Quando treinava o São Paulo, Ricardo Gomes costumava receber críticas por não ter brilhado em seus trabalhos anteriores aqui no Brasil – o que era verdade – e por estar desatualizado quanto ao nosso futebol. Depois de uma partida pelo Brasileirão 2009, Ricardo decidiu tirar onda com os repórteres que o atazanavam na entrevista coletiva. Para enfatizar as dificuldades do campeonato, perguntou se alguém ali o acusaria de não conhecer o futebol europeu – ele que vivera mais de quinze anos na Europa – e garantiu: o Brasileiro é o único campeonato do mundo em que é possível o líder jogar em casa com o lanterna e perder.
Ricardo Gomes tinha razão. Na última rodada daquele Brasileirão, três times entrariam em campo com chances de chegar ao título: Flamengo, Internacional e São Paulo. No ano seguinte, a mesma coisa aconteceria com outros três: Fluminense, Cruzeiro e Corinthians. Posso entrar de gaiato nessa, mas sou capaz de apostar que tal alternância jamais ocorreu em qualquer uma das ligas europeias. (Que fique bem claro: não estou me referindo a qualidade, e sim a equilíbrio.)
A dureza do Brasileirão serve, ainda, pra gente abandonar qualquer expectativa por vitórias de cinco ou seis, apenas porque estamos em casa e o adversário é a Chapecoense. Já foi o tempo. Goleadas no Brasileirão são cada vez menos frequentes, e estão longe de refletir uma real superioridade a ser confirmada ao longo da competição. Em 2009 o Flamengo tomou uma piaba de cinco a zero do Coritiba; o Flamengo acabou campeão, e o Coritiba rebaixado.
Assim, deixemos de devaneios. Ganhar de um a zero da Chapecoense, naquele momento em que a bosta já beirava o pescoço, foi fundamental. Ganhar do Coritiba por um a zero fora de casa, e com um a menos durante todo o segundo tempo, idem. Detalhe: para um time que levara dez gols nos cinco jogos anteriores, foi um alento sair invicto nesses dois últimos. E, melhor ainda, não ter corrido riscos. A Chapecoense deu somente um chute a gol, já no finzinho e defendido sem grandes dificuldades por Paulo Victor. O Coritiba só levou algum perigo depois da expulsão de Jonas. Se isto for mais do que coincidência, significa dizer que estamos mais organizados defensivamente – o que, de resto, nunca foi a especialidade de Luxemburgo, nem no seu período de títulos e glórias.
Embora não seja aconselhável afrouxar os critérios de exigência, é importante aceitar que, enquanto não temos o time definitivo para o restante do ano, o que vale é somar pontos seja do jeito que for. O objetivo é não perder de vista os lá de cima e abrir a maior diferença possível em relação ao Vasco e seus amiguinhos. Se a nossa escalação-base ideal puder entrar no campeonato com razoável tranquilidade e sem a responsa de nos tirar da lama, as perspectivas de terminar bem a temporada aumentam sobremaneira.
Passemos a meia dúzia de considerações técnicas sobre o que já foi possível perceber na era cristoviana – sempre levando em conta que entendo tanto desse negócio quanto a minha neta de um ano e meio.
1) Não sei se escalar Pará na esquerda e desistir do Anderson Pico é boa ideia, mas é fato que Pico fez um desinteressado primeiro tempo contra o Cruzeiro, como se não quisesse atrapalhar a estreia do ex-chefe que o tirara do ostracismo. Gratidão é um sentimento sublime, desde que não estejam em jogo a lateral-esquerda do Flamengo e nossa delicada situação no campeonato.
2) Paulinho não vem fazendo nada em canto algum, mas o nada dele é melhor pelo lado esquerdo. Digamos: no lado esquerdo, Paulinho tem jogado mal; no lado direito, não tem jogado – mesmo quando está em campo. A melhor fase de Paulinho aconteceu na Copa do Brasil 2013, quando Everton ainda não estava na Gávea e ele dominava a faixa esquerda. Pela direita Paulinho não se encontra, e o que já está ruim fica pior ainda.
