Copa do Brasil, oitavas de final, jogo de volta.
Meu pai era médico e um grande contador de casos. A maioria deles vinha do emprego de que ele mais gostava, o plantão das quintas-feiras no Hospital do Andaraí, no sopé da favela. Uma dessas histórias era a de um ginecologista que se jactava de acertar – numa época em que não havia ultrassonografia – o sexo dos bebês. Segundo meu pai, o truque era simples. Numa das consultas do casal, o doutor espertalhão garantia que o bebê era menina, mastigando a última vogal. No entanto, na ficha de atendimento, ele escrevia menino. Nascendo menina, maravilha; nascendo menino, às vezes o casal ia lá: pô, doutor, o senhor disse que era menina, a gente montou o quarto pra ela, fez despesa e veio um garotão. E o doutor: de jeito nenhum. Vocês deviam estar sob emoção, entenderam mal, vamos conferir na ficha. Não tinha jeito do sabichão errar.
Como a narrativa tem pernas curtas, é pouquíssimo crível. Mas é boa.
Costumo lembrar dela toda vez que vejo uma das modernas idiotices da nossa imprensa especializada, a Lei do Ex. Se Vagner Love – que, aliás, jogou bem e deu trabalho à zaga rubro-negra – tivesse feito um golzinho, todas as manchetes dos jornais e sites esportivos vomitariam a baboseira: “A Lei do Ex é infalível”. Como não fez, ninguém toca no assunto. Fico pensando: não há melhor contratação no atual futebol brasileiro do que a do enganador-mor, Diego Souza. Com ele no elenco e a Lei do Ex em vigor, tem-se a certeza de sair ganhando de um a zero do Atlético Mineiro, do Botafogo, do Cruzeiro, do Fluminense, do Grêmio, do Palmeiras, do São Paulo e do Vasco, além do Sport, caso volte à série A em algum momento.
Esperando não voltar ao assunto, rimo e termino: a Lei do Ex não passa de estupidez.
O Corinthians entrou com uma estratégia bastante comum em equipes que se sabem mais fracas: defender-se bem, amarrar o jogo, chegar aos vinte e cinco do segundo tempo com empate no placar e aí então partir para o tudo ou nada. Cansamos de ver isso dar certo. Só que, para surpresa dos próprios corintianos, o Flamengo veio diferente, e deixou claro desde os primeiros minutos que não queria nada com a hora do Brasil. Eles tiveram de ir à luta. Registre-se e louve-se: sem grandes talentos individuais, o Corinthians é muito bem armado. E talvez seja, no Brasil, o time que melhor utilize o chavão “jogar no erro do adversário”.
Morrinhenta no início, a partida foi esquentando aos poucos, até porque o Flamengo percebeu que, se não entrasse em campo, ia se embananar. A todos os que assistíamos, a estratégia se mostrava temerária. Fizemos faltas demais perto da área, oferecendo ao Corinthians as oportunidades que ele não tinha competência para criar. Menos mal que Rodrigo Caio, Léo Duarte, Willian Arão e Bruno Henrique – ajudando à beça – ganharam todas as disputas defensivas no alto. Sentimos as ausências de Cuéllar e Arrascaeta, o que não é bom e serve como sinal de alerta. Piris da Motta começou a partida inseguro e Diego, sabemos há tempos, não consegue dar ao time a velocidade que o futebol de hoje exige. Arrascaeta facilita as coisas (como dizia João Saldanha, joga chupando laranjas); Diego faz um esforço danado para jogar.
Apesar da condenável displicência em duas saídas de bola, Diego Alves e Rodrigo Caio foram nossos destaques. Seguindo as orientações de Marcelo Salles, Willian Arão está mais contido nas idas ao ataque e participativo na marcação – tanto que cansou. Gabriel produziu pouco, apesar de ter brigado muito, e Everton Ribeiro, de novo, teve de se espalhar por todos os lados do campo para tentar pôr ordem na bagaça.
Embora longe de ser o melhor time do Brasil, o Corinthians é, disparado, o mais traiçoeiro. E nos fez encarar a maior encrenca entre todos os oito mata-matas dessa fase. A meta, agora, é manter o equilíbrio e não fraquejar, para não acontecer o mesmo do ano passado: eliminamos o Grêmio nas quartas de final, fazendo um segundo tempo espetacular em Porto Alegre e sacramentando a vaga no Maraca, e na semifinal caímos para o Corinthians (bem inferior ao atual, com Jair Ventura na área técnica no lugar de Fábio Carille), fazendo duas partidas esquecíveis.
