Que a paixão provoca cegueira é algo que sabemos desde os onze ou doze anos, quando começamos a sofrer por causa da menina mais bonita da turma no colégio ou da rua em que moramos.
A paixão pelo Flamengo, com a inevitável e eterna cegueira que ela traz, quase sempre chega antes disso. O engraçado é que a gente se acostuma, mas não aprende.
Já citei aqui no blog a reportagem publicada em 20 de maio de 2015, na edição digital da revista Exame, sobre a inédita reorganização financeira operada pelo clube e alguns resultados dentro de campo que os dirigentes projetam, por conta do equilíbrio orçamentário e da consequente disponibilidade para investir em bons jogadores. Escreve o jornalista Humberto Maia Júnior: “De 2017 a 2021, o Flamengo espera ganhar quatro campeonatos estaduais, cinco títulos nacionais e pelo menos uma Libertadores da América.”
Se me coubesse escolher, abriria mão dos quatro estaduais por mais uma Libertadores, e nem pediria troco. De qualquer modo, e mesmo desconfiando que os tais cinco títulos nacionais deixam a projeção um tanto exagerada, a expectativa é de que o rodo rubro-negro comece a passar a partir do ano que vem.
Assim, nossa campanha no Campeonato Brasileiro de 2016 – em que, independentemente da colocação final, tudo indica que o Flamengo irá fazer mais pontos do que fez na conquista de 2009 – pode ser encarada como um ensaio aberto do grande espetáculo que nos aguarda.
A ideia de que no futebol só importa o resultado é boa no atacado mas se perde no varejo, vale para o macro e fraqueja no micro, porque na maioria das vezes nos impede de perceber acertos nas derrotas e erros nas vitórias. Rejeitado pela cegueira, apaixonados que somos, o hábito da contextualização talvez seja necessário e válido. Embora, e que isto fique bem claro, contextualizar não tem a ver com garimpar desculpas ou tapar o sol com a peneira.
Em depoimento ao Museu do Futebol, instalado junto à entrada principal do Estádio do Pacaembu, o grandíssimo rubro-negro Ruy Castro elege a santa cabeçada de Rondinelli em 1978, e o título estadual por ela sacramentada, como o momento mais importante na trajetória do mais extraordinário dos nossos times. A explicação: para Ruy Castro, não fosse aquele gol e viéssemos a perder o campeonato, muito provavelmente o Flamengo teria mandado embora alguns dos caras que nos deram as maiores glórias da nossa história. Seria o segundo estadual seguido perdido para o Vasco e não vínhamos fazendo grandes coisas nos campeonatos brasileiros. Daí, para chegar alguém com o grito de “barcaça já” e a coisa pegar, era um pulo.
Por outro lado, e esta parece ser a nossa tarefa primordial, agora que os quatro jogos consecutivos sem vitória abalaram convicções e emagreceram esperanças, é preciso começar, imediatamente, a pensar no ano que vem. E, sobretudo, definir o que podemos e o que queremos.
Já que Bandeira de Mello garante que a partir de 2017 o vento vai virar a nosso favor, é obrigatório que o padrão de exigência seja muito mais alto do que o atual. É inadmissível ter um ataque em que sempre achamos que o melhor é quem está fora. Se joga Gabriel, devia ser Cirino. Se entra Cirino, melhor que fosse Fernandinho. Se vamos de Fernandinho, era pra ter sido Emerson. Não costumo endossar as ditas barcaças, a não ser em casos de desastres absolutos, porque elas significam começar do zero e isso raramente é bom. Porém, se temos tamanho grau de insatisfação em relação aos companheiros de frente do Guerrero, há que se trocá-los.
Esse ano tivemos, ainda, provas concretas e cabais de como reforços criteriosamente escolhidos fazem bem ao time, e o maior exemplo disso é o Diego. Quem acompanha meu espaço aqui no RP&A sabe que sou uma anta nas coisas da matemática, mas uma calculadorazinha dessas bem vagabundas me ajudou a concluir que, sem Diego, o Flamengo ficou com 57% dos pontos que disputou. Com Diego, nosso aproveitamento salta para 69% – o que, nas treze edições do Brasileiro sob o sistema dos pontos corridos, apenas quatro campeões alcançaram. Diego foi o principal responsável por tirar o Flamengo da incômoda condição de coadjuvante do campeonato para elevá-lo ao status de protagonista, e chega a dar dó vê-lo dominar a bola com categoria, partir em velocidade para o ataque, olhar para um lado e enxergar o Gabriel, olhar para o outro e perceber o Fernandinho. Cansa.
