Campeonato Brasileiro, 6ª rodada.
Ainda bem que não teve jogo do Flamengo no meio da semana. Por dois motivos. Primeiro: a rapaziada pôde descansar, treinar adequadamente e ajustar o que não vinha funcionando, para fazer uma grande apresentação contra os reservas do Athletico Paranaense. Certo? Segundo: sem o Flamengo em campo, me vi livre da humilhação de ter o texto comparado ao do mestre Roberto Assaf, o jornalista que mais conhece a respeito das coisas rubro-negras e deu uma luxuosa canja na seção “Ladrilheiros”, aqui no RP&A. Aliás, se eu fosse você, parava de ler esse post imediatamente e caía para dentro de Seja no Mar, Seja na Terra – 125 Anos de Histórias, a mais recente obra do Assaf. Logo na orelha do livro, o cara escreve simplesmente o seguinte: “Todos os dias, quando acordo, agradeço ao destino e às circunstâncias que me tornaram Flamengo. Que me levaram a fazer parte desse eterno acontecimento.” E você aqui, lendo as bobagens que escrevo.
Bom. Vamos em frente. Sem Cuéllar e Léo Duarte, ambos recuperando-se de contusões, e desfalcado de Arrascaeta, por algum tipo de bloqueio mental do treinador Abel Braga, o Flamengo entrou em campo para fazer uma partida que se presumia simples, contra o lado B do Athletico Paranaense – eles têm poupado os titulares devido à disputa da Recopa Sul-Americana, taça que só é do conhecimento dos dois clubes que dela participam. Cada um come o que gosta.
Reforçado pelo goleiro Santos e o zagueiro Léo Pereira, o Athletico levou ao Maracanã mais ou menos a mesma escalação que perdeu para o Corinthians na Arena da Baixada, na quinta rodada, por dois a zero. Porém, o time dirigido por Tiago Nunes tem algo que a torcida do Flamengo vem cobrando há tempos, sem qualquer efeito prático: organização.
Mesmo em casa, mesmo contra um adversário que atuava com nove reservas, mesmo com Everton Ribeiro jogando por ele e mais uns quatro, o Flamengo não conseguia se impor. Nem no primeiro tempo, quando fez o gol, teve três outras boas chances e pareceu melhor. Só que Diego Alves cortou um dobrado em três intervenções bastante difíceis.
No segundo tempo, o Flamengo desfilou o seu extenso repertório de bobagens e tornou a apresentar o inexplicável imobilismo que volta e meia o atinge em campo. Letargia e impotência. A primeira coisa interessante só foi acontecer aos vinte minutos, obviamente com Everton Ribeiro, num lance que esteve a ponto de provocar a maior lambança da por enquanto curta existência do VAR. (Na transmissão do globoesporte.com, o comentarista de arbitragem Sandro Meira Ricci disse que, se o chute de Everton Ribeiro tivesse entrado e, após a consulta ao VAR por causa da jogada anterior, Daniel Bins se decidisse pela marcação do pênalti – como ocorreu –, o gol teria de ser anulado. Imagine o banzé.)
Na metade do segundo tempo, não tínhamos ameaçado o Athletico Paranaense uma vezinha sequer, perdíamos por dois a um e o Maracanã havia se transformado num gigantesco barril de pólvora. Como não podia deixar de ser, o alvo principal da fúria dos torcedores era Abel Braga.
O time do Flamengo permanece desequilibrado e inconstante, enquanto Abel segue abraçado a suas duvidosas convicções. E o grande problema das convicções inabaláveis é que elas geram a obrigação de que a caturrice dê certo. É que nem o tal do futebol de resultados: só faz sentido se você for campeão. Como o campeão só pode ser um, futebol de resultados é uma rematada estupidez.
Quando Marcelo Cirino converteu o pênalti e virou o placar, me preparei para fazer algo de que não gosto (e minha mulher detesta): passar a noite de domingo atento aos programas e sites esportivos, à espera da notícia da queda de Abel – fosse por decisão dele, fosse porque a pressão sobre a diretoria se tornara incontornável. Quase.
Entretanto, a inspirada insistência de Everton Ribeiro, o oportunismo de Bruno Henrique, o cruzamento de Renê e a cabeçada perfeita de Rodrigo Caio não foram suficientes para esconder o que todo mundo viu: de um lado, embora modesto, um time bem-montado e confiante; do outro, pra lá de ambicioso, um que se mostra ora confuso, ora paralisado, conduzido por um treinador afrontado e perdido. Infelizmente, esse daí é o nosso.
Lances principais.
1º tempo:
Aos 3 minutos, Willian Arão roubou uma bola na meia-direita e esticou para Bruno Henrique, dentro da área. Ele bateu cruzado, Lucas Halter conseguiu salvar para escanteio.
Aos 5, Diego recebeu no meio-campo e abriu rápido a Pará, que tocou para Everton Ribeiro. Ele cruzou fechado, a bola encobriu o goleiro Santos e passou com perigo.
Aos 16, Piris da Motta cortou errado uma bola na intermediária do Flamengo e, na tentativa de consertar, afobou-se e fez falta em Braian Romero. Márcio Azevedo levantou na área, Marcelo Cirino ganhou no alto de Willian Arão, desviou de cabeça e Lucas Halter ficou cara a cara com Diego Alves, na pequena área. Atento, o goleiro rubro-negro saiu e abafou, fazendo uma difícil defesa.
Aos 18, Márcio Azevedo recuou pessimamente para Wellington e deu um presentão a Bruno Henrique. Da altura da meia-lua ele chutou forte, Santos saltou e fez ótima defesa para escanteio.
Aos 20, uma jogada parecida, só que no campo do Flamengo. Ao tentar recuar para Thuler, Diego deu a bola nos pés de Marcelo Cirino, que dominou e bateu firme. Mais uma boa defesa de Diego Alves.
