Meu mais recente post no RP&A teve a participação de três comentaristas. Isso. Metade de meia dúzia. Chacal, Rasiko e Carlos Moraes. Um, dois, três.
Culpa do baixo astral generalizado trazido pela peste pós-moderna? Do justificado e necessário recesso futebolístico? Do meu desinteresse por recopas, supercopas e outras caçaníqueiscopas? Possivelmente, de tudo um pouco.
Um dos comentários, feito em tom de lamento pelo Chacal – verdadeiro herói da resistência, que acompanha e participa do blog desde a primeira postagem –, cutuca a ferida e aborda o indigente índice de comparecimento, comparando-o com as mais de mil mensagens que costumavam enriquecer os bons tempos do lendário Urublog, do Arthur Muhlenberg, no globoesporte.com
Tenho uma suspeita que pode se revelar tolice completa, porém vou arriscar.
Os primeiros meses do RP&A, em 2015, contaram com uma adesão bastante boa. Eu mesmo, desconhecido da maioria dos leitores do Urublog, cheguei a ter postagens aqui com quatrocentos comentários. Muito mais do que meus textos geravam quando eram publicados no blog Questões do Futebol, da revista Piauí.
Uma das dificuldades enfrentadas pelo RP&A foi a decepção com o time. Enquanto Carlos Moraes, Rasiko, Chacal e mais uns quinze ou vinte caras continuaram segurando a gambiarra, dando força e interagindo, grande parte jogou a toalha, meio que de saco cheio de Alex Muralha, Márcio Araújo, Gabriel Perninha de Siriema, eliminações prematuras e em série na Libertadores, esperanças vãs no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. No entanto, cabe discussão: se tudo se resumisse à desilusão com os fracassos em campo, não era pra ter acontecido uma reação inversamente proporcional, a partir do fabuloso desempenho do futebol rubro-negro no ano passado?
Algo a ver com tendências ideológicas, sejam as escancaradas, sejam aquelas sutilmente alocadas nas entrelinhas? Não creio. O período a que o Chacal se referiu (2013/2014) foi de enorme radicalização, sobretudo nas redes sociais. E, como talvez dissesse Joel Santana, fosse from the right, from the middle ou from the left, a mulambada se manteve firme no Urublog, atuando freneticamente.
Terá caído a qualidade dos textos? Também não. Embora Vivi Mariano esteja sumidona, Dunlop escreve uma barbaridade e de um jeito que não tínhamos no RP&A. Acabei de reler “Heptacular”, que traz o Arthur no melhor de sua forma. A explicação, portanto, não passa por aí.
Tenho a impressão de que essa opinião vai desagradar a pessoas queridas, entusiastas da bagaça, mas desconfio que o sumiço da rapaziada foi provocado pela proliferação de grupos rubro-negros no WhatsApp – algo que, apesar de já existir na época do Urublog, ainda não estava tão disseminado quanto hoje. Não se trata de condenar os grupos, que podem ser úteis ou divertidos, vieram para ficar e não há o que fazer. Trata-se, apenas, de uma constatação.
Lembro que, no início do RP&A, um leitor do Ceará – novo, devia ter dezoito ou dezenove anos, começou bem atuante e logo depois desapareceu – propôs a criação de um grupo. Por temer a iniciativa, tremi na base. A ideia dividiu os debatedores e não prosperou. Respirei aliviado.
É evidente que a instantaneidade do WhatsApp representa um gigantesco estímulo à participação. Além disso, enquanto no blog há que se movimentar dentro do tópico proposto pelo blogueiro, nos grupos de WhatsApp o conteúdo é bem mais democrático. Só que, sendo sincero, em termos de texto e informação eles primam pela inconsequência. O cara escreve qualquer coisa e de qualquer maneira, sabendo que, se ali estiver uma imensa bobagem, ela vai se perder em poucos segundos, empurrada lá pra baixo da timeline ou do feed ou que porra de nome tenha. No blog é diferente.