Se o que desejamos para 2017 é ganhar do Sapucaia, do Miracema, do valoroso esquadrão da terra da Nivinha e chegar à semifinal do moribundo Carioca, o que está aí basta. No entanto, se nosso equilíbrio financeiro nos permitirá arregimentar um elenco de responsa, com catorze ou quinze caras capazes de ser titulares nos melhores times do continente, aí o sarrafo tem que subir. E muito.
Acho o fim da picada o Flamengo ter um jogador feito o Gabriel, que se livra da bola e torce para que dê certo, além de se atirar farsescamente ao chão na maioria dos lances que disputa. Por mais bolas que tenha roubado no jogo de ontem, Márcio Araújo é o avesso do avesso do avesso do avesso do que entendemos como um moderno meio-campista. Não suporto jogadores de futebol que se escondem das responsabilidades e ficam apontando pra lá e pra cá; quem sabe jogar não indica o que é pra fazer, pede a bola e faz. Márcio Araújo é um profissional honrado, mas não tem como fazer parte de um time que pretende, em cinco anos, ganhar cinco títulos nacionais. Façam as homenagens que julgarem justas pelo indiscutível empenho, preparem uma love letter para ele e mandem-no para o CRB, o Figueirense ou o Sport, clubes à altura da sua dedicada mediocridade.
Não posso encerrar o texto sem falar do Zé Ricardo. É inegável que ele deu padrão de jogo ao time – que até então mais se assemelhava ao incrível exército de Brancaleone –, mas será que esse padrão não se transformou em amarras, em antolhos, em algo a que nós mesmos nos aprisionamos e do qual não conseguimos fugir? Li, recentemente, uma entrevista em que o nosso técnico elogiava Mancuello, ao mesmo tempo em que avaliava estar o argentino abaixo de duas outras opções do elenco (Éverton e Fernandinho, suponho) para executar as exaustivas funções de sobe-e-desce pelo lado esquerdo.
Ora, pois, claro que sim, mas ao que eu saiba Mancuello não foi contratado para isso. E mais: será que essa é a única maneira de jogar? Não considero Mancuello nada do outro mundo, mas acredito que, num time que do meio pra frente conta com Gabriel e Fernandinho, ele tem vaga sim senhor. Como, não sei, mas que se treine, que se experimente, que se arrume um jeito. Para isso servem os treinadores de futebol, é isso o que fazem os bons treinadores de futebol. Reconheço que a lembrança é uma covardia retórica, mas desde que vi, na seleção brasileira de 1970, Rivellino ser escalado na ponta-esquerda, Piazza na quarta-zaga e Tostão de centroavante, aprendi que os grandes times começam a ser montados a partir da decisão de mandar a campo os melhores. E que o esquema tático deve ser desenhado de modo a aproveitá-los.
O título desse post é tirado de uma canção de um cabra arretado de bom – o compositor, cantor, guitarrista e rabequeiro pernambucano Siba –, e me pareceu adequado ao caminho que o Flamengo vem percorrendo com disciplina e competência.
Os avanços e o dinamismo do mundo causam uma certa sensação de angústia. Quanto mais evoluímos, mais fortes as cobranças. Nós, flamenguistas, agimos assim, e é muito bom que assim seja.
2016 deixou claro que temos uma impressionante capacidade de incomodar, mesmo quando somos mais ou menos. A partir de 2017, quando seremos só mais, ninguém vai segurar. Basta fazer direito.
Se duvidam, perguntem ao prefeito eleito em Belo Horizonte.
[…] […]
Vou repetir um texto que coloquei no grupo do Facebook para a garotada analisar com mais calma.
Aqui, como a galera é mais experiente, talvez haja comentários diferentes dos de lá.
“ZÉ RICARDO X JURGEN KLOPP
Não, não vou analisar a carreira do Zé Ricardo com a do Klopp. Mesmo porque, o Zé está no seu primeiro ano como técnico de um time profissional; o Klopp já é técnico desde 2001.
Vou fazer uma análise do 1º ano do Zé Ricardo à frente do Flamengo com o 1º ano do Klopp à frente do Liverpool. Isso porque, os dois times são gigantes, com torcidas gigantes e pressão muito parecida. Apesar de as realidades dos campeonatos serem muito diferentes. Mas, com equilíbrios de forças bastante semelhantes.