Aos 26, o terceiro lance de bola mal recuada. Madson errou por muito o passe para Lucas Halter e deixou Gabriel cara a cara com Santos. O atacante driblou o goleiro do Athletico Paranaense, houve o choque, lance discutível. No primeiro momento, achei pênalti. Revendo a jogada, fiquei em dúvida. O juiz Daniel Bins marcou, consultou o VAR e confirmou o que havia marcado. O próprio Gabriel bateu com seriedade aos 31 minutos: um chute alto, forte e indefensável, no canto esquerdo do gol. Um a zero.
Aos 46, Thony Anderson lançou Márcio Azevedo na esquerda. Ele foi à linha de fundo e pôs a bola na cabeça de Erick. A testada saiu firme e para baixo, Diego Alves fez sua terceira grande defesa no jogo.
2º tempo:
Aos 18 minutos, boa e rápida jogada do Athletico pela meia-direita, envolvendo o setor esquerdo da zaga rubro-negra. De Tomás Andrade a Braian Romero, novamente a Tomás Andrade e outra vez a Braian Romero, que cruzou rasteiro na pequena área. Diego Alves não alcançou, Marcelo Cirino se antecipou a Pará e empurrou para a rede. Um a um.
Aos 20, Matheus Rossetto deu um bolão para Madson nas costas de Renê. O lateral do Athletico invadiu a área e, tentando chegar na cobertura, Bruno Henrique o empurrou por trás. O juiz Daniel Bins não marcou, o lance seguiu, Everton Ribeiro recebeu na direita, trouxe para o meio, livrou-se de Erick e bateu forte de fora da área. A bola passou, com perigo, junto à trave de Santos. Alertado pelo pessoal do VAR, Daniel Bins reviu o empurrão de Bruno Henrique em Madson e apontou o pênalti. Sim, o pênalti existiu. Mas, e se o chute de Everton Ribeiro tivesse entrado, como é que o juiz ia resolver esse enrosco?
Aos 25, Marcelo Cirino bateu mal e Diego Alves chegou a espalmar a bola, mas ela entrou no meio do gol. Dois a um.
Aos 40, Madson driblou Vitinho e cruzou forte. A bola atravessou a pequena área, sem que ninguém a tocasse, e saiu do outro lado.
Aos 44, mais uma vez Everton Ribeiro pela direita. Ele fez a jogada e levantou na pequena área, nas costas de Madson. Santos não saiu do gol e Bruno Henrique nem precisou subir, para tocar de cabeça e empatar o jogo. Dois a dois.
Aos 47, o Athletico fugiu no contra-ataque, Marcelo Cirino recolheu na esquerda e enfiou bela bola para Tomás Andrade. O meia demorou para concluir, Renê se atirou na bola e fez um corte perfeito de pé esquerdo.
Aos 50, Diego recebeu de Lincoln e rolou para o chute rasteiro de Rodinei. A bola desviou em Léo Pereira e saiu a escanteio. Na sobra da cobrança a bola ficou com Renê, que cruzou no meio da área. Rodrigo Caio subiu mais que Márcio Azevedo e deu uma paulada de cabeça, para baixo, no canto direito de Santos. Golaço. Três a dois.
Ficha do jogo.
Flamengo 3 x 2 Athletico Paranaense.
Maracanã, 26 de maio.
Flamengo: Diego Alves; Pará (Rodinei), Thuler, Rodrigo Caio e Renê; Piris da Motta (Vitinho), Willian Arão e Diego; Everton Ribeiro, Gabriel (Lincoln) e Bruno Henrique. Técnico: Abel Braga.
Athletico Paranaense: Santos; Madson, Lucas Halter, Léo Pereira e Márcio Azevedo; Wellington, Erik e Matheus Rossetto (Bruno Guimarães); Braian Romero (Paulo André), Thony Anderson (Tomás Andrade) e Marcelo Cirino. Técnico: Tiago Nunes.
Gols: Gabriel aos 31’ do 1º tempo; Marcelo Cirino aos 18’ e aos 25’, Bruno Henrique aos 44’ e Rodrigo Caio aos 50’ do 2º.
Cartões amarelos: Pará, Rodrigo Caio, Diego, Bruno Henrique; Santos, Márcio Azevedo e Wellington.
Juiz: Daniel Bins. Bandeirinhas: Rafael Alves e Jorge Bernardi.
Renda: R$ 1.571.771,00. Público: 52.667.
Sugiro algum mecanismo no site pra que possa haver correção e edição pra evitar repetição ou erros.
srn p&a
Rasiko, não sei se é possível disponibilizar isso para os leitores-comentaristas. Creio que não.
Mas nós aqui conseguimos. Eliminei o seu primeiro comentário a respeito do basquete em Santa Maria, mais curto e menos completo do que o segundo. Creio que foi a isso que você se referiu, não?
Se quiser que eu o resgate, não tem problema. É só avisar.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Perfeito, meu irmão, era isso mesmo. Gracias.
srn p&a
Jorge, por mais que eu desconfie da capacidade dessa diretoria, sou capaz de apostar minha mansão no Lago Lucerna como o próximo treinador já está na manga.
O abraço dos jogadores no Abel depois do gol da vitória foi uma das coisas mais estúpidas que já vi em minha centenária vida futebolística. Quer dizer, então, que os jogadores não sabem quem paga o salário deles? Não sabem que sem a torcida eles não seriam porra nenhuma? Não sabem que o treinador não faz mais do que a obrigação? E que eles também não fazem mais do que obrigação lutando até o último minuto, como foi o caso? Foi emocionante? Foi, mas foi o sufoco que todo mundo viu porque Sua Excelência Sr. Abel Braga é um técnico/treinador ultrapassado, sem nenhuma criatividade, incapaz de variar táticas e estratégias, cego para o óbvio, com uma imensa dificuldade em testar novos jogadores em posições carentes (Ronaldo na lateral-direita, p.ex.), insistir no Soneca quando a peneira que é a defesa do Flamengo ficaria muito mais protegida com o Piris e assim por diante.
