Campeonato Brasileiro, 18ª rodada.
Vi um pedaço de Corinthians e Ceará, partida disputada na manhã de sábado, em Itaquera. Nunca entendi muito bem por que a torcida do Corinthians tanto vibra quando um de seus jogadores se atira na bola e dá um carrinho para lateral. Se é decisão de campeonato e o time vence por um a zero aos quarenta e cinco do segundo tempo, compreende-se. Só que, no sábado, vi isso acontecer com o centroavante Gustavo, na risca do meio-campo, contra um adversário que ocupava o décimo quarto lugar na tabela. E a torcida delirava.
Creio que aí está um instantâneo de como nos acostumamos – treinadores, jogadores, jornalistas, torcedores, todo mundo – com a indigência no futebol brasileiro, e passamos a conviver passivamente com certas coisas que passam longe do jogo bem jogado.
Talvez tenha sido por isso que, após a vitória rubro-negra sobre o Palmeiras, PVC escreveu, na Folha de S.Paulo, que “o Flamengo é, neste momento, uma homenagem ao futebol”. Frase, registre-se, que o grande Marcelo Dunlop também citou, com o devido crédito, em seu post “Mudou o Flamengo ou mudei eu?”, publicado no dia seis de setembro aqui no RP&A.
Quem acompanha meus textos sabe que não sou um torcedor chegado a bravatas. Pelo contrário: meio desconfiado, não costumo me empolgar com facilidade. Entendo o futebol como algo que lembra “Como uma onda no mar”, de Lulu Santos e Nelson Motta, e o time que brilha hoje pode, de uma hora para outra, não ser de novo o que já foi um dia. Cansei de ver. Por isso, achava graça quando respeitável parte da mídia garantia que já era possível entregar a taça do atual campeonato ao Palmeiras. Diante de tudo o que aconteceu em tantas temporadas do Brasileiro, é inacreditável como muita gente boa ainda cai nessa falácia de olhar para o líder na nona rodada e achar que ele estará no mesmo lugar após a trigésima oitava.
Contudo, o que está ocorrendo com o time do Flamengo é bem diferente. Não significa que estão no papo os dois títulos em disputa: no Brasileiro, há ainda um caudaloso rio para correr; na Libertadores, a fórmula do mata-mata é a mãe de todas as surpresas. Mas a unanimidade alcançada pelo desempenho rubro-negro (ou cinza chumbo) – obtendo o reconhecimento, inclusive, de detratores contumazes – tem servido para nos reaproximar da verdadeira verdade do jogo.
Como o futebol brasileiro continua produzindo bons jogadores – Antony do São Paulo, Bruno Guimarães do Athletico Paranaense, Jean Pyerre do Grêmio, João Pedro do Fluminense, Pedrinho do Corinthians, Reinier do Flamengo, Thalles Magno do Vasco e por aí vai –, o jeito do Flamengo atuar escancara o atraso tático a que estávamos amarrados. Nossa memória, sabidamente curta, logo esqueceu os sete a um – quer idiotice maior do que a simplória explicação do “deu branco”? – e passou a celebrar títulos obtidos com um futebolzinho de quinta categoria, enaltecendo manos e suas disputas de pênaltis, felipões e suas ligações diretas. Quando todos são medíocres, um deles terá de ganhar.
Mais do que o passe para o primeiro gol – em que vi um pouco de sorte, pois me pareceu que a intenção era devolver a bola a Piris da Motta –, mais até do que o belo gol de chapa, na inteligente troca de passes com Gabriel, impressionaram a movimentação e o desembaraço de Reinier. Embora não rubro-negra, aquela camisa pesa e não é qualquer garoto de dezessete anos que entra ali e desempenha. Descansadão, após as quatro partidas de férias que tirou depois de pegar os dois pênaltis contra o Vasco, Diego Alves fez duas ou três grandes defesas. Filipe Luís e Willian Arão arrebentaram.
Acima de qualquer coisa, no entanto, não há elogio capaz de enquadrar a obra de arte criada por Gerson aos vinte minutos do primeiro tempo. Embora o ponto alto tenha sido a letra genial, o que ele fez desde o início da jogada foi uma aula de futebol moderno e participativo, visão de jogo e velocidade. Revi o lance algumas vezes para fazer o relato fiel, e quanto mais eu via, mais vontade tinha de ver. Gerson começou a jogada no lado esquerdo da intermediária do Flamengo e terminou junto à linha de fundo do Avaí, no lado direito do nosso ataque. Apesar daquela ter entrado e essa não, talvez tenha sido até mais formidável do que a do gol de bicicleta de Arrascaeta contra o Ceará.