O Klopp pegou o Liverpool na temporada passada com o “bonde andando”, assim como o Zé Ricardo este ano. Lá o Liverpool estava na 7ª posição quando o Klopp assumiu e o campeonato estava na 8ª rodada (08/10/2015). Ou seja, ele pegou um time que não conhecia direito, não havia feito os pedidos para contratação de jogadores e chegou depois que a pré-temporada já havia acabado. EXATAMENTE A MESMA SITUAÇÃO DO ZÉ RICARDO.
O Zé Ricardo pegou o Flamengo na 4ª rodada do campeonato deste ano. Em situação idêntica à do Klopp, ou seja, com a temporada já em andamento e sem poder fazer o que se faz na pré-temporada (conhecer bem o elenco e treinar variações por mais tempo). Mas, com uma dificuldade que o Klopp não teve nem nunca terá: falta de estádio para jogar em casa.
Outra dificuldade que o Zé enfrentou a mais: o fato de ser interino e não contar com o apoio total da diretoria nem da torcida. O Klopp já chegou consagrado pelos trabalhos na Alemanha. E, por causa disso, não teve problemas em fazer experimentações durante o ano para saber com quem contar na temporada seguinte.
O Zé Ricardo, quando faz algo parecido e não dá certo, vê “o mundo cair” na sua cabeça, pois a cobrança aqui é imediata. Assim como a pressão por resultados.
Dito isso, vamos analisar o que aconteceu lá e pode acontecer aqui.
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O Klopp, com toda a experiência e alguns recursos que o Flamengo ainda não tem, terminou a temporada 2015/2016 apenas na 8ª colocação. Ou seja, não mudou muito em relação à posição que ele recebeu o time quando chegou.
Entretanto, montou uma base e uma filosofia de trabalho que TODOS sabiam que poderia dar frutos na temporada seguinte. Assim, com praticamente os mesmos jogadores da temporada anterior e poucos reforços pontuais, ele está HOJE com o time na ponta da tabela e jogando um futebol de primeira linha na Inglaterra. Mas, NÃO PODEMOS ESQUECER, a filosofia de trabalho demorou quase 1 ano para se estabelecer e gerar resultados consistentes.
Mesmo sem resultados fantásticos nos primeiros meses de comando, ele desenvolveu uma filosofia de jogo que foi completamente absorvida pelos jogadores. E, com o tempo necessário, fez com que o time jogasse bem consistentemente.
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O Zé Ricardo pegou um elenco muito mais modesto que o do Liverpool para organizar. Mas, como as realidades de Brasil e Inglaterra são diferentes, podemos dizer que as diferenças (proporcionalmente falando) são poucas.
Zé Ricardo pegou o Flamengo em 6º no campeonato deste ano. Sem respaldo, sem tempo apropriado para treinar (já que o time viajou o ano todo), conhecendo os jogadores aos poucos e sob a desconfiança da torcida, da diretoria e da imprensa.
E, mesmo assim, conseguiu fazer com que esse time lutasse pelo título até às últimas rodadas do campeonato.
Não tinha uma dupla de zaga fixa até a 8ª rodada. Teve que utilizar um zagueiro que esteve praticamente de férias (César Martins) no jogo contra o Palmeiras. Só pôde contar com o elenco fechado depois da 21ª rodada do campeonato. Só pôde contar com um estádio fixo para jogar na própria cidade na 32ª rodada. E, ainda assim, manteve o time lutando pelo título.
A inexperiência (e a falta de respaldo) fez com que ele fosse excessivamente cauteloso em vários momentos do ano. Recuou o time contra o Santa Cruz no 1º turno; contra o Cruzeiro também e contra o Botafogo (3×3). Mas, aprendeu com esses erros e mudou de postura. O Zé Ricardo de junho/2016 é muito diferente do Zé Ricardo de novembro/2016.
Uns acusam o técnico de mandar o time recuar. E eu pergunto: como é que o técnico manda recuar colocando um atacante agudo (Sheik) e um meia de ligação (Alan Patrick) contra o Galo e dentro do Mineirão? Não faz sentido.
Mas, ainda assim, ninguém discute a qualidade dele em montar o time, em armar taticamente a equipe e ter sempre equilíbrio entre as ações ofensivas e defensivas. E que, se tivéssemos jogadores mais qualificados para jogar no ataque (especialmente os ponteiros), o time seria muito mais produtivo.
