Me coloquei diante da tela pra assistir à estreia do Flamengo no Brasileiro como o terceiro cara que chegou na Therezinha de Jesus. Aquele muquirana que não trouxe nada e nem nada perguntou. As minhas expectativas, outrora tão selvagens e desmedidas, andam mal nutridas. Foram facilmente domadas, se aninharam em volta dos meus pés e cochilaram durante a maior parte do 1º tempo. Sem dar nenhuma demonstração que se incomodavam com a linguagem rude que empreguei para expressar o meu descontentamento com o futebol sem vergonha jogado pelo Flamengo na etapa inicial.
Fiquei indignado e, ao mesmo tempo, amarradão com minha visão apurada e implacável na identificação prévia dos principais defeitos do time do Flamengo. Todo meu copioso repertório de corneta, que vinha executando num aleggro con fuoco desde aquela porcaria lá em Quito, estava se confirmando com a narração de Luiz Carlos Junior. Era o terror, amizade. Dava pra ver a olho nu o time previsível e facilmente neutralizável, com os jogadores em posicionamentos claramente equivocados, Arão horroroso não marcava ninguém, Pará com uma touca ridícula e todos aqueles desgraçamentos estéticos derivados da pobreza tática chancelada pelo Abel, até então o segundo pior treinador do mundo (só perdendo pro Mano).
Com as expectativas quietinhas aos meus pés, já estava mais do que preparado pro gol do Cruzeiro. Estava convicto que eventualmente os caras iam marcar. É possível que tenha até reclamado da demora para que ele acontecesse, não lembro. Mas lembro perfeitamente que antes mesmo de disparar o primeiro impropério em direção à nossa própria cidadela o Flamengo já tinha empatado em jogada de muita sagacidade de Bruno Henrique. O xingo ficou preso na garganta, o juiz apitou e fui pro intervalo me auto congratulando pela nossa sorte do caralho.
Mal desconfiava que o 2º tempo ia quebrar o meu planejamento. Os times que voltaram pros 45 minutos finais pareciam outros. O Cruzeiro mostrou em poucos minutos que não tinha conseguido passar incólume pela conversa mole do seu chatíssimo treinador. Eles voltaram destruídos, incapazes de marcar a nossa rapaziada, que percebeu a debilidade anímica dos caras e meteu correria pra cima. Bruno Henrique de centroavante, Gabriel de ponta direita, Arrascaeta meio apertado no corredor do Renê, Arão organizando jogadas, enfim, tudo aquilo que considero inadequado, ultrapassado, inaceitável e inexequível fora do mundo encantado da cabeça do Abel estava funcionando perfeitamente no gramado contra o único time ainda invicto no futebol auriverde.
Cada jogada que dava certo era como se o Abel, Arão, Diego, Pará e até o Rodinei me cravassem uma faca nas costas. O Flamengo virou o jogo em jogada espetacular de Arão pela direita da grande área e conclusão profissional do Piloto de Fuga. Me crispei, arquejei, vidrei os olhos, agonizei. Caí no chão sangrando como um César apunhalado. Foram as minhas expectativas que me trouxeram de volta à vida, lambendo a minha cara e balançando o rabo, numa excitação que não via há muito tempo. Soltas da coleira com as quais as mantinha amarradas, as expectativas agora uivavam em frenesi. Corriam pela casa toda, subiam pelas paredes, derrubavam móveis e objetos. Num momento de completa distração acabei deixando que elas enterrassem minha corneta de fé em algum lugar do jardim.
O jogo meio que acabou ali. O Cruzeiro não se encontrou mais, a um certo momento ligaram o foda-se e se jogaram a la loca pra frente. Erro fatal. O Flamengo fez o terceiro com Gabriel. Tampa do caixão fechada. Lá em casa virou zona. A essa altura eu já lançava bolinhas para as minhas expectativas, que davam saltos cada vez maiores para alcança-las. Quando seu time está ganhando por 3 x 1 num sábado à noite um homem só quer paz, sossego e uma gelada. Mas num ultimo esforço de autoflagelação fui socrático para admitir que, em se tratando do Flamengo, a única coisa que sei é que nada sei. Fui humilhado pelo Abel, que deixou patente os motivos pelos quais ele é o treinador do Flamengo e eu apenas um corneteiro obscuro. Confesso que invejo sua autarkeia e sua apatheia perante as vicissitudes da vida. Todas as suas loucuras deram certo enquanto todas as minhas sobriedades jaziam exangues num canto da sala.
