menos Wembley.
Também desconhecia até então o sistema de acesso inglês, mesmo antes da Premier League.
Já então era o mesmo de nossos dias, passados 29 anos.
Descem três, sobem dois de forma direta, e a terceira vaga é disputada entre os que se seguem, até o sexto colocado, adotando-se o mata-mata.
O jogo decisivo é em Wembley, sempre com uma presença fabulosa de público.
Naquele ano jogavam o mesmo Sunderland e um time de uma cidade também com S, não me lembrando o nome, onde jogava, como astro-mór, o grande armador argentino Ardiles.
O povão das duas cidades envolvidas baixou em Londres, fazendo uma tremenda arruaça, especialmente na Trafalgar Square.
Bunda de fora era o que mais se via. Lamentavelmente, só de marmanjos.
À época, ainda não existia o troféu disputado ontem, sendo que o Sunderland, mais uma vez, foi derrotado, desta feita nos pênaltis. após prorrogação, com um gol para cada lado, que se somaram aos dois marcados no tempo normal.
Público de ontem, para dar inveja.
Exatamente 85.021 espectadores.
Vou repetir, por extenso. Oitenta e cinco mil e vinte e uma almas no mais absoluto transe.
O mais fantástico, pelo menos no longínquo 1990.
Apesar dos hooligans, que aainda existiam, do esporro total e absoluto, nenhuma briga.
Às 11 da noite, como sempre, Londres dormia profundamente.
Vivalma poderia ser vista em suas ruas.
De dar medo, o silêncio total, até porque não havia condução pública. Tivemos que caminhar a pé, alguns quilômetros, para chegar ao hotel, torcendo para que Sherlock Holmes estivesse de plantão.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – um pouco de futebol. Mais uma vez, fui enganado torpemente. Muitos amigos disseram-me – a nossa Seleção sub 17 é supimpa. Tem lá o Reinier, que é craque, já estando vendido para o Real Barcelona por 720 milhões de euros.
Criei coragem e fui assistir o jogo final da primeira fase, que passou a ser o jogo final nosso da competição.
Tomamos uma tunda de 3 x 0 da Argentina, que, anteriormente, havia perdido do Uruguai, pelo mesmo placar.
Seria MAIS UM Mundial em que estaríamos eliminados.
Só não estamos, pois vai ser disputado em terras tupiniquins.
Se esse time não melhorar MUITO, vem outro 7 x 1 ^pela^ aí.
Cara, você se superou. Texto extraordinário. Vou guardar pra reler sempre q possivel.
SRN
Pelo jeito o staff do RP & A deu um jeito de bancar o pró-labore do Arthur. O homem voltou com sangue nos zóio! clapclapclapclap
O brilhante texto somente teve uma infeliz associação do nome do goleiro reserva com o contumaz entregador, temporariamente, titular.
Em tempo. O Clube necessita de um goleiro para titularidade. O tempo dirá.
SRN
Espetacular !
Altamente erudita !
Aprendi a respeito dos tupinambás, fiquei sabendo do Juanito, nosso primeiro mestiço e, de passagem, revivi as cabeçadas de Valido e de Rondinelli (bem mais importantes) que também valeram títulos como, indiretamente, a deste sensacional uruguaio que é o De Arrascaeta.
Por ora, vou curtir o artigo.
Relê-lo, até com mail calma.
Enfim, saborear mais uma peça do nosso Grão Mestre.
Uma vez superado o êxtase de mais um ^título^ e de mais uma crônica genial, voltarei a escrever minhas bobagens, presas ao futebol propriamente dito.
Alegres SRN
FLAMENGO SEMPRE
Grande crônica + Belíssima foto
Arthur, já que você tocou em viagens remotas, que eram movidas a ventos, tomara que esses novos ventos que chegaram nos levem a plagas mais distantes, e tudo indica que os ventos mudaram e vieram pra ficar, o time está lutando até o assim chamado apito final e tem conseguido chegar lá. É isso que eu um rubro-negro redivivo quer, luta e principalmente suor na camisa, mesmo que o vermelho de nosso manto fique esmaecido.
Sábias palavras!
Isso aqui não é vasco isso aqui é Flamengoooo!!!!
Agora terminou a pré-temporada! Bora pra cima de todo mundo Mengão!!!
Também acho,
Se não estou enganado, On the Beach
São dois prazeres e duas alegrias.
Assistir ao Flamengo doutrinando a arcorizada, e depois vir ler a crônica do Mestre Arthur.
SRN