3) Acompanho futebol de modo quase doentio há mais de cinquenta anos e não me lembro de ter visto outro jogador tão porra-louca quanto Gabriel. Não seria correto dizer que ele é grosso, lento ou burro, nada disso e muito pelo contrário, mas Gabriel tem um estilo único e indecifrável, que faz de Fio Maravilha um poço de lucidez e regularidade. Tenho a impressão de que ele pensa bem as jogadas, só que em vez de apurar o toque para concretizar o que pensou, simplesmente bate na bola e torce para dar certo. Isso aconteceu, inclusive, nos dois gols que marcou nesse campeonato, em duas conclusões que foram em cima do goleiro mas acabaram entrando.
4) Não sei o que fazer com Jonas. Tenho receio de que ele já tenha se tornado um jogador estigmatizado – mais ou menos como o Kléber Gladiador, que volta e meia é punido sem fazer por merecer, mas por seu histórico de jogadas desleais e temperamento agressivo. Não entendi por que Jonas levou o primeiro cartão amarelo, talvez devido a alguma reclamação, sei lá, mas o segundo cartão foi um exagero.
5) Vender Samir e ter que correr para contratar zagueiros – o que seria inevitável, pois todos os outros que temos são infinitamente inferiores a ele – não é uma decisão inteligente. Sei que, no futebol moderno, vender ou não vender alguém muitas vezes independe dos desejos do clube, mas não custa pensar bem antes de cometer uma bobagem.
6) Vi Coritiba x Flamengo na transmissão da Globo, com narração de Luis Roberto, comentários de Juninho Pernambucano e Renato Marsiglia. Não sei se pega bem escrever isso em um blog legitimamente rubro-negro, mas eu sempre admirei Juninho Pernambucano. Por seu jeito técnico e combativo de jogar e por não ter se submetido às arbitrariedades euriqueanas. Gostei, também, de suas atuações como comentarista em alguns jogos da Copa de 2014. Entretanto, no último sábado, quando Juninho desandou a elogiar Márcio Araújo, fui na direção oposta à de Pablo Neruda: confesso que morri.
Não me lembro das palavras exatas, mas no documentário O Equilibrista, de James Marsh, o personagem central e mestre absoluto do funambulismo, Philippe Petit, explica com surpreendente tranquilidade por que decidiu realizar a travessia entre as Torres Gêmeas: “Quando olhei para cima e vi que era totalmente impossível, a conclusão foi inevitável: já que é impossível, só me resta ir lá e fazer.”
Com o time ainda em busca de equilíbrio e estabilidade, nesse momento parece impossível ao Flamengo disputar o título do Brasileirão. Resta ir lá e ganhá-lo.
Silas
Arthur
Thanks for sharing your thoughts about Clube de Regatas do Flamengo.
Regards
Qualquer pessoa que tem a coragem de dizer que Pará merece a titularidade no time do Flamengo, não pode entender nada, absolutamente nada de futebol.
Pará não é jogador de futebol, é um nada.
Ele não marca, não apoia, não chuta.
Foram vários os lances em que ele, após perder o primeiro combate, simplesmente parou no lance e continuou observando a jogada como se fosse um torcedor.
Ou seja, ele não é nem esforçado.
Com Pará entre os titulares e impossível não ter uma gastrite até o final do campeonato brasileiro.
Ô Cassius Clay, esse comentário era lá pro outro post, né?
“Merecer a titularidade do Flamengo” é algo grandioso, quase filosófico. O que acho é que, apesar dele ser bem fracote, não vejo opção melhor.
De qualquer forma, não acredito que você só percebeu que não entendo nada de futebol depois que defendi a titularidade do Pará.
Achei que isso tivesse ficado claro desde o primeiro post.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Juro por Deus que na minha inteira vida nao vi um time tao repleto de defensores como o BR ontem. Nem o Flamengo consegui isso.
E – pior de tudo: Quanto mais defensores entravam, mais espaço cediam e menos marcavam…
Soh por acaso nao levaram o empate.
Seria hilario, se nao fosse grave.
O Dunga, do qual eu até gostava e para o qual dava crédito, afundou sensivelmente na minha admiraçao.
Para um pais que foi 5 vezes campeao, mesmo em fase ruim, esse jeito de levar o jogo é inacreditavel.
pqp que momento …
Aproveitando este novo momento de ^greve^ do RP&A, vou fazer um comentário sobre futebol, mas diferente.
Não se assustem, não será sobre futebol americano (ou dos EUA, que tanto faz, eis que ambos são a mesma merda), mas sim sobre futebol feminino.
