O Flamengo não é para compreender. É para incorporar. Tipo a poesia “definida” pelo Manoel de Barros. Não tem análise, texto, estudo, tempo de “casa” que te faça entender o Flamengo. O Flamengo é. Agora, vocês sabem, tem coisa que é possível analisar sim, tirar conclusões e acima de tudo apontar os responsáveis. Estou, na contra mão dos meus 11 leitores aqui do Blog, dizendo que o time é medíocre há seis meses. SEIS MESES. Dizendo que precisávamos de contratações que tivessem, no mínimo, a hombridade de vestir o manto sagrado, coisa que metade deste bando em campo não tem. A outra metade é perna de pau mesmo. Depois de SEIS meses a diretoria, fez suas continhas, e OHHHHHHHH, conseguiu contratar o valente Guerrero para o meter a bola para dentro. OHHHHHHHHHH. Agora, SEIS meses depois, a diretoria entendeu também, com o campeonato brasileiro iniciado, treinador demitido, UM ponto somado, que para o Guerrero fazer gol, alguém tem que OHHHHHHHHHH, armar a jogada. Bom, entendeu mas ainda não contratou. Estamos SÓ na quinta rodada. SÓ.
O time do Flamengo é arte contemporânea. É um ponto na parede. É FONTE, do Duchamp. Os significados desse time não se esgotam no jogo de palavras das redes sociais, arquibancadas, blogs, grupos de whatsapps e afins. Os significados desse time não se esgotam na inovação da Diretoria que ao estabelecer uma corretíssima política de austeridade financeira provocou a mesma comoção que o artista contemporâneo. Aquela onde é possível selecionar qualquer objeto produzido em massa sem nenhum critério estético óbvio e transformá-lo numa obra de arte. O time do Flamengo é o MICTÓRIO do Marcel Duchamp, é a filosofia do readymade do departamento de futebol. No futebol, o meio (jogadores) era o principal, mas a diretoria do Flamengo é arte contemporânea. A ideia é que vem em primeiro lugar. Nesse caso, a ideia pode ser um Almir, um Pará, um Pico, um Alecsandro, ou até, um meio de campo sem criatividade. A grande questão do departamento-readymade-artecontemporânea do Flamengo é que não é possível “desinventar” as ideias. Nem devolvê-las para o treinador que foi mandado embora e que as indicou.
O Flamengo não é modernidade, arte contemporânea, nem abstrata (só o meio de campo, o ataque e a defesa do time), o Flamengo é ETERNO. Todos nós sabemos que pontuaremos. Que até o time pode, e deve, e VAI se reeinventar com o sem Cristóvão (apostei 43 dias, toc toc toc). A questão é o motivo que nos fez “somar” UM ponto em cinco rodadas, por falta de PLANEJAMENTO e conhecimento de causa. Por falta de uma leitura adequada de um elenco, que agora, no desespero e precisando manter a filosofia financeira, estamos envergonhados. Jogadores com “medinho”, que não chutam no gol, que não tem tesão. E nós sabemos que sem tesão, não há solução. Nessas horas sou fiel ao Suassuna: O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser uma realista (rubro-negra) esperançosa.
Pra vocês,
Paz, Amor e 44 Pontos.
Vivi, não acho o nosso elenco sem sangue, medroso, ou sacana. Acho que são dignos, trabalhadores, dedicados. Garanto a você que este mesmo elenco, com a camisa do Joinville estaria com no mínimo 12 pontos. É que no Flamengo a exigência é maior, jogar bem e ganhar, protagonismo nas partidas e no campeonato. Não se pode jogar com 11 atrás da linha da bola, e esperar os 15 minutos finais para dar um bote, fazer um gol e depois distribuir carrinho e chutões para todos os lados. Por isso, pelo “isso aqui é Flamengo”, é que temos que gastar mais dinheiro, trazer jogadores bons de bola, que chamem a responsabilidade e resolvam a partida. E é só isso que falta, uns dois ou três “medalhões” pra fazer esse bom elenco deslanchar.