Exemplifico.
Havia um grupo em que eu entrava de forma bissexta. Dele participava um cara que manja bastante de futebol, e que sempre foi um dos comentaristas mais assíduos aqui do RP&A. (Para não personificar o argumento, vou chamá-lo de, sei lá, Roberval.) Certo dia, debatia-se a contratação do Conca. Roberval era a favor. Como Conca só receberia se atuasse, ele apoiava a empreitada. Pois bem: numa de suas mensagens, Roberval postou que Conca carregara o Fluminense nas costas, nas conquistas dos Brasileiros de 2010 e 2012. Falso. Em 2012, Conca jogava na China.
Numa outra situação, em que se criticava o Felipe Melo, Roberval saiu em defesa do destemperado volante, afirmando que ele já levantara dois campeonatos brasileiros – 2016 e 2018 – pelo Palmeiras. Falso. Em 2016, Felipe Melo defendia a Internazionale de Milão. Se estivesse escrevendo um comentário para o RP&A, Roberval certamente teria feito uma rápida checagem e perceberia que a memória o traía. Em grupos de WhatsApp, neguinho manda a primeira coisa que vem à cabeça e que se dane.
Ainda nesse grupo, vi pessoas escalarem o Flamengo que disputou a final do estadual de 1966, com o Bangu, sem o zagueiro Itamar – figura central da decisão, pela voadora em Ladeira quando o atacante adversário tentava fugir da ira e da perseguição de Almir. E algumas aproveitaram o embalo para elogiar o timaço banguense, com destaque para a dupla formada por Parada e Bianchini. Detalhe: em 1966, nenhum dos dois fazia parte do elenco bancado por Castor de Andrade. Em outro grupo, houve quem dissesse que Berico era irmão do Fio Maravilha.
Os grupos de WhatsApp aceitam tudo, inclusive dados que não resistiriam a um breve par de cliques no google. Se estiverem errados, daqui a quinze segundos ninguém mais irá visualizá-los. No blog, não: o texto permanece e o mico fica. Se alguém quiser ver as besteiras que escrevi no ano passado e que foram devidamente derrubadas, estão todas disponíveis.
Repito: não condeno, apenas constato. E sinto pena, ainda mais porque as duas ferramentas poderiam conviver em paz e sem que uma excluísse a outra.
Tendo ou não fundamento, a tese está lançada e a caixa de comentários, como sempre, aberta a todos. Vamos ver quem se anima.
Nem que seja para espantar o tédio do confinamento.
Salve Murtinho,
O RP&A segue nas minhas sugestões do Google, mas em meu caso o que provocou uma queda na frequência foi a falta de uma periodicidade nas publicações.
Eu e meu filho de 15 anos estamos vivendo em Barcelona, e Flamengo e futebol são um dos pontos de ligação afetiva que mantemos com o Brasil. Temos ouvido dois podcasts (a proliferação destes também poderia ser um fator para a queda nos acessos, não?), o Muito mais do que futebol e o da Trivela; à parte a qualidade dos jornalistas envolvidos, a periodicidade dos posts é fundamental. Outro exemplo é a coluna do Jorge Valdano, já que tento incutir na cabeça do moleque algum senso crítico.
Foram muitos os momentos em que acessei o RP&A em busca de um texto (sempre muito bom, por sinal) e não havia nada. Sou jornalista de formação e posso imaginar que a ideia do site não seja bem essa (caso fosse, tenho certeza de que o financiamento coletivo já haveria passado por suas cabeças em algum momento), mas apenas gostaria de comentar meu caso para que tenham em conta na análise.
Abraço e saúde,
Evandro
Ah, e por periodicidade me referia à definição de um dia específico para publicação.
Sim. Perfeito.
Fala, Evandro.
Antes de mais nada, obrigado pela participação internacional.
