Este é um post em que já entro com a certeza da derrota. Meu ponto de vista é francamente minoritário e se o pessoal estiver disposto a comentar, levarei pancada de tudo que é lado. Paciência. Saiu na chuva, vai se molhar.
O caso é que não tenho o menor apego a essa história das categorias de base. Não sou tonto a ponto de ignorar a importância de se fazer um trabalho bacana com a garotada, mas não compro essa conversa de que fulano tem que jogar só porque veio da base, e menos ainda a de que se é da base é bom. Com a saudável, louvável e formidável exceção do Barcelona, os maiores times do mundo têm pouquíssima gente das divisões de base em seus elencos profissionais. A questão é quantitativa: se há bons jogadores espalhados por todos os cantos do planeta, por que nos limitarmos aos que aparecem para treinar em nossos domínios?
Meu primeiro ídolo no futebol rubro-negro foi o atacante Silva, que não começou no Flamengo. Tinha dez anos de idade, estava no Maracanã e fiquei definitivamente impressionado quando vi Almir rastejar na pequena área e esfregar a testa na lama, para empurrar a bola de cabeça pra dentro do gol e decretar nossa vitória em cima do então ótimo time do Bangu. Almir não frequentou a base do Flamengo. O cara que nos tirou de uma grande seca de seis anos sem títulos estaduais – Paulo Cezar Caju – não apenas passara longe da base rubro-negra como jamais demonstrou a menor identificação emocional com o clube. Eu adorava ver Paulo Cezar jogar pelo Flamengo.
Tudo bem: aí houve o corte epistemológico trazido pela turma de Zico, Júnior, Rondinelli, Andrade, Júlio César, Adílio, Leandro, Mozer, e qualquer argumento contrário sempre esbarra na enxurrada de vitórias e taças do maior período de glórias que já tivemos.
Só que o mundo mudou. E para aqueles que compartilham a tese de que o futebol é maior que a vida, o futebol mudou mais que o mundo. Sabe a entrevista do Leandro, no dia do Jogo das Estrelas, em que ele afirma “eu não sinto falta de jogar, o que eu sinto falta é do grito da torcida, aquele Mengô!, Mengô!, que envolve, que mexe com a alma da gente”? Então, é bom guardar essas lindas palavras na memória, pois elas representam um sentimento que não tem mais espaço no futebol.
A venda de Jorge foi tão discutida quanto em breve será – assim esperamos – a reforma da previdência. Foi muito dinheiro, foi dinheiro de pinga, não tinha nada que ser vendido, venderam na hora certa, etc. Há bons argumentos para cada lado, e muita gente mudando de opinião após as primeiras apresentações de Trauco. Engraçado, o futebol. Volúveis, os torcedores. Um pouco antes da confirmação da venda, foram publicadas reportagens em que Jorge dizia contar os dias da janela de transferências e que sonhava brilhar em alguma liga europeia. Isso com Libertadores batendo na porta, um time forte sendo montado e boas chances de títulos importantes na temporada.
Faço questão de manter um pé atrás em relação a matérias que trazem declarações de jogadores, porque usualmente se omite o contexto em que elas surgiram. Um pouco antes de começar a recente Copinha, li que Patrick tinha pedido uma oportunidade no time de cima. Tentando dar um desconto, pensei: vai ver o repórter chegou no garoto e perguntou se depois do torneio não seria legal receber algumas chances. O menino vai responder o quê? Não, de jeito nenhum, aliás, nem sei o que tô fazendo aqui, o que eu quero mesmo é ser escriturário. Não dá, né? O problema é que, assistindo às apresentações do Patrick, o que vi foi pouca bola e muita marra, e achei o Jean Lucas bem superior a ele.
Vou repetir argumentos que já utilizei em debates na caixa de comentários aqui do RP&A, e provavelmente até em um ou outro post. Como o aproveitamento da base é tema que não sai de cartaz, não vejo problema em retomá-los.
Já houve um tempo em que o moleque bom de bola que torcia para o Flamengo tinha dois sonhos: vestir a vistosa camisa rubro-negra no Maracanã e ser o novo Zico. Hoje, o moleque bom de bola que torce para o Flamengo sonha vestir a camisa do Barcelona no Camp Nou e ganhar tanto dinheiro quanto o Messi. Não julgo, apenas constato.