A esperança está no verso da cinquentona marchinha de Paulo Sette e Humberto Silva: este ano não vai ser igual àquele que passou.
Lances principais.
1º tempo:
Aos 15 minutos, Diego Alves demorou para sair com a bola, foi apertado por Vagner Love e tocou numa fogueira danada para Léo Duarte. Clayson tomou, trouxe para o meio e bateu colocado, buscando o ângulo esquerdo. Passou perto.
Aos 25, Bruno Henrique recebeu de Renê na lateral da área, cruzou, a bola desviou em Manoel e foi a escanteio. Everton Ribeiro cobrou, Léo Duarte ganhou no alto e cabeceou para fora, com perigo.
Aos 31, falta desnecessária de Piris da Motta em Vagner Love, na esquerda do ataque corintiano. Sornoza meio que cruzou, meio que chutou e Diego Alves teve de se esforçar para dar um tapinha a escanteio.
Aos 32, falta de Willian Arão em Clayson, novamente pela esquerda. Sornoza bateu, Piris da Motta cabeceou para trás, Diego Alves saltou e espalmou.
Aos 35, Sornoza bateu escanteio, Piris da Motta tirou de cabeça e, dois ou três passos além da meia-lua, Ralf pegou a sobra de primeira, um chutaço que explodiu no travessão de Diego Alves e quicou junto à linha do gol.
Aos 38, Willian Arão recebeu de Pará e enfiou bela bola para Gabriel, entrando pela meia-direita. Cássio saiu bem do gol e abafou a conclusão.
Aos 43, o Flamengo trabalhou pela esquerda, com Bruno Henrique, Gabriel e Diego, que cruzou. Clayson bobeou na marcação, Everton Ribeiro se antecipou e completou de cabeça. Cássio fez grande defesa.
2º tempo:
Aos 9 minutos, depois de rápida jogada entre Júnior Urso, Jadson e Michel, Vagner Love dominou dentro da área e chutou forte de pé esquerdo. Boa defesa de Diego Alves.
Aos 14, Bruno Henrique recebeu de Renê, carregou até a linha de fundo e optou pelo escanteio, chutando em cima de Michel. Everton Ribeiro bateu, Bruno Henrique subiu mais que Manoel e cabeceou para baixo. A bola roçou na trave direita de Cássio e saiu.
Aos 18, Ralf avançou pelo meio, serviu Michel na direita e daí a Vagner Love dentro da área. Mesmo marcado por Léo Duarte, Love girou e bateu por cima do gol.
Aos 34, Diego travou um chute de Jadson e a bola sobrou para Michel. Ele pegou de primeira, com perigo, perto da trave direita de Diego Alves.
Aos 39, falta desnecessária de Ralf em Diego. Após alguma confusão, Diego cobrou aos 40, com um totozinho para Everton Ribeiro. Ele carregou para o meio, livrou-se de Clayson e levantou na área. Rodrigo Caio entrou livre e, com categoria, tocou para a rede com o lado de fora do pé direito. Como já acontecera na partida com o Fortaleza, o pessoal do VAR corrigiu o erro do bandeirinha (dessa vez, Jorge Eduardo Bernardi), que marcou impedimento inexistente, e Leandro Vuaden validou o gol. Um a zero.
Aos 43, após o gol do Flamengo, Boselli deu a nova saída chutando direto do meio-campo. Diego Alves estava atento e acompanhou a trajetória da bola, que tocou no travessão e saiu.
Aos 46, Clayson deu um balão para a área e, pressionado por Boselli, Diego Alves tirou com um tapa. Jadson pegou o rebote de primeira e acertou a trave esquerda. A bola correu paralela à linha do gol e saiu.
Ficha do jogo.
Flamengo 1 x 0 Corinthians.
Maracanã, 4 de junho.
Flamengo: Diego Alves; Pará, Léo Duarte, Rodrigo Caio e Renê; Piris da Motta, Willian Arão (Ronaldo) e Diego; Everton Ribeiro (Berrío), Gabriel e Bruno Henrique (Vitinho). Técnico: Marcelo Salles (interino).
Corinthians: Cássio; Michel, Manoel, Henrique e Danilo Avelar; Ralf (Régis), Júnior Urso (Boselli), Sornoza (Gustavo) e Jadson; Vagner Love e Clayson. Técnico: Fábio Carille.
