O ar é rarefeito, a pressão, gigantesca, a atmosfera naquelas altitudes, decididamente, não é saudável para os fracos. Tão ou mais difícil que chegar ao outro patamar é lá se manter. Contrariando a centenária liturgia rubro-negra e expandindo além do que seria razoável o conceito do Deixou Chegar Fudeu, mais associado às arrancadas enlouquecidas na reta final, o Flamengo mantém a liderança do Brasileiro desde a precoce 16ª rodada.
20 rodadas após chegar ao topo da tabela, ainda invicto e já inalcançável, o Flamengo segue brilhando e jogando o melhor futebol da América. Encarando cada adversário como se fosse o último, sem guardar nada pra depois, indo com tudo pra cima, ganhando de todo mundo e não perdendo pra ninguém. Desafiando a resistência da arcoirizada, que já não sabe mais o que fazer para mitigar seus padecimentos. Deve ser assustador nos enfrentar. Perceber o pavor nos olhos dos adversários nos faz um bem enorme.
Na semana passada a podcaster Laurinha Lero sintetizou de forma definitiva a natureza da felicidade hoje compartilhada pela Nação Rubro-Negra. Uma alegria tão intensa, arrebatadora e justificada que nos leva às lágrimas: — Chorando, caralho. . . o sonho do oprimido é virar o opressor.
Hoje o Flamengo é uma metonímia mais perfeita para opressão do que o Palácio do Planalto em seus delírios Pink & Cérebro jamais sonhou ser. Muito porque a opressão flamenga dispensa fake news e mamadeiras de piroca, é uma opressão real, palpável, visível, baseada exclusivamente em fatos. E é também, forçoso dizer, uma opressão do bem.
O Campeonato Brasileiro, há mais de uma semana solidamente incrustado no imenso e veiúdo saco rubro-negro, já não é capaz de proporcionar aos rubro-negros qualquer emoção esportiva. O frio na barriga provocado pela incerteza da disputa extinguiu-se. O Flamengo tornou-se um desfile, uma parada festiva onde o time exibe seus penteados, posa para fotos e esculacha sem piedade aos vagabundos que o encaram.
O mandrião da vez foi o desmundializado Palmeiras, vergonha das Copinhas. Honrando o seu deplorável epiteto, obtido nos anos 60 por demonstrar um irremovível espírito de porco, o Palmeiras fez de tudo para vencer ao Flamengo fora das quatro linhas. Numa manobra covarde e antidesportiva, em conluio com o MP da ponta feia da Dutra, o porco impediu que a torcida do Flamengo assistisse ao jogo na arena da WTorre. Mas eles não se deram bem, porque o guia que estava incorporado disse: — Esse time é safado, cuidado na hora jogar.
Os infelizes palmeirenses que foram ao estádio pra ver um jogo de torcida única acabaram vendo um jogo de time único. O Flamengo simplesmente não tomou conhecimento da presença do Palmeiras em campo. Era como se o Flamengo enfrentasse um grupo de cones. Um grupo mal treinado de cones, diga-se. Para fazer o primeiro gol o Flamengo não precisou de mais que quatro minutos e 32 ostentatórios passes de pé em pé até que Arrascaeta mandasse a nega pro barbante. Opressivo demais.
O jeito que o Flamengo jogava naquele mal frequentadíssimo estádio; livre, leve e solto, não permitia ao Sem Mundial sequer tentar fazer uma graça. Não foram poucos os momentos em que se flagrou jogadores de verde estáticos, sem ação, olhos fixos no belo e inspirador futebol jogado pelo Mengão Papaizão da Porra Toda, prestes a bater palmas de genuína admiração.
Mas o Flamengo, incentivado pelos coléricos comentários de Jorge Jesus à beira do gramado, não se comoveu com a indisfarçada admiração porcina. Foi pra cima dos caras e antes que o primeiro tempo acabasse, em outra jogada de Winning Eleven, Rafinha cruzou na área para o toque perfeito, de prima, com que Arrascaeta deixou a bola à feição para a finalização altamente profissional com que Gabigol consignou o 2×0.