Sempre confessei aqui que, apesar da longa estrada, nunca aprendi a ver futebol de outra maneira que não sob forte emoção. Esperança quando ataca, apreensão quando é atacado. Nunca fui capaz de debater sobre táticas e os números (433, 424, 4141, etc) me faziam lembrar a matemática que eu odiava. Mesmo assim, com meu quase nulo acervo teórico, vejo com clareza os buracos entre zaga e volantes, volantes e atacantes, laterais sem cobertura, jogadores que não voltam pra marcar (alô Gabriel Barbosa, por 1.300.000,00, e sem querer interferir em seus momentos de meditação profunda, seria possível dar uma forcinha na marcação?), time sem nenhuma compactação (há uns jogos atrás fiquei pasmo em constatar na tela da tv 6 [seis] jogadores adversários, próximos uns dos outros, e apenas um solitário Crusoé com a camisa rubro-negra).
Talvez eu já tenha me condicionado, mas não consigo ver de outra forma: o dinheiro fez mal ao futebol. Algumas características fundamentais foram pro espaço, como a identificação e a paixão pela camisa. O futebol burocrático apresentado pela maioria dos times não é por acaso, mas consequência de uma mentalidade que se impôs. O resultado é o que importa. Tendo resultado o técnico garante seu emprego, as más atuações individuais passam batidas, a pressão diminui e o barco segue, mesmo aos trancos e barrancos.
Bem, não foi por essa mulher que me apaixonei. Era tão linda e sensual! Virou um bagulho confuso entre estrias, celulites e plásticas mal feitas disputando espaço.
Também temo que essa diretoria seja incompetente mais uma vez na contratação de um novo técnico, mas acho difícil que possa piorar. Nessa altura, se nenhum dos especulados vier, especialmente os argentinos de quem falam muito bem, não teria dúvida em trazer o Dorival de volta. Só que essa deve ser a última hipótese. Os caras não vão dar o braço a torcer.
srn p&a
Fala, Rasiko.
Entre tantas coisas bacanas do seu comentário – treinador na manga, a hipocrisia do abraço (se eu ganhasse o que o Arão ganha, eu abraçava até o capeta), falta de consciência dos jogadores a respeito de quem é seu verdadeiro patrão, aversão à matemática, esperança x apreensão etc. -, me identifiquei demais com a analogia do “não foi por essa mulher que me apaixonei”. Sinto algo semelhante em quase todos os domingos, por volta das quatro da tarde.
Sabe de uma coisa, rapaz: seja pelo Flamengo em si, seja pelo futebol como um todo, já me peguei diversas vezes pensando: por que será que ainda gosto dessa bosta? E o pior é que continuo gostando.
É bastante possível, sim, que o principal responsável pela deterioração seja, por mais paradoxal que pareça, o dinheiro. Uma pena que ele não tenha conseguido deixar essa fantástica invenção mais bacana do que era e tenha contribuído para arrancar-lhe algumas de suas características mais empolgantes, sem uma compensação equivalente.
Abração. SRN. Paz & Amor.
não creio que o dinheiro tenha feito tanto mal para o futebol…. se fosse assim a chanpions league não teria o sucesso que tem.
SRN !
Sim, meu amigo Chacal. Mas a Champions League é jogada na Europa e o Flamengo disputa o Campeonato Brasileiro. Além disso, não esqueçamos os interesses, o poder e a influência que a mídia tem nisso (em outras palavras, dinheiro).
Abração. SRN. Paz & Amor.
A respeito do VIL metal, fico calado.
No tocante ao comentário-artigo-sejaláoquefor escrito pelo Rasiko, não.
Simplesmente maravilhoso, tal como as observações do Murtinho, que já destacou exatamente o que pretendia fazer.
Aí vem o nosso Chacal e coloca no enrosco a Champíons League.
Por um ângulo diferente, o do lucro.
Neste, por ser um completo fracasso financeiro, não me meto.
Não posso, todavia, deixar de entrar no aspecto técnico da competição européia.
Na verdade, é o que me resta ver de um futebol semelhante ao que já foi aquele esporte notável jogado em terras tupiniquins.
Penso comigo mesmo. Ainda verei (será, não me falta tanto tempo assim) um Flamengo que me entusiasme e volte a me fazer vibrar (Int.)
Afinal de contas, já fomos até melhores.
Tantas vezes presenciei no Maracanã, outras mais, quando a idade chegou, na TV.
Tenho que manter o otimismo, atualmente vivo apenas pela paixão.
Bola pra frente, apesar das dificuldades.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Volto, para fazer uma confissão.
Há tempos atrás, os meus ídolos estavam em campo.
Zizinho, Garcia, Dequinha, Rubens, Dida, Evaristo, Leandro, Júnior, Andrade-Adílio e Zico, outros mais que me esqueço.
Hoje, fora.
Fazem-me ainda amar o Flamengo gente como o Arthur, o Murtinho, a Nivinha, o Rasiko, o Chacal, o Bruxolobo, o Bill Duba, o Xará e desculpem-me os não citados, tantos que são.
A verdade é essa. sem muita lógica.
No mais das vezes, prefiro os artigos e comentários aqui do RP&A do que as peladinhas dominicais sem a verdadeira emoção rubro-negra.
Agradecidas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Plenamente de acordo Carlos. Desde a administração Bandeira de Mello não há identificação com nenhum jogador. Me identifico com os torcedores. Em especial o caboclo de chapéu, trevo na orelha e o indefectível radinho de pilha. Vim saber através de reportagem televisiva que estava desempregado e que se chama Santa Cruz.