Entendo a crítica quanto à periodicidade. Se você entra, por exemplo, no site da Folha de S.Paulo, você sabe que tem texto do Ruy Castro às segundas, quartas, sextas e domingos, do Antonio Prata aos domingos, do Sérgio Rodrigues às quintas, do Tostão às quartas e domingos, e por aí vai. Ajuda bastante.
Entretanto, faço uma ressalva: ano passado, eu e Arthur jamais deixamos de postar entre um jogo e outro. Era batata: entre a partida de domingo (ou sábado) e a de quarta (ou quinta), sempre havia ao menos uma postagem do Arthur e outra minha. Arthur fez até mais, porque ele também publicou durante o Campeonato Carioca – algo a que me dei o direito da abstenção. Dunlop, que costuma produzir textos mais atemporais, sem ligação direta com o jogo mais recente, também postou bastante. Ou seja: creio que, em 2019, nosso assumido caos quanto à periodicidade não chegou a ser um problema. Mas sua preocupação é justa.
Outro ponto importante é que o compromisso com a periodicidade esbarra sempre – sei que é chato falar isso toda hora, só que é fato – na questão da grana. Financiamento coletivo pode ser uma bela solução, quem sabe?
Podcasts: também concordo. Está nos planos da rapaziada e Dunlop vem tentando organizar. Com a vantagem de que podcast é bacana, enquanto os grupos de WhatsApp costumam ser rasos.
Excelente comentário, Evandro, que pode nos abrir novos caminhos e outro, digamos, modus operandi. A se pensar e repensar.
Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida bastante aí.
caros amigos,
fui checar quando foi a ultima postagem do arthur e pude ver que já faz um tempão…desde o dia 06/03/2020 que não desfrutamos dos artigos do nosso querido muhlenberg.
SRN !
PS-volta amigo
Fala, Murtinho. Novos tempos, novos tempos. Faço parte de um grupo de rubro negros em minha cidade, e realmente, leio muitas “pérolas” todos os dias. Mas a interação aqui é só pra dizer que sempre fui leitor assíduo do finado Urublog, assim como do RP&A.
Saudações Rubro Negras, e conte sempre com minha leitura.
Fala, Romulo.
Legal você ter acompanhado o Urublog, ter se transferido para o RP&A e continuar prestigiando.
Mas você não acha que a gente não deve se conformar tão fácil assim com o argumento dos novos tempos? Não dá pra ficar só com as coisas boas dos novos tempos e deixar as coisas ruins pra lá? A internet está cheia de coisa bacana (RP&A, por exemplo) e cheia de coisa insuportável. Fiquemos com as bacanas.
Veja bem, Romulo: não estou dizendo que o WhatsApp é desnecessário ou que todos os grupos são um porre. Não é isso. Apenas acho que, da mesma forma que nem tudo era bom antigamente (na virada dos anos sessenta para os anos setenta, algumas vezes o Flamengo entrou em campo com um ataque formado por Buião, Michila, Fio e Caldeira), não precisamos sair “comprando” tudo o que é novo só pelo fato de ser novo. Né?
Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.
Grande Murtinho, concordo em gênero, número e grau. Fiquemos com as coisas boas que a internet nos fornece nestes novos tempos. SRN!
Ou, Murtinho, te respondendo, sou sobrinho do Altamiro e muito fã dele também. Além de músico extraordinário era um ser humano iluminado. Mas como ninguém é perfeito, embora tivesse sete irmãos flamengos, torcia pelo vice.
Abração
Altamiro Carrilho era um gênio.
Curioso é que, nas minhas respostas aos comentários desse post, acabei citando três vascaínos geniais: Paulinho da Viola, Aldyr Blanc e, sem que eu soubesse da preferência clubística dele, seu tio. (Também falei de Raul Seixas, mas nunca li nada que o ligasse ao futebol. E, provavelmente, se torcesse para algum time, deveria ser lá da Bahia.)
