Há uns dias, num programa de TV, o rubro-negro Aydano Motta sugeriu, com notável desprendimento pelos bens materiais pertencentes a terceiros, que o Flamengo, na sua condição de primo rico do futebol nacional, deveria ajudar os clubes menos favorecidos. Foi o suficiente para que parte da torcida do Flamengo nas redes mostrasse veemente discordância com instrumentos de políticas compensatórias baseados na transferência de renda.
Como Aydano não envolveu o seu nobre objetivo de melhorar o nível do futebol brasileiro apontando qualquer fonte de recursos que não o próprio caixa do clube, destilou-se um bocado de preconceito neoliberal por parte de alguns rubro-negros defensores do estado mínimo, que no fundo parecem que não lutam com o estado, mas sim com o Estado de Bem-Estar Social. Um modelo de organização social e politica que, apesar de todos seus defeitos de origem, ainda é capaz de diminuir desigualdades.
Desigualdade que se é inerente à competição esportiva, não é desgraça obrigatória na divisão de riquezas de uma nação. Mas é moléstia que atinge a todos, sem exceção. Com mais intensidade aos clubes e entidades que não foram tocados pela graça divina da meritocracia ou pelas asas da liberdade econômica que está fazendo o país avançar célere em direção ao Brasil grande dos anos 70.
Tinha algum ressentimento nas críticas, reclamações sinceras de que quando estávamos na lama nunca fomos ajudados. E muito preconceito com os clubes com a corda no pescoço que dependem das cotas de TV como nós dependemos do ar que respiramos. Achei que ficou meio feio, pareceu coisa de novo rico com péssima memória. Não adianta andar bem vestido se não for também gente fina.
E quem é gente fina mesmo não esquece que outro dia ainda estávamos na merda e não fica tripudiando dos pobres. A proposta do jornalista era abusada, mas não tinha nada de herética. Só era pouco consistente, mais um assunto pra preencher o enorme tempo em que se está no ar nessas resenhas televisivas. Mas que deveria provocar reflexão.
Não é muito coerente que a torcida do Flamengo, popular e multitudinária, compartilhe com a nossa elite econômica morena, cevada por gerações e gerações nas tetas da viúva, dessa grave miopia em relação aos mercados consumidores. Que ricos oligarcas que desde 1889 vem financiando caquistocracias rapaces prefiram exterminar com a concorrência para operar com altas margens e rápido retorno em mercados concentrados ainda vá lá.
Mas estranhei que logo a mulambada, cuja força econômica está firmemente alicerçada no lumpemproletariado urbano e rural, que minera seu ouro suado nos corres infinitos de roças, tendinhas e barracas de camelô, fosse cair nesse trompe-l’oeil liberal. Um conto-do-vigário ao qual julgava ser o rubro-negro médio imune.
O Aydano podia até estar só querendo biscoito, mas o Flamengo, se na sua cúpula houver algum real interesse em pensar no clube a longo prazo, que significa pensar no bem-estar da Nação nessa e nas futuras gerações, vai ter que ajudar os outros clubes, sim. É inevitável. Aliás, o Flamengo já faz uma espécie de filantropia há muitos e muitos anos. Com geral na nossa aba, no Rio de Janeiro, no Brasil e em parte significativa do mundo livre.
É a torcida do Flamengo que mantém o sistema funcionando e que dá sustentação a todo um setor da economia que gira milhões em receitas, empregando milhões de pessoas. Até um analfanúmero de humanas como eu é capaz de fazer uma conta de subtração. Aí é só ver de que tamanho fica o mercado de futebol brasileiro depois que se subtrai o dinheiro relacionado ao Flamengo do resultado final do bolo.
Mais cedo ou mais tarde, teremos que encontrar formas de ajudar ainda mais os pequenos. Quanto mais crescermos mais precisaremos deles pra viver. Não podemos fazer campeonatos jogando contra nós mesmos. Vejam o estado pré-falimentar dos nossos embaraçosos rivais cariocas. O Flamengo Superpotência Mundial G7 mal saiu da casca e à Vasca, ao Flor e ao Foguinho já não resta sequer a prataria para passar nos cobres. Pistoleiros do Serasa, da Light, da Cedae e do Prezunic andam pelas madrugadas na captura dos Três Patetas. A falência já nem bate na porta deles, chega chegando, metendo a mão na maçaneta.
