Tranquila vitória do Mengão sobre os chilenos. Tranquila até demais. O torcedor do Flamengo já está familiarizado com a dinâmica da fase de grupos da Libertadores. Já cansaram de ver o Flamengo passear como uma ala de passistas sambando na avenida nas segundas rodadas só pra se fuder de forma humilhante nas sextas. Não é hora de empolgação e nem de apostas enlouquecidas. Cada um que controle suas glândulas, liberar os fluidos empolgatórios antes da terceira rodada da fase de grupos é cabacisse.
Bem verdade que essa Libertadores, a exemplo da anterior, contraria tudo que os 58 anos de fortuna crítica acumulada ensinaram aos povos sobre a terrível competição quebra ossos do continente. Especialmente no seu aspecto ambiental e, consequentemente, na ação das forças intangíveis e inquantificáveis que foram decisivas em tantas e tantas Libertadores.
A diferença entre jogar uma Liberta com torcida e sem torcida é exatamente a mesma entre nadar 100 metros crawl numa piscina olímpica e rastejar 100 metros na areia. Sem as torcidas a diferença entre os jogos em casa e fora é só o deslocamento, e os grandes clubes já dominam a logística para que os danos físicos nas viagens pelo continente sejam mínimos, desprezíveis. O nível de competitividade caiu violentamente.
Poder falar sobre a última Libertadores a gente nem pode, porque o Arão perdeu aquele penal de bobeira no Maraca deserto. Mas, se não fosse a bizarra pandemia que se abateu sobre o planeta provocar a interdição dos estádios da América quando seria possível que dois times meia-boca e com torcida miúda como Santos e Palmeiras chegassem a uma final dando olé em Bocas e Rivers? Nunca. Palmas pra eles que, como tantos empreendedores no país, se beneficiaram da calamitosa zona em que a pandemia transformou as nossas vidas.
Não existe no mundo competição onde as torcidas sejam tão decisivas como na Libertadores. Talvez os huka-hukas nos Quarups cheguem perto. Sem a presença do torcedor nos estádios, e nas ruas, aeroportos, porta de hotéis e cadeias, morteiros, rojões e buzinaços, tudo que acontece dentro das quatro linhas ganha uma importância desproporcional. Podendo inclusive levar à ideia errada de que as Libertadores se ganham na bola. Um erro primário de leitura de cenário que já levou muitas torcidas imensas, inclusive a do Flamengo, às mais amargas decepções.
Nesse panorama que nos força a negar tudo que sabíamos sobre como jogar e torcer numa Libertadores, o Flamengo é, ao mesmo tempo, o mais prejudicado e o mais beneficiado. Nos prejudicamos mais que os outros times quando jogamos sem torcida. Não que nossa torcida seja a mais foda, cada um sabe da dor e da delícia de ser o que é, mas a torcida do Flamengo é a que mais joga junto com o time. O Flamengo tem se apoiado na Magnética, e dela extraído forças que a rigor não possui, há 109 anos.
Por outro lado, neutralizadas as forças parafutebolísticas geradas pelas torcidas e seus maus modos, o futebol, no seu aspecto puramente esportivo, passa a ter um peso extraordinário na Libertadores. Hoje na Libertadores há uma inédita tendência para que os melhores times se imponham diante de seus adversários usando apenas a força, o talento e a sorte de seus jogadores. O localismo perdeu.
Claro que alguma influência na CONMEBOL e sua proba Comissão de Arbitragem sempre ajuda, mas o Flamengo, que tem o melhor elenco da América, acaba se beneficiando desse estranho estado de coisas. Até tem alguns times bons, mas o Flamengo é o malvado. Pra nós é até melhor que essa Libertadores seja jogada toda assim, pela TV. Encarar a Fla-Mureta e outras ardentes arquibancadas do Brasil repletas de gente bem vestida e muito exigente é um desafio para o qual o Rogério ainda não está preparado.
Foi por causa do talento dos jogadores que o Flamengo ganhou do Union La Calera como se estivesse jogando futmesa na concentração. Ditou o ritmo do jogo, não correu demais, esperou os cara abrir pra chegar tocando a bola naquele tiki-taka bastardo que já está virando nossa marca registrada. O primeiro gol parecia jogada de FIFA, passes perfeitos entre Gérson, Arrasca e Gabigol, bola no saco.