Agora, vamos combinar: Altamiro escolheu duas vezes o time errado, né? A primeira escolha, óbvia e de todo mundo, teria de ser o Flamengo. E a segunda, por se tratar de um dos maiores bambas do choro, só poderia ser o Botafogo.
Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.
PS: Quando houver apresentações suas aqui em São Paulo, avisa. De repente a gente se vê lá.
Caro Murtinho,
Seus textos são um primor, assim como a grande maioria dos textos publicados por aqui.
Acho que você está certo, mas penso que o fator apontado pelo “The Trooper” foi também decisivo para a redução dos comentários.
Queria colocar mais um elemento que me parece bem mais simples do que os apontados por vcs e que é da natureza humana: é muito mais fácil criticar do que elogiar. Quanto o time tava uma merda, nego baixava o sarrafo e, quando ganhava alguma coisa, os elogios (represados) vinham à tona com força máxima (me lembro quando isso ocorreu em um post do Arthur após o título da Copa do Brasil em 2013). Mas em 2019 o Mengão Alegria dos Homens (dá-lhe Arthur) resolveu ganhar a porra toda e aí a coisa esfriou. Eu mesmo confesso que nem fico mais tenso com os jogos do Flamengo, é uma sensação muito estranha, acaba o jogo e eu nem fico mais com o coração acelerado.
O fato é que não há blogueiros e escritores tão talentosos quanto os daqui, o único que se aproxima do talento de vcs, na minha humilde opinião, é o Rica Perrone.
Pelo amor de Deus, não parem de postar, tenho certeza que os comentários voltarão com tudo quando o Mengão voltar a campo (saudade represada).
Grande abraço e SRN.
Fala, Marco.
Seu comentário resume e reúne mais ou menos tudo o que se disse aqui. Concluo que há mesmo uma junção de fatores, cada um entrando com seu pouquinho para fazer o, digamos, estrago.
Agora, você abordou a questão das críticas/elogios represados de uma forma diferente, adicionando um dado importante ao debate. Boa!
Não se preocupe: ninguém pensa em parar de postar. Claro que a Covid-19, que deixou todo mundo sem chão, vai nos obrigar a pensar em coisas diferentes enquanto o futebol não volta, mas a luta continua.
Obrigado pelos elogios. Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.
Meditação é um excelente antídoto e preventivo contra o vírus. Fortalece, e muito, o sistema imunológico, relaxando e evitando paranoias desnecessárias. Embora não tenha expectativa quanto a aceitação da sugestão, se alguém quiser dicas pra facilitar a prática, é só dizer.
grande murtinho,
na minha humilde opinião a debandada se deu por causa da politica.
espero que esse texto incentive a galera voltar a comentar,gosto tanto dos textos como dos comentários.
SRN !
Fala, Chacal.
Sim, aceito como uma das possibilidades, e alguns comentários aqui reforçaram isso.
Só acho que a questão não é tanto a divergência política, e sim a maneira que cultivamos de discutir política: sempre achando que quem discorda do que pensamos não passa de um débil mental.
De todo modo, como já respondi em outros comentários – em um deles até citei você –, quem não gosta de política não precisa se abster de participar do RP&A. O que mais tem nas postagens do blog é tema falando do futebol do Flamengo.
Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.
Caro Murtinho, acho que a clausura não lhe está fazendo bem. O problema é a régua e não a medida encontrada. O número de comentários ou mesmo a qualidade deles pouco importa. Você acha que o grande Nelson, irmão do Mário (não aquele!), em tempos idos, ficava preocupado com quantas cartinhas chegavam à redação para ele? Você está parecendo uma conhecida minha, preocupada com quantos desconhecidos a “seguem” no infame Instagram. Cria tenência, homem! Arthur, você e Dunlop fazem um trabalho de escol, que será cantado em verso e prosa ad secula seculorum! Por favor, keep calm & carry on. Não vão abandonar-nos numa hora dessas. Receba o singelo agradecimento e um abraço fraterno de um dos inúmeros admiradores seus e do RP&A. SRN
Porra, Passos: e a quem essa clausura (imprescindível, registre-se) faz bem? Coisa de doido, sô!