Mas por acaso seria bom para o Flamengo que Curly, Larry ou Moe fossem à bancarrota? É claro que não. Precisamos deles. Não é porque estamos no topo da cadeia alimentar que podemos esquecer que fazemos parte do mesmo ecossistema. O Flamengo até que sobreviveria se as três bocas fossem simultaneamente à falência, pois pode jogar em qualquer lugar do Brasil com casa cheia.
Mas a primeira vítima colateral de uma quebradeira entre os nossos rivais seria a própria torcida do Flamengo no Rio de Janeiro, que perderia de uma só vez seus principais fregueses. São pequenos, não ganham nada, as camisas são feias, mas sem eles vamos zoar quem? Quem vai pagar a nossa cerveja? Isso pra não falar na brutal diminuição do número de jogos no Maracanã. Temos que salva-los.
É claro que é maneiro ver os caras sofrendo sem um puto, sem água e no escuro, mas não é muito inteligente deixar a casa cair pra depois ir buscar dinheiro público pra reformar o imóvel sinistrado. Mesmo porque não existe dinheiro público, o único dinheiro que existe é o de quem paga impostos. Ou seja, no final do ciclo econômico o dinheiro pra pagar a conta do salvamento dos pequenos vai sair do bolso da torcida do Flamengo mesmo. No fim das contas, o Aydano estava falando, talvez inadvertidamente, do dinheiro dele mesmo.
Não existe almoço grátis, se a torcida do Flamengo quer ter alguém pra zoar vai ter que pagar pelo serviço. Teremos que aprender a lidar com isso, a interdependência não é vergonha. É melhor que o Flamengo anteveja o lance, se antecipe e faça a revolução antes que o povo a faça. Como já citei Tatcher, Friedman e o Presidente Antônio Carlos, encerro com uma máxima do meu querido Tio Levi, comerciante de tino: Zem cliente o loja fecha.
Mengão Sempre
Falar em dinheiro é comigo mesmo…
Em 2013, o Arthur escreveu um texto marcante pra mim. Falava da relação entre o bom investimento e como isso poderia afetar o Flamengo no futuro. Citava o famoso economista Milton Friedman e a famosa frase, aqui repetida: “NÃO EXISTE ALMOÇO GRÁTIS”.
E o Flamengo vem pagando o seu “almoço” desde o início da gestão dos Blues. Com providências impopulares, mas necessárias, o Flamengo ficou cerca de 3 anos com elencos “ostentando” craques como Val, Bruninho e Diogo Silva (quem??!!). Passamos o perrengue de brigar contra o rebaixamento em 2013 e a vergonha de sermos lanternas do Brasileirão/2014 durante todo o recesso da Copa do Mundo em terras tupiniquins.
E, durante esse período, o que mais ouvíamos era a chacota dos rivais (estivessem eles na merda, ou não). E tínhamos que nos contentar em ganhar um jogo aqui e ali contra os times que realmente disputavam os títulos importantes. Ganhamos do Cruzeiro já praticamente bi-campeão em 2014; ganhamos a Copa do Brasil de forma heroica em 2013 e praticamente mais nada até começarmos, de fato, a disputar títulos importantes em 2016.
É bom lembrar um pouco da trajetória para que não paire dúvidas.
Durante bom tempo da gestão Bandeira de Mello, o nosso presidente se esforçou, de forma hercúlea, para a aprovação de medidas que beneficiariam todos os clubes do Brasil. O PROFUT não saiu da maneira que deveria porque os rivais (ou grande parte deles) simplesmente se recusavam a “colocar a casa em ordem”.
Queriam porque queriam manter as velhas práticas administrativas. Fizeram lobby e acabaram com vários dos benefícios que o PROFUT traria para o futebol (perda de pontos por não pagamento de salários; proibição de contratação para quem estivesse devendo e, finalmente, rebaixamento para os clubes reiteradamente inadimplentes).
Mas, como todos sabemos, ELES NÃO DEIXARAM a lei funcionar do jeito que era proposto. Arraigaram-se às velhas práticas e continuaram acreditando que sempre haveria um novo PROFUT, um novo REFIS, um novo “SALVAMENTO” sempre que a corda apertasse o pescoço.
RESUMINDO: o Flamengo tentou ajudar, mas eles não quiseram.