Gol: Rodrigo Caio aos 40’ do 2º tempo.
Cartões amarelos: Léo Duarte, Gabriel; Michel e Clayson.
Juiz: Leandro Vuaden. Bandeirinhas: Rafael Alves e Jorge Eduardo Bernardi.
Renda: R$ 3.571.041,00. Público: 60.171.
Hahaha célebre cena de Indiana Jones…. cérebro de macaco fresco!
Murtinho, continuo sem entender o motivo de não ver um único elogio a mais uma ótima atuação do lateral Renê.
No mais, tb não entendi a manutenção do Gabigol até o final da partida (tava correndo muito, mas errando quase tudo!) e fiquei feliz em ter visto, após muito tempo, o Arão ser substituído pelo jovem e ótimo jogador Ronaldo.
Pará tb esteve muito acima dos últimos jogos do ponto de vista técnico, mantendo a raça de sempre.
Minha opinião é de que precisamos urgentemente de um volante de alto nível pra suprir a ausência do Cuellar no caso de contusão, suspensão, convocação pra seleção Colombiana ou, no pior dos cenários, sua venda.
SRN.
Fala, Marco.
Então: eu acho que tanto Pará quanto Renê tiveram atuações corretas. Mas não vou além disso.
Renê teve a vida facilitada pela ausência do Fagner, que, forçando um pouco a barra, a gente pode dizer que é hoje o principal armador das jogadas de ataque do Corinthians. Pará teve mais trabalho, porque Clayson é um atacante chato, rápido, que incomoda.
O maior mérito do Renê foi entender (“fazer a leitura do jogo”, como dizem os moderninhos) que era dia de guardar posição e não correr riscos, já que começamos a partida ganhando de um a zero. Também acho que Marcelo Salles poderia ter lançado Lincoln ou mesmo Berrío no lugar do Gabriel, mas desconfio que ele não quis queimar a terceira substituição, já que Bruno Henrique sentiu e Arão pregou.
Abração. SRN. Paz & Amor.
O jogo que vi.
Equilibrado, tanto que merecia ter acabado empatado, o que só não aconteceu eis que, no bolão, coloquei o placar de 0 x 0.
Além do mais, um bom jogo, agradável de ser visto, como quase sempre acontece quando os dois rivais se equivalem em campo, tendo ambos bons jogadores.
Meus amigos rubronegros, indiretamente até o Arthur no seu comentário, discordam do Casagrande, que afirmou taxativamente –
a) foi o melhor jogo do Corinthians no ano
b) jogando de igual para igual com o Flamengo, demonstrou ter capacidade de brilhar no Brasileirão, onde, por sinal (digo eu), vai vem até o momento, eis que tem um jogo a menos.
No tocante ao item ^a^, como quase não vejo jogos dos paulistas, não tenho a menor condição de concordar ou não.
Por outro lado, vejo absoluta lógica na outra afirmativa, pois entendo que o nosso Flamengo tem reais possibilidades de chegar ao título – longe de ser algo fácil ou mesmo de ser o maior favorito -e também que o Corinthians demonstrou estar bem treinado e com alguns jogadores eficientes.
Da nossa parte, entendo que temos um Trio de Ouro, que, com as ausências forçadas de Cuellar e De Arrascaeta, limitou-se ao Everton Ribeiro.
Concordo plenamente com o destaque dado ao Diego Alves e ao Rodrigo Caio.
Não foi uma partida primorosa, mas, para o padrão tupiniquim, foi bastante razoável.
Além do mais, vencemos e nos classificamos, embora caiba constatar que todos os grandes, à exceção do São Paulo e faltando o clássico desta noite (qualquer que seja o vencedor será um time de camisa, em especial se for o Santos), também passaram, fazendo crer que as quartas devam ser emocionantes.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – observe-se, no excelente, como sempre, resumo do jogo, que houve maior citação de jogadas perigosas do Corinthians do que nossas. Os fatos não são discutíveis.