Sem a qualidade individual dos nossos jogadores, o Santos é rápido, entrosado e agressivo. É raro, num campeonato tão longo, a última rodada do primeiro turno trazer um jogo em que os dois em campo decidam a liderança. E é animador, para o futebol brasileiro, que ambos sejam dirigidos pelos meus dois xarás.
Dois caras que não têm medo de pôr seus times para jogar.
Lances principais.
1º tempo:
Aos 7 minutos, boa jogada de Reinier pela direita. Recolheu o passe de Rafinha, rolou a Everton Ribeiro, movimentou-se para receber a devolução e, da lateral da área, buscou Gabriel no meio. Marquinhos Silva se antecipou e pôs a escanteio.
Aos 10, o Flamengo apertou a saída de bola do Avaí até que Igor Fernandes cedesse o lateral. Rafinha cobrou rápido a Piris da Motta, que se aventurou pelo meio, empurrou a Reinier e se apresentou para a tabela. O toque de Reinier fugiu de Piris da Motta e ficou na medida para Gabriel. Ele dominou com o pé esquerdo, invadiu a área e bateu cruzado, de pé direito. Um a zero.
Aos 15, Rafinha cobrou lateral, Piris da Motta dominou mal, Caio Paulista roubou e cutucou a Brenner, que clareou o lance para Iury na direita. Iury cruzou e Pablo Marí roçou com o bico da chuteira na bola, que ficou limpa para Brenner, na risca da pequena área. Brenner completou de pé esquerdo e Diego Alves fez uma defesa sensacional.
Aos 20, uma das jogadas mais espetaculares da temporada. Filipe Luís tocou a Gerson, no lado esquerdo da intermediária do Flamengo. Gerson protegeu a bola da chegada de Iury, rolou a Everton Ribeiro, recebeu de volta, adiantou a Gabriel e se deslocou em velocidade, atravessando o campo inteiro para aparecer como opção na direita do ataque. O passe de Gabriel saiu um pouco forte, Gerson evitou a saída junto à linha de fundo, percebeu a infiltração de Willian Arão e, mesmo sem espaço, de costas e pressionado por Marquinhos Silva, rolou de letra para Arão, que chegou chutando. A bomba explodiu no travessão de Vladimir.
Aos 30, Gerson se movimentou pela esquerda, tocou a Filipe Luís, recebeu de volta, cruzou e Ricardo desviou para escanteio. Everton Ribeiro cobrou, Pablo Marí subiu entre Brenner e Igor Fernandes, e cabeceou junto ao ângulo direito. O goleiro Vladimir ainda conseguiu dar um tapa na bola, que bateu no travessão e entrou. Dois a zero.
Aos 40, apertado por Lourenço, Rafinha conduziu a bola em direção ao próprio gol do Flamengo, caiu, Lourenço tomou e tocou a Richard Franco, dentro da área. Ele bateu forte, Diego Alves fez boa defesa e Lourenço emendou a sobra com um chute perigoso, rente à trave direita.
2º tempo:
Aos 5 minutos, ótimo contra-ataque do Flamengo. Rhodolfo fez o corte e Piris da Motta tocou a Gerson, que partiu em velocidade e serviu Gabriel na esquerda. Ele virou o jogo com muita força para Everton Ribeiro, que evitou a saída da bola junto à linha de fundo, carregou para o meio e buscou Reinier na pequena área. Apertado por Marquinhos Silva, Reinier tentou o toque de letra, não deu em bola, o goleiro Vladimir salvou e Iury completou para escanteio.
Aos 7, Willian Arão ficou com uma sobra de bola na intermediária do Avaí e tocou a Reinier. Ele ligou rápido com Gabriel, recebeu um bolão de volta, por cima da zaga, e concluiu de chapa, com categoria, no canto esquerdo de Vladimir. Primeiro gol de Reinier no time principal do Flamengo. Três a zero.