Enquanto isso, preferiram “chacotear” falando que dinheiro não ganha títulos; que o cheirinho não parava de aumentar e mais, tomando medidas efetivas para nos atrapalhar:
1) Botafogo se recusou (mesmo precisando de dinheiro) a alugar o Nilton Santos em 2016 para o Flamengo fazer jogos no Rio de Janeiro. Recusou nosso dinheiro para nos atrapalhar esportivamente, pois sabia que o excesso de viagens seria um fator que poderia nos atrapalhar na briga pelo título do Brasileirão. Resultado? “Bye-bye Brasil” e time esgotado fisicamente de outubro a dezembro, mesmo com o Maracanã finalmente disponível;
2) Vasco – na figura nefasta do Euvírus – fez absolutamente de tudo para evitar que o Maracanã fosse administrado pelo Flamengo. Preferiam ver o estádio em ruínas a vê-lo sob administração do rubro-negro. E isso nos causou um prejuízo financeiro enorme até a concessão feita este ano pelo governo do Estado.
3) Fluminense – está de pires na mão, mas preferiu vender o Pedro por valor inferior ao oferecido pelo Flamengo só de pirraça. E isso é só pra falar das coisas recentes e que nós temos conhecimento.
Enfim, ao contrário do Flamengo, os outros rivais fazem questão de atrapalhar a vida do Mais Querido.
E, mesmo assim, o Flamengo ainda ajuda esses caras. Exemplo? Ofereceu o Maracanã a preços módicos para o Vasco mandar seus jogos sempre que desejasse; “abrigou” o Fluminense na gestão do Maracanã mesmo sabendo que poderia tomar calote e, como disse, tentou alugar o Nilton Santos junto ao Botafogo, mas esse se recusou com o único intento de prejudicar o Mengão.
Portanto, o máximo que o Flamengo pode (ou deve) fazer pelos rivais cariocas é DAR O EXEMPLO.
Se quiserem se enquadrar e fazer a coisa certa pelo tempo necessário, o Flamengo já mostrou, na prática, como isso é feito.
Se não quiserem, aí o problema pode ser de todo mundo, menos do Flamengo.
Até tentar alavancar uma Liga Nacional independente da CBF o Flamengo tentou. E o que fizeram a maioria dos rivais?? Ficaram contra o Flamengo e apoiaram até sanções graves (como a exclusão de competições) contra o clube da Gávea.
Resumo do resumo?? Não dá pra ajudar quem não quer ser ajudado. E não dá para ajudar quem não quer ser ajudado se isso TAMBÉM nos ajudar (como no caso da Liga).
Ou seja, o único caminho satisfatório para eles é aquele em que eles se dão bem e nós nos estrepamos.
Como, na conjuntura atual, isso não é possível, eles tentarão fazer papel de vítimas e nos classificarão como os vilões da história. Simples assim…
SRN a todos!!!
parabéns !!!
SRN !
Cerca de 70% da arrecadação da nefasta FERJ vem do Flamengo.Dinheiro esse que é repassado através de empréstimos obscuros,muitos até sem juros,aos demais coirmãos cariocas.
Flamengo desfila com seus craques e seu gigantismo nas terras de Guanabara no pós falimentar campeonato local.Joga em estádios neutros de outros estados para ajudar na renda desses clubes…
Resumindo um filantropo nato
Exatamente. Na hora de nos foder ficaram rindo. Agora fodam-se. Vamos procurar rivais em São Paulo e Rio Grande do Sul.
Perfeito!
SRN!
o arthur mulhemberg se DEIXOU LEVAR por suas ideias socialistas e veio com esse texto abobado.
você disse bem, DAR O EXEMPLO , como está dando, é o que se pode fazer.
E ponto final. Vão fechar? que se FODAM.
Na verdade o Rio de janeiro NÃO COMPORTA 4 “GRANDES” CLUBES. Nem a RICA CAPITAL DE SÃO PAULO tem 4 clubes na primeira divisão !!!!!!!!! aqui cabem 2, se tanto.
É UM FATO.