Carlos,
Quando assisti ao jogo pela segunda vez, pra fazer o que você batizou de “resumão”, confirmei o que tinha sentido vendo ao vivo, e que ficou bem nítido no primeiro tempo. No segundo, no entanto, temos de levar em conta que os dois últimos lances perigosos a favor do Corinthians aconteceram depois do gol de Rodrigo Caio, com a fatura liquidada. Além disso, acho que, ao observarmos o “resumão”, devemos considerar o que respondi no comentário do João: o jogo começou com o placar de um a zero a favor do Flamengo, e isso impõe mudanças no modo com que os dois times precisavam encarar a partida. (É um raciocínio controverso, reconheço, mas às vezes fico pensando que, se o Barcelona tivesse derrotado o Liverpool em Barcelona por apenas um a zero, talvez não tivesse tomado a virada. Entrou relaxadão, chuteiras com salto sete e meio, dançou.)
Da mesma forma que você, não sei se foi o melhor jogo do Corinthians no ano, mas não creio que eles tenham cacife para disputar o título do Brasileiro. Andrés Sanchez é esperto e acho que ele vai apostar todas as fichas na série B da Libertadores, a tal da Copa Sul-Americana. Agora, que o time é bem treinado, não há a menor dúvida.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Grande Murtinho,
É evidente que o placar do Itaquerão condicionou o modo de ser jogada esta partida de volta. o que se fez mais sentir ainda na etapa final, quando o Carile viu-se obrigado a tirar jogadores do meio campo, trocando-os por atacantes, o que, em condições outras, jamais faria.
Com isso, facilitou a nossa vitória, ou melhor, o caminho para a nossa vitória.
O equatoriano, a meu sentir, estava bem no jogo, sendo o melhor criador do lado deles. O tal do Gustavo, que atuou pelo Ceará no ano passado, é um grosso, bem ao estilo do Henrique Dourado e muitos outros. Quando a bola fica à feição, é capaz de encapá-la, e é só.
Há que se esperar o que vem por aí.
Continuo tendo a impressão que, todos nós, estamos super dimensionando a capacidade técnica do nosso time. Há ótimos jogadores, há os bonzinhos e há os perebas. Daí …
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Há coisas que ninguém sabe explicar, eu pelo menos não sei, esse Flamengo que aí está jogando, praticando os mesmos erros, deixando sempre aquele frio na espinha quando da saída de bola, principalmente do nosso goleiro, Diego, as intervenções do Pará, as rebatidas, melhor, as divididas, do Rodrigo Caio, enfim o eterno rodar do Diego, enceradeira marca Ibson, a inoperância do Gabiorafazoranãofazgol, enfim todas essas velhas mazelas que persistem, mas esse time atual me deixa tranquilo sem precisar de Rivotril, até achando que no final vai dar tudo certo. Por que será?Cartas pra redação.
Grande Xisto!
Eu também não consigo explicar nada disso aí que você falou. A diferença é que não fico nada tranquilo e nem tenho tanta certeza de que no final vai dar tudo certo.
O que o rato-mestre pensa a respeito?
Abração. SRN. Paz & Amor.
Estou sem tempo agora, mas não posso deixar de registrar um aplauso entusiasmado.
Efetivamente, a tal da Lei do Ex é a maior babaquice da atualidade, quiçá de todos os tempos.
Morro de raiva de tamanha estupidez.
Voltarei, logo que puder.
Atrasadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Meu querido Carlos Moraes.
É impressionante como essa história me irrita. Fico surpreso em ver jornalistas respeitáveis embarcando na onda e a torcida transformando em dogma a baboseira.
Daí, minha sugestão: para o segundo semestre, contratem o Diego Souza e o título está no papo. Francamente!
Abração. SRN. Paz & Amor.
jogo foi bastante tenso !
corinthians foi pra cima e o flamengo ficou nervoso.
o placar poderia ser outro…
não devemos imputar essa dificuldade nas ausências de arrascaeda e cuellar.
galera tem que se decidir,ou temos um dos melhores elencos do brasil ou não.
comparando com o palmeiras,estamos um degrau abaixo,estou falando de elenco !
time completo por time completo,dá pra ganhar deles.
mas entendo se dois jogadores sairem do palmeiras ,os caras não vão sentir a falta deles,sejam eles quem forem !
isso dá uma vantagem fantástica pros porcos.
sentimos isso no jogo contra o são paulo.
se o time B fosse tão bom,ganhavamos a partida !
até vejo boas opções pra entrar no segundo tempo,tipo,vitinho,piris da motta e até berrio.
mas um time b completo não vejo tanta qualidade.
espero que o flamengo consiga os 6 pontos até a parada da copa américa ,e qualifique mais o elenco pro restante do ano.
e que o senhor jesus possa fazer os ajustes necessários.
SRN !
Fala, Chacal.
