Quando esta manhã acordei de sonhos intranquilos, me deparei no celular com a mensagem de um amigo liberal nos costumes e conservador nos números. “Oito!”, escreveu o Farinha. “Com oito vitórias o título brasileiro é garantido. Claro que pode rolar com sete ou menos, a depender dos rivais. Mas a barra a cada ano tem subido, e para sermos campeões sem sustos o time deve precisar de mais pontos que antes – para ser preciso, 78”. Pronto, era o simpático 8 aparecendo de novo.
Lavei a cara e fui olhar de novo a tabela. Oito pontos de frente para os vice-colocados – posição conquistada, por sinal, no jogo das oito da noite. O próximo cotejo é perigoso – e contra um adversário oito posições abaixo na classificação. Já o rival Palmeiras, no oitavo jogo de Mano Menezes como treinador, tem oito vitórias em casa e vai com essa marra para cima do Botafogo, eterno time do camisa 8 Didi. Urgh, o algarismo rechonchudo está por toda parte e noto que vai virando obsessão.
Impossível escrever qualquer coisa assim. Levanto, dou oito passos até a geladeira. Pela janela, observo o Cristo Redentor, 88 anos completados hoje, com seus oito metros de pedestal, projeto que começou a ganhar força mesmo em 1888. Deus, pare de nos dar sinais! Enquanto espremo o limão no mate, pequenos números avoando sobre a cabeça, as lembranças brotam. Viajo até minha estreia no gigante Maracanã, com meu pai e meu irmão, um Flamengo x Palmeiras debaixo de chuvarada, provavelmente a última vez que fui de calça brim ao estádio. O ano? Claro, 1988.
O que pode estar havendo com o oito e o Flamengo nesta temporada? Ou será que o número que deitado simboliza o infinito sempre esteve ligado ao clube, assim como o oxigênio (número atômico 8) é indissociável dos seres vivos? Basta lembrar que, apesar dos mitológicos camisas 10 e de alguns 9 semideuses, o ponto de equilíbrio rubro-negro sempre vestiu 8 – dos refinados Adílio, Zizinho, Geraldo Assoviador, Rubens, Aílton, Elias e até do Sócrates.
O mesmo ocorre nesta temporada. Justamente quando a torcida sofria com a saída de Cuéllar, no mês oito deste ano, foi então que o novo dono da camisa 8, que ilustra esta crônica, chegou para mudar a cara do time, e acumularmos oito vitórias seguidas, feito inédito. Como diz a carta 8 do tarô: tudo na vida passa, e os acontecimentos que surgem inesperadamente servem para definir novos caminhos, novos futuros e novas lições. Vapo!
Mas chega de oitivas, pois só o que interessa é a rodada deste fim de semana, e a dura missão de manter na Arena Rebaixada nossos oito pontos de dianteira. Agora é oito ou oitenta, e não custa lembrar que estamos no mais decisivo dos meses – outubro, o mês oito do antigo calendário romano, época em que os anos começavam em março (uns loucos, esses romanos).
Engana-se, porém, o leitor que ainda cair na esparrela de que o estádio Joaquim Américo Guimarães é assombrado para nós, mais perigoso que aquela taberna do filme “Os oito odiados”. Saiba que, precisamente naquele local, naquela cancha erguida em 1914 (com grama natural, creia você), o Flamengo foi o time irmão convidado para a peleja inaugural. A equipa da casa, claro, era o Athletico, apesar de com outro nome (mania por lá). O placar? Chutou oito né? Errou! Humildemente, o Flamengo foi respeitoso e deixou por apenas 7 a 1, fora a aula – e o primeiro gol marcado no estádio foi do craque flamengo Arnaldo Machado Guimarães. Que só não vestia 8 na ocasião pois não existia numeração nas camisas.
Por Arnaldo, pela liderança confortável, pelos nosso irmãos bem vestidos no Paraná – pra cima deles, Flamengo! (Ih alá, Flamengo = oito letras!)
* Alerta: Repasse este texto para oito leitores flamengos ou o 8 do seu time na próxima temporada será o Marcio Araújo. “Hein? Tá ficando maluco?” Oi!? Tô.
Sou o comentário 8 (que loucura!!!). E faltam 8 dias para o jogo do Grêmio, quanta ansiedade, na esperanca da vitória, que, certamente, virá. Outra bela crônica! Prossiga assim, beijos
Parabéns pelo texto e um abraço grande para o seu pai, com quem tive a satisfação de jogar vôlei em muitos torneios da Petrobras. Até hoje cito o exemplo dele nas minhas aulas sobre liderança, um cara de seleção brasileira que aturava jogar ao lado de pangarés que nem eu e nunca reclamou de ninguém.
Quanto ao Flamengo, tá bem demais, só que eu sou gremista… mas vamos lá, que vença o melhor e depois acabe com a marra dos “Hermanos ” na final
Acho que você, caro Herve, teria exemplos melhores para suas aulas, mas agradeço a citação. Fizemos belas partidas de volei nqueles torneios. Reclamar? Só havia craque do nosso lado, mas valeu a lembrança. Forte abraço
Mto bom !! E agora 8-1 = 7 opaaaaa tá mais próximo!!!
Feliz círio a todos , esse ano como o mestre Carlos Moraes já profetizou, Flamengo campeão, até no círio já vem com.essa premonição, a berlinda que leva a nossa senhora de Nazaré é ornamentada toda de vermelho como o manto sagrado. Viva a Maria, viva ao renascimento do Flamengo.
Fui na corda já pagando a promessa antecipada por sermos campeões brasileiro, e já estou pensando em ir no próximo ano pra pagar a outra por sermos campeões da libertadores, hehehe.
Como é bom ser flamenguista e saber que somos uma nação que ama e segue religiosamente o Flamengo assim como eu.
Prezado Dunlop,
Que texto! Obrigado por ser Flamengo.
SRN! Prá cima deles, Flamengo!
Esse cara é demais! Orgulho de ter ele no meu time.
Belo texto, me fez lembrar nosso bravo atacante Reinaldo que pegou a 8 e deixou o caneleiro Tuta jogar com a 9. Gesto de craque da bola. Avante Marcelo.
Pena que a tinta acabou, eu deixei de falar no Jaílton, camisa 8 favorito do Joel… Por onde andará?