Aos 9, Lourenço recebeu de Pedro Castro na direita e tentou surpreender Diego, que estava adiantado. A bola roçou em Pablo Marí e descaiu com perigo. Diego Alves conseguiu voltar e dar um tapinha para escanteio.
Aos 12, depois de boa jogada pela esquerda, Caio Paulista cruzou para Richard Franco na área e Rhodolfo cortou para escanteio. Lourenço cobrou, Marquinhos Silva ganhou no alto de Arão e Rhodolfo, e cabeceou forte, na trave direita de Diego Alves. Desequilibrado, Ricardo emendou o rebote por cima do travessão.
Aos 25, Rafinha subiu pela direita, trocou passes com Vitinho, levantou a cabeça e enxergou Everton Ribeiro na entrada da área. O cruzamento saiu perfeito e Everton Ribeiro pegou de sem-pulo, uma chicotada de cima para baixo. A bola tocou no gramado, subiu e encobriu o travessão.
Aos 26, depois de uma bola bem interceptada por Willian Arão no meio-campo, Everton Ribeiro arrancou cercado por três adversários e empurrou a Vitinho, já na chegada à área. Vitinho colocou de pé esquerdo, Vladimir defendeu firme.
Aos 28, o Avaí trabalhou bem pela esquerda, Jonathan driblou Arão, livrou-se de Everton Ribeiro e cruzou para Gustavo Ferrareis, na pequena área. Filipe Luís se antecipou e mandou de cabeça para escanteio.
Aos 33, ótima troca de passes desde a intermediária do Flamengo até a área do Avaí. Rafinha, João Lucas, Willian Arão, Gerson, Arão, João Lucas, Everton Ribeiro e João Lucas. O cruzamento desviou em Pedro Castro e sobrou para Everton Ribeiro, que rolou a Willian Arão. Ele soltou a bomba, Vladimir fez grande defesa para escanteio.
Ficha do jogo.
Avaí 0 x 3 Flamengo.
Estádio Mané Garrincha (Brasília), 7 de setembro.
Avaí: Vladimir; Iury, Ricardo, Marquinhos Silva e Igor Fernandes; Pedro Castro, Richard Franco e João Paulo (Matheus Barbosa); Caio Paulista, Brenner (Jonathan) e Lourenço (Gustavo Ferrareis). Técnico: Alberto Valentim.
Flamengo: Diego Alves; Rafinha, Rhodolfo, Pablo Marí e Filipe Luís (Renê); Piris da Motta (Vitinho), Willian Arão, Gerson e Everton Ribeiro; Gabriel e Reinier (João Lucas). Técnico: Jorge Jesus.
Gols: Gabriel aos 10’ e Pablo Marí aos 30’ do 1º tempo; Reinier aos 7’ do 2º.
Cartões amarelos: João Paulo; Pablo Marí e Gabriel. Cartão vermelho: Gustavo Ferrareis aos 45’ do 2º tempo.
Juíza: Edina Alves Batista. Bandeirinhas: Emerson Carvalho e Neuza Back.
Renda: R$ 3.957.192,00. Público: 47.575.
Estou numa fase de muita exigência.
Com um técnico extremamente superior a todos os outros dezenove, com um time repleto de jogadores de ponta que, ainda por cima, somaram (acredito que em função exatamente do técnico), contra um adversário bisonho, como amplamente comprovado, sem exageros o meu placar seria uns 5 x 0, na pior das hipóteses.
Se é verdade que demos uma meia trava na fase final, ficou evidente que os catarinenses obrigaram o Diego Alves a demonstrar, mais uma vez, que, apesar do nosso querido João Neto, é, de longe, o melhor goleiro em atividade no país, fazendo duas defesas incríveis, além de colocarem uma bola nas traves.
Não poderia acontecer. Algo a ser esstudado e corrigido.
Por outro lado, o Gerson, que vi fazer péssimas partidas na Roma, está em um momento exuberante.
O lance destacado foi incrível, mas a plasticidade do gol do Arrascaeta insuperável.
Não tem muito tempo, fiz ver que o Flamengo está para o Brasil (provavelmente para toda a América do Sul), como o Manchester City para a Europa.
Vou além. O City ainda tem rivais poderosíssimos, inclusive na própria Inglaterra, pois aí está o Liverpool do Klopp, enquanto nós temos um Palmeiras e um Grêmio e olhe lá.
Por fim, pois ando extremamente preguiçoso.