É importante deixar claro mais uma vez: minha preocupação não foi com a quantidade de comentários. (A história da sua amiga com o número de seguidores no Instagram virou default, não? Quase todo mundo nessa.) O tema só surgiu a partir da postagem do Chacal no meu penúltimo texto, e fiquei curioso com a estranha constatação, ao menos pra mim, de que as pessoas comentavam bastante quando o time decepcionava e pararam de comentar quando o time começou a brilhar. Aí lancei a tese dos grupos de WhatsApp como uma possível explicação. Já surgiram outras e creio que vale o clássico “todas as alternativas combinadas”.
De qualquer forma, e seguindo na linha de um dos comentários do Bill Duba, gostei do bem-humorado esporro.
Gostei muito, também, do “trabalho de escol”. Do fundo do baú. E relaxe: chance zero de parar com essa bagaça. RP&A é resistência!
Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.
Nem preciso fazer qualquer outro comentário, tantos que surgiram e de excelente categoria.
Vou lançar uma campanha
#TamuJuntosRPA
Caro Murtinho
Comento muito pouco aqui pq entendo pouco de futebol (até hoje não entendi a Holanda de 74 – vão dizer que era o futuro do futebol, mas só foi se reproduzir no século XXI!), mas amo o Flamengo.
A preguiça é o principal motivo de não comentar, mas depois das suas análises e as do Arthur (hilárias!) falar o quê(int). Sem falar do Dunlop (fiz um comentário no último post) e nos textos da Vivi.
Li a crônica no dia que foi publicada, só tinha um comentário e pensei: vou dar uma moral pra galera do RPA! Mas, macunaimicamente rolou o: “ai, que preguiça”!!
Não abandonem seus fiéis leitores!
SRN
P.S. Cadê o Arthur, porra!
Fala, Ricardo.
Respeitemos o sagrado direito de sentir preguiça. Contra ela, não há o que fazer.
Agora, entender de futebol é algo muito relativo. Acho que futebol é assim: a gente acompanha menos ou mais. A gente já viu menos ou mais coisas surpreendentes. E por aí vai. Mas entender mesmo, pra valer, não sei bem o que isso significa.
Quer ver uma coisa? Uma das séries a que assisti no confinamento foi “Os Campeões da Copa”, da Netflix, que fala sobre o que o futebol representa nos oito países que ganharam a Copa do Mundo. É legal. Depoimentos de jornalistas, sociólogos, escritores, historiadores e alguns jogadores. Um dos depoimentos é do Parreira, técnico campeão do mundo em 1994 e principal organizador daquele curso para treinadores promovido anualmente pela CBF. Tentando justificar os sete a um de 2014 – e esquecendo que o Brasil já deveria ter perdido antes, para o Chile –, Parreira diz que o que atrapalhou demais a preparação brasileira foi o fato de não ter disputado as eliminatórias, fazendo apenas o que ele, pernosticamente, chama de “friendly games”. Amistosos, pois não? Em 1966, a Inglaterra tinha disputado apenas “friendly games” e foi campeã do mundo. Idem a Alemanha em 74. A Argentina em 78. A França em 98. Em tese, Parreira deveria ser um dos caras que mais entendem de futebol no Brasil, não?
E não se iluda: sempre há o que ser dito em cima dos textos do Arthur, do Dunlop, da Vivi e dos meus.
Nas próximas postagens, anime-se, ponha o Macunaíma pra correr e manda ver.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Murtinho, como um apreciador dos seus textos, devo dizer que o futuro dos blogs é o mesmo reservado aos livros.
Cada vez mais a tecnologia trará a informação à palma de nossas mãos, em breve até às telas de nossos óculos, e nossa comunicação cada vez mais se dará de forma instantânea.
