Não faz muito tempo que o Flamengo arrumar um empate com o Bragantino lá em Bragantino seria encarado como uma espécie de desonra. Evidente que esse tempo já passou e durou pouco, quase ninguém lembra. O que todo mundo lembra e sabe é que o novo normal é o Flamengo ir até a Capital da Linguiça e ser chacoalhado.
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É uma daquelas pragas que vagabundo roga e o Flamengo, sempre em dívida com seus guias, se deixa enmacumbar. Foi assim durante anos na Vila Belmiro, em Curitiba e ao sul do Rio Mampituba, o Flamengo só ia pra se fuder. Mas as pragas, e as ervas daninhas e as armas dos homens de mal, estão condenadas a desaparecer nas cinzas de um Carnaval. Aos poucos, com muita magia branca e bola no pé, o Flamengo zerou aquelas maldições como sempre deve fazer o papaizão da porra toda. Mas a do Braga ainda tá na fila.
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O Flamengo de 2024 tem nada a ver com essa danação bragantina, já tava assim quando eles chegaram. O vudu desse time é outro. Esse Flamengo, a despeito de continuar a ostentar o título de maior produtor de conteúdo do futebol sul-americano, é chato. E essa chatura não se manifesta neste ou naquele estádio, esse Flamengo é chato quase o tempo todo. É um Flamengo que mesmo quando ganha não é capaz de seduzir ninguém. Não quebra ninguém na ideia. Quando perde ou empata então, aí que esse Flamengo espalha rodinha não arruma nada, invariavelmente volta pra casa sozinho sem beijar na boca de ninguém.
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O primeiro tempo do Flamengo foi chato, mas o time até que tentou e teria se dado bem se não fosse a inesgotável criatividade cleptocrática da juizada safada que atrasa o nosso lado. O que era pra ser uma falta pra expulsão de um bragantiner virou uma presepada VARzeana que acabou sendo falta contra o Flamengo e resultando em mais um gol na gente. Numa vacilação clássica na hora de cortar um cruze os beques subiram errado e um seiláquenzinho lá venceu o Rossi. Foi um dos gols mais injustos da temporada 2024.
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O Mengão desceu pro vestiário perdendo, com a torcida putona e já se preparando para mais 45 minutos de aporrinhação. Mas alguma coisa aconteceu lá naquele vestiário, o Flamengo que voltou pra etapa complementar era outro. Lembrou em vários momentos aquele Flamengo que a gente conhece e tava com saudade. Um Flamengo ofensivo, opressor e boladão pra sair de trás do placar. Uma postura que deveria ser adotada desde o apito inicial, mas que esse Flamengo só consegue soltar as pregas depois que leva um gol.
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Mas algo mudou e o Flamengo batalhou, foi pra cima, se impôs do jeito que deu. Regidos pelo veramente maestro De la Croos, o maluco está em todos os lugares do campo ao mesmo tempo, nossos mulambos começaram a mostrar serviço. É notável como bastaram quatro meses pro De la Cruz virar o patrão do time. O uruguaio dita o ritmo, conecta os setores, empolga os ousados e envergonha os cansados. Não dá pra ficar de boca aberta em campo vendo o que o cara faz em campo. De la Cruijff lidera pelo exemplo.
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Foi dos pés de Nico que saiu o passe pra Bruno Henrique vencer o goleiro e empatar o jogo. E se você ficou revoltado com o resultado quando o jogo acabou você tá coberto de razão. Era um jogo onde o Flamengo não só mereceu vencer como fez por onde. O pobrema é que o juiz não tava a fim que o Flamengo ganhasse. Faltinhas, inversões, penâltis ignorados, todo tipo de malfeitoria arbitral que o elemento apitador e os marginais lá do cafofo de Osama do VAR puderam praticar foi praticado. Assinaram um verdadeiro compêndio de má arbitragem.