Nos meus mais de 70 anos só de torcedor rubro-negro, nas minhas andanças televisivas pelo milionário futebol europeu, insisto em dizer – não me recordo de ter visto um time contratar, para uma nova temporada, OITO JOGADORES DE MUITO PRESTÍGIO, a maioria internacionalmente.
Fica o desafio – quem tiver conhecimento que faça a citação, pois procurar não vou.
Mais do que otimistas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Meu querido Carlos Moraes.
Sou obrigado a concordar: estás exigente demais.
Entre você e o João Neto, subo no muro. Não acho Diego Alves mau goleiro, mas também não o acho o melhor do Brasil (embora também não sei se tem alguém melhor do que ele). Ou seja: mais em cima do muro, impossível.
Não cheguei a ver o Gerson no Roma. Acho chato o futebol italiano. E como não dá pra ver tudo, sob pena de pôr o casamento em risco, opto pela liga inglesa. Mas a impressão que eu tinha dele, nos tempos de Fluminense, eram bem diferentes do jogador moderno e participativo que tem sido em nosso time.
Gol de bicicleta do Arrascaeta x Jogada do Gerson (perceba que eu não escrevi “letra do Gerson”, e sim “jogada do Gerson”). Dou o braço a torcer. Você e Chacal, dois; eu, um. Perdi.
Sim, essa cota de oito grandes contratações é difícil mesmo. Talvez o Paris Saint Germain, em seus primeiros surtos de nouveau riche. Os clubes europeus costumam ser mais pontuais.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Grande Murtinho,
também dou total preferência à Premier League.
Incluo, também, a Champions League.
A Liga italiana nem quero ver, pois, de antemão, já se sabe o campeão.
As fracas partidas do Gerson que vi foram contra os grandes times europeus, eis que a Roma, apesar de ser um ^timinho^, passou, por dois anos seguidas, da fase de grupos da Champions.
Também há mais duas concordâncias, quais sejam –
a) nem pensar em ver mais do que o Brasileirão, Champions e Premier League. As críticas já são muitas, incluindo uma possível (não concordo) participação excessiva no RP&A.
b) o Gerson, quando no Fluminense, não era mesmo este ^jogador moderno e participativo que tem sido em nosso time^.
No mais, um forte abraço e a minha sincera admiração
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Exatamente Murtinho.
Murtinho, ando ressabiado com essa imprensa esportiva. Antes da Copa América o Palmeiras já era o virtual bi-campeão brasileiro. Já poderiam entregar as faixas. Após, o Santos era o time sensação com a real possibilidade do porco morder os calcanhares na disputa pelo caneco. E, nada do rubro-negro…
Agora, por obrigação, em total desfaçatez e por puro despeito, a bola da vez é o Flamengo. Já estão enchendo o saco! Já nem assisto aos programas pela infinidade de barbaridades propaladas. É muito seca-pimenteira no caminho.
Ainda faltam 19 rodadas para o término do Campeonato Brasileiro e a tendência é o time disparar na liderança. Aí é que os incomodados vão se morder.
Pelo que tenho lido, o elenco e, principalmente, o treinador estão protegidos desses falsos elogios. Tirando poucos que mantiveram o mesmo posicionamento ( Mauro Cézar Pereira e Renato Maurício Prado), o restante é composto de aproveitadores midiáticos.
Espero que a Diretoria e a Comissão Técnica consigam abafar esse oba-oba.
Muita calma!
Então, João.
O jornalista André Rocha, do UOL, publicou hoje um post bem bom sobre o assunto, depois dá uma olhada lá.
Mas não acho que a gente deva se preocupar além da conta. É normal.
Pensa só: nesse momento do futebol brasileiro, quem você acha que vai consumir mais noticiário esportivo, mais programas tipo mesa redonda, mais artigos nas seções de futebol dos grande portais? Óbvio: o torcedor do Flamengo. Da mesma forma que, até a parada para a Copa América, era a torcida do Palmeiras. Aí a imprensa deita e rola, garante que o Flamengo é o maior time do mundo (como foi o Palmeiras até a nona rodada), aumenta tiragens, audiências e cliques. O problema é que os caras que fazem isso gostam de ser chamados de “analistas”.