O que faltou, então?? De que precisávamos para fazer um final de campeonato tão bom quanto alguns momentos sugeriram??
Na minha opinião, faltou condição física para vários jogadores importantes (Jorge, Arão e Diego) do elenco manterem seus desempenhos nesta reta final de campeonato. E qualidade de outras peças para fazer fluir o plano de jogo.
Houve erros do técnico do Flamengo?? É claro que sim. Mas, não vamos esquecer que esse foi o primeiro campeonato dele com uma equipe profissional. E que houve, isso ninguém discute, uma evolução expressiva no comportamento tático do time ao longo do campeonato.
Agora, imaginem o trabalho que pode ser feito daqui pra frente. Trabalho desde o início do ano; com pré-temporada completa; com o elenco formado (ou quase) desde janeiro; com peças melhores em algumas posições em que sofremos bastante este ano & sem a necessidade de ficar viajando de lá pra cá o tempo todo. Já imaginaram??
Agora, perguntem a si mesmos qual outro treinador disponível no mercado daria uma perspectiva de resultados melhor que o Zé Ricardo. Roger Machado (ex-Grêmio)?? Fernando Diniz??
Eu não acredito que esses dois tenham mais conhecimento que o Zé Ricardo. Um pouco mais de experiência talvez. Mas, nada que seja tão diferenciado assim.
Então, TODO APOIO À PERMANÊNCIA DO ZÉ RICARDO!!
Quero poder avaliar um trabalho completo feito por ele. Com pré-temporada; escolhendo jogadores para funções que ele considere essenciais e com tempo normal de treinamento, ou seja, sem ter que ficar viajando pelo país o ano todo.
Aí, sim, poderemos dizer o quanto ele evoluiu de um ano pro outro. E como seria um trabalho dele com início, meio e fim.
Achar que um “medalhão” qualquer faria um trabalho melhor que o do Zé Ricardo é de um achismo muito grande. Não estamos vendo nenhum dos chamados “treinadores com nome” fazendo grandes trabalhos na parte tática nos últimos anos. A única exceção é o Tite. Nem Abel Braga, nem Luxemburgo, nem Muricy, nem Levir Culpi, nem outro treinador mais experiente tem mostrado algo mais consistente que o Zé Ricardo.
E, se é para apostar em treinadores promissores, prefiro apostar em quem é de casa e tem DNA rubro-negro para comandar o time.
Não é garantia de sucesso, mas nenhum outro técnico dentro das possibilidades financeiras do Flamengo o é. ”
SRN
Fenomenal, Confrade Vagner !
Brilhante a analogia dos Fatos entre o Zé Ricardo x Jurgen Klopp
Mas esta nossa visão, no qual damos o nosso apoio ao Zé Ricardo, maldosamente alguns torcedores irão estar apelando para rótulos, e passarão dizer que “somos torcedores de técnico”, e não do “Flamengo” para quererem desqualificar a nossa opinião………e depois ficam “clamando” por um debate em alto nível……….tsc,tsc,tsc,tsc……
SRN
Ulisses, com certeza as criticas partem sempre dos torcedores fundamentalistas. Os donos da razão absoluta.
Wagner, brilhante mesmo o seu comentário.
Parabéns.
SRN!
Porra, amigo Vagner !
Comparar Jorgen Klopp ao medíocre Zé Ricardo é chapa-branquismo em exagero.
Bem que ouvi comentários de que o Manchester United está pensando em dispensar o Mourinho !.
Agora, sei o motivo e, mais ainda, o provável substituto.
Antes fosse verdade e que junto fosse também o mais medíocre ainda Jayme de Almeida Filho.
Debate em alto nível, com uma comparação desta, torna-se completamente impossível !
Carlos Moraes,
da mesma forma que você não admite uma comparação entre os dois técnicos, por certo também não admitirá uma comparação do futebol que se pratica na Inglaterra o no Brasil.
Estes dois técnicos apresentam sim um certa semelhança no seu início de trabalho, cada um dentro da sua realidade: Klopp no futebol milionário recheado de grandes times cheios de craques e Zé Ricardo no pobre futebol brasileiro.
Quando se compara situações completamente diferentes, há se relativizar os fatos.
“Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade.” ( Aristóteles)
SRN!