A novidade cada vez mais terá prazo curto e qualquer texto que tenha sido escrito há mais de um dia, especialmente sobre um assunto tão volátil quanto o futebol, tende a ficar defasado e não atraente para o debate.
É duro, mas é a realidade. Os tempos mudam e testam nossa capacidade de adaptação. Que bom que é assim.
A vantagem, para pessoas inteligentes como vc, é que são dotados de uma capacidade de adaptação superior à média.
Certamente, vai saber inovar e encontrar novos caminhos que conciliem seu amor pela crônica e a tecnologia.
Agora, uma coisa que já foi dita aqui nos comentários é certa: quando se começou a trazer política partidária pra dentro dos textos e do debate por aqui, especialmente tendo em vista que o blog adotou um posicionamento político claro, assumiram o risco da parcela discordante (que pelo resultado das eleições passadas, é a maioria) parar de frequentar. Eu mesmo, que nunca usei palavrões em meus comentários, fui xingado de tudo (até de racista, por ter usado a palavra “denegrir” em um comentário num texto em que se debatia política) por alguns comentaristas, especialmente um que se declara psicólogo, mas tem a maturidade mental de uma criança de 6 anos, em razão de meu suposto posicionamento político.
Digo “suposto” porque nunca o declarei. Apenas me manifesto contrariamente à idolatria de alguns por um político condenado, que vendeu o país à empreiteiras e JBSs da vida, que atacou o coração da Democracia com mensalão e cujo partido que liderava comandou o maior caso de corrupção estatal que se tem notícia na história do planeta, o petrolão. Apenas por isso, fui xingado de tudo e até hoje sou chamado de Bolsominion. Um deles me atacou até porque pensou que eu fosse policial, em razão do meu nickname.
Continuei aqui porque adoro os textos (todos são muito bons, à exceção do ladrilheiro), e adoro debater Flamengo. Mas, com certeza, a grande maioria dos que tiveram a minha experiência (houve vários outros) se mandaram e não mais retornam.
Sei que não foi o seu caso, mas teve texto publicado aqui em que os comentários se limitaram a discussões políticas e xingamentos. Zero de futebol. Muita gente vinha aqui pra discutir Flamengo, não ver comunistas x fascistas (2 lados da mesma moeda) se digladiando.
É aquilo: trazer política pra cá foi uma escolha. Toda escolha tem um risco e comporta abrir mão de alguma coisa.
Espero que o RPA saiba inovar e se reinventar, porque realmente os textos continuam valendo muito a pena, apesar do WhatsApp.
Parabéns pelo trabalho!!!
Fala, Trooper.
Vamos por partes.
Cara, a internet e suas ramificações fazem o mundo mudar muito mais rápido do que nunca, mas ainda tenho dúvidas quanto a algumas coisas. Por exemplo: eu era criança e ouvia dizer que o único escritor brasileiro que vivia da venda de livros era Jorge Amado. Tempos depois, a ele se juntou Paulo Coelho. Hoje, possivelmente, incluem-se na breve lista alguns autores de autoajuda. Já nos tempos de Jorge Amado falava-se sobre a morte dos livros. Na adolescência, me envergonhava a informação – que, confesso, nunca chequei – de que a cidade de Buenos Aires tinha mais livrarias do que o Brasil inteiro. Se isso procede, é assustador. E os livros estão aí. Que o brasileiro não gosta de ler e não investe em livros é fato – o que talvez explique muita coisa –, porém não sei se a morte dos livros é mesmo incontornável.
A busca pela instantaneidade é tão irreversível quanto lamentável. Tenho visto pessoas esperançosas de que, com a pandemia, a humanidade reveja seus valores. Não aposto um tostão furado nisso. Assim que a peste passar, tudo volta a ser como antes e como sempre, talvez até pior. Você chegou a ver o documentário “The Great Hack”, que a Netflix lançou no Brasil com o nome de “Privacidade Hackeada”?