Num campeonato tão longo quanto o Brasileiro, não creio que oba-oba chegue a atrapalhar. Pode acontecer em um ou outro jogo, porém não a ponto de interferir na classificação final. É mais comum o oba-oba fazer estrago em torneios de mata-mata, em que uma partida pode pôr tudo a perder.
De qualquer modo, há dois jogadores no elenco que me preocupam um pouco quanto a isso: Gabriel e (surpresa?) Everton Ribeiro.
Gabriel pela personalidade provocadora. Tem nada que ficar dando dez pedaladas à frente do Felipe Melo, ou de quem quer que seja. Domina a bola, parte pra cima, dá o drible e vai embora, ou toca e aparece para receber. Você lembra de ter visto o Zico parar à frente de um adversário e dar dez pedaladas infrutíferas? Pois é.
Quanto ao Everton Ribeiro, apesar de ser fã do futebol dele, acho que às vezes exagera no toquinho curto e lento, na bolinha de calcanhar, no passe complicado, no preciosismo.
Para evitar coisas desse tipo, é importante que um time tenha comando e firmeza, dentro e fora de campo. Se não tiver, paciência: não dá para ser campeão.
Não há como impedir o oba-oba, ainda mais em tempos de redes sociais. O que se tem de fazer é conviver equilibradamente com ele.
Abração. SRN. Paz & Amor.
O Gabriel sofre da Síndrome de Guerrero – A inversão de valores – Acha que provocações, esbarrões e brutalidades são sinônimos de raça e disposição aos olhos dos torcedores. Quando na verdade não passa de estupidez.
Quanto ao Everton Ribeiro, a convivência com o Diego Enceradeira fez da malemolencia um mal a ser extirpardo. Quando o jogo está definido costuma diminuir o ritmo e esnobar em toques inúteis. Resta ao treinador uma chamada de atenção ou o substituir.
Vida que segue. Temos que conviver com as análises desses “entendidos” de futebol. É tanta adivinhação e besteirol que faço igual ao jogo de ontem do Brasil, desligo a TV. Para ver mesmice e burrice, é melhor dormir.
Um abraço.
É isso aí, João.
Quanto à tevê de ontem à noite, fez muito bem. Eu desliguei a minha quando o Palmeiras marcou o segundo gol no Fluminense. E me arrependi por ter jogado fora 70 ou 75 minutos que poderia ter dedicado a ler algo interessante.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Empatei com o Murtinho.
^Luciana by Night^ seria até melhor.
Arrependidas SRN
FLAMENGO SEMPRE
O jogo foi chato toda vida. E o placar pode passar a ideia de que o Palmeiras jogou muito bem. Lorota. Jogou nada, só que o Fluminense teve uma atuação digna de quem está fazendo todo o esforço possível para cair.
Abração. SRN. Paz & Amor.
O Murtino tá certo.
Até onde vi, o jogo foi PAVOROSO.
INSUPORTÁVEL.
Mais uma vez evoco o querido Bill Duba.
Treneiros gaúchos e seus defensivismos destroem a história linda do futebol brasileiro.
Apesar disso, não aprendi e vi o jogo de ida da Copa do Brasil.
Algo fantástico.
Para o Athletico dois eram os resultados queridos – 1 x 0 ou 0 x 0, pela ordem.
Para o Inter, também dois – 0 x 0 ou 0 x 1, igualmente nesta ordem.
Quando surgiu o gol, aos 14 do segundo tempo, ambos ficaram felicíssimos e nada mais tentaram,
Um horror.
E viva o futebol tupiniquim (não é o brasileiro) e seus treneros gaúchos.
Irritadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Jorge, muito obrigado pelo texto e por nos permitir tentar entender o que faz desse nosso Flamengo um time excepcionalmente bom.
Não sou do Rio, onde moro virou hábito falarem: o Flamengo só não ganha os dois canecos se perder para ele mesmo – fico até triste com esse tipo de comentário dos mal vestidos. Lá no fim, tenho é um pouco de pena deles: não sei se eles terão a oportunidade de ver um lance tão genial e coletivo no time deles como essa obra do Cruyff, digo, Gérson.
Mais uma vez, muito obrigado.
Eu também morreria em paz se esse nosso futebol fosse duplamente coroado.
Fala, Marco.
O torcedor rubro-negro costuma ser, por natureza, um ufanista. Não é privilégio nosso: torcedores de futebol quase sempre são assim. Só que o que está acontecendo com a torcida do Flamengo é bem diferente.