Acho que falta pro Zé Ricardo mais confiança em si mesmo e maior clareza no motivo de suas escolhas. A questão do Mancuello é o ponto onde não sei se vale apena apoiar o Zé, pois quando a imprensa e a torcida cobraram isso dele contra o Corinthians, ele simplesmente resolveu que devia escalar o cara. Ele cedeu à pressão como quem diz: Fiz o que pediram, se der errado não me culpem! Sou completamente a favor de montar um esquema que nos permita jogar com o que temos de melhor, e se não temos atacantes competentes pelas pontas, então que joguemos sem. Colocando Guerrero e Damião no ataque e posicionando os meias de forma que os laterais possam ir até a linha de fundo acho que o time ficaria melhor. Fernandinho ainda é recente no elenco e merece mais tempo, mas chega de Gabriel e Cirino pro ano que vem, Independiente de como o não acabe. Parece que eu nasci e o Gabriel já estava lá, e só jogou um jogo decente na vida.
* independentemente de como o ano acabe.
Parabéns Vagner, simplesmente BRILHANTE….
Vagner, não concordo. E explico:
1º – A comparação entre Zé e Klop é esdrúxula, como são todas as comparações. Se se pretende ter uma visão clara de qualquer situação e não apenas “vencer” uma discussão ou ter seu ponto de vista confirmado, currículos, vida pregressa e que tais, são não só dispensáveis como tendem a nublar a realidade do(s) fato(s), que, no final, é o que interessa. Portanto, se o Zé aceitou a missão de treinar o Flamengo, ele que assuma a responsabilidade com a mesma carga que teria qualquer um, medalhão ou não. O Flamengo não é creche de treinador.
2º – Pra mim, o Zé mostrou de cara a que veio quando estabeleceu um esquema e escolheu os jogadores que melhor se adaptassem a ele, em vez de escolher os melhores jogadores e a partir deles e suas melhores qualidades, criar um esquema que ressaltasse as qualidades técnicas individuais dos artistas. Isso é um erro crasso, primário, que demonstra insegurança e não fiquei surpreso quando muitos outros, especialistas ou não, apontaram o dedo pra mesma ferida.
3º – Eu até respeito o Zé, não deixo de reconhecer suas qualidades, mas não consigo ter confiança num profissional que tem a missão de escolher e treinar os MELHORES jogadores pra formar o time titular do FLAMENGO e mantenha Márcio Araújo, Gabriel, Cirino, Fernandinho e Sheik como titulares ou reservas imediatos, tendo no banco Mancuello, Cuellar, Ronaldo, Vizeu, Damião e Paquetá (esse é a minha aposta). Acho que a melhor formação é com Guerrero/Damião ou Guerrero/Vizeu e o meio com Cuellar(ou Ronaldo), Arão, Diego e Mancuello. Não tenho como saber, mas arrisco dizer que pelo menos 90% da torcida concorda comigo nesse quesito. Ele seria bom técnico se fizesse essa formação funcionar. Aí sim. E só aí.
Se ele vai seguir, e tudo indica que sim, que me surpreenda a partir da pré-temporada, mas se o Márcio Araújo renovar contrato a seu pedido, vamos começar não com o pé esquerdo – desse até que precisamos um dus bão -, mas com ele torto. Gabriel e Cirino têm que sair de qualquer maneira. A insistência neles é injustificável, assim como é injustificável qualquer esforço pra manter o Fernandinho, ainda mais por esse preço. Sheik é carta fora do baralho e a simpatia que eu tinha por ele também se aposentou quando flagrei o baita mau caráter e interesseiro que ele é.
srnp&a
Agora fui eu que fiquei espantado.
Será que pessoas reconhecidamente inteligentes não conseguem analisar o que foi escrito por simples preconceito??
Falei na primeira fase do texto que não estava comparando as CARREIRAS dos treinadores; estava analisando UM TRABALHO ESPECÍFICO sob condições bastante semelhantes.
Não seria possível pra mim analisar o primeiro ano do Zé Ricardo no Flamengo com o primeiro ano como técnico de futebol do Klopp (lá em 2001 – dirigindo o glorioso Mainz 05). Repito: estou fazendo uma comparação entre as temporadas “quebradas” que os dois técnicos tiveram à frente de dois gigantes.