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No fim do jogo o Tite nem foi pra coletiva, já sabendo que ia ser inquirido sobre a arbitragem pelos motoboys de treta da imprensa especializada, acertadamente ficou de cantinho e deixou a tarefa de denunciar pela bilionésima vez O Grande Acordo Nacional para Fuder o Flamengo, Com Var, Com Tudo pros amigos cartolas. Que cumpriram seu papel e deram aquela chorada indignada que é o único recurso que está alcance do roubado depois que o roubo já se deu.
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Mas não pode ficar só nisso, o Flamengo, que é defensor da Ciência, tem que pensar com a mentalidade Minority Report, denunciar o crime e condenar o criminoso antes do crime ser cometido. E extrapolando essa postura pra dentro do campo, o Flamengo tem que se impor e prejudicar os seus adversários antes que eles nos prejudiquem. Essa bolinha marota provocando barata voa na nossa área tem que ser neutralizada, não dá mais pra tomar gol de cabeça esse ano, a meta já foi atingida.
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Com o empate o Flamengo ficou ali numa posição honrosa e justa na tabela, que não tá jogando bola mesmo pra ficar acima do 6o, 7o lugar. É um bom pico pra se estar nesse momento. A diferença entre o G4 e o Z4 é de 3, 4 pontos, ninguém é de ninguém e lideranças precoces são coisa de paraguaio. Pensar em tabela agora é perda de tempo. O mais legal mesmo foi essa acordada no susto do time, despertando o que o Flamengo tem de mais precioso, a flama.
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É com essa flama que o Flamengo tem que chegar em Coquimbo e amassar o Palestino. Sabendo que uma vitória com bom saldo tranquiliza a caminhada até a classificação. O Flamengo tem a obrigação de fazer os 6 pontos nos jogos no Maraca e se arrumar uma vitória no Chile certamente alcança os 13 e garante presença no mata-mata. E aí começa outra Libertadores. A hora em que pode se dar mole é na fase de grupos mesmo e o Flamengo, não resta dúvida quanto a isso, já deu todos os moles a que tinha direito.
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A torcida do Flamengo anda meio escabreada com o Tite, quer ver o tal trabalho aparecer. Quer ver os melhores em campo, com vontade de ganhar e se recusando categoricamente a perder. Isso não é algo que se treine, é algo que se vive, que nasce com a pessoa. Tite, faz esses caras soltarem os bichos, esse trabalho é seu, não delegue pros aspira. Vou te dar o mesmo alô do Ortega y Gasset que dei pro Domènec em 2020 e ele ficou de ha ha ha: O Flamengo é o Flamengo e a sua circunstância, e se você não salva-la não poderá se salvar. O papo foi dado.
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Mengão Sempre
O time infelizmente não leu o penúltimo parágrafo e aumentou a coleção de vacilos em 2024…
Concordo totalmente..MENGOOOOOO!!!
Todo ano temos um jogo q a torcida diz: se jogar assim todo jogo nao perde pra ninguem. Em 2019 foi a ida da semi da Libertadores contra o Gremio no RS, 2020 tb contra o Gremio no RS, 2021 contra o SP no Morumbi, 2022 contra o Galo pela Copa BR no Maracana, 2023 contra o Flu na Copa BR e agora o 2° tempo contra o Bragantino. Só não entendo pq não correm assim em todos os jogos? Pq sao apenas jogos isolados? Eu sei q é impossivel manter o nivel em todos os jogos, sem falar q tem dia q as coisas nao dao certo, mas a intensidade e a vontade deveria ser máxima todo jogo. Veja o Bayer Leverkusen, ano passado nao era nada, esse ano pode ganhar tudo sem perder um jogo sequer, sempre levando os jogos ate o ultimo minuto, empatou ou virou 15 (!!!) jogos depois dos 85′. Mas no Flamengo tem q estar tudo alinhado (vento, temperatura, umidade, iluminacao, altura da grama, torcida, cor do uniforme, etc) pros caras correrem. Acho q nunca vou entender mesmo.