Fico observando as imagens antes de iniciar a partida. Se este torcedor aparece, o Flamengo não perde. É um talismã.
Me perguntava: Como este humilde cidadão comparecia aos jogos? Pelo salgado preço dos ingressos. Vim saber que ele está empregado em uma loja de revenda dos produtos da Adidas (Flamengo).
É por essa e outras que não conseguimos nos desvencilhar desta paixão clubista.
Viva o torcedor rubro-negro!
SRN
amigo lá tbm tem corrupção e outras mazelas que o dinheiro traz…mas nem por isso deixa de ter o melhor que o dinheiro tem…
SRN !
PS. essa semana mesmo foi desarticulada uma quadrilha na espanha aonde manipulavam resultados das partidas.
Então, rapaz! Tu viu isso? Coisa feia!
Abração. SRN. Paz & Amor.
Jorge, sou fumante há 63 anos e o único cigarro que curto realmente é o 1º da manhã depois do café. Os do resto do dia são puro vício, ou melhor, condicionamentos cristalizados pelas sinapses neuronais estabelecidas até os 7 anos de idade – no meu caso e das minhas irmãs, nascemos todos viciados, já que minha mãe fumava durante a gravidez.
Somos viciado em futebol, meu irmão. Ou melhor (ou seria pior?), em FLAMENGO.
Não lembro de ter contado essa história aqui, mas quando nasci não existia esse papo de camisa do clube vendida em lugar nenhum. Mas minha mãe era costureira e meu pai comprou alguns metros de tecidos de fralda e tingiram de vermelho e preto. De acordo com eles, nunca usei fralda branca. O velho ficava agachado ao lado do berço só repetindo “Mengoooo! Mengooo!”, que eu pronunciei antes de papai e mamãe, pra orgulho dele. Me enfiaram um programa no cérebro e consigo perceber que não faço muito esforço pra me livrar desse chip. Na melhor das hipóteses amenizo os danos, como não pensar em suicídio diante de uma derrota vexaminosa.
E, ao contrário do Carlos Moraes, não tenho saco pra ver qualquer outro time jogando. Quando não é o futebol, é o basquete e eu demitiria o Gustavo Conti, Gustavinho, pela inacreditável burrice que fez na derrota contra o Franca depois de estar com 17 pontos de vantagem – adiantou o Varejão pra marcar o armador deles no meio da quadra. Detalhe: Varejão tem 2 metros, fundamental no rebote e o resultado foi que a defesa virou uma peneira furada com bala de míssil. Derrota previsível.
srn p&a
Vi o jogo contra Franca e concordo plenamente.
Um balaio no 1o. quaarto e não conseguimos manter a vitória.
Admito que o time do interior paulista é bastante bom, do mesmo nível do nosso, só que, botando uma vantagem extravagante, mesmo que o basquete seja sempre imprevisível, foi phodda perder o jogo.
Sábado, no Maracananzinho, temos a obrigação de ganhar e partir para Franca, onde não se sabe o que poderá acontecer.
Amigo Rasiko, sou do tempo em que o campeonato carioca, também no basquete, era especial.
Houve lá um ano, na década de 50, em que perdemos uma enorme sequência de títulos para a Atlética Grajau, que não se confundia com o Grajau Tenis.
Pegou esses campeonatos, indago.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Te plagiando, valeu pela moral. 🙂
srn p&a
Via tudo. Em Santa Maria-RS, onde nasci, o esporte era o basquete e chegamos a ser campeões brasileiros. Não digo o nome do time porque é muito feio. Tava com o ouvido colado no rádio no épico Flamengo x Sírio no Maracanãzinho com a cesta da vitória do Algodão no último lance, que acabou matando do coração o grande Gilberto Cardoso e me levando às lágrimas.
srn p&a
Belo comentário, Rasiko. Lindo, lindo, lindo. Showzaço de bola.
Abração. SRN. Paz & Amor.
O plágio é do Jorge. Valeu pela moral. 🙂
srn p&a
só pra constar,abel foi demitido, só falta mandar ele ir embora !
SRN !
fala murtinho e amigos,
rapaz tô chegando a conclusão que abel não gosta do flamengo e nem da sua torcida.
teve uma declaração dele aonde ele diz que o comando do flamengo vem de dentro pra fora.
que não aceita interferência no seu trabalho.
mas ele escalou arrascaeda mesmo o Diego sendo o seu preferido…
vamos ver até aonde vai essa marra do abelão com a torcida.
garanto que se a pressão continuar nas arquibancadas vai ser um ADEUS ABELÃO !
SRN !
PS. copa américa tá ai pra isso mesmo…mudanças !
Fala, Chacal.
Pois é, virou um caso típico de incompatibilidade.
Eu acho que a torcida – e não é só a nossa – às vezes exagera nas cobranças e nas implicâncias, mas o tempo tem mostrado que quase sempre os torcedores têm razão. São raras as vezes em que um cara “perseguido” consegue dar a volta por cima, e aí fica a dúvida: é a torcida que não tem paciência ou são os técnicos, comissões técnicas e dirigentes que esgotam a paciência da torcida?
Você lembra de um lateral-esquerdo chamado André Santos, que foi campeão da Copa do Brasil 2013? Não tinha a menor cara de Flamengo. Até sabia jogar bola, mas era mascarado, displicente, não se cuidava, vivia na balada, corria pouco etc. A torcida reclamava, reclamava, reclamava, e ninguém no clube fazia nada. Duas vezes por semana a gente era obrigado a ver André Santos desfilar sua arrogância com a camisa rubro-negra. E a torcida reclamando. Até que um dia, depois de um sacode que tomamos do Inter em Porto Alegre (quatro a zero, se não me engano), neguinho juntou André Santos no aeroporto. Claro que sou contra isso, mas é algo que poderia ser evitado se os responsáveis pelo futebol do Flamengo tivessem feito a coisa certa na hora certa. Só aí eles acordaram, viram que não dava mais e rescindiram o contrato do cara.