Creio que a fixação por nossos subisso e subaquilo aumenta quando sofremos com um surto de contratações equivocadas. Para trazer e escalar o volante Val, não há dúvida que seria melhor puxar alguém da base. Qualquer um. Para trazer e escalar o lateral Ayrton, idem. Até aí, beleza, só que o excesso de amor provoca reações esdrúxulas, como a de achar que quem tem Thiago Santos não precisa de Berrío. Devagar com o andor. Toda contratação envolve riscos – a não ser as de cracaços inquestionáveis, que exigem dinheiros que ainda moram longe da Gávea – e Berrío pode até não vingar, mas convém manter o bom senso.
Por outro lado, é evidente que os caras precisam ser testados. Só que é necessário entrar e desempenhar. Adianta nada dar show de altinha no aquecimento e tocar de lado na hora da verdade. Saber jogar bola é uma coisa, ser jogador de futebol do Flamengo é outra. Alguém acha mesmo que, com a abulia e a bolinha que vêm mostrando no Sul-americano Subvinte, Matheus Sávio e Lucas Paquetá podem jogar em nosso time principal?
Ainda dentro da retranca “o futebol mudou mais que o mundo”, fiquemos com as nossas duas últimas conquistas nacionais. Dos catorze caras que foram a campo contra o Grêmio, para conquistar o Campeonato Brasileiro de 2009, havia apenas um formado na base. Adriano. Dos catorze que enfrentaram o Atlético Paranaense e levantaram a Copa do Brasil de 2013, somente o Luiz Antonio – que, registre-se, logo em seguida ao título pôs o clube no pau, alegando dívidas que tanto o Flamengo quanto a Justiça do Trabalho jamais reconheceram.
Porra, Murtinho, já deu. Tomou o nosso tempo, encheu o blog de barbaridades, defendeu o indefensável, ok, opinião é opinião e respeita-se a de cada um. Mas que raios Joãosinho Trinta tem a ver com tudo isso?
Eu estudava na PUC-RJ e tinha vários professores que trabalhavam em jornais. Entre os mestres corria a versão de que a famosa frase de Joãosinho Trinta – “pobre gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual” – não seria obra dele, e sim do jornalista Elio Gaspari. Durante uma entrevista, Elio Gaspari concluíra um raciocínio de Joãosinho com a frase, o carnavalesco concordou e, na edição do texto, o jornalista percebeu que o conceito ganharia força e charme se fosse atribuído ao entrevistado. Há depoimentos que negam a versão e asseguram a autoria de Joãosinho, mas me lembrei dessa história ao imaginar em que contexto as afirmações de Jorge e Patrick teriam acontecido. Digressão pura.
De qualquer modo, autênticas ou não, manipuladas ou espontâneas, as declarações servem para nos fazer pensar sobre pelo menos duas coisas a respeito da base. Primeira: é preciso parar com a estranha mania de achar que a garotada joga mais do que realmente joga. Segunda: a gente insiste em acreditar que os meninos estão doidos para ser ídolos no Flamengo, quando na verdade tudo o que eles querem é jogar no Mônaco.
Nunca escondi que me iludo facilmente, especialmente se essa ilusão vier embalada com as cores vermelha e preta.
Mas a minha tentativa sincera de entrar pro fã clube do Zé ex-Ricardo e novamente Ruela, esbarrou na pífia e repetitiva atuação do time ontem e que já havia ensaiado contra o Grêmio.
Prova de que os testes anteriores não valiam nada. Quando pegou 2 grandes, mesmo mixados, suou, sofreu e ficou devendo.
Zé continua com seu péssimo hábito de escalar jogadores fora de posição pra impor seu esquema pré-fabricado.
Sua criatividade é zero e a ousadia voltou ao conhecido patamar do medroso sem causa.
Se ele quer escalar o Mancuello, que é uma exigência pela qualidade técnica do cara, que o faça na posição onde ele pode render mais e melhor: exatamente do outro lado do campo e não como marcador do ponta ou do lateral esquerdo do adversário. Pra isso temos o nosso lateral e o volante. A quantidade de chutões – uns 30, por aí – foi irritante e preocupante. A insistência do Vaz e fazer lançamentos a la Gérson, quando de 10 ele acerta 1, só prejudica a organização do time e proporciona contra-ataques, além de suas temerosas investidas pelo ataque e a lentidão com que volta. E não se vê sinais de correção, já que todo jogo é a mesma coisa.
Outro detalhe: o Botafogo bateu e bateu muito. Qual a resposta dos nossos heróis? Nenhuma. Com exceção do Pará, que enfiou o braço na cara dum, o resto ficou preocupado em ganhar o prêmio de fair play. Time que leva sem revidar ou se impor, acaba se acovardando e se intimidando.
