Rica Perrone fez um texto primoroso e definitivo sobre a relação do Flamengo com a Libertadores. https://www.ricaperrone.com.br/nao-se-perde-o-que-nao-e-seu/ Mas como só li o texto dele depois que esse aqui estava pronto, decidi postar assim mesmo. Vamos lá.
Terça-feira, após o empate do Grêmio com o time uruguaio do Defensor, o meio-campista e capitão Maicon disse ao repórter Guido Nunes, do SporTV, que a sensação era de derrota, que não dava para levar gol daquele jeito e que eles precisavam ter vencido.
Dia seguinte, após o empate do Flamengo com o River Plate, viemos com a lenga-lenga de sempre: o juiz, o cansaço, a sorte do adversário, o nosso azar.
Um dos diretores de cinema de quem eu mais gosto é o italiano Nanni Moretti. Numa divertida cena de seu filme “Aprile”, ele afirma ter perdido a paciência com seus conterrâneos tenistas que nunca são derrotados por jogar mal, e sempre por causa do juiz ou da quadra ou da raquete ou do vento. Os torcedores do Flamengo já não têm mais estômago para esses papos de que o desempenho foi bom, só faltou a bola entrar, o juiz prejudicou, o adversário deu sorte, o adversário jogou todo atrás, o adversário bateu à beça (ui, que coitadinhos!). Quem quer vencer um torneio pegado como a Libertadores, ou um campeonato extenso e equilibrado como o Brasileiro, tem que ter coração e mente para passar por cima de tudo.
Sou avesso à utilização de palavras como honra, garra, luta e motivação para explicar sucessos no futebol: isso deveria ser default, teria que se instalar automaticamente no cidadão que abraça a profissão de futeboleiro e, sobretudo, naqueles que vestem a camisa esportiva mais bonita do planeta. Porém, num país em que honestidade virou diferencial, não é assim que funciona e alguns times têm conseguido se destacar pelo empenho e a concentração que dedicam a cada partida. O Corinthians campeão da Libertadores 2012 e o Grêmio campeão da Libertadores 2017 são bons exemplos. Times normais que se transformaram em times difíceis de ser batidos.
O grande problema do Flamengo é, ao que tudo indica, que o buraco está mais em cima. Quarenta horas depois de mais uma entregada bisonha, quando a poeira baixa e a cabeça desincha, ninguém em sã consciência pode alegar que falta empenho ao Everton, ao Paquetá, ao Rodinei, ao Cuéllar, ao Jonas, ao Henrique Dourado, ao Renê, ao Diego. O enrosco está no caráter passivo que tomou conta da instituição. Inacreditavelmente, o Flamengo tem medo.
Saboreando os inegáveis méritos da reestruturação financeira, o pessoal que toca o futebol do clube trabalhou, organizou, planejou, contratou, dispensou, tentou, acertou, errou – e o resultado não veio. Pior: juntou-se um elenco que padece de frouxidão.
A derrota para o San Lorenzo na Libertadores 2017 não foi coisa de sorte ou azar, e sim de time frouxo. A incompetência para transformar desempenho em resultado, que vimos tantas vezes nos últimos dois anos, não tem a ver com sorte ou azar, e sim com o time ser frouxo. A incapacidade para virar jogos – no Campeonato Brasileiro de 2017, nossa única vitória de virada aconteceu na 38ª rodada – é típica de time frouxo. A falta de equilíbrio para manter a vitória quando abrimos um a zero – na primeira das duas finais com o Cruzeiro pela Copa do Brasil, nas partidas contra Atlético Mineiro, Atlético Paranaense, Cruzeiro, Palmeiras, Grêmio e Santos pelo Campeonato Brasileiro, e nessa quarta-feira com o River – é coisa de time frouxo. (Ilustrando a importância desse dado: vocês sabem quantas vezes o campeão brasileiro do ano passado venceu por um a zero? Dez. Fez um gol, defendeu-se com eficiência e só nessa brincadeira levou trinta pontos para casa.)
Para além do clichê dos clichês da caixinha de surpresas, muito do que ocorre no futebol é mesmo inexplicável. Que o planejamento é fundamental, sabemos; falta aprender que – até quando bem-feito, o que não aparenta ser o caso do Flamengo – ele não põe a bola pra dentro lá ou evita que ela entre cá. Numa atualização da frase de Neném Prancha, ou de João Saldanha, ou de Sandro Moreyra, ninguém nunca saberá ao certo, se planejamento ganhasse jogo o campeonato alemão terminava empatado. Para usar outro clichêzão, o verdadeiro desafio é o de montar um time que dê liga e se imponha.