Também não se discute a volatilidade do futebol, mas entre o domingo e a quarta, a quarta e o domingo, existirá tempo suficiente para se falar sobre o que houve na partida anterior. Foi por isso que, em 2019, todas as nossas postagens sobre os jogos, tanto as minhas quanto as do Arthur, foram feitas antes da partida seguinte. (As únicas exceções foram os dois primeiros jogos da Libertadores, em que eu ainda não havia me decidido a fazer o projeto a que me dediquei.)
Não discordo do seu comentário em tom de alerta, acho que faz sentido, mas creio que continuará havendo, aqui e ali, espaço para, em termos de reportagem, o trabalho bem-apurado, e em termos de crônicas, o texto bem-escrito.
Já falei sobre a questão da política em respostas a comentários anteriores, e creio ter deixado claro o que penso. Posso estar enganado, mas não lembro de textos dos blogueiros do RP&A que fossem focados em política. Às vezes ela entra em um ou outro parágrafo, quase sempre de forma irônica, mas o eixo é o futebol do clube. O que dá ao leitor-comentarista a prerrogativa de entrar ou não no tema. Por exemplo: tenho várias discordâncias quanto a alguns trechos políticos presentes neste seu comentário (o que considero totalmente normal), mas prefiro me ater ao futebol e ao assunto do post. Opção minha, nada contra quem decide encarar o tema ou ao comentário em si.
Não há o que discutir: xingamentos são desnecessários e serão sempre lamentáveis. Falta de educação, idem. E a necessidade de inovação e reinvenção é constante. Espero que a gente consiga.
Obrigado pela força e pelos elogios. Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.
Boa noite!
Caro Murtinho sou leitor assíduo deste nobre espaço, porém não costumo comentar. Pois bem, hoje me senti convidado e incentivado a comentar pelo arremate final do seu belo texto. Eu também não tenho nada contra os “GRUPOS DE WHATSAPP”, mas… Não dou crédito a essa ferramenta, justamente pelo fato de qualquer um poder despejar qualquer coisa sem embasamento… Para finalizar, aproveito a oportunidade para parabenizar a todos os colaboradores do RP&A pela valiosa injeção de textos com conteúdo e uma dose gigantesca de amor ao nosso Flamengo. Fiquem todos com Deus! Saudações Rubro Negras!
Fala, Marcone.
Opa! Então o incentivo teve serventia. Beleza.
Obrigado pela menção ao “belo texto”. Não sei foi tão belo assim, mas creio que funcionou. A rapaziada se animou.
Pois é, as mensagens sem pensar duas vezes, na base do embrulha e manda, também me incomodam. Até compreendo que o artigo primeiro dos grupos de WhatsApp talvez seja, justamente, não se preocupar com isso. Mas eu não me acostumo, sobretudo por se tratar de um assunto que eu prezo tanto.
Valeu pela força e apareça sempre.
Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.
Telegraminha ao Murtinho
Caro Mestre! Difícil mas tenho que concordar com sua pessoa, o whatzapp e outros trecos do gênero acabam com o tempo dedicado aos blogs e aos livros. Meu Iphone me manda uma porra duma estatística semanal de quanto tempo eu fico no telefone por dia, e em geral é na base de 3horas!!! Caralho!!! 3 horas! Acho que é porque eu deixo ele aberto…. Mas imagina que de 16 horas acordado eu passo 3 no computador, Ipad ou Iphone, mais umas 7 de trabalho, mais duas horas de almoço e janta, e aí vai banho, discutir com a patroa, assistir um filme ou um jogo, pronto, foi-se (hífen de novo)!
A solução é redirecionar meu tempo pra livros e blogs de novo, percebi que passava um bom tempo vendo Fox Radio, Redação Sportv, Linha de Passe e varias outras coisa, quando tudo é repetição da mesma noticia!
Tentarei! Valeu o polite esporro
Saudações Rubro Nigérrimas
Grande Bill!