Olha, esse negócio de grana, de dinheiro, de pobreza, mexeu comigo. Como vocês sabem eu sou um mero personagem criado por um dos maiores escritores brasileiros extremamente pobre e a ainda por cima cheirava à cachaça, morreu, meu criador, num hospício de malucos, se não me engano, antes dos quarenta anos. Ele me botou no mundo, quer dizer nas páginas, como um jurídico resmungão que só acreditava no que estava escrito no Código Penal, para se ter uma idéia de minha personalidade, quando falavam algo de contraditório na lei, eu perguntava, onde você leu isso?, por exemplo, essa tal lei da natureza, onde está escrito?Todo mundo fala, mas se não há nada escrito nos alfarrábios legais, essa lei da natureza não passa de falácia. Eu só achava que um jurista tinha que respeitar as leis vigentes, juiz, então, nem se fala, imagine o meu sofrimento com o que se passa hoje em dia sob nosso nariz, os que deveriam respeitar as leis, estraçalhando nosso Código mor como traças malditas, dou cambalhotas em minha tumba e se não fosse meu rato-mestre o Mki, aliás nome inspirado no único título internacional dos últimos anos que só o Abelão reconhece, e minha aranha romântica, a Ana, me conterem eu já teria ressuscitado para colocar essa gentalha em seu devido lugar. Eu era(ou ainda sou?) tão rigoroso em minhas convicções que uma vez eu embarguei a construção de uma estátua de São Sebastião, provocando uma discussão interminável, pois se ninguém sabia dizer de quantas flechadas São Sebastião “morrera”, como queriam construir uma estátua com um número de flechas aleatório? E ainda tem mais, agora eu explico as aspas no “morrera”, o pobre do São Sebastião no morreu de flechadas e sim muito pior, de cacetadas, já que ele sobreviveu ao martírio do fuzilamento, ou melhor, das flechadas e continuou pregando em nome de Cristo. Eu tenho tudo pra não gostar de futebol, já que meu criador o genial Lima Barreto odiava o velho e violento esporte bretão, achava que era mais um modismo importado e alienado. Mas amo futebol e em particular o Flamengo, e agora mesmo passados muitos anos meu pai, o LB, era a cara de um rubro-negro autêntico, mais mulambo, impossível. Aí me vem na cabeça essa história que anda correndo, o Flamengo rico, nadando em dinheiro, como um comunista de carteirinha a distribuir sua grana aos borbotões para aqueles que o odeiam (se se falar em comunismo em nossos meandros corremos o risco de ser caçados a pauladas como um Sebastião redivivo ou uma ratazana prenha do Nelson Rodrigues, haja vista o caso Stuart). Por isso sinto certa saudade de nossa pobreza, tínhamos títulos que agora, mesmo com rios de dinheiro escorrendo entre nossos dedos, não os temos há muito tempo, o último,se eu não me engano, foi uma Copa do Brasil, com um time que nem me lembro mais, o técnico Jaime de Almeida (carioquetas não contam) “Quero ser pobre sem deixar Copacabana”, cantava Billy Blanco, em Não vou pra Brasília, sob as gostosas risadas do Juscelino, bons tempos, lembram-se? Pois é, eu quero ser pobre, muito pobre,de marré marredeci ( não sei se é assim que se escreve) sem deixar de ser Flamengo e de… ter títulos. Riqueza não traz felicidade, diz a sabedoria popular.
Já deveria ter registrado, mas, entusiasmado com o tema, fui deixando pra depois, pra depois, pra depois.
Palmas, palmas de pé, gritando bravos e pedindo bis, como nos velhos tempos do Theatro Municipal.
Um comentário que, de tão bonito, levou às lágrimas outro velho rubro-negro.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Esse terreno de ajuda financeira é muito difícil de discutir, principalmente no momento em que atravessa o país sem entrarmos no aspecto político e ideológico que tal proposta traz. Por isso vou me limitar ao velho feijão com arroz, enfim, a linguagem que eu torcedor me sinto mais à vontade, quero que o Flamengo vença mesmo com fama do pior avarento de Charles Dickson, mas vença. Já está acabando o prazo de novo rico que dura mais ou menos uns cinco, seis anos e não ganhamos porra nenhuma, claro, por uma incompetência alarmante, pois times piores, com piores técnicos e piores jogadores passaram a nossa frente. Me parece que essa é a última chance que temos, e tudo indica que vamos muito bem, ganhar unzinho, eu como torcedor, nem peço, exijo, depois pode relaxar e gozar, como diria a Martha Suplicy e ajudar os humilhados e ofendidos, por sinal, título de um grande romance do autor que você tanto admira. Como diz a velha canção: It”s now or never.
O Flamengo já quitou a sua dívida? Me parece que não. Conseguiu uma signicativa diminuição e o equilíbrio para a amortização. É demagógica a insinuação de ajuda financeira se ainda é notoriamente um devedor.
As reais ações passam longe da simples entrega de valores, a começar pela reestruturação administrativa dos Clubes.
Esse papel de beneficente não condiz com um clube ainda devedor. Sequer foi paga as indenizações às famílias dos meninos do Ninho do Urubu.
Sapateiro, não vá além das suas sandálias!!
Vamos cuidar em construir um Estádio. Nem teto possuímos.
Essas manias de riqueza…
SRN
Duas utopias:
1) Flamengo rico a ponto de fazer caridade para com os rivais. Ainda devemos muitos milhões, não ganhamos título algum e acabamos de montar um time que consegue praticar algo que pode ser chamado de futebol, coisa que raríssima no Flamengo dos últimos 30 anos.