É inadmissível o Flamengo gastar o que gastou no ano passado e terminar o Campeonato Brasileiro em sexto lugar, herdando a vaga na Libertadores devido às conquistas do Cruzeiro e do Grêmio. Ah, e o que dizer do Atlético Mineiro, que gastou tanto quanto ou até mais e nem para a Libertadores foi? Procede. Só que eu e o República Paz & Amor não temos nada a ver com o Atlético. Aspas para o major Rocha: “Cada cachorro que lamba sua caceta.”
O empate com o River está longe de ter sido o fim do mundo. O Flamengo pode passar da fase de grupos, crescer na competição e – não riam, por favor – até ganhar a Libertadores. Mas isso só vai acontecer, esse ano ou quando quer que seja, se nos livrarmos do espírito de pequinez que temos levado para dentro de campo.
Acredito, ainda, que a sequência de fracassos não permite mais analisar resultados jogo a jogo. O lance da bola na mão de Zuculini foi pênalti? Pra mim, não, mas digamos que tenha sido. No primeiro gol dos caras, não havia necessidade de Jonas subir destrambelhadamente e cometer falta, oferecendo ao semi-inofensivo time do River a chance de criar um furdunço na área e seja o que o bandeirinha quiser. No segundo, Everton Ribeiro foi desatento na marcação a quem recebeu na esquerda e cruzou rasteiro, Réver parecia um zagueiro subquinze rebatendo para a zona de tiro à frente da área, Willian Arão teve a ligeireza de um cágado para interceptar o chute de Mayada e, por fim, Diego Alves costuma fazer defesas bem mais difíceis. Antes da lambança em dose quádrupla, Carpegiani errara feio ao optar por Willian Arão em vez de Vinicius Júnior para substituir Everton. No entanto, mais importante do que pinçar as falhas que nos tiraram a vitória anteontem, ou as que provocaram nossa eliminação precoce no ano passado, é reconhecer que nosso time não tem o espírito dos vencedores, a alma dos campeões, a força de quem se supera quando o bicho pega. Os erros vêm como consequência.
Tem jeito?
Talvez, sobretudo pela imprevisibilidade da bagaça e porque não há, na América do Sul, ninguém que não dê para encarar.
E como é que faz?
Aí é que a porca torce o rabo.
Se identificamos um problema técnico, sei lá, na lateral esquerda, vamos ao mercado e buscamos quem resolva. Só que, quando a questão é mais ampla – é de caráter, é de confiança, é de compromisso e é comportamental –, a solução fica mais difícil. Entretanto, convivemos com uma situação recente na qual podemos nos espelhar: o que era a seleção brasileira com Dunga e o que é a seleção brasileira com Tite, trocando pouquíssimos jogadores. Não estou dizendo que devemos mandar mais um treinador embora, e sim que algo precisa ser feito. E, como bem lembrou o Arthur no texto “Disfunção Erétil”, em duas semanas.
Ou mudamos de atitude já, ou é melhor esquecer essa história toda tomando algumas talagadas da Atitude que ilustra esse post.
Grande Murtinho,
de cara, cabe concordar – time frouxo, além de contar com vários jogadores de baixo nível, uns poucos de baixíssimo em verdade, sobrando uns quatro capacitados.
Peço desculpas por este comentário ridículo, mas o Arthur, em fase de grande ebulição, não dá tréguas, sendo que, ainda por cima, resolvi meter o bedelho no tema racismo, que julgo muito importante, mas que é, na minha pouco modesta opinião, MUITO MAL analisado entre nós.
Fraternas SRN
FLAMENGO SEMPRE
murtinho meu caro!
vc anda muito sumido e isso não eh bom .
pessoas como vc fazem muita falta,nao deixe de nos brindar com sua infinita sabedoria…
fica na paz e apareca sempre
SRN !!!
Identidade: O PSG está procurando a camisa que o Flamengo perdeu.
Excelente sacada !
Parabéns !