Outro exemplo: na história recente do futebol brasileiro, talvez nenhuma torcida tenha reclamado tanto de alguns jogadores como a do Flamengo reclamou de Muralha, Rafael Vaz, Márcio Araújo e Gabriel. E o clube insistindo com eles. Se alguém quer uma prova de que a torcida estava certa, é só conferir para onde esses caras foram quando saíram do Flamengo – diferentemente do que aconteceu com o Guerrero, caso em que, na minha opinião, a torcida se precipitou.
Quanto à Copa América, é isso aí: se for para mudar, se encontrarem alguém que chegue e resolva (existe isso?), vai ser a última oportunidade. Depois, só vai dar mesmo para tapar buraco.
Abração. SRN. Paz & Amor.
“As convicções são o caminho mais curto para o erro. A natureza da mente é ser volátil e inconstante. Como pode ela ter convicções?” – Mahavira
Custo a acreditar que o Abel, por mais turrão que seja, não perceba a bagunça que é o time que ele treina(?). É tão óbvia e escancarada que o Maracanã em peso (antes era só nas mídias sociais) gritava a plenos pulmões “FORA ABEL!” Todo mundo tá vendo, Abel, menos você. E, pro nosso azar, quem treina e escala o time é você.
Ontem, em algum programa de esporte, alguém disse que o Ronaldo era lateral-direito de origem. Sendo ou não, porque não testar? De novo, insistindo, porque não testar o Trauco em vez do Renê, mesmo este tendo ido bem no jogo? Ele só sabe trocar 6 por meia-dúzia e fica nisso. O Diego já tinha demonstrado na prática que rende mais e melhor quando sai do banco cheio de gás e tem pouco tempo pra errar. O Gabriel Barbosa continua pereba e não sai. O Arrascaeta, muitas vezes superior ao Diego, vai pro banco. Quer dizer… Abel só falta declarar “A burrice é minha e ninguém tasca.”
srn p&a
Entrando no papo.
Até onde me recordo, o Ronaldo jogou de laateral direito num daqueles torneios disputados no RS, no fim de cada ano, precedendo a Copinha.
Disso tem absoluta certeza, sendo certo que escrevi no Urublog a respeito do posicionamento ^maluco^ de nossos laterais naquele torneio, bem avançados.
Era, no entanto, de origem, pelo que ouvi, jogador de meio-campo.
Salvo engano, foi até o Zé Ricardo, que tanto criticamos aqui e alhures, quem o escalou na lateral. Pelo meio atuava um Jean Pierre ou coisa parecida.
Lembro-me perfeitamente que elogiei o então garoto, embora pouco se preocupasse com a marcação.
Quem tiver paciência, basta procurar na ^memória^ do Urublog, mês de dezembro de 2012 ou 2013, nem mais tenho certeza.
Quanto à data, não seria difícil a elucidação. A partir daí, quem tiver paciência e se interessar, que ache no Urublog.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – com certeza, seria muito superior à dupla Pará/Rodinei.
Deixa de modéstia Murtinho, que vc já tem lugar cativo entre os top escribas Rubro Negros!
Fala, Marcos.
Obrigado pela moral, mas sou obrigado a reviver o grande Brandão Filho. Contracenando com o primo-rico Paulo Gracindo no programa “Balança, Mas Não Cai” e fazendo meu pai morrer de rir, ele sempre se saía com o bordão: “quem sou eu, primo!”.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Depois de muito meditar, na penumbra tétrica de minha tumba, depois de longa conferência com com meus ratinhos de estimação ( o mais sábio deles eu batizei de Miki, em homenagem à última grande conquista do Flamengo) e minhas carinhosas aranhas, chegamos a seguinte conclusão: o atual Flamengo está tão ruim, mas tão ruim, que ninguém valorizou a grande reação do time, transformando uma derrota certa em vitória. Não me lembro do Flamengo em qualquer época ter reagido assim com tanta garra, luta, enfim, perseguiu a vitória até o último minuto e fez por merecer. Foi uma fugaz aparição da mística rubro-negra ausente há tanto tempo em nossos jogos. Não precisa de tanto heroísmo, mas um pouco daquela garra e fé na vitória que tivemos no final deveria se tornar, ou melhor, retornar como nossa marca registrada que em tempos idos e bota idos nisso amedrontava os adversários. Parodiado Vinícius: que esses instantes finais da partida de ontem sejam eternos , enquanto durem para sempre, posto que não são chamas.
Grande Xisto!
Mas eu acho, rapaz, e tenho certeza de que Miki irá concordar comigo, que isso aí que você falou tem pintado de vez em quando sim.
Um exemplo: no recente Fla-Flu em que Bruno Henrique foi expulso no finzinho do primeiro tempo. Era a semifinal do segundo turno, o Fluminense jogava pelo empate e, mesmo com um a menos, o time brigou até conseguir o gol da vitória nos acréscimos, no pênalti convertido por Everton Ribeiro. Outro: na final do segundo turno, perdíamos para o Vasco por um a zero e arrancamos o empate novamente nos acréscimos (Arrascaeta de cabeça), para depois ganhar nos pênaltis.
O time alterna momentos heroicos com outros de apatia, minutos de organização com outros de destempero, é algo muito doido. E a conclusão é a que todos chegamos: falta técnico para botar as coisas no prumo.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Pois é, e eu que pensei que o time não lutava até a última gota. Então reclamar de quê? Vão gostar de emoção assim no inferno. Sou Flamengo até morrer sempre… principalmente nos últimos instantes da partida.