O segundo gol foi bonito também, Everton Ribeiro, mostrando que os boatos sobre a sua morte eram exagerados, inicia a jogada no campo do Flamengo e toca praqueles 63 quilos de Alcatra voadora, que toca pra Bruno Henrique e recebe ela limpinha de frente pro gol. Saco, mais um gol do imparável 14. Tranquilidade pura, acabou o primeiro tempo.
No segundo tempo o Flamengo voltou com aquele ímpeto de quem vai fazer exame de próstata. Cochilou na sala de espera e o cachimbo caiu. Entregou a bola aos chilenos que agradeceram ao mimo e em menos de 10 minutos já tinham feito um gol, em mais uma homenagem do nosso goleiro ao eterno Raul, não pulando no chute dos caras. Homenagem merecida, ok, mas avisem ao Diego Wallves que não precisa ser repetida em todo jogo. Já tínhamos captado a mensagem na final da Taça Guanabara.
Mesmo havendo um profundo fosso técnico entre os times, os chile, por intermináveis 25 minutos, dominaram o jogo. O Flamengo, com o maior dos desinteresses, administrava a vantagem mínima, sem nem se dar ao trabalho de simular algum empenho ou preocupação. Rogério Ceni, que tem plena consciência de que em caso de tragédia o primeiro cu é o dele, tratou de mexer no time. Quando faltava uns dez minutos pro jogo acabar, o time se ligou outra vez e retomou a bola dos chilenos.
Foi aí que o Bruno Henrique, que apesar da assistência pro gol do Arrascaeta deixou visível a todos que tinha perdido seu mojo outra vez, dá mais um passe daqueles pro Gabigol. Saco, lógico, e assim o cara já fez 14 gols na Libertadores, só está atrás do Zico agora, o moleque é fenomenal.
Resultado garantido, os chile entregues, já tinha Leo Pereira, João Gomes, Michael, Vitinho e Pedro em campo. Geral esperando o jogo acabar quando o Vitinho (que foi quem achou o mojo que Bruno Henrique perdeu) dá uma arrancada daquelas que nós nunca tínhamos visto ele dar na vida e serve o amigo Pedro (aonde você for eu também vou). Pedro domina o couro, entra na área dibrando uns três caras, um deles era o Arrascaeta, e toca por ciminha do goleiro, esculachando mesmo, zero humildade. Golaço, 4 x 1 no placar, Flamengo praticamente em Tóquio.
Mas é só a segunda rodada, ou seja, a vitória só vale três pontos e ainda falta ganhar 21 ao longo da competição pra que o Flamengo seja TRI sem nenhum stress. O que sabemos ser uma meta extremamente difícil. Para alcançá-la não apenas o time, mas a torcida, vai ter que ser pragmática. E abrir mão de certos prazeres em nome de um bem maior.
Secar a arco-íris, por exemplo, é gostoso, divertido e moralmente correto, mas no médio prazo não é exatamente uma atividade benéfica ao Mengão. Reparem que as Libertadores agora são superpopuladas por times brasileiros. Torcer pelo seu insucesso é atentar contra o bom uso do cálculo de probabilidades.
Será muito melhor pro Flamengo que todos os caidinhos, que nos temem, se criem na fase de grupos e ascendam à fase eliminatória. As possibilidades matemáticas de terçar bigodes com algum freguês nacional, quiçá regional (meu sonho), nos mata-mata, aumentam consideravelmente as nossas chances de triunfo continental.
Não nos basta o Flamengo ganhar a Libertadores, nas presentes condições é quase obrigação. Também queremos ver os rivais locais humilhados, se rasgando de ódio, dor e impotência. Essa é a beleza do esporte. Pelas próximas quatro semanas tanto os secadores quanto os oba-obistas mais dedicados podem gozar de um merecido repouso. Os cornetas, não, pra esses tem muito serviço. Acordar o Bruno Henrique é o mais urgente.
Ainda não ganhamos nada nessa temporada! Sapato, sapato, sapato!
Mengão Sempre
City mostrou mais uma vez o que é saber jogar recolhido – mesmo dando oportunidades, até eles – mas especialmente o que é contra-atacar sem freio.
Ja Neymar freia os ataques, como fazem muitas vezes nossos jogadores Gérson e idoso, principalmente.
O passe do goleiro para o lateral esquerdo! Imagina o passe para o nosso lateral esquerdo…
E nao esqueçamos os atacantes do City dando o maximo de velocidade para estar livres na frente.