E acho que mostrei, com bastante clareza, que o trabalho do Klopp não teve nada de surreal no primeiro ano. Isso porque ele estava preparando um time para a temporada seguinte. Sem pressão por resultados, sem desconfiança da torcida, da diretoria ou da imprensa. Ou seja, TEVE TEMPO PARA IMPLANTAR SUA FILOSOFIA DE TRABALHO!
E o resultado, 1 ANO DEPOIS, pode ser visto por todos.
O Zé Ricardo está fazendo um trabalho excelente. Especialmente quando lembramos que este é o PRIMEIRO ANO como técnico de um time profissional. Basta lembrar quem eram Cuca em 1998; Tite em 1990; Marcelo Oliveira em 2007 ou Jurgen Klopp em 2001 quando iniciaram suas carreiras.
Cobrar experiência de quem não a tem é totalmente sem sentido. Pode-se observar o resultado conquistado e, mais importante, o desempenho e progressão do trabalho. Por isso que eu perguntei e volto a perguntar: QUAL TÉCNICO (dentro do nosso atual orçamento) CONSEGUIRIA FAZER O MESMO, OU MELHOR, QUE O ZÉ RICARDO?
Teve alguém que sugeriu o Fernando Diniz. Nome que, na minha opinião, ainda precisa provar que consegue fazer um trabalho semelhante em um time de ponta (com jogadores de ponta). Mas, ainda assim, é um nome que eu coloco no mesmo patamar do Zé Ricardo. E o Zé tem uma vantagem comparativa muito grande em relação ao Fernando Diniz: é identificado com o clube e já conhece os jogadores que estão, hoje, à disposição. Seria trocar 6 por meia-dúzia? Acho que não, seria trocar 6 por 5,5. Em razão de o Zé já estar inserido no desenvolvimento do time.
Então, àqueles que discordam da minha análise, gostaria que indicassem nomes de treinadores que conseguiriam fazer o trabalho que vocês tanto cobram e, PRINCIPALMENTE, explicassem o porquê de achar que tais nomes são superiores ao Zé Ricardo no atual momento.
SRN
Desde já, indico um, que, em princípio, é o nome ideal para se comparar ao do Zé Ricardo, sendo certo que vem fazendo, no time que dirige, campanha bem superior.
Jair Ventura, do Botafogo, o filho do Jairzinho.
Este sim pegou um time que tinha apenas um objetivo no Campeonato – FUGIR DO REBAIXAMENTO, tanto que, ao assumir, encontrava-se na tenebrosa Z-4, apenas na 17a. colocação.
Passadas as rodadas, está praticamente na Libertadores-2017, ostentando 55 pontos ganhos (muito acima dos 46 ^regulamentares^ do Rebaixamento) e uma honrosa QUINTA colocação.
Claro, vou esclarecer.
Se me perguntarem – ^você acha o Jair Ventura um bom técnico^, a minha resposta será dada sem pestanejar, de forma curta e grossa. ^Ainda não tenho condições de chegar a uma conclusão^.
Da mesma forma em relação ao Zé, só que este demonstrou uma TEIMOSIA, para dizer o mínimo, INSISTINDO em preterir os melhores jogadores, que me deixa em mais dúvida do que em relação ao Jair.
De qualquer forma, para mim, a comparação válida seria entre técnicos estreantes – Zé Ricardo ou Jair Ventura.
Para terminar, quero afirmar que lamento o acontecido com o Muricy Ramalho.
Por todo o seu passado, simplesmente com a conquista de QUATRO Brasileirões, teria, com todos os reforços que chegaram ao longo da atual disputa, em especial com a contratação do Diego, dado mais condições ao Flamengo de chegar ao Hepta.
Fraternas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Áureo,
deixando o grande Aristóteles para problemas de maior envergadura, apenas reitero o que, de pronto, afirmei.
Incabível comparar, numa análise que pretende ser criteriosa, dois técnicos que estão em patamares TOTALMENTE DISTINTOS, não porque um trabalhe na rica Inglaterra e outro no nosso pobre Brasil.
A diferença NÃO está aí.
Klopp já é um técnico vitorioso, que foi contratado por ZILHÕES para dirigir o Liverpool, saindo do até mais poderoso (futebolisticamente, pelo menos no momento) Borussia Dortmund, o campeão mundial, DISPARADO, em número de torcedores presentes aos seus jogos como mandante. deixando-me, como torcedor do Flamengo, morrendo de inveja.
Zé Ricardo apenas um interino que, após rodadas de dúvidas, veio a ser efetivado.