2) Flamengo construir estádio. O clube nem sonha em ter dinheiro pra isso, e ainda que tivesse, não há local no Rio de Janeiro para a construção de um estádio com capacidade para receber o Flamengo. Aí vão começar aqueles papos de estádio pra 30.000 pessoas, estádio-shoppingna Gávea estádio para jogos pequenos, estádio fora do Rio, e outras baboseiras que não resistem a 5 minutos de raciocínio. Como se já não bastasse o fiasco/preju da Ilha do Urubu para servir de exemplo.
The Tropper, primeiramente, saudações!
Em relação ao Estádio, não necessariamente o Clube dispenderia valores para a sua realização. Existem engenharias financeiras disponíveis no mercado. Lógico que requer um estudo e trabalho mais elaborado. O Palmeiras poderia servir de exemplificação.
Quanto à filantropia, concordo plenamente. Beira a infantilidade a sugestão extremamente demagógica. Um notório devedor assumir o perfil de beneficente…
Cada uma…
Um abraço!
Este brilhante artigo do Arthur Muhlenberg me remeteu ao professor de filosofia da Universidade de Harvard, Michael J. Sandel (1953), que, eu seu festejado trabalho, “Justiça – o que é fazer a coisa certa”, no capítulo A FILOSOFIA DO LIVRE MERCADO, explica:
” Em Anarchy, State, and Utopia (1974) Robert Nozick faz uma defesa filosófica dos princípios libertários e um desafio ao conceito difundido do que seja justiça distributiva. Ele parte da afirmação de que os indivíduos têm direitos “tão inalienáveis e abrangentes”que levantam a questão do que, se é que há alguma coisa, cabe ao Estado fazer. Ele conclui que “apenas um estado mínimo, limitado a fazer cumprir contratos e proteger as pessoas contra a força, o roubo e a fraude, é justificável. Qualquer Estado com poderes mais abrangentes viola os direitos dos indivíduos de não serem forçados a fazer o que não querem, portanto, não se justifica.
Entre as coisas que ninguém deve ser forçado a fazer, destaca-se a obrigação de ajudar o próximo. Cobrar impostos do rico para ajudar o pobre é coagir o rico. Isso viola o seu direito de fazer o que quiser com aquilo que possui.
De acordo com Nozick, não há nada de errado na desigualdade econômica. O Simples fato de saber que os 400 da Forbes têm bilhões enquanto outros nada tem não lhe permite tirar conclusões sobre a justiça ou injustiça da situação.”
Bem, a filosofia exposta é uma das bases de sustentação do pensamento neoliberal, ou seja, cada um por si e o resto que se foda.
Mas, eu tenho um entendimento em sentido contrário ao do neoliberalismo. Alinho-me aos conceitos propagados pela corrente do Estado do Bem Estar Social. E, mesmo no campo esportivo, entendo que uma distribuição mais justa dos rendimentos decorrentes do futebol há de ser perseguido, para que não venha acontecer um enorme desequilíbrio de forças entre os clubes de futebol, notadamente os três do Rio de Janeiro.
Como exemplo, posso citar o Fluminense, hoje mal administrado, vivendo com o pires na mão, vendendo o almoço para pagar a janta, rondando a caída para a segunda divisão.
Ora, o Fluminense é parceiro do Flamengo na administração do Maracanã e o fracasso do Fluminense poderá influir diretamente nas nossas finanças.
Hoje, o Fluminense já deve ao Flamengo R$ 652 mil, dívida essa adquirida em quatro meses. Parece que vai ser resolvida (ou já foi) com o valor que o Fluminense tem a receber da venda do Gérson, na qualidade de clube formador. Tudo bem. Mas, no futuro?
Não sou a pessoa indicada para arrumar a solução. Mas, algo há de ser feito.
S.R.N.
BRILHANTE?
Foi uma merda de texto, isso sim.
Fosse ele um escritor sempre desse diapasão, estaria escrevendo para a meia dúzia de asseclas.
AQUI É MERITOCRACIA !!!!!!
O que ficou nebuloso na proposta do Aydano foi o como ajudar. Acho que a necessidade de ajuda é clara e definitiva.
Os 3 grandes do RJ são maiores que varios outros e tem capacidade de se reerguer, como fizemos. O Flamengo nesse contexto deve ser um grande facilitador, ajudando na geração de novas receitas. O problema é que a parte grande do processo envolve gestai e racionalização de despesas, coisa que esses dirigentes não são afeitos. Não reelege.