Na ausência da nossa torcida no estádio o próprio time se encarregou de festejar o tento com a intensidade e a circunstância devidas, executando debochada e folgazã coreografia, sambando na cara da Sociedade Esportiva Palmeiras. Quando os times foram para o vestiário o porco já estava morto e exangue. E quando de lá voltaram, os Sem Copinha continuavam astênicos, catalépticos, incapazes de oferecer qualquer resistência.
Logo aos dois minutos Gerson se aproveitou de um erro canhestro de um defensor e acionou Gabriel, que mandou mais uma sapatada para movimentar o placar pela terceira vez, aumentar sua vantagem para Bruno Henrique na disputa pela artilharia e quebrar mais um recorde histórico. O ataque do Flamengo alcançara os 80 gols em 36 jogos. Insuportável. O jogo acabou ali.
Em vez de investir na potencial sacolada que se desenhava o Flamengo tirou o pé. Era visível o descontentamento do Míster, putaço com a nonchalance da rapaziada. Mesmo com o rombudo e tranquilizador 3×0 o estratego amadorense não parava de dar esporro em geral, inclusive em alguns jogadores do Palmeiras. Jesus então começou com as substituições punitivas e o jogo virou a Festa do Caqui.
Nada de muito memorável aconteceu até o trilar do apito final, salvo um gol cagado dos caras que saiu na hora em que muitos dos nossos jogadores, consultando seus relógios de pulso, já afrouxavam os cadarços das chuteiras e tiravam dos meiões suas caneleiras. Uma falta de concentração justificável, não deve mesmo ter muita graça jogar sozinho como o Flamengo jogara por quase 90 minutos ininterruptos. Com o saldo de 48 gols do Flamengo seria até mesquinho ficar se lamentando por esse gol irrelevante.
O jogo acabou, a torcida suína iniciou a depredação do estádio da WTorre lançando ao gramado uma cadeira onde incontáveis bundões palmeirenses outrora se aboletaram. Se houver justiça nessa terra o campo dos caras deverá ser interditado até as calendas gregas. Mas existem fortes suspeitas de que não haja. Bola pra frente porque ainda faltam dois jogos para formalizarem o final de um campeonato que já acabou há dois meses.
Que foi mais ou menos o tempo em que Mano Menezes se manteve no emprego que acabou por perder depois do jogo e se juntar à extensa lista de treinadores defenestrados de seus cargos após levar um sacode do impiedoso Fuderosão da Gávea. Um evento de justiça devidamente comemorado, à distância, pela maior torcida do mundo, mas que revela que a perseguição ao Flamengo, assim como o racismo e o machismo, é estrutural.
É uma perseguição tão arraigada aos nossos costumes, tão presente em nosso cotidiano, que é praticada inconscientemente até por nós mesmos. Não devemos fazer eco à mídia e alardear que o Flamengo demitiu nove técnicos adversários. Isto é errado. O correto é dizer que o Flamengo abriu nove vagas no mercado de trabalho. O que é bem diferente. É uma questão de ponto de vista e todo rubro-negro tem o dever de adotar aquele que beneficia ao Flamengo. Para que fique bem claro que o Flamengo oprime fazendo o bem.
Se assim não fosse como o Flamengo, além de deliciar os sentidos de quem fecha com o certo, teria sido capaz de neste primeiro domingo de dezembro unificar os cinturões do futebol pátrio? Agora somos Campeões Brasileiros do profissional adulto, do Sub-17 e do Sub-20, conquistado em Cariacica com uma sonora chinelada de 3×0 nos meninos porcos.
O futebol mágico, fominha e encantador que os times do Flamengo hoje jogam é uma política de estado, que flui do topo para a base. Um ciclo virtuoso que dá indícios de que nunca mais vai acabar. Daqui do alto do outro patamar não conseguimos ver ninguém. Só o Flamengo. Pode até ser meio solitário aqui no topo, sem adversários à altura. Mas é o preço que se deve pagar quando se está adiante do seu tempo. Antes só do que mal acompanhado.
Mengão Sempre
Mais um texto sensacional, como de costume. O melhor colunista disparado sobre o CR Flamengo.