Ontem, tinha dois compromissos diferentes – à tarde, um encontro com um grande amigo dos tempos de Curitiba e, à noite, um Concerto da Orquestra Sinfônica e Coral da UnB.
Fiquei livre de ver os jogos da sonolenta Copa América e deste inacreditável Brasileirão de pernas pro ar, tudo às avessas.
Para não perder o hábito, as 14 horas, liguei a minha poderosa televisão e fui assistir o jogo das oitvas envolvendo a nossa Seleção contra a da Austrália, em que fomos eliminados por 1 x 0.
Sinceramente, fiquei com PENA, MUITA PENA.
O canto do cisne SEMPRE é tristíssimo.
Arrastando-se pelo campo, sem jogar bulufas, a nossa Marta, que, na modalidade, posto sem títulos mundiais ou olímpicos, foi uma grande craque, era a própria imagem da decadência.
Não sei se a moça – já nem tanto, tantos anos passados – estava fora de forma ou algo que pudesse justificar um atuação tão apagada.
O pior é que ela não se dava conta, pedindo sempre a bola e tentando, sem nada conseguir, uma jogada de efeito.
Triste, muito triste.
Não sendo uma Gloria Swanson, era a própria imagem do ^Crepúsculo de uma Deusa^.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
O que mais me chamou a atenção no jogo de ontem, além da diferença visível da qualidade técnica entre alguns jogadores do Flamengo e do galo, foi verificar que o galo era um time bem treinado, que possuía um esquema de jogo com jogadas ensaiadas e que estava consciente das suas ações dentro de campo, enquanto o Flamengo parecia um time de “cata cata”, em que as jogadas aconteciam na base do improviso.
É certo que Alan Patrick e o Sheik chegaram agora ao time, o que pode até atenuar um pouco a culpa do Cristóvão.
Creio, porém, que Cristóvão está começando a cometer o mesmo erro do Prof. Luxemburgo: não está conseguindo definir o time titular.
Cristóvão tem iniciado todos os jogos com uma formação e terminado sempre com outra. Ele está procurando acertar o time com a partida em andamento, o que é um erro.
O correto é definir uma formação definitiva do time titular e treina-lo insistentemente, a fim de dar-lhe um sentido de conjunto e entrosamento, ensaiando jogadas e fundamentos. Mas, tudo isto tem que ser feito nos treinos e não durante os jogos.
Assisti ao jogo de um camarote, para aproveitar uma oportunidade que me foi oferecida, logo acima do local onde se encontrava o Bandeira de Melo. Um local privilegiado de onde pude analisar o jogo, nos seus mínimos detalhes.
O Flamengo começou o jogo avassalador, dando a impressão que iria massacrar o galo. Foram 10 minutos de total domínio dentro de campo.
Sem maiores explicações, o Flamengo depois foi se acomodando, quando então o galo pode organizar o esquema tático que parecia trazer já pré-determinado, isto é, armou duas linhas defensivas de 4 jogadores cada uma e quando de posse da bola, armava com rapidez os seus contra-ataques e quando perdia a bola se organizava também rapidamente.
O time do Flamengo só matou com falta uma jogada de contra ataque do galo, isso já quase no fim do segundo tempo. Todavia, o galo fez falta para matar todos os poucos contra-ataques do Flamengo. Eu disse: todos, sem exceção. O galo veio treinado para parar no meio de campo os contra-ataques do Flamengo. O árbitro não deu cartão amarelo em nenhuma destas faltas, nem na do Flamengo nem nas do galo, que eu julgo como antijogo. Mas, o árbitro foi criterioso. Nada a reclamar.
Se no primeiro tempo o galo já jogava fechado, no segundo tempo jogou muito mais fechado ainda.
E o time do Flamengo não soube como sair dessa armadilha. Sabem por quê? Porque não está treinado para isso. Aliás não é de hoje que o Flamengo não sabe como furar o ferrolho defensivo de um time. Mas, o Barcelona e tantos outros times, principalmente os europeus, sabem.
Após o jogo, me convenci definitivamente de que nós não merecemos Wallace, Pará, Márcio Araújo e Gabriel. Eu estava lá e testemunhei o crime que se comete contra a torcida do Flamengo.
Sempre Flamengo.