Ateu e modestamente autosuficiente, me vi ajoelhado em frente à TV, pedindo aos deuses por mais um gol para confirmar um tresloucado prognóstico onde vaticinei um improvável 4 x 1. O 4º gol não veio, o que ao menos preservou a essência da minha fé. Juan fez sua derradeira entrada em campo. Sublime. Lembranças, recordações, passagem do tempo, finitude, tudo junto ao mesmo tempo. Juan é enorme, um grande vulto na história rubro-negra. O Flamengo é ainda maior. E agora líder do Brasileiro. As expectativas, tão esquálidas e misantropas quando o jogo começou, pularam o muro, saíram voadas pelas ruas tocando o terror e derrubando latas de lixo. Ainda não voltaram pra casa. Ofereço recompensa a quem informar o seu paradeiro.
Mengão Sempre
Foda-se a objetividade, o Flamengo tem que ganhar! #SRN #PAZ
Evoluir é necessário…
Eu estou começando a verificar algumas coisas interessantes no time do Flamengo este ano.
A variedade de opções que nossos atacantes e meias nos dão pode ser o nosso maior trunfo nas competições que estamos disputando. Afinal, posso ter Bruno Henrique jogando BEM nas 3 posições do ataque; posso ter De Arrascaeta jogando bem na esquerda e no meio; posso ter Éverton Ribeiro jogando bem na direita e no meio; posso ter Gabigol jogando na direita e centralizado.
E, para completar o rodízio, ainda podemos ter Diego ajudando quando for necessário e Vitinho, que também pode jogar nas 3 posições do ataque. Ou seja, é muita fartura nas mãos do Abelão. E isso que nem estou relacionando os demais jogadores de meio e ataque (Uribe, Berrío, Bill e, provavelmente no 2º semestre, Reinier).
Parece que os jogadores estão começando a exercer bem essas novas funções e poderão, quando necessário nos jogos, voltar à posição original sem nenhum problema. Isso, de fato, é algo bastante interessante de se ver.
Só que, para não termos problemas nos jogos, não basta apenas o setor ofensivo funcionar. Precisamos, URGENTEMENTE, acertar o posicionamento defensivo do time. Pois estamos levando muitos gols de times fracos e medianos.
Não vou nem falar do gol do Cruzeiro… foi muito mais mérito do Fred em puxar a marcação e fazer o pivô para dar a assistência para o Pedro Rocha. Fala dos gols tomados contra LDU, Peñarol e San Jose, principalmente. Coisas que não podem acontecer em uma competição importante como a Libertadores.
Resolvendo isso, e Abel Braga teoricamente é um especialista em sistema defensivo, o nosso time passará a ser muito difícil de ser batido.
Há evolução?? Há… mas ainda está muito longe daquilo que nós necessitamos. E, para que a evolução continue acontecendo, é fundamental que a confiança do time não seja abalada. O que significa dizer que o jogo contra o Peñarol é o mais importante do ano disparado. Já que a classificação com um bom resultado será essencial para o planejamento do 2º semestre. Primeiro porque tiraremos um “peso enorme” das costas. E segundo porque ficaremos em 1º lugar no grupo e poderemos (se não dermos um azar absurdo no sorteio) ter um adversário muito mais acessível do que foi o mesmo Cruzeiro nas 8ªs do ano passado.
Torçamos pela evolução…
SRN a todos!!