Saudades do Urublog ! Saudações ..
jesus vem fazendo seus milagres no flamengo o último foi fazer Rodinei jogar bola…..
o suficiente para um time da espanha fazer uma oferta de 5 milhões de euros.
gente,pagar 5 milhas no rodilindo é muito milagre.
pega essa grana,oferece metade e pega o jorge de volta.
SRN !
Tá foda. Jesus detonou os pilares do 7×1.
Mano
Felipão
Celso Roth
Abel
Dunga
E os aposentados Parreira e Muricy
Todos com dois volantes e jogando pra empatar.
Correto, corretíssimo.
Um torcedor dos porcos foi expulso do estádio porque passou o tempo todo lendo. O livro que lia era sobre Marx, cabe a pergunta bem condizente com esses tempos, digamos, meio tenebrosos, ele foi expulso por que protestava contra um time que todo mundo vaiava ou porque lia Marx?
parei de ler em “mas é uma opressão do bem”…
ah, caros esquerdistas…
quem tá por cima, como nós Flamengos, acha que suas decisões/atos são do bem.
quem perde (a boquinha) acha que são do mal.
ou seja, leu quase tudo pra vim aqui depois falar merda kkkk
Li numa entrevista do nosso mágico Mister.
Perguntado , caso retornasse à Europa para comandar um time de ponta, quais jogadores do atual time do Flamengo gostaria de levar, o bom português não deve dúvidas – Bruno Henrique, Gabriel, além do jogador que pensa na frente de todos os demais, Arrascaeta.
Mais uma vez perfeito.
O passe de ontem para o nosso segundo gol foi algo impressionante.
De cinema.
Algo raro de ser visto.
Como bem disse o Murtinho.
Joga futebol como se tivesse chupando laranjas.
Até parece, para os incautos, que possa estar se escondendo.
Nada disso.
Está à espera do momento exato para exibir todo o seu potencial de CRAQUE.
Entusiasmadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Que qui é isso, minha gente? O que foi o 2º gol do Flamengo? Se o Klopp viu, deve estar procurando respostas nos seus filósofos patrícios. Arraxxxca é sinistro demais! – surge do nada, dá só um toque e bora neguinho na cara do gol. Depois amarra aquela cara de sonso, como quem diz “não precisa se preocupar comigo” e volta a chupar manga. Monstro!
Concordo com o JJ em defender o Mano. O que qui o cara, que ninguém entende, podia fazer a não ser rezar pra perder de pouco?
Além de tudo, o melhor e único jogador deles, Dudu, tava mais preocupado com a porradaria rolando nas tribunas do estádio da WTorre entre a titular e a reserva que se revezam na sua alcova, mas que nem ele sabe quem vai pro campo e quem fica no banco. Deve ser difícil dar conta do recado em meio a tanto assunto aleatório.
srn p&a
Rasiko, quando o Mano deixou o Flamengo anos atrás dizendo vociferando que o time não entendeu nada do que ele queria, eu disse que era o único técnico brasileiro que falava javanês, em alusão a obra prima de Lima Barreto, “O homem que falava javanês”. Pelo jeito ele continua falando javanês…agora mais castiço.
Amigo Rasiko,
pelo que já escrevemos lá no Urublog, acho até que repetido por estas bandas, nós tivemos emoções iguais lá em 1949, no então fabuloso estádio do Gigante da Colina, quando da estréia do extraordinário goleiro paraguaio Garcia na nossa meta, em memorável vitória sobre o Arsenal, por 3 x 1.
Passados nada mais nada menos do que SETENTA ANOS, um outro gringo, que agora vimos por meios eletrônicos, nos traz uma emoção idêntica, de amor aos bons jogadores e, em especial ao Flamengo.
Fico com os franceses – c’ est la vie …
Inebriadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Pô Carlos, agora você me emocionou. Esse jogo é simbólico na minha vida. Foi o 1º que assisti ao vivo, inaugurando também minha 1ª camisa rubro-negra, feita pela minha mãe, de algodão com botões, gola, calça curta branca e tudo. Primeiro ela fez uma com um lado vermelho e outro preto e foi com essa que fui pro estádio. Depois exigi uma igual a dos jogadores com faixas alternadas. Deu uma trabalheira, mas saiu.