Caro Murtinho, Abel nos leva de volta aos nada saudosos tempos do Yustrich e sua famigerada “cavadinha”. Tristes tempos! Que superamos com galhardia! Ser Flamengo é muito bom! Mas, eita! vida dura! Entretanto, vamos enxergar pelo lado rubro-negro, a face positiva; pós Yustrich, isto é, pós tormenta, Flamengo nos brinda com “a era Zico”! Quem sabe, o pós Abel abre as portas de uma prodigiosa “era Arrascaeta”! SRN!
Eita, Fernando! Aí é osso.
Yustrich gostava de um ponta-esquerda chamado Caldeira, certo? E o Caldeira tinha o estilo Everton: pegava e cruzava, pegava e cruzava, pegava e cruzava.
Com Abel ou sem Abel, bem-vinda seja a Era Arrascaeta.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Desculpe, me meter nessa, o Yustrich era metido a valentão, jogador que fazia corpo mole ele queria dar porrada, embora, diz a lenda que ele não gostava da coisa mole ( por favor, não me acusem de homofobia, é só o que diziam). Ficou famosa a briga dele com o Brito, após a volta deste da seleção. Talvez em se tratando do atual elenco, acho que um bom chute na bunda de vez ema quando, não pegaria mal.
Quer dizer então que o Yustrich, rapaz? Também não tenho nada contra (como escrevi lá no post, “cada um come o que gosta”), mas o Yustrich valentão?
Além do Brito, que pouco vestiu a camisa do Flamengo por causa dele e foi embora pro Cruzeiro, também houve um problema sério com Tostão. Posso estar enganado, mas acho que o Tostão quis sair do Cruzeiro quando o clube anunciou a contratação de Yustrich.
Sou meio cético quanto à eficiência das chacoalhadas. Acabei de checar na wikipedia: Yustrich foi técnico do Flamengo em 1970 e 1971. Ganhamos nada e nosso time era horroroso. Além disso, Abel também veio para chacoalhar, não?
Prefiro alguém que consiga extrair o máximo de cada um, monte três ou quatro boas variações táticas e, pode ser na maciota, no melhor estilo Carlinhos e Andrade, faça o time jogar bola. Não há de ser tão complicado assim.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Murtinho, em um outro site rubro-negro chamado “Mundo Rubro Negro” (que também merece ser prestigiado), há um blog chamado “Alfarrábios do Melo”. Ele escreveu um artigo que, na minha ótica, vai ao encontro do que você e muitos aqui ponderam… Segue o link, para apreciação: https://www.mundorubronegro.com/flamengo/abel-precisa-voltar-a-ser-abel
Abraços
Alvaro Paes Leme
E.T.: tempos atrás, postei um comentário aqui e falei de um artigo seu que abria tecendo comentários acerca de comparações que fizeram entre Leandro e Cafu. Você respondeu que não se lembrava e que iria procurar. Outro comentarista disse o mesmo. Não se se conseguiram encontrar, mas, de toda a sorte, segue o link: http://republicapazeamor.com.br/site/postagem-repetida-por-um-motivo-justo/
Fala, Alvaro.
Sim, sem dúvida, tanto o Mundo Rubro-Negro quanto o Adriano de Melo são ótimos. E nesse texto dele que você linkou, creio que o mais importante é a constatação do erro cometido pela diretoria de Futebol do Flamengo na escolha do treinador. Em outras palavras, e simplificando de modo até arriscado: ou você contrata Arrascaeta, ou você contrata Abel.
Cada técnico tem o seu jeito próprio de enxergar futebol, só que o jeito do Abel não se encaixou no que a torcida esperava e – por mais abraços que sejam dados no final do jogo – não se encaixou ao elenco que foi montado.
Por isso, uma das questões do meu post está na necessidade de Abel rever algumas das suas convicções, e nesse ponto tenho uma certa discordância em relação ao Adriano, porque acho que esse elenco que está aí não se adaptaria ao estilo Abel Braga de jogar. Ou seja: não sei se adiantaria muito o Abel voltar a ser Abel.
Vamos torcer por uma improvável reviravolta, possível apenas devido aos trinta dias de parada para a Copa América.
Quanto à comparação entre Leandro e Cafu, acho que quem pediu o link foi o Rasiko, que ainda não apareceu na caixa de comentários desse post. Mas, se não me engano, eu já postei aqui para ele. De todo modo, agradeço.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Creio que tudo pode ser resumido na corretíssima frase do nosso Murtinho.
^O time do Flamengo permanece desequilibrado e inconstante, enquanto Abel segue abraçado a suas duvidosas convicções^
Perfeito, sem tirar nem por.
Para ser sincero, cada partida é mais um sofrimento. Já estou com vontade de pedir a conta e ir embora.
Não dá para ver o embusteiro do Diego passeando o seu gumex em campo, enquanto o Arrascaeta fica no banco e sequer é lembrado para tentar melhorar o que estava péssimo.
Entra mais um loirinho. Não bastasse o embusteiro, o Gabriel, até o reserva Trauco, temos agora mais um, a arma secreta Rodinei.
Pior, funcionou. Ninguém corria e só jogavam bola o Diego Alves, evitando a ^catastre^, e o Everton Ribeiro. Até aquele momento, o Bruno Henrique nada fizera de bom, enquanto o Rodrigo Caio, sem a presença salvadora do Cuellar e com um Thuler inexperiente do seu lado direito, ficava mesmo lá por trás.
O loirinho entrou, ao mesmo tempo que os rivais quiseram esnobar. Marcelo Cirino tentou uns salamaleques. Perdeu a bola. Saiu um cruzamento da esquerda que ninguém aproveitou, Lá pelo lado direito o Erik resolveu dar um balãozinho sutil. Perdeu a bola. Everton Ribeiro CHUVEIROU com precisão. Gol de empate.
A bola PUNE.
Uma vitória que deveria ser fácil, mas que acabou, apesar de emocionante, sendo imerecida.
Como em um filme (o último) do James Dean, no título nacional.