Há o reconhecimento ao trabalho de saneamento financeiro que vem sendo realizado desde 2013, e agora nos vemos diante da possibilidade real de que os sacrifícios e a austeridade comecem a dar os merecidos frutos. (Claro: problemas existem e especificamente um deles – a questão com as famílias dos Meninos do Ninho – precisa ser resolvido pra ontem.)
Acho que valeria a pena pegar a frase do PVC – jornalista estudioso e muito bem informado, torcedor do Palmeiras – citada no post e grudá-la nos vestiários de todos os estádios em que o time atuar, em todas as salas da Gávea e do Ninho do Urubu.
Que venha(m) o(s) título(s).
Obrigado a você pela moral. Abração. SRN. Paz & Amor.
Salve, Murta!
Pra gente que ganha a vida escrevendo, a letra do Gerson é o alfa e o ômega. O cara tá feliz de jogar no Mengão. Isso explica tudo.
A ginga dele, o jeito de levar a bola, me lembra o neguinho bom de bola. E, pra terminar, eu estou quase curado daquele medo que sentia quando o Flamengo estava ganhando um jogo de 3 x 0. Grande abraço.
Salve, salve, meu irmãozinho.
Pois é, rapaz.
Lembra que, no Campeonato Brasileiro de 2008, chegamos a abrir três a zero em cima do Goiás, no Maracanã, e o jogo acabou três a três?
Lembra que, na Libertadores de 2012, ganhávamos do Olimpia por três a zero, no Engenhão, até os trinta minutos do segundo tempo, e o jogo também acabou três a três?
Eu já estava com receio de morrer sem ver o que está acontecendo. O que mais falta? Simples: o ano acabar com um dos dois títulos. E se acabar com os dois, já posso morrer em paz.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Amém!
Me repetindo, o que impressiona é a rapidez com que o JJ conseguiu equilibrar esse time e fazê-lo praticar um futebol que encanta – e isso foi o mais inesperado.
Há uma sincronia perfeita entre jogadores e treinador que extrai de cada um o melhor numa evidente demonstração de profissionalismo e dedicação nos treinos e jogos.
O fato é que todos estão jogando um bolão. O mochilão rendeu e o Gérson e o Marí foram as grandes e gratas surpresas. Enquanto o último é o melhor custo-benefício de todos, o primeiro está nos deixando de queixo caído com seu brilhantismo.
Não sou maluco de soltar foguetes antes do juiz apitar, mas já agradeço, e muito, poder estar empolgado com o que vejo apoiado em bases sólidas e evidências quase coreográficas.
O perigo do oba-oba entre dirigentes e jogadores, tudo indica, não tem espaço com Jesus no comando. A mentalidade é outra.
srn p&a
Fala, Rasiko.
Perfeito. Estamos com a sensação de que, tenha sido por percepção deles, tenha sido por ensinamentos e cobranças do treinador (mais provável), os jogadores parecem ter compreendido que estão diante da grande oportunidade de escrever seus nomes na história do clube. A produção do time pode cair um pouco, só espero que não o suficiente para entregarmos a rapadura do título – mesmo ciente de que ainda falta muito. Mas não acredito que a maionese desande por causa de oba-oba.
Outra coisa que me parece merecedora de registro, e tem sido pouco citada: a seriedade com que joga o Filipe Luís, um cara que há não sei quanto tempo faz parte da seleção brasileira, disputou Copa do Mundo, ganhou Campeonato Espanhol, jogou decisão de Champions League, e enfrenta o Avaí como se do outro lado estivessem o Cristiano Ronaldo, o Modric, o Messi e o Iniesta. Faz o simples, joga pro time, defende com firmeza, ataca com consciência. Por ter vindo sem pagamento de direitos federativos, foi outro golaço no quesito “contratações”.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Murtinho, a camisa já pesa sim e os caras inventaram uma cor de chumbo, aí é demais. Agora, sim, estou convencido de que a coisa engrenou, esmagamos o tal de Avaí, não sei por que, mas se há dois timecos que me incomodam é esse Avaí e aquele rubro-negro fajuto que não quer ser rubro-negro, tal de Atlético com aga (qualquer dia eles inventam uma camisa cor de chumbo). Noutro dia um companheiro aqui do blogue que eu peço desculpas por não lembrar o nome e a minha preguiça macunaímica me impede de investigar me informou que o Avaí está empatado com o Flamengo en número de vitórias entre os dois, agora o Flamengo tem mais uma, pasmem os senhores ouvintes, inacreditável, por isso que eu acredito que agora deslanchamos de vez, esmagamos o Avaí.