Enfim, doar dinheiro, como ficou subentendido nas palavras do Audano, sou contra. É perpetuar incompetência administrativa. Mas esta cristalino que o processo evolutivo do Flamengo passa por valorizar o produto, do qual os nossos rivais fazem parte.
O Athletico PR tem mais “camisa” e torcida que algum dos 3 outros grandes do Rio? Não!
E qual a diferença de organização entre o time paranaense e os cariocas? O genérico parece precisar da ajuda de alguém?
A polêmica do Aydano parece ignorar o básico: só se pode ajudar a pessoa que quer ser ajudada.
SRN
Texto excepcional. Acho ainda que como os times europeus tem times B( ReaL Madrid B, Barcelona B), seria bem interessante se o Flamengo puder sim ajudar os rivais….
Nada mais sadio do que essa rivalidade
Tudo muito lindo, tudo muito bom, mas não esqueçamos que as fatias das cotas de TV eram mais igualitárias, mas as outras agremiações, não somente os torcedores, preferiram zoar a taça de bolinha e não reconhecer o título de 87… O resultado todos conhecemos, fim do clube dos 13 e da nossa devida fatia sendo negociada por nossa grandeza…
O crescimento do Flamengo vai acarretar o crescimento dos outros clubes, mas não acho que isso deveria ser preocupação do Flamengo. Cada clube com sua gestão, ou o Fluminense que vivia de caixa 2 da Unimed (que quebrou muito por causa disso) merece mais ajuda do que já tem com a cogestão (que tá mais para parasitismo) do Maracanã?
Se eu pudesse escolher ia preferir a não capitalização e mercantilização da arte bretã, mas o jogo jogado é esse, o mundo é feio, feroz e desigual. Algum time europeu pensa em redistribuir riqueza em nome da beleza do futebol e da justiça desportiva e econômica???
A financeirização no esporte mundial se desenvolveu rápido e veio pra ficar, desde os “Bird Rights”, Bosman Ruling, Lei Pelé a coisa só se intensificou e o Flamengo não é responsável por isso, somente se adaptou a essa realidade. Na minha humilde opinião deveríamos seguir como racionalidade do Homo Economicus e maximizar os lucros em termos econômicos e desportivos (títulos) enquanto podemos, ou não sabemos das crises cíclicas do mercado e do capital? Se hoje amanhã estamos por cima da carne seca, amanhã podemos estar a pão e água.
A rapaziada que escolheu trajar cores inadequadas que se vire… SRN
Foi longe.
Tudo faz crer que é um senhor conhecedor do assunto.
A invocação do Caso Bosman – um medíocre jogador belga que ^tumultuou^ o mundo do futebol – demonstra conhecimento de causa.
Concordo que não se pode esquecer as ^crises cíclicas do mercado e do capital^, mas tenho cá as minhas dúvidas no tocante ao problema da redistribuição de renda, justamente ^em nome da beleza do futebol e da justiça desportiva e econômica^.
No meu entendimento, quase primário, existe uma enorme preocupação, a partir do órgão máximo – a FIFA – em procurar um maior equilíbrio, impondo regras de contratações a fim de evitar disparidades nos mais organizados campeonatos mundiais.
Certamente, o nosso não fica sequer perto de tal categoria.
Há uma crescente preocupação em frear, pelo menos até certo ponto, a desproporcionalidade entre os grandes times, todos, como evidente é, do continente europeu.
Muito gostaria que outros, com verdadeiro conhecimento de causa, opinassem, ou mesmo que o Renato estendesse as suas considerações.
Já se disse – há 60/80 anos atrás – que o futebol era o ópio do mundo.
Muitas modificações podem ser constatadas nos dias atuais.
Enfim, tem o nosso esporte alguma função social, indago.
^responda quem souber^, que sou da Ilha.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Rsrs… fui longe mesmo, é difícil pra alguém de esquerda defender abertamente os princípios liberais, mas no caso específico acho justo! SRN
arthur,
que coisa mais polêmica!
concordo que não podemos matar a galinha dos ovos de ouro,nossos rivais!
primeiro o fluminense,apesar deles terem vendido o pedro por um valor abaixo da nossa proposta,eu ajudaria lá no maracanã e nada mais.
assim manteriamos a parceria que pode beneficiar o nosso clube numa futura negociação pelo maracanã.
segundo o vasco,ajudaria da seguinte maneira,em jogos com o mando dos vices,comprava o jogo por 500 mil e deixava eles ocuparem o setor norte.
o resto do estádio seria totalmente nosso.
por fim a cachorrada,faria uma proposta semelhante aos vices ,só que destinaria um camarote pra torcida deles.