^Assim caminha o futebol, digo, a humanidade^.
Preocupadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – o RP&A está demais. Nivinha, Grão Mestre e Mestre Murtinho, seguidamente (sem falar no lindo artigo do Assaf, que, por não ser lá muito ligado nos assuntos extra-campo sequer conhecia, mas tinha visto um emocionante documentário). Haja imaginação para comentar, procurando não ser repetitivo.
Meu querido Carlos Moraes.
Você usou uma frase precisa e preocupante: “os rivais quiseram esnobar”. Como é que Erick e nosso conhecido Marcelo Cirino, ambos reservas, entram no Maracanã e querem esnobar o time do Flamengo? Devido aos altos e baixos, aos bons e péssimos momentos, o Flamengo não tem conseguido se impor e, pior, muitas vezes parece intimidado, mesmo no Maraca.
O momento maior em que vi Diego se esconder em campo foi na final da Copa Sul-Americana de 2017. Um dos nossos pegava a bola e via Diego, sistematicamente, atrás de um dos jogadores do Independiente. Lembro de, no dia seguinte, ter comentado com a minha filha: como o Márcio Araújo foi barrado por Rueda, Diego assumiu o papel dele, no que se refere à omissão nas manobras ofensivas. Arrascaeta tem de jogar. Ele pode até ser substituído aos quinze do segundo tempo, no intervalo, com meia hora de jogo, isso vai depender das manias e cismas do maluco de plantão que estiver na função de técnico, mas num time como esse aí do Flamengo, é insanidade Arrascaeta não ser titular.
Em nome de todo mundo aqui do RP&A, agradeço os elogios. Ah, e não deixe de ler o livro do Assaf. É maravilhoso.
Abração. SRN. Paz & Amor.
É isso aí Murtinho, vc já disse tudo.
Só queria mencionar, mais uma vez, como me deixa feliz, apesar do péssimo jogo coletivo, ver um jogador como a raça do Renê em campo. Aquele corte providencial num carrinho perfeito, na bola, dentro da área, já aconteceu em outras oportunidades contra outras equipes, uma pena a torcida ter memória tão curta. Não bastasse esse corte salvador, que culminaria no terceiro gol do AP, o cara ainda teve fôlego para se apresentar na frente a fazer aquele cruzamento certeiro na área para o gol maravilhoso do Rodrigo Caio. Renê pra mim é o novo Angelim.
A entrada do Rodinei tb incendiou o jogo com a garra e a força física impressionante desse jogador.
A torcida do Flamengo precisa aprender a valorizar quem realmente se doa ao time, quem não se omite, que erra tentando, ainda que haja algumas limitações técnicas, pois essa é, na minha opinião, a essência do verdadeiro Flamengo.
Angelim, Leo Moura, Cuellar, Elias, Rodrigo Caio, Leo Duarte, Bruno Henrique, Paquetá, Rodinei, Piris da Motta, Ronaldo, etc., só pra citar alguns nomes mais recentes, deveriam ser proibidos de receber uma única vaia, mesmo que não estejam num dia bom.
Não sei os motivos do Flamengo ter tão poucos títulos e perder tantos jogos dentro da sua própria casa nos últimos anos, mas apontaria esse comportamento nocivo e deplorável de vaiar jogadores com esse espírito de luta durante o jogo como um dos fatores preponderantes.
Já disse isso uma vez e repito: você nunca vai ver isso acontecer num jogo do Corinthians ou do Boca.
PS: fiquei com pena do Abel ontem, temi que ele pudesse passar mal novamente.
Abraço e SRN.
Fala, Marco.
Eu também acho que o Renê tem esse espírito aí que você falou. Dos nomes citados, não incluiria o Léo Moura, um cara que alternou momentos de dedicação com outros de indiferença em relação ao clube, e, pelo estranho desinteresse demonstrado na derrota para o Internacional, na segunda rodada, ainda não vejo o Bruno Henrique como merecedor de fazer parte dessa lista. (Veja bem: refiro-me ao empenho e à identificação, não à eficiência. Bruno Henrique é muito bom jogador.)
Só que aí é que a porca torce o rabo: na eficiência. Você tem razão, não é a primeira vez que Renê faz um corte dentro da área como aquele, parece que é uma das especialidades dele, mas não o acho um jogador à altura da atual capacidade financeira do Flamengo. Claro: se o cara está em campo, de vez em quando vai salvar um gol, de vez em quando vai acertar um cruzamento, mas precisamos analisar o todo. Porque, se não, é aquele papo: durante boa parte do ano passado, atuando pelo São Paulo e felizmente longe do Flamengo, Everton QI de Siri foi o jogador com maior número de assistências no Campeonato Brasileiro. O cara pega e cruza, pega e cruza, pega e cruza, depois do vigésimo cruzamento é possível que uma bola entre. Só que, antes disso, ele desperdiçou dezenove possibilidades de ataque. O futebol inglês custou a entender isso, mas acabou se rendendo.
Eu manteria Renê no elenco, porém tentaria contratar alguém que chegasse para ser titular e qualificar a posição.
Em relação à história da torcida, rapaz, você está mexendo num vespeiro. Esse é um assunto-tabu, e concordo com a sua opinião.
Abração. SRN. Paz & Amor.
De acordo Murtinho, mas essa tal eficiência que vc se refere pertence geralmente aos craques, aos caras realmente diferentes, que fazem o futebol parecer mais fácil do que é. Logicamente que estou falando de um Éverton Ribeiro, de um Arrascaeta, de um Paquetá, de um VJ e, pq não dizer, de um Rodrigo Caio. E vc há de concordar comigo que atualmente está difícil ter um cara desses em todas as posições, então a minha expectativa é ter uns 3 ou 4 desse nível no elenco, e o restante compensando as limitações técnicas com garra e muita concentração durante todo o jogo. É pedir demais?