Caro Murtinho, o Tom Jobim dizia: “o problema do Brasil é di piano”. Pois,o problema do Flamengo não está longe: é de psicanálise. Um profundo mergulho nas almas (penadas) de dirigentes e jogadores, um divã gigantesco que abarque todo mundo é a única salvação para tirar esse complexo que nos persegue há décadas e possamos atingir a sublimação definitiva, saindo dos trapos que reduziram o nosso sagrado manto. Esse complexo já nem é o famoso de vira-latas é algo mais profundo. É a única explicação plausível, pelo menos em base científica, para essa eterna broxura que acomete(epa!) nossos melhores jogadores quando se defrontam com as quatro linhas. Síndrome do pânico? Sei lá eu. Dirão alguns: urucubaca, também pode ser, mas aí já é caso para um pai de santo de preferência baiano.
É meu amigo Murtinho tá difícil de acreditar em algo diferente vindo dessa turma, saí técnico, entra técnico, saí jogador ruim mas fica jogadores eunucos, onde não sentem porra nenhuma, tanto faz ganhar ou perder , no final do mês caí uma baba de milha, sem muito esforço, estão na cidade maravilhosa, mulheres gostosas, apesar que são eunucos, praias belas, noitadas regadas a muito samba , chefes que em vez de cobrar , elogiam o profissionalismo desses burocráticos que estão vestindo” vestindo mesmo, pois isso não é dar sangue, suor e vontade” atualmente essa mítica camisa.
Realmente não consigo ver outra coisa vinda desses jogadores; lembro que a última vez que tiveram culhões , foi na copa do Brasil , é só tiveram porque alguém “Mano” meteu o dedo tão fundo no olho do furacão deles que não tiveram outra desculpa se não jogar com o mínimo de respeito e vontade pra tirar o deles da reta, mas enfim, e acreditar no imponderável e esperar por alguma fagulha de esperança .
Como é bom ser flamenguista e saber que apesar de tudo, das tristezas, dos dissabores, tem uma nação que ama incondicionalmente o Flamengo assim como o Murtinho, eu e todos por aqui!
Nao concordo com a analise, essa de achar que “todos” os diretores de antes é que levaram o clube, melhor, e é importante SEPARAR, o time, a esse fundo de poço que estah.
Muito pelo contrario acho que ESSA diretoria é que é a culpada. Falo do time.
Sao anos nao acertando. Isso nao é normal para clube grande.
Essa montanha de jogadores que vieram e que foram e continuamos à nao ter uma base.
Isso é falta de saber fazer o trabalho. Nada mais e nada menos.
Errar um ano, jah é barra. Errar 5 é coisa de idiota-mor. Fazer uma vez um erro é normal, repeti-lo durante 5 anos é coisa de doente.
Pois bem – estamos quase no fundo do poço. Claro que podemos dizer que temos chances na Liberta, no Brao. E temos, mesmo sendo tao pequenas existem. Mas somente se tropecar-mos para vitorias seguidas, quase contra nossa vontade.
O que nao serah o caso.
Acho que é mais um ano que faremos um papelaço aonde nos apresentarmos.
O que fazer?
Aponto para o Basel (mesmo se nesse ano nao esteje bem, mas nos ultimos 15 sim) e nao para o Real, Barça, City.
Temos que ter um staff à altura do que queremos conquistar (ok, temos jah esse, mas falo de outro nivel de conquistas) e temos que juntar os trabalhos de todos os tecnicos e ter olheiros que prestem.
Nao serah necessario uma fortuna, mas sim um olho bom, um pouco de sorte e muita competencia e trabalho arduo.
Em pouco tempo isso dah resultado. Sempre estando atento ao que acontece e o que vai acontecer em meses (contratos, por exemplo).
AGIR, nao mais REAGIR.
Esse jeitinho de se levar a vida como estao fazendo sem o menor sucesso nos oferece 2 opçoes:
Ou paramos de pensar e torcer mesmo e simplesmente levamos a vida como o clube, essa vida mediana de um mediocre LOSER, ou entao temos que fazer pressao para que essa diretoria mude. Mude para uma melhor.
Pq ninguem aguenta mais essa conversa que parece ser sempre a mesma, a conversa de “renovaçao”, de “esperança”, de “no fim do ano vai” etc etc etc.
Somos velhos, mas nao esclerosados, karai !
cala a boca magda !