SRN !
NÃO mataremos nada !!! mas eles que se cuidem.
O FLAMENGO já faz muito em DAR EXEMPLO.
Ué?! Mas já não estamos fazendo isso com o Florminense?
Adotamos as crianças no Maracanã;
Compramos o Dourado por preço de jogador;
Et caetera.
Podemos ajudar mas antes de mais nada a FERJ tem que dar a contrapartida que é ou viabilizar um terreno digno e bem localizado pro flamengo construir um estádio ou vender a longa vida do maracanã pro Flamengo, mas todos nós sabemos que o sistema que rege o futebol carioca não deixa o maracanã virar elefante Branco. Artur você poderia tecer um texto futuramente falando a respeito dessa situação envolvendo as reais motivações do Flamengo não ter construido um estádio ainda, pois nós sabemos que não é falta de dinheiro, algo maior beira essa mística, porém não aguentamos mais ser chacota de outros torcedores por falar que nós não temos casa.
O flamengo merece um teto pra chamar de seu mas volto a repetir , o ‘sistema’ é burlesco e faz de tudo pra impedir.Queremos autonomia nesse quesito já.
#rumoaohepta
Tanto Vasco, como Fluminense e Botafogo têm capacidade de fazer receita e não serem deficitários.
Só que ainda são geridos como era o Flamengo há pouco tempo.
Veja o caso do Fluminense, vendendo seus melhores jovens a preço de banana, demitindo um treinador de visão rara no futebol brasileiro, que a longo prazo renderia excelentes frutos ao clube, e gastando uma fortuna pra contratar… Ganso, Nenê e Osvaldo de Oliveira.
Botafogo, fazendo show pra não deixar o Flamengo utilizar o Engenhão, que geraria receita para o clube, pra fazer populismo com a torcida.
O Vasco nem precisa comentar, é o pior de todos, das décadas de endeusamento a Eurico ao recente episódio da administração do Maracanã.
Todos os 3 têm camisa, torcida e tradição para virarem o jogo. Basta saberem gerir o patrimônio.
Não sabem. Não querem saber. Odeiam o Flamengo acima de tudo, abaixo de nada e essa é a razão de suas vidas.
Quando o Flamengo tentou uma solução para o deficitário campeonato carioca, com a Primeira Liga, Vasco e Botafogo ficaram agarrados no saco da FERJ.
Não querem ser ajudados. Não querem se unir ao Flamengo para nada.
O Vasco acabou de ter uma maiores receitas de sua história, com a renda do clássico em Brasília, em que 99% do estádio estava abarrotado com torcedores do Flamengo. Quer ajuda melhor que essa?
O resto, eles que arrumem suas casas. Não são pobres coitados. O Vasco tem a quarta maior torcida do país, sobre a cabeça do Fluminense até bem pouco tempo jorrava milhões da Unimed. O Botafogo, bem, o Botafogo sempre foi isso daí, à exceção da época de Garrincha. Eles sempre se viraram.
Socialismo no futebol, como na vida = todo mundo fudido igualmente.
Se a História não prova isso, não sei o que mais pode provar.
Todo mundo menos alguns espertalhões né, Trooper?
SRN.
CONCORDO 1000%
concordei só com o título do texto do mulhemberg.
O DINHEIRO DOS OUTROS !!!!!!! aí é fáaaaaaaaaaaacil…
Um artigo, digamos assim, totalmente diferente.
Não fala, pelo menos de forma direta, da prática do futebol, de qualquer jogo que tenha sido emocionante ou, quando nunca, decisivo.
Levou-me, de qualquer forma, ao final de 2013 e ao personagem nunca bem destrinchado, o ^big boss^ dos Azuis, Wallim de Vasconcellos.
Vou repetir o que já escrevi, na ocasião em crítica candente.
Estava por terminar o campeonato daquele ano.
Só o Moe estava fora de perigo.
Curly e Larry com a corda no pescoço, da qual, a bem da verdade, nós mesmos escapávamos por bem pouco.
Wallim botou a boca no trombone.
Se ambos caírem, é o caos.
Estava certíssimo, embora a minha crítica cerrada à prática em seguida adotada.
Repete-se, este ano, a situação de pânico, só que, desta feita, a nossa situação é diametralmente oposta.
Mais uma vez os 3 Patetas estão à beira do precipício.
Além disso, e muito mais importante, a trágica situação econômica que enfrentam, como é do conhecimento generalizado.