É como se comparar o primeiro bailarino do Royal Ballet com um aluno da escola do Bolshoi, mesmo que bem credenciado.
INACEITÁVEL
Fraternas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Você não está entendo, Moraes……….a comparação foi com relação ao inicio da carreira de ambos, não está comparando o Zé ao atual Klopp, mas comparando os inicios de suas carreiras…….
SRN
Com as minhas desculpas, MAS foi você, caro Lúcifer, quem não entendeu.
A comparação não é a dos inícios de cada carreira, mas sim a do 1o. ano do Zé com a do 1o. ano do Klopp no LIVERPOOL, ou seja, muitos e muitos anos depois de 2001, ano que, segundo o nosso confrade Vagner (eu não sabia), o alemão teria começado o seu ofício de técnico de futebol.
Isto se deu na temporada 2015-2016, aqui como todos sabemos, logo após ter se afastado do campeão mundial (há anos e anos) de publico, o Borussia Dortmund, portanto já sendo um veterano o técnico alemão.
Veterano e vitorioso, o que é mais importante de se realçar, para ficar claro que a comparação não foi das mais felizes.
No meu entendimento, deve ser evitada comparação entre desiguais, ainda por cima quando se trata de um contratado a peso de ouro e outro que mal e mal saiu da interinidade.
Além do mais, meros números estatísticos podem ser falsos, como habitualmente são.
Não tenho tido possibilidades de assistir jogos do Liverpool, líder da Premeir League deste ano.
Como não disputa a Champions League, fica muito difícil.
Não sei o padrão de jogo do mesmo.
Poucos, muito poucos, com certeza, tiveram a possibilidade de ver (e estudar) os jogos do time na temporada passada, eis que não figurava entre os ponteiros.
Somente por aí, ficaria, a meu ver, afastada a possibilidade de QUALQUER COMPARAÇÃO.
Não se comparam meros números com a prática deste ou daquele esporte, mormente o futebol, onde, ao contrário do basquete ou volei, por mero exemplo, os melhores não vencem sempre, sendo exatamente este ponto a chave do mistério de ser o futebol o esporte preferido em todo o mundo (ou quase).
O nosso Flamengo eu vejo jogar em TODAS as suas partidas, podendo apontar méritos e deméritos, inclusive os do seu técnico.
Já o Liverpool …
SRN
AH !, AS MALDITAS ESTATÍSTICAS !
Não se discute.
A participação do Diego na campanha do nosso Flamengo foi FUNDAMENTAL.
Mas os dados estatísticos são sempre vulneráveis.
Diz lá o grande Murtinho que, a partir da entrada do Diego (segunda rodada do segundo turno), o índice de aproveitamento do Flamengo alcançou o notável patamar de 69% (SESSENTA E NOVE POR CENTO), que, ao longo dos anos em pontos corridos, apenas QUATRO campeões conseguiram superar.
Também não discuto.
Mas, porém , contudo, todavia, vou trazer outros dados, por sinal, BEM SUPERIORES.
No fantástico ano de 2009, por muitos menosprezado (quero crer por não ter sido sob a égide AZUL), todos devem se lembrar que, na TERCEIRA (uma a mais, apenas) rodada do segundo turno, o Flamengo fez estrear DOIS jogadores, Maldonado, um chileno de altíssima categoria, que iria jogar, naquele mesmo ano (data FIFA) , na sua seleção e se contundir, o que poderia ter sido um azar na nossa vitoriosa luta pelo título, e o zagueiro Álvaro, há de se admitir apenas meia boca.
Pois bem, de lá para o final do Campeonato (ambos não enfrentaram o Grêmio), cada um jogou exatamente TREZE jogos, ou seja, com 39 pontos em disputa.
Não os mesmos, embora quase sempre juntos.
Maldonado conseguiu NOVE vitórias (27 pontos), TRÊS empates (três pontos) e UMA derrota, aquela contra o Barueri.
Ãlvaro OITO vitórias (24 pontos). QUATRO empates (quatro pontos) e a mesma derrota.
Consequência inevitável de você.
O rendimento de Maldonado foi de impressionantes 76,92% (quase SETENTA E SETE POR CENTO) e o do Álvaro de 71,79% (quase SETENTA E DOIS POR CENTO).
Vale dizer, MUITO SUPERIORES ao do Diego.