Meu pudor de virgem me impediu de agradecer, no devido tempo, ao Carlos Moraes e ao Murtinho os elogios meio sobre os exagerados feitos em outras plagas, mas aqui pego descaradamente uma cola do Aureo Rocha, sobre a fraqueza do futebol jogado no assim chamado carioqueta, ouvi algo semelhante do Edmundo ( comentarista esportivo, epa!) que o PSG só jogava com os times fracos do campeonato francês ( que acho se pegarmos qualquer deles dá de banho… nos vocês sabem) e quando enfrentava os bons times europeus se ferrava. Guardando as devidas proporções, não se quer aqui comparar o Flamengo com PSG, o Flamengo há anos, mesmo quando tem time fraco já encara essa baba aqui no Rio, um pouco mais que um treino mais forçado do que se chamava antigamente de “treino de conjunto”.Conclusão: mais uma inutilidade desse campeonato, nem pra treino serve mais ou mesmo com o eufemismo preferido dos “gênios” que ultimamente vem comandando o nosso elenco, “estamos nos preparando para o Brasileiro e a Libertadores”. “Ora, porra, o que fazer ?” perguntarão os meus parcos ouvintes. Sei lá. Só sei de uma coisa, esse método de treinamento rotineiro não serve pra porríssima nenhuma. Que tal calçar as sandálias da humildade e dar um passeio, assim como quem não quer nada, pelos CTs de Barcelona, Real, os dois Manchester e que tais? e adaptar o que se viu ( ou aprendeu?) ao futebol tupiniquim.
Perdi a tarde de sábado.
Peguei a minha corneta e, para me preparar para a surra noturna, penetrei num casório na Catedral de Brasília.
Nada melhor que ensaiar tocando a Marcha Nupcial.
Animei-me com o gol do falso Pedro Rocha.
Ducha de água fria um minuto depois.
Fim de papo gloriosamente rubro-negro.
Dia sim, dia não.
Ótimo contra o Vasco, péssimo no segundo jogo.
Horrível contra a LDU, brilhante contra o Cruzeiro.
Como será o amanhã, indaga-se.
Não será na Ilha do Governador.
No Uruguai do Norte não se sabe o que pode acontecer.
Espero, ansioso.
A la LDU ou no estilo Cruzeiro.
Só me restam as tradicionais SRN
FLAMENGO SEMPRE
Já venho afirmando desde o início do ano: esse time do Flamengo é inconfiável. Ora perde para um timeco, ora vence um grande, e parece que treme nos jogos decisivos. Conquistou o Carioca, porque pelas bandas de cá só tem bagaço. Os laranjas, estão em outras bandas.
Senão, vejamos: na copa do Brasil, Botafogo e Vasco eliminados e Fluminense passando para outra fase às duras penas, em decisão por pênalti.
Na primeira rodada do Brasileiro, Botafogo perde, Fluminense perde em pleno Maracanã e Vasco toma um sapeca. Alias, resultados tão previsíveis, que até o meu guru, o astrólogo da baixada, o Olavinho de Belford Roxo, não erraria.
Portanto, o Carioca só serve para demonstrar a fraqueza do futebol daqui. Ganhar desses times de pereba não é nenhuma glória.
Dessa forma, ao contrário do Arthur que enterrou a sua, a minha corneta está afinadíssima e pronta para entrar em ação, porque eu não confio nem no time, nem na comissão técnica, nem na diretoria.
E essa vitória sobre o Cruzeiro não me ilude.
SRN!
* os laranjas estão em outras bandas. (sem a vírgula)
Car@&$#!$ Arthur, que texto mais fodaralho cara clap clap clap
O previsivel e imprevisivel FLAMENGO.
Como não ama-lo?
Fala Arthur, beleza?
Excelente texto! Humildade em primeiro lugar! Sempre.
Prezado, gostaria de saber sua opinião sobre um assunto que meu mano levantou e eu achei super pertinente.
Meus mais velho foi ao jogo solitariamente e adentrou cedo ao estádio. Ficou feliz de ver varias crianças, futuros rubro negrinhos curtindo aquele momento especial dos momentos pré jogo.
Último jogo do Juan. Um ídolo como raramente se vê por aí no futebol brasileiro nas atualidades….