Agora, independente do cara ser craque ou não, vaiar antes e durante o jogo não ajuda em nada. Só consigo conceber a vaia pra quem não corre, não aparece, não arrisca, ou joga com displicência.
Por isso me recuso a vaiar até mesmo o Pará, por pior que ele esteja jogando no momento, pq ele joga sempre no limite dele. Isso não significa que eu não prefira o Rodinei. No caso do Arão, vc vai me desculpar, eu nunca vi nele a garra e nem a técnica necessária pra qualquer jogador que tenha a honra de vestir a nossa camisa.
SRN.
Sim, Marco, concordo. Mesmo nos mais ricos e poderosos clubes do mundo, ninguém tem um time com onze craques. E a sua distribuição me parece correta, com três ou quatro de ótimo nível e os outros completando com empenho e seriedade.
Mas tem uma coisa que, conversando outro dia com meus botões (hoje em dia alguém ainda conversa com os botões?), me deixou preocupado: com tantas críticas à dupla Pará e Renê, fiz uma comparação por alto com as demais duplas de laterais do futebol brasileiro e concluí que, dos clubes que disputam o título, a nossa é, no conjunto, a mais fraca de todas. Talvez seja melhor que a do São Paulo (acho Reinaldo horroroso), mas não vejo o São Paulo disputando o título. Aí, pensei: se o Flamengo chegou à capacidade financeira que chegou, isso aí está muito errado.
Também acho que vaiar durante o jogo é uma estupidez, e escrevi exatamente sobre isso no post publicado após a goleada de seis a um no San José.
Quanto ao caso do Willian Arão: não sou fã dele, não acho que seja ele o fator de equilíbrio do time, como sempre fala o Abel – talvez seja por isso que o time se mostre tão desequilibrado -, mas precisamos reconhecer que Willian Arão tem um argumento a favor, que é inversamente proporcional à resposta que dei ao comentário do Chacal. Ao contrário do Muralha (reserva no Coritiba), do Rafael Vaz (reserva no Goiás), do Gabriel (rebaixado com o Sport e deportado para o futebol japonês) e do Márcio Araújo (tocando pro lado na Chapecoense), me parece que Willian Arão tem mercado entre alguns grandes clubes brasileiros. Está longe de ser o jogador que o Flamengo precisa e pode ter, mas é um cara com certo prestígio entre os nossos treinadores. (O que os treinadores têm na cabeça, aí é outra discussão.)
Abração. SRN. Paz & Amor.
Murtinho, valeu pela dica literária. Já conheço o trabalho de Roberto Assaf. Mais historiador que escritor. Fazendo uma comparação com comentarista, diria que ele está mais para PVC. Nada contra.
Na minha humilde avaliação, prefiro as suas análises. Como de costume foi a referente ao jogo de ontem. Perfeita.
Como torcedor, damos um voto de confiança ao trabalho do treinador a cada início de jogo. Mas está ficando difícil tanta demora em melhorar o desempenho coletivo. O defensivo, principalmente, é muito fraco. Qualquer time medianamente treinado, impõe perigo.
É sempre cansativo citar culpados a cada rodada. Eles se alternam. Como maçante é o desempenho em campo. Previsível e modorrento. Mais uma vez as bolas alçadas na área adversária foi a única alternativa para chegar a Vitória. Contra o Atlético Mineiro não funcionou. Muito pouco para o elenco supervalorizado.
Esse embate entre treinador e torcida ainda continua. O mais surpreendente é a posição dos jogadores após o jogo, em defesa do treinador – Deram às costas à torcida e se fecharam em volta do técnico. Quanta imbecilidade! Como se uma Vitória sobre um time de reservas fosse algo fenomenal.
Querem dar uma resposta digna? Simples! Joguem bem. Somente isso.
Analisando as imagens, verifica-se que os jogadores mais contestados envolvem o técnico. Sei não…além de perdido, está muito mal acompanhado.
Só nos resta aguardar. O moribundo segue e a platéia o apulpa.
SRN
…apupa.
Fala, João.
Obrigado pela moral, mas o que o Assaf faz é espetacular. Nesse livro que citei no post, o cara vai nos arquivos de cemitérios, da Santa Casa, é muito profundo. E é algo que, infelizmente, não existe no futebol brasileiro. Fundamental para não deixar a história morrer, e para que ela seja corretamente contada.
Pois é. A tática do desespero só se justifica em situações extremas – sábado passado, nos 10 ou 15 minutos finais da decisão da Copa do Rei, entre Barcelona e Valência, Piquet passou a jogar de centroavante. Mas eram os minutos finais de uma decisão. Com a bola no chão a coisa não estava se resolvendo. Justifica-se o desespero, embora ele de nada tenha adiantado. Mas como explicar o desespero na quinta e na sexta rodadas de um campeonato que tem trinta e oito? É caso claro de time desequilibrado, sem recursos e sem confiança. Ou seja: coisas que cabem ao técnico transmitir.
Pleno acordo: jogadores de futebol não têm de responder com abraço no treinador, com declarações na imprensa, com postagens em redes sociais. Jogadores de futebol têm de responder jogando. Joguem e as coisas se resolverão.
Confesso que não sei qual a solução. O fato de Abel estar fazendo um mau trabalho não significa, necessariamente, que seja mau técnico. Acontece. Nos primeiros parágrafos do meu penúltimo post, aquele em que abro o texto falando do Cuca, isso fica claro: no mesmo ano, Cuca fez um mau trabalho no Flamengo e um trabalho fantástico no Fluminense. Mas é inegável que Abel não está dando certo. Por que, então, fico em dúvida? Porque não tenho clareza a respeito de quem entraria no lugar dele. E tenho muito medo de que nossos dirigentes consigam piorar o que já está ruim.
Abração. SRN. Paz & Amor.