Epa! Não houve esporro nenhum, nem polite nem impolite, quem sou eu.
No máximo, um alerta. Tá, digamos, um chamamento. E é por aí mesmo: o pessoal tem perdido tempo demais – e não me incluo fora disso – com informação tosca ou, pior, desinformação. (Só não fale mal do Redação SporTV. Marcelo Barreto e Carlos Eduardo Éboli me deram uma tremenda colher de chá pra ir lá falar do livro.)
Como diria o velho Raul, tente outra vez. Eu sei que essa vitória não está perdida.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida, cuida da Elbinha, cuida do Japinha.
Comento bem pouco, mas leio tudo que sai na RPA desde o início, e do Urublog antes dela, por isso não desanime Murtinho, vcs são um oásis na internet poluída, bipolar e desinformativa que temos atualmente. Vou tentar me fazer mais presente nos comentários e discussões daqui para que esse espaço perdure pelo menos até o deca da libertadores. SRN
Fala, Paulo.
Opa! Mais uma bem-vinda citação ao oásis. Estou me sentindo em Timimoun (já viu a última temporada de “La Casa de Papel”?).
Fique tranquilo: não há desânimo. Só posso falar por mim, mas acredito que nunca passou pela cabeça de nenhum de nós desativar o blog.
De todo modo, apareça mais vezes. Apareça sempre. As discussões animam o blog e sempre trazem coisas interessantes.
Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.
Também leio não costumo comentar. Nem ler comentários. Quem costuma frequentar esta seção, em outros blogs, usa-a para destilar ódio e cometer agressões gratuitas. Como estas pessoas não te nem expressão nem talento, se limitam a xingar. Mas sou leitor assíduo, textos gostosos do Arthur. E o Dunlop foi uma excelente descoberta. Fui colega dos pais dele na PETROBRAS e na UFRJ, folgo em saber que o Mário e a Maria deixam uma herança de boa prosa e tradição rubro-negra. Saudações Rubro Negras
Fala, Carlos.
Deixa eu te contar uma historinha rápida.
Saí do “Questões do Futebol” (blog da Piauí citado na resposta ao comentário do Fernando) em dezembro de 2014. Na mesma semana, Arthur me convidou pra fazer parte do RP&A. Liguei pra minha filha, que hoje vive na cidade do Porto, em Portugal, e na ocasião ainda morava no Rio, pra contar a novidade. Nina é flamenguista roxa, achei que ela fosse adorar, mas houve, do outro lado da linha, uma daquelas pausas de cinco segundos que nos angustiam. Perguntei: “Que foi filha, não achou legal?”. Resposta: “Não sei, pai. Vejo que tem muita violência verbal nesses blogs de futebol, muita ignorância, muito ódio reprimido. Tenho um pouco de medo.”
Jamais tive esse problema aqui, mas nunca esqueci a preocupação da minha filha. E concordo com você: muitas vezes as pessoas têm dificuldade em expor seus argumentos sem ofender ou agredir. Só que, no RP&A, isso não é comum.
Pelo contrário: há um monte de comentários extraordinários, seja pelo conhecimento futebolístico do autor, seja pelo talento na hora de escrever.
Mesmo que não leia os comentários sempre, tente dar umas incertas de vez em quando. Vale a pena.
Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.
Leio todos os posts e compro os livros. Acompanho desde o Urublog, mas as discussões que geram alguns comentários são terríveis, por isso não comento muito.
Parabéns por este espaço, que é certamente um oásis, para quem gosta de ler e ama o Flamengo.
Abraços
Roberto
Fala, Roberto.
Olha o oásis aí de novo. Maravilha!
Então. Creio que você poderia relevar os tais comentários terríveis. Eles vão existir sempre e em qualquer veículo, impresso ou digital, que os abrigue. É do jogo.
Por isso, está renovado o convite: apareça sempre.
Abração. SRN. Paz & Amor. E se cuida.