Nao é que me lembrou o ano 19?
Bem, temos muito que aprender, isso ja sabiamos, mas ficou carimbado.
Acho que tem muita gente que se sente confiante pq os nossos otimos jogadores da frente resolveram vez por vez.
Receio que somente isso nao nos leve a uma final.
Sem defesa isso sera muito dificil, a nao dizer impossivel.
Jogamos com UM defensor, ao lado dele um volante nato e dois laterais que nao sabem defender. Na frente desse defensor temos o Diego, funcionando como volante o que ele nao é. Arao e Diego fazem sua parte bem, mas falta aos dois aquela coisinha que pode ser decisiva no jogo dificil.
O time como todo nao sabe defender e o Ceni parece que nao consegue treinar algo que preste.
Constato que nao ganhamos convencendo nenhum dos big points: ultimos jogos do campeonato, jogo contra o palmeiras.
Masssss, estamos ganhando quando é necessario – e é isso que finalmente importa. Mas descansado nao da pra assistir quase nenhum jogo.
Vamos ver hoje o que a defesa aprendeu a fazer, provavelmente vai levar pressao continua.
SRN
Massaranduba Raça Fla.
Para ser sincero, tenho fortes dúvidas se é ou não o The Tropper.
Quem quer se esconder atrás de um novo apelido, não entrega de bandeja o pretenso lutador de artes marciais desde os 8 anos de idade.
Pelo menos penso assim, não gostando de condenar quem quer que seja na dúvida.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Vc tem dúvidas, Carlos? Se eu não me engano existe algo no Direito que fala que “evidências” valem como provas, como no caso Bruno. Ah! por favor, dá um tempo! Já temos omissos demais neste país de gente acomodada e irresponsável, meu amigo, não me entristeça se colocando entre eles.
Fique tranquilo.
O motivo maior foi o de tentar evitar uma “catastre”, qual seja a de não poder ler mais os seus comentários.
E aí Arthur, vamos ter que conviver com as baixarias e ameaças de violência constantes desse cara até quando? O sujeito é incapaz de discordar da opinião alheia sem agredir. Um autêntico boçal que em nada desmerece seu ídolo, o presidente. Tô com o Arthur Maciel e não abro. Esta é a sua casa, vc é quem dita as regras, a maioria esmagadora dos frequentadores é de pessoas educadas, civilizadas e de nível intelectual acima da média e já declarei várias vezes que este é o ÚNICO site/blog que frequento exatamente por isso, mas se houver mais um comentário desse tipo vou entender que é avalizado por vc. E então encerrarei minha participação. Não, não vou deixar nunca de ler seus textos, mas paro no fim deles e comentários meus nunca mais.
Um abraço fraterno.
Caros,
eu nem sempre leio os comentários antes de aprovar. O normal é que eu reclame quando esbarro num comentário escroto. Mas alguns passam. Não tem como bloquear nenhum comentarista previamente.
O garotinho de “sapato 35” (eternamente citado a cada jogo, como o estagio de 15 anos nas Oropas, qd é algo sobre o idoso) – então, esse garotinho não jogou, fora do ultimo jogo, absolutamente NADA até o dia de hoje.
Se na frente, onde é o lugar do métier dele, melhor, seria o lugar, la ele ja nao faz nada, imagine o que faz no quesito de defesa.
Qq vento que passa leva ele quase fora do estádio, atras, na zaga somente complica a nossa vida, pula 10 cm e olha la – e por ai vai. Pelo amor da sanidade, né!
O BH é em si, uma outra categoria de jogador. Mesmo nao jogando o que sabe, ainda é oto patamah.
Para o ER conta a mesmíssima coisa. Pode estar a 20% do que sabe, ainda assim é infinitamente melhor que o esforçado Vitinho.
Isso é, infelizmente, a nossa realidade. Nao temos reposição – ou melhor temos umas horrorosas.
Mas, dando uma colher pro Michael – que teve UM ANO inteiro de chances, durante o qual desperdiçou TODAS, e isso contra adversários do naipe de times de praia, que entao jogue tudo o que sabe mais uns, digamos 10 jogos. Mostre-nos que valeu a pena sofrer por tanto tempo assistindo ao teatro pífio – e depois de ter provado isso, ai sim, vamos tentar colocar no Brao. Serah o momento de mostrar a que veio. Antes nao.
Antes prefiro até somente as CHUTEIRAS do BH em campo.
SRN