Grande Xisto!
Não entendo bem essa história de camisa amarela e azul, camisa cinza chumbo, esse papo de que, “ah, mas isso foi usado em 1512”, “ah, mas teve um dia, em 1644, que as camisas não secaram, alguém emprestou uma dessa cor e fizemos um partidaço”, sempre tem uma conversa pra boi dormir a fim de justificar o injustificável e camuflar a verdadeira intenção: vender camisas. Faz parte do show, já me conformei. Essa eu perdi.
Precisamos continuar atropelando não só o Avaí, mas quem quer que nos apareça pelo caminho. Vamo que vamo.
Abração. SRN. Paz & Amor.
murtinho,murtinho….
a bicicleta do arrascaeda é para prêmio puskas!
o lance do Gerson foi muito bonito,concordo,mas não dá pra comparar.
SRN !
#SEGUE O LIDER
Hahaha! Boa, Chacal. Acho que exagerei mesmo, mas deixa eu me defender.
Você acompanha meus textos desde o início do RP&A e sabe que sou um entusiasta do futebol coletivo. O gol de bicicleta do Arrascaeta também teve isso: o passe perfeito de Arão para Rafinha, Rafinha erguendo a cabeça antes de cruzar (que diferença para os cruzamentos de Rodinei com os olhos enterrados no chão!), e a conclusão cinematográfica do Arrascaeta. Prêmio Puskas nele, ok.
Entretanto, há alguns aspectos.
Por mais inteligente e talentoso que o Arrascaeta seja, e ele é, não é possível que alguém dê uma bicicleta visando colocar a bola no ângulo. Diferente, só como exemplo, do que fez o Pet na cobrança de falta contra o Vasco, em 2001. Pet olhou a barreira, olhou a posição do ótimo goleiro Helton, viu que a distância não era aliada e sacou que o único jeito de fazer a bola entrar era com aquela força e naquele lugar. Pra mim, isso é inegociável: trata-se da maior cobrança de falta da história do futebol. Embora de uma plasticidade absurda, o gol de bicicleta de Arrascaeta contou com um pouco de sorte. (Nada contra, faz parte do jogo e das jogadas especiais, mas foi, né?)
A jogada do Gerson é consciência do início ao fim. Repare em alguns detalhes:
1) O cara aparece para facilitar a saída de bola por parte de Filipe Luís. Como homem de meio-campo, essa é uma função dele. Ok. Mas estava lá. (A comparação chega a ser covardia, mas lembra como o Márcio Araújo fugia da responsabilidade de fazer a ligação entre defesa e ataque? E tome bola recuada para os zagueiros.)
2) Quando o lateral adversário (Iury) se aproxima para dar combate, Gerson, que é franzino, simplesmente o ignora. Protege a bola como se quem se aproximasse fosse o meu neto de 8 anos, gira e vai embora.
3) Everton Ribeiro está marcado no círculo central. Mesmo assim, Gerson toca a bola para ele, numa prova de confiança nas capacidades do companheiro, algo que também é típico dos grandes times: uns confiarem nos outros. E se apresenta para que Everton Ribeiro tenha opção, recebe de volta e arranca.
4) Aí vem a abertura para Gabriel, a infiltração pela direita, a proteção da bola ante a chegada do zagueiro Marquinhos Silva, pelo tempo suficiente para que alguém (no caso, Willian Arão) aparecesse e, aí sim, o toque de letra. Que poderia ter saído fraco e ser interceptado, poderia ter saído forte e impedido a conclusão de primeira. Mas foi perfeito.
Ou seja: pra mim, irretocável. Como toda obra de arte que se preza.