Vejam bem, não estou COMPARANDO a qualidade do três jogadores, pois, neste aspecto, por mais que o chileno fosse um bom jogador, Diego é MUITO melhor.
Apenas fazendo ver que as ESTATÍSTICAS têm valor bastante relativo e que, isto é o mais importante, o ano de 2009 foi MUITO SUPERIOR ao presente ano..
Mais uma vez,
empetalhadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Antes de ir ao âmago da questão.
Uma indagação –
é de boa qualidade a Bola de Cristal do jornalista Humberto Maia Junior (int.)
Uma contestação –
Ruy Castro é, sem dúvida, um grande flamenguista e um grandíssimo escritor.
Apesar disso, pisou na bola, na afirmação que fez.
Futurólogo, não sabia que ele era (havia, anos atrás, um tal de Hermann Kahn, ou algo assim, que previa o futuro político dos países, nem sempre bem sucedido).
O gol de Rondinelli foi, TODOS CONCORDAM, dos MAIS EMOCIONANTES da nossa história vencedora e campeã (algo semelhante ao do Petkovic, ou, num passado pra lá de remoto, do Valido, todos contra o pobre Vasco e decidindo CARIOCÕES)
Há um dado curioso.
Ao contrário dos outros dois citados, SE não tivesse existido, o FLAMENGO não PERDERIA o título.
Apenas o segundo turno, partindo para uma melhor de três, pois já vencera o primeiro (por isso mesmo, o estádio não estava lotado)
Quem diria que não seria campeão, até porque tinha um time melhor que o do então eterno rival.
Empetelhadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Texto brilhante! Obrigado por ser Flamengo! SRN6!
Grande Murtinho,
Concordei com algumas coisas, e discordei de outras. Isso é normal e faz parte.
O título brasileiro este ano, a princípio creio que ninguém acreditava no inicio, principalmente após as eliminações que sofremos, mas o Flamengo foi crescendo na competição, e com várias rodadas de antecedência, já está classificado para a libertadoras.
Uma coisa é certa: O Flamengo esse ano, sai muito maior do que entrou. Se podia fazer mais ou se fez o que pode, é tudo muito discutível, mas a verdade é que o Flamengo termina o ano maior do que entrou…..
Está saindo tão maior do que entrou, que o ano que se aproxima, nos enche das melhores esperanças. Não falta muito, apenas alguns ajustes pontuais no nosso elenco, claro que com peças de qualidade, para que tenhamos um 2017 excelente, muito mais candidato ao título do que fomos este ano. E isso tudo graças ao Flamengo 2016, que como numa corrida de bastão, chega encorpado e muito bem adiantado e em alta velocidade na passagem do bastão para que o Flamengo 2017 já saia em grande vantagem…….
E isso, com toda uma pré-temporada para finalmente o Zé poder aproveitar o tempo suficiente para testar, avaliar e se for o caso, até implementar uma nova postura tática. Hoje ficou um pouco tarde, mas depois volto a abordar este assunto……
Amanhã estarei um tanto enrolado e bradando palavras de ordem, mas logo a noite talvez tenha tempo para complementar meu comentário……
Grande abraço,
SRN
Com todo o respeito aos colegas do RP&A, devo dizer que o prazer de ler os comentários aqui feitos se esvaiu ao longo deste campeonato.
Sem admoestações e/ou proselitismos, não entrarei na pilha de apontar nomes para eventuais barcas; gostaria apenas de registrar minha total concordância com as observações do mestre Murtinho no que tange ao contraste de atitudes de Diego e Márcio Araújo, o que considero crucial para nosso questionável desempenho.
Há muito observo Márcio Araújo terceirizando ações em campo defensivo – posto que ele passa longe da metade ofensiva do relvado – e a intensidade com que Diego participa das partidas. Aponto-as sistematicamente ao meu filho de doze anos, jogador em formação, como exemplos a serem evitados e seguidos, respectivamente.
Precisamos de jogadores que chamem a responsa e decidam. Que não se limitem a deixar o resultado de um jogo ao sabor do acaso de uma bola pingada na área a partir da intermediária. Que tenha tesão pela vitória e enxerguem cada lance como crucial para sua obtenção. Que sejam acostumados a dar o seu melhor a todo e qualquer instante, cientes de que a história se escreve sobretudo nos detalhes.
Precisamos de jogadores flamengos. E que a diretoria também o seja neste período de pré-temporada.
Saudações rubro-negras.