Discordo que nao foi uma derrota vergonhosa. Para mim foi até alem disso.
Constrangedor ver um time sem a MINIMA CHANCE.
Levamos uma liçao de como se pode jogar futebol no BR. Liçao principalmente dirigida ao nosso tecnico.
Estou sem saco mais de ver esse bando ridiculo correndo como baratas sem a minima noçao do que estao fazendo, de como se regrupar, fechar espaço, contra-atacar …. nada. Nada, nada e mais nada.
Foram no minimo 2 classes entre os times.
Nao se ve NADA do trabalho do nosso coach. A defesa continua exposta, o meio campo nao volta. Nao sei se falta fisico ou se falta inteligencia, ou vontade? Ou sao ordens?
Como se arrisca SEMPRE nesse mano-à-mano na defesa, enquanto nossos atacantes estao em situaçoes de 7, 8 ou 9 contra 4 ou 5?
Inadmissivel !
Quem acha que o Cirino vai ter espaço – esta é muito enganado. Para ele ter espaço seria preciso saber contra-atacar com passes certeiros e com tecnica.
O Flamengo se faz de BESTA em tentar em todos os jogos abafar os outros. Esses, espertos e inteligentes, soh esperam pelos erros que os nossos fazem. Depois encontram no contra-ataque um lado de campo desguarnecido. Eh jogo atras de jogo que se ve isso. E nao os ultimos 5, mas os ultimos anos.
Chega dessa babaquice que é “aqui é Flamengo” e pra cima, descoordenadamente. Levando peia à torta e a direita.
E nem quero mais ouvir falar-se sobre juizes. Desse mimimi jah estou tb mais do que farto.
Vejo um time que nao progride, um tecnico que nao sabe fazer esses bostas jogarem. Entram jogadores renomados, mas velhinhos – e nada muda.
Pelo menos um PEQUENO sinal de melhora – seria agradecido por isso.
Como todos vimos e re-vimos, a bola nao chega na frente. Sheik e G-ERRO nao terao bolas – se isso continuar.
———
Alan Patrik – tem um bom toque de bola. Resta saber se isso vai acabar em passes mortiferos.
Sheik – raçudo, bom jogador. Mas corre o sério risco de querer salvar o time sozinho.
Eduardo – um zero.
Gabriel – outro.
Paulinho – o tridente zero.
Para – nem sei o que o garoto sabe. A torcida, que tanto entende, começa à vaiar antes que algo aconteça.
LA – para mim NAO é lateral, é lento demais e precisa de mais espaço. No max, volante.
Canteros – volante e chega. Nada de invençoes com ele.
Cézar – bom
Marcio Araujo – quem?
Samir e Wallace – bons. Fico preocupado que no ataque o Wallace tem mais chances que todos os atacantes …
Pois berm. Se ve que nao serah o G-ERRO que vai fazer a diferencia.
GANSO nao. O cabra mole.
O Cris que se cuide. A batata jah esta assando.
concordo,concordo e concordo !
melhor comentário impossivel…
saudações
A LIÇÃO que você aprendeu com o PATÉTICO, foi a de um time marcar um gol por falha grotesca do adversário como o gol contra o SAMIR e depois jogar recuando todo e só partindo na boa?
PORRA custou pra CARALEO pra aprender essa lição, hein?
Patética é uma desses “respostas” à problemas (e soluçoes, as do Galo) muito mais complexos do que:
– juiz contra nos (comprados)
-time jogando atras (safados)
Va aprender o futebol, ligue essa porra de tv sua e assista enfim jogos de FUTEBOL.
Talvez, se deus quizer (e se ele existir), voce se iluminarah.
Assim nao.
E você vê se compra uma GRAMÁTICA pois seus erros no português são de arrepiar cabelo de careca.
E ABANDONE a crase porque é melhor NÃO usá-la do que usá-la repetidamente de modo ERRADO, seu BURRO !
Um juiz para prejudicar um clube NÃO precisa estar COMPRADO e a única coisa que TODO MUNDO VIU NO TIME DO PATÉTICO, foi um time COVARDE jogando todo TRANCADO e que ganhou graças a um GOL CONTRA e a um PÊNALTI NÃO MARCADO.
E outra coisa, VÁ dizer a sua MÃE a que jogos ela deve assistir !