Agora, sabe o que é mais importante de tudo? O fato de estarmos debatendo a respeito de qual foi o lance mais genial, mais espetacular, mais memorável, executado por jogadores do atual time do Flamengo. Como diria a antiga propaganda do MasterCard, isso não tem preço.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Jorge, me impressiona tua capacidade de enxergar não só o jogo como seus detalhes. Revejo os lances (no caso, o lance) e tá tudo lá. Pra mim, que só vejo o jogo com os olhos da emoção (e, portanto, um tanto nublado), é um aprendizado e tanto. Esse é que é o autêntico despertar espiritual 🙂
Fala, Rasiko.
Então, rapaz: posso te garantir que dá um trabalho da porra. Como o time tá arrebentando, é prazeroso. Mas nas derrotas é sofrimento em dobro. Ainda bem que têm sido poucas.
Vejo o jogo ao vivo igual a todo mundo, torcendo e na base da emoção. Mais tarde, ou no dia seguinte, revejo. E aí sim, anoto lance a lance, desde a origem da jogada. Acho isso fundamental.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Meu maior prazer é ve-lo brilhar!
Como diz o hino…
É, Ricardo, e tá brilhando. Tomara que continue assim.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Murtinho, os maiores adversários do Flamengo eram o retrospecto e o Estádio da Ressacada. A última Vitória em Campeonatos Brasileiros, nos domínios do adversário, ocorrera em 1974, gol de Zico. Antes do jogo de ontem, estavam empatados em três (03) vitórias a cada. Em nove (09) jogos realizados.
No último título nacional, Campeonato de 2009, haviam sapecado 3 x 0 em Florianópolis. Essa mudança de local confirmou a lógica e a invencibilidade em domínios caseiros. O time é outro, mas uma ajudazinha sempre é gratificante.
O jogo serviu para o treinador avaliar o elenco. Ele já possui uma formação base em mente, restando a posição ocupada por Cuellar e o meia de ligação com o ataque. A grata surpresa foi a jovem promessa rubro-negra. A decepcionante, Vitinho. Esse jogador necessita de trabalho mental. Possui um olhar assustado. Falta personalidade. Mais um desempenho sofrível.
A posição do primeiro volante ainda causa preocupação. Assisti ao jogo contra o São Paulo e gostei da atuação de Hugo Moura. Não entendo o seu não aproveitamento. Piris da Motta não possui nível para ser titular.
No mais, o time segue em crescente evolução. A liderança isolada cala os críticos e projeta a real realização dos desejos dos torcedores. Esperamos que a tendência crescente permaneça.
SRN
Fala, João.
Rapaz, essa derrota por três a zero em 2009, na Ressacada, representou o fim de uma temporada que pintava preocupante – lembro do Renato Maurício Prado escrever que, se o Flamengo não abrisse o olho, corria até risco de rebaixamento – e terminou gloriosa. Na rodada seguinte, ganhamos do Santo André no Maraca e, a partir daí, entramos no campeonato.
Concordo com suas duas observações.
Vitinho: não consigo entender o que acontece. Fui a favor da contratação, acho até que ele chegou a ter bons momentos no ano passado, mas está a quilômetros do que dele se podia esperar. E parece mesmo assustado. Esse jogo com o Avaí era para entrar e arrebentar. Entrou e mal foi visto em campo. Uma pena, porque poderia ser um cara bastante útil, uma espécie de décimo segundo titular.
Piris da Motta: é um cara esforçado e que pode ser usado num campeonato longo, em que às vezes a gente precisa de alguém com disposição para passar o tempo inteiro correndo atrás dos adversários. Mas é um jogador de recursos limitadíssimos. Erra passes simples e a matada que deu na jogada que descrevi, aos 15 minutos do primeiro tempo – e que foi como começou o lance que terminou com a defesa espetacular de Diego Alves – foi pavorosa. Destoa do padrão técnico do restante do time. Cheguei a me surpreender no primeiro gol, com a iniciativa ofensiva. Talvez Hugo Moura pudesse ser mais aproveitado, e a partida com o Avaí teria sido uma boa oportunidade. De qualquer modo, creio que para o ano que vem a gente vai precisar de mais alguém ali para a função.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Já tá até chato elogiar o futebol do Gerson mas… fazer o quê? O cara é bom marcador e ainda tem uma técnica refinada. Esse lance aí que vc citou foi realmente impressionante… SRN
Fala, Marcos.
Há muito tempo, muito mesmo, não via um jogador com essas características em nosso time.
Torcer para que ele consiga manter o nível, a pegada e o rendimento.
Abração. SRN. Paz & Amor.