Nenhum vídeo mostrando fotos do nosso gigantesco zagueiro, nenhum vídeo com jogadas, momentos da história desse cara fantástico e nem nada de tudo o que ele representa e/ou representou para o clube.
Que mancada terrível, não acha???
Ao invés disso, um repetitivo som de guitarra chato pra caramba somente suportável por ser o hino do maior do mundo.
Espero que nossa diretoria nunca mais dê esse tipo de vacilo, e que entenda de uma vez, o pré jogo é pra ser um Espetáculo!!!!!
SRN
Os caras acabaram de pegar o estádio, na administração anterior do estadio era bastante restrito o que o clube podia fazer no pré-jogo. Espero que o Flamengo fique esperto.
Li não sei onde e achei interessante: porque não testar o Arão na lateral-direita?
Se o Klebinho é pior que o Pará, não faz sentido estar no Flamengo.
Comentário do Mauro Cezar Pereira. Um abraço!
O mano é chato mesmo. Bem feito foi o primeiro a levar cartão amarelo. E o Dedé não joga futebol joga rugby .
Arthur, se vc acertasse o 4 x 1 no Cruzeiro (time com bons jogadores e enjoado) poderia trabalhar de astrólogo, pois tem um nos states que só fala merda e nego fica dando ibope.
Quero ver esse time jogar bem duas partidas seguidas (o que ainda não aconteceu este ano) para que as minhas expectativas comecem a aumentar (lembrando que o próximo jogo é o Internacional lá em Porto Alegre), pois já aprendi que pra torcer pro Flamengo é melhor não esperar nada do time porque quando se espera muita coisa o time apronta umas flamengadas…
SRN
Não deixe de alimentar e brincar, diariamente, com sua expectativas. rs
Esse ano tem tríplice coroa!
Olhando os desempenhos de Messi no Barcelona, verifico a união da genialidade com a simplicidade. O ET não inventa. Simplifica as jogadas com enorme refinamento. E foi exatamente o que o treinador rubro-negro fez, simplificou, em parte. Para sua sorte, o embusteiro/entregador contumaz, não jogou. A enceradeira, foi colocada em seu devido lugar. Faltava achar uma peça para a lateral direita. Ficou faltando.
Esse tal de futebol é imprevisível. O grande goleiro adversário falhou igual ao nosso embusteiro mor, afetando o psicológico do time que não mais se encontrou. Para nossa sorte, Bruno Henrique estava inspirado. Levando a zaga adversária ao desespero.
Grande Vitória, sobre um grande adversário. Resta arrumar um lateral direito; consertar o posicionamento do ataque e manter o time que iniciou a partida. Sem invencionices.
Que joguem os melhores. Sempre! Independente de nomes.
Obs: A omissão da imagem de Bruno na Homenagem do Dia do Goleiro, foi deselegante. Estamos falando de futebol e não de página policial. Independente das burradas cometidas, ele é bem superior ao suposto titular. Colocar no centro da peça publicitária o embusteiro/entregador, é ofender a classe. Pelo menos para mim.
SRN
João, o Zico sempre falou sobre fazer o simples e disse que esse era o conselho que ele dava aos mais novos. Ou seja, uma das características dos gênios é a simplicidade.
Exatamente, Rasiko. O treinador depois de velho quer lançar moda. Simplifica! Coloca os melhores e para de invencionices! Coloca os Diegos no banco. Posiciona o ataque e dá um jeito nessa lateral direita. Conforme opinião do Mauro Cezar Pereira, testa o Arão na lateral. Pior do que o Pará, acho que só o Ruindinei. Estamos pagando os pecados vendo tanta ruindade…E, lembrar de Toninho Baiano, Leandro, Jorginho…
Um abraço!
E viva o Sobrenatural de Almeida, invocado à Terra pelo nobre cronista ao mencionar o universo rodriguesiano em seus brilhantes escritos!
Vizoes diferentes vi um flamengo dominante tanto no primeiro como no segundo tempo vou ate mais longe pra fez a melhor partida do ano principlamente em funcao do adversario qualificado
Sensacional!