Não tinha como ser diferente, né? A tensão era previsível. Foi o que eu falei na resposta ao comentário do João: é grande contra grande, dificilmente alguma coisa vai ser fácil. (Gustavo Villani, narrador da Globo, usa esse bordão: “É oitava de final da Copa do Brasil, ninguém dá nada de graça.”)
Nossas dificuldades no jogo não podem ser atribuídas exclusivamente às ausências de Cuéllar e Arrascaeta, mas continuo achando que eles fizeram muita falta. Quanto ao elenco, concordo com você: acho o do Palmeiras melhor montado e mais completo. Entretanto, ainda seguindo com a história do Cuéllar e do Arrascaeta, faça o Palmeiras jogar sem o Dudu pra ver o que acontece. Não há grande clube de futebol no mundo – nem Manchester City, nem Liverpool, nem Barcelona, nenhum – que tenha 22 jogadores rigorosamente do mesmo nível. O importante é que o time tem de encontrar um jeito de jogar e vencer quando enfrenta a ausência de um ou dois de seus protagonistas.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Assistindo ao jogo do Cruzeiro contra o Fluminense e o moleque tricolor, num misto de bicicleta e velocípede, faz um golaço no final do jogo. É pensar que não custou nenhum centavo e que somos obrigados a assistir um show de perebismo de nosso caro atacante que sempre confunde força de vontade com estupidez. Considero-o um grosso e possuidor de pouca inteligência. Sempre está ausente em perigo na área adversária por estar prostado ao chão em duvidosa disputa de bola. Um autêntico canastrão.
Esse foi um dos detalhes que aparecem nos jogos difíceis. A capacidade de cada jogador. Nos jogos pegados, apenas sobrevivem os bons. Os ruins, claramente despontam as suas fragilidades.
Desse modo ficou evidente que não demonstra nenhuma segurança o goleiro titular. Três falhas que quase resultam em gol e um quase gol do meio-campo em grave erro de golpe de vista. Esse nunca me enganou. Um tremendo entregador. Tivesse o adversário um mínimo de apetite ofensivo, teria ganho o jogo.
Os possíveis substitutos de Arão são bem fraquinhos. Não possuem o mínimo cacoete ofensivo. Daí a manutenção do criticado jogador – Total ausência de substituto à altura.
O esforçado adversário dominou amplamente o jogo no primeiro tempo, impondo uma grave suspeita sobre a capacidade do elenco. O futuro treinador vai ter muito trabalho.
A Vitória não escondeu o preocupante caminho para um possível título de expressão. Tem muito a ser consertado ou substituido. Resta saber se o comandante terá competência para tal feito.
Os erros observados nos jogos anteriores voltaram a acontecer. Diego mais uma vez foi o protagonista do jogo. É mais uma vez não houve objetividade. Os infrutiferos lançamentos e chuveirinhos retornaram. A única diferença foi que o time ganhou. Não por méritos. Por total incapacidade ofensiva do adversário.
Muito preocupante.
SRN
João, concordo com quase tudo. Principalmente com a corneta no Gabriel Barbosa. Vá ser pereba assim na casa do caralho! E o Wallin dá uma entrevista pro Globoesporte dizendo que espera contratar esse bonde no fim do ano. Esperar o que dessa diretoria que, como a outra, não entende porríssima nenhuma de futebol mas – pelo menos – mandam bem nas finanças.
srn p&a
Rasiko, na minha análise, ele possui o mesmo potencial do Beijoca e do Kita. Lembra do Kita?
Fala, Rasiko.
O comentário do João foi tão recheado de temas bons, que acabei deixando o Gabriel de lado na hora da resposta.
Cara, Gabriel é um desses exemplos de jogadores do futebol brasileiro que são exaltados cedo demais, badalados cedo demais, considerados craques cedo demais, e depois não conseguem atender essas expectativas tão grandes. Acontece à beça. Desde que vi os primeiros jogos dele, tanto no Santos quanto nessas seleções sub qualquer coisa, nunca me convenceu. Aliás, a seleção olímpica que ganhou medalha de ouro só engrenou depois que ele foi barrado.
Agora, no sentido em que entendo a palavra, não acho o Gabriel pereba não. Pereba era o Henrique Dourado.
Quanto a comprá-lo ou não no final do ano, pelo preço que certamente custará – um cara que ganha um milhão e varada por mês não pode ser barato -, também acho bobagem.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Fala, João.