Volta pra sua favela intelectual, abestado.
Paquetá vinha jogando muito bem mais recuado, como um segundo volante, fazendo a ligação entre defesa e ataque, e com liberdade pra chegar no ataque.
Não sei por que o posicionamento dele mudou contra o River. Passou o jogo todo aberto pelos lados. Provavelmente, Carpe imaginou que o River viria fechado atrás é que o time precisaria de jogadas pelos lados para furar uma eventual retranca.
Mas, na prática, apenas com o fraquíssimo Jonas ranca-dente entre as linhas tanto na marcação como na saída de bola, o que aconteceu foi que perdemos o meio-campo. Estávamos sem desarme e sem construção, dependendo de chutões do Rever pra fazer a bola chegar ao ataque, ou do Diego vir buscá-la praticamente dos pés do goleiro. Jonas não é Cuellar, não dá opção pra passe, não tem desarme e não faz saída de bola como o excelente colombiano. Aperentemente, assim como uns e outros por aqui, nossa comissão técnica não sabe distinguir volante de cabeça de área. Acham que é tudo a mesma coisa. Como a maioria dos treineiros brazucas, demonstram não ter ideia da importância da função. Por isso acham que é só trocar um pelo outro que tá tudo certo. O importante é “morder”. Por isso o Zé Ricardo preferia o Márcio Araújo, inobstante ao seu histórico de protagonismo em rebaixamentos e do fato de ser odiado pelas torcidas de todos os clubes em que jogou na carreira.
Isso é que foi determinante para não termos conseguido nos impor sobre o adversário, muito mais do que as sempre aventadas “falta de sangue”, “falta de raça”, “falta de culhão”, bla bla bla.
Impressionou a incapacidade do Carpe de não enxergar isso. Mais ainda as péssimas substituições, que chamaram o River pra cima e colocaram o time nas cordas.
Carpe tem uma história bonita no Flamengo, o que naturalmente nos faz nutrir uma simpatia por ele. Mas, convenhamos, a carreira dele como treinador é bem fraca.
Mas não se preocupem, amanhã ou depois Rodrigo Cai-Tano e seus blucaps vão envidar esforços para solucionar as carências do nosso elenco, e contratarão mais um ponta com salário de 900k/mês pra disputar a terceira reserva com Berrío, Geuvânio, Marlos e VJ.
Volante, lateral, zagueiro veloz? Isso não é prioridade. Quem sabe depois da quarta eliminação seguida em fase de grupos da Liberta a gente pensa nisso. Isso, claro,se não ganharmos o carioqueta, que aí vai ser uma festança e nada vai mudar.
SRN
Grande irmão, a diretoria já resolveu todos os problemas…contratou o ex-presidente George Helal para assessorar a presidência…
Por favor, não é pra rir…mas pode chorar…
CDN/SRN
Opa. Agora vai!!!
Hehehehe
Esses caras são uns brincantes.
SRN
Simplesmente PERFEITO!!!!
CDN/SRN
Muito bom o comentário do Murtinho, mais uma vez convivemos com mediocridade dentro do campo por causa da omissão e descaso dessa diretoria que não entende de futebol, estamos tendo mais do mesmo em 2018…
Novamente os erros absurdos se sucedem, não temos laterais confiáveis e o gerente de futebol, o tal Ridículo Caetano desiste do Zeca e afirma com todas as letras que temos bons laterais…
Quem?
Pará?
Renê?
Trauco?
Tá de sacanagem!!!
Prá começar em 2018 a fazer um trabalho sério , o Bandeira ou o Lomba tinham que ter demitido o Ridículo Caetano, o Jayme e o Mozer e colocado o Carpegiani no lugar de gerente de futebol, afinal, a premissa era ele ter vindo prá isso e não prá ser treinador…
Tem que contratar um treinador atualizado e zarpar uma barca com toda a comissão técnica, incluindo alguns “jogadores” como Romulo, Pará, Diego e Guerrero, esses últimos renderiam um bom dinheiro para os cofres do clube, já que tem muita fama, mas, já deram, estão vivendo disso…
Pena que essa diretoria que não entende de futebol é omissa e não planeja, apenas reage depois que o clube já deu com os burros n’água, será que vai precisar o Flamengo ser novamente eliminado na fase de grupos da Libertadores para o Bandeira se mexer???
SRN!!!