Xisto, eu já assumi faz tempo que não entendo porra nenhuma de futebol, especialmente de táticas e quejandos. Só me manifesto na alegria de atacar e no sofrimento de defender, mas quando o Flamengo contratou o Mano Menezes, antes mesmo dele entrar em campo, eu chutei o balde em mais das muitas desistências com esses treineros vagabundos. Não é preciso ser muito perspicaz pra enxergar o óbvio.
Colocar o SIMPÁTICO Rodinei na partida foi um pouco de falta de misericórdia.
Até um amigo palmeirista reclamou na hora pra mim: “Po, não precisava humilhar colocando o pretinho Rodi”.
Eu ri. kkkkk
O esculacho definitivo e necessário no cheiro verde.
Chupa suíno!
SRN
Eu confesso…
Realmente foi um jogo diferente, eu estava atarefado com outras coisas (algo que eu não faria se o jogo fosse realmente pegado) e assistir meio en passant o Flamengo dar outra chinelada nos Porcos.
A diferença tática e técnica, sem falar do animus massacrantis, era tão notória que o primeiro gol parecia aquela roda de bobinho feita para aquecer o time antes dos jogos. Só faltou ter uma mesa no meio de campo para os jogadores treinarem o controle de bola e fazerem deboche com os pontos conquistados.
Falando em deboche, o que o Arrascaeta fez ontem não tem outro nome. Fez embaixadinha para lançar o Rafinha em um lance que lembrou a defesa do Banks em 1970. Cabeçada de quem? De quem? Vitinho… que ao melhor estilo do Rei Pelé deu uma cabeçada de cima pra baixo que o professor da escolinha ficaria orgulhoso de ver. Fundamento perfeito assim como a defesa do goleiro dos Porcos.
Não satisfeito de a jogada não ter terminado em gol, Arrascaeta debochou de novo com uma ajeitada de primeira para o Gabigol no segundo gol do time. E daí para o 3º gol foram apenas 3 minutos (descontando o tempo do intervalo de jogo).
Se não me engano, essa é a terceira ou quarta vez que o Flamengo faz 2 ou mais gols em intervalos menores que 5 minutos. Ou seja, além de treinador de futebol, Jorge Jesus também é adepto do boxe ou do MMA. Quando tem um knock down, vai logo pro nocaute. E, se bobear, vai para o massacre… afinal, o árbitro de futebol não pode terminar a “luta” antes dos 90 minutos regulamentares (para azar do Grêmio).
Só sei que o atual Flamengo está do jeito que todos os torcedores gostam. Ganha, convence, massacra e ainda demite treineiros adversários.
Se bem que essa não foi uma boa política para o jogo de ontem. Seria melhor para nós que Mano continuasse destreinando os Porcos no próximo ano. Mas, JJ só se importa em ganhar, ganhar, ganhar…
Não há espaço para pensar no amanhã. Amanhã, como diria Jesus, é dia de bater em outro time e conquistar mais recordes.
Pois, quando perguntado na coletiva de imprensa o que faria ainda neste Brasileirão já que possuía um BOA campanha, Jorge Jesus retrucou: Boa?? Não seria uma campanha recorde??
E é esse o espírito do Portuga. Não basta vencer (ou melhor, ganhar), tem que estabelecer parâmetros. E os outros que corram atrás.
SRN a todos!!!
mais um texto foda!
só faltou falar da criançada feliz da vida com a presença do gabigol.
SRN !
O próximo técnico do Flamengo será Filipe Luís. Não sem antes bater ponto no meio campo, alternando com Arrascaeta, liberando a lateral esquerda para o melhor marcador Renê !!..
A prova de que o Flamengo oprime fazendo o bem é que bastou o Flamengo ser campeão da porra toda pros vasquinhos começarem a se filiar à Vasca.
Fala Arthur!
Brilhante em suas palavras, mais uma vez. Ontem já nos 35 minutos do primeiro tempo, tive a sensação de que estávamos jogando com o Bomssucesso FC. Agora é aguardar o dia 17 e mostrar ao mundo que o fuderosão das Américas chegou pra dominar tudo. Vamos que vamos. SRN!