Como sempre acontece quando o assunto é futebol – e, sobretudo, Flamengo – concordo aqui, discordo ali, e é bom que assim seja.
Acho que, na análise do todo, não podemos esquecer outro chavãozão do futebol, que carimba os duelos de mata-mata em partidas de ida e volta: a história do jogo de 180 minutos. Não dá pra pensar que o Flamengo e Corinthians de terça-feira esteve, por nenhum momento sequer, zero a zero. Até os 40 do segundo tempo, o Flamengo vencia por um a zero. E é óbvio que, num jogo entre grandes, isso muda as coisas. Se você faz logo um a zero no Clube do Remo jogando em casa, o ideal é partir pra cima, fazer dois ou três e fechar a tampa. Até porque, se der o azar de levar o empate, há tempo para buscar a vitória com tranquilidade – como aconteceu, por exemplo, nos seis a um em cima do San José. Grande contra grande é outro papo.
Você disse que viu Fluminense e Cruzeiro (João Pedro é mesmo um atacante muitíssimo perigoso). Pois o jogo era no Mineirão e o Cruzeiro dominou o segundo tempo, quando virou o placar, mas tomou um sufoco danado do Fluminense desde o segundo gol de Thiago Neves até o final. Ah, por que o Cruzeiro não partiu pra cima, não fez o terceiro, não liquidou? Porque do outro lado tem um adversário, né? E ele nem sempre permite que você faça o que seria recomendável. Não importa a fase de um ou a fase de outro, Fluminense x Cruzeiro é grande contra grande, as coisas quase nunca são tão simples.
Não gostei da estratégia utilizada pelo Flamengo durante o jogo. Achei arriscada demais, pois sou capaz de apostar que o máximo que o Corinthians ambicionava era levar para os pênaltis, e para isso bastava um golzinho. Mas vejo uma certa distância em afirmar que o time jogou mal e de modo preocupante.
O que preocupa, e aí concordo, é o que preocuparia mesmo se tivéssemos vencido por quatro a zero, e são as coisas de sempre, que a gente costuma abordar em todos os posts e comentários aqui.
Passemos a Diego Alves. Se as três falhas a que você se refere são as mesmas que percebi, tenho dúvidas. O erro na saída de bola poderia ter sido fatal, mas é fruto de uma tendência do futebol atual. Lembre-se que, ao chegar ao Manchester City, Guardiola abriu mão do goleiro que era ídolo da torcida e titular da seleção inglesa (John Hart), pela deficiência na saída de bola com os pés. Contratou o chileno Bravo e estrepou-se: Bravo saía jogando muito bem, mas todas que iam para o gol entravam. Conseguiu se acertar com Ederson. Sampaoli ameaçou barrar o ótimo goleiro santista Vanderlei pelo mesmo motivo, e por isso levou Everson, do Ceará, que sabe jogar. Alisson tomou gol pelo Liverpool tentando driblar um atacante adversário, o mesmo aconteceu com o francês Lloris na final da Copa do Mundo. Claro: se o goleiro tenta sair jogando toda hora, em certo momento vai dar ruim. É o ônus.
Que eu tenha percebido, a outra falha de Diego Alves foi nos acréscimos do segundo tempo, quando ele tirou de tapa o cruzamento de Clayson e jogou a bola nos pés de Jadson, que emendou na trave. Ele foi pressionado por Boselli – pra mim, não houve falta -, mas concordo que goleiro tem que sair com mais decisão e arrastando o que estiver pela frente. De qualquer modo, convenhamos: naquele momento, já estava pelada a coruja.
No lance do meio-campo, discordo. Boselli foi ousado e bateu muitíssimo bem na bola – na saída, algo que eu não me lembro de ter visto – e Diego Alves acompanhou com tranquilidade, evitando, inclusive, dar o clássico tapinha que 90% dos goleiros teriam dado como garantia, cedendo escanteio de graça. Colou as duas mãos na parte frontal do travessão, deixou a bola bater na parte de cima e sair. Ali, ele demonstrou frieza, inteligência e categoria. Não acho Diego Alves um goleiro fabuloso, capaz de transmitir segurança absoluta. Mas acho, sim, um bom goleiro.
Também concordo – e esse é um problema recorrente, que não estamos conseguindo resolver e pode nos custar caro – que quando Diego é o protagonista, a coisa não anda. Ele pode ser útil, mas não o personagem principal.
Abração. SRN. Paz & Amor.