Espero que o Zé pare com esse troca de Ricardo pra Ruela e vice-versa antes de começar a Liberta. Não há quem não saiba como o Flamengo joga e isso é uma péssima notícia.
srnp&a
Simplesmente PERFEITO! Saudações Rubro-Negras!
[…] diferentes opiniões surgem sobre o assunto. Foi o que ocorreu com Jorge Murtinho do República Paz & Amor e nosso colunista Anderson Alves que destacaram o assunto, cada qual […]
Grande Murtinho,
Saudações nas três pontas do tridente !!!
Concordo integralmente com o seu post e o seu raciocínio !
Você, em momento algum, negou ou tirou a importância do nosso trabalho de Base………você, em momento algum, negou que se dê chances aos jogadores da nossa Base……..pelo contrário, você reforçou a importância de se fazer um bom trabalho com a garotada, e ainda afirmou que eles precisam serem testados…….Ponto.
Que fique claro então, que você não é contra a Base !
O seu raciocínio principal, gira então, na discussão de uma política de procurar efetivar ou não jogadores da base em detrimento de outros jogadores formados fora do clube, priorizando um jogador sob o argumento de ser formado em nosso base.
E nesse ponto, deixa claro que um jogador não deve ter prioridades sobre outros, com este argumento de ” jogador formado na base “…….o que concordo integralmente, por um motivo ! O que determina a prioridade, é a bola que o jogador está jogando no momento, e não o fato dele ser formado na Base ou fora da Base !
E não poderia ser diferente, porque seria muito errado, por exemplo, querer priorizar um jogador “porque é da base”, com o intuito de valorizar um ‘ativo”, ou mesmo por “amor” à jogadores formados no Clube, se no elenco existem outros jogadores mais capacitados do que ele para executar a sua função…….futebol nesse ponto, é coisa muito séria e profissional, e não pode ser tratado como um “negócio”financeiro (porque seria um ativo), ou ser tratado com o “coração”(porque teria origem na Base). Tem que jogar aquele que pode melhor exercer naquele momento aquela função, e que as vezes, nem sempre o escolhido é até o jogador mais habilidoso, mas aquele mais adaptado a realizar aquela função naquele momento, quanto mais priorizar um jogador sob o argumento “por ser da Base”……..
Não está se discutindo aqui, as qualidades de Marcio Araújo, ou de Gabriel. Quer gostem ou não, concordem ou não concordem com as escolhas dos técnicos, se estes jogadores ao longo do tempo, tem recebido mais chances, oportunidades e a confiança dos técnicos que passaram pelo Flamengo, com certeza é porque aos olhos deles, não surgiu ninguém da Base que fosse capaz de conquistar a confiança deles para desempenhar a referida função……pelo menos ainda não surgiu, pois se tivesse surgido, podem ter certeza que seriam titulares……..
Mas a qualquer momento alguém da Base pode começar a se destacar, e conquistar a confiança do técnico e a vaga no time, exatamente como foi com JORGE, que veio da Base, teve suas chances e oportunidades, agradou e conquistou a confiança do técnico…….
A simples referência, de que o jogador da Base, “arrebentou” na Copinha, nos times da “Base”, e etcetera e tal, apenas dá a ele a oportunidade de subir para o time principal, e SÓ…….a partir daí, conquistar o seu lugar ao sol, a confiança do técnico, a titularidade, e depois ser vendido por milhões de Euros para a Europa, como diziam os antigos ” como eu”, aí já são “outros quinhentos” !!!!
Aí eu pergunto !!!……..Por quê JORGE teria sido então, BEM LANÇADO, e outros jogadores não ???……..estou falando dos jogadores da Base contemporâneos de JORGE……
Vamos ser sinceros…….no momento, nenhum jogador da Base (pelo menos até o momento), nenhum deles demonstrou a mesma qualidade técnica e a mesma capacidade do JORGE para realizar cada um a sua respectiva função…….vemos algumas “promessas”, ainda nada concretizadas, e outros conquistando aos poucos seus espaços, como VISEU por exemplo, mas nenhum deles que pudesse chegar e conquistar a titularidade com todos os méritos como JORGE conquistou…….NINGUÉM !!!
Querem se colocar muita responsabilidade sobre o sucesso dos jogadores da Base na forma como são lançados, mas esquecem que o sucesso depende muito mais da real competência e qualidade do jogador, do que propriamente na forma como “foram lançados”……..e JORGE está aí para comprovar isso, e não “porque ele foi lançado de maneira correta”, e os outros não……
Um grande abraço do Lúcifer !
SRN