É, de fato, um dilema enorme.
Sempre afirmei que cada um dos quatro muito depende dos outros três.
Poucos se preocupam em buscar o verdadeiro motivo da desmoralização do campeonato estadual, que, durante tantos anos, foi a principal competição do país.
Sejamos razoáveis. Dava mais alegria toda e qualquer conquista, uma simples vitória sobre os três rivais, do que a participação no Brasileirão, ainda por cima em uma época de total desorganização, com 94 clubes, como chegou a acontecer.
Ridículo, nunca visto em parte alguma do mundo.
Apesar disso, o Cariocão transformou-se em Carioqueta por falta de competividade.
Muita coisa mudou, não há dúvida.
Até o Brasileirão começa a perder espaço para a Libertadores, como o Renato Gaúcho não nos deixa mentir.
Fica, no entanto, a indagação.
Isto é positivo ou não.
Neste aspecto, apesar de tantas críticas que fiz, prefiro ficar com o Wallim.
Vasco, Fluminense e Botafogo são vitais para o Flamengo.
Em suma, algo precisa ser feito.
Infelizmente, pela minha ignorância econômica-financeira, não sei dar a resposta.
Preocupadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Arthur, sem demagogias, o Know-how adquirido pelo rubro-negro em finanças seria de imediato a maior ajuda a ser disponibilizada a seus co-irmãos. Se houver interesse e boa vontade de mudanças por estes.
Como péssimo pagador a curto espaço de tempo, o Clube é sabedor que o emprego de verba para o mau pagador é dinheiro perdido. Além da cansativa, demorada e espinhosa tarefa da devolução. Se possível, é melhor evitar.
Outros meios podem ser empregados, como o empréstimo de jogadores, a exemplo do Palmeiras. Diminui a folha salarial e amadurece os mais jovens.
Cumpre observar, o Flamengo, através de seus torcedores , abarrota os estádios cujo mando são vendidos pelos clubes em delicada situação financeira. CSA, Vasco e Avaí utilizam do prestígio rubro-negro para auferir renda.
É óbvio que a sobrevivência das Entidades Desportivas estão ligadas às paixões que seus simpatizantes e reais consumidores injetam no disputado mercado. Essa aparente disputa e rivalidade é o sustentáculo para o aprimoramento e o engrandecimento de todos. Mas, cada qual com as suas individualidades.
Se o Flamengo conseguiu por meios próprios o sucesso financeiro, por que os demais não podem conseguir? Utilizem o Know-how a ser disponibilizado.
Falta ao rubro-negro o Estádio próprio. O momento financeiro é propício para o estudo de viabilização e início de construção. O simples fato de não ter de pagar os imensos descontos em rendas, também ajudaria na cota de participação do visitante.
O que é condenável é a simples ajuda sem a contraprestação.
Como diria um amigo…” É atirar com a pólvora alheia!”
SRN
Poderia sugerir uma espécie de FMI Rubro-Negro, mas devido ao estado calamitoso dessa trinca, o mais adequado seria um Plano Marshall rs….
Que texto espetacular Arthrur, te acompanho desde sempre, e esse foi uma dos melhores que já escreveu, falou a verdade sem deixar de diminuir nossos co-irmãos menores do RJ, fantástico!
tá de sacanagem.
nada como uma casa arrumada, eles tem o exemplo, que sigam!!!!!!
O Filósofo Rubro Negro
Ok Arthur, não me oponho à novas ideias, nem que seja somente para ouví-las, e após alguma análise, concordar ou discordar. Mas neste texto, na minha reles interpretação, você ficou muito próximo do Aydano André Motta ao não se aprofundar em possibilidades de como esta retroalimentação do sistema poderia se dar. Como creio não possuir o conhecimento específico para iniciar uma argumentação digna neste tema, peço sua ajuda. Disserte, por favor, a respeito de que maneiras esta ajuda poderia se dar de forma saudável para todos os envolvidos. E mais uma vez, parabéns pelo belo texto, o que lhe é contumaz. Saudações Rubro Negras!
Eu fiz a mesma coisa que ele. Se eu tivesse a mínima ideia de como pode ser feito não teria escrito o texto. Sou tradicionalista em matéria de opinião, só opino sobre assuntos sobre os quais não tenho formação teórica ou prática pra opinar com alguma base.
“notável desprendimento pelos bens materiais pertencentes a terceiros…”
Aqui vc já matou a questão, Arthur
Obs: nunca ri tanto com uma crônica Mulenberguiana como agora kkkk