Campeonato Brasileiro, 19ª rodada.
Estamos diante da oportunidade da década.
Não se trata de oba-oba ou ufanismo vazio. Mesmo com os pés presos a ferros no chão, é justo criar expectativas positivas quanto a uma grande conquista na temporada.
Por ora, tratemos do Campeonato Brasileiro, competição pela qual Flamengo e Santos se enfrentaram no Maracanã.
De 2011 a 2018, em três ocasiões terminamos entre os quatro primeiros colocados – o que, ao menos em tese, deveria nos credenciar à disputa do título. E apesar das naturais zoações, do cheirinho de hepta, do segue o líder, nas três tínhamos consciência de que havia lacunas no elenco, contratações discutíveis, escolhas equivocadas, posições vulneráveis. Só não via quem não queria ver.
Em 2011, chegamos em quarto lugar. O goleiro era Felipe, que Ronaldinho Gaúcho chamava, nas internas, de “Mão de Pau”. Na zaga, Welinton, tremendo fazedor de lambanças. A responsabilidade de organizar o meio-campo cabia a Renato Abreu. Centroavante, Deivid ou Jael. Cruel. Entretanto, nada superou a falta de comprometimento de Ronaldinho Gaúcho. Uma pena.
Em 2016, ficamos em terceiro. No gol, Muralha. Na zaga, Rafael Vaz. No meio-campo, Márcio Araújo. E pela ponta-direita, Gabriel Perninha de Siriema.
Em 2018, segundo lugar. Rodinei ou Pará na lateral, Uribe ou Henrique Dourado no comando do ataque e, nas pontas, às vezes apelávamos para Geuvânio, às vezes para Marlos Moreno. A vida recente do torcedor rubro-negro já foi bem penosa.
Não existe esquema perfeito, não há jogador que não erre. Deus e o Rei erravam. O Santos da década de sessenta e o Flamengo da de oitenta perdiam. O time de Jorge Jesus tem suas fragilidades, pode ser e provavelmente será batido, mas vem sobrando na turma, com um futebol como há muito não se vê por aqui. Nem mesmo no período em que liderou folgadamente o Palmeiras mostrou um futebol bom de ver.
Nesse quesito, percebo outros dois times elogiáveis: Santos e Grêmio. As chances do Santos no campeonato são pequenas, devido ao elenco reduzido e desequilibrado, e as do Grêmio menores ainda, pela controversa decisão de dar um bico no Brasileiro para escanteio.
Temos somente três pontos a mais que o Palmeiras, quando a diferença de desempenho já deveria ter se transformado em oito ou nove. Se isso não aconteceu – muito porque passamos boa parte do tempo achando que perder era normal –, abramos os olhos. Apesar das vitórias nas três últimas partidas, o Palmeiras segue sendo um time enfadonho. O problema é que, muitas vezes, times tediosos são campeões.
(Antes que o assunto mude: o Athletico Paranaense poderia se juntar à lista dos que praticam um futebol agradável, caso tivesse fora da grama sintética um terço do desempenho que apresenta na Arena da Baixada.)
O Campeonato Brasileiro é disputado por pontos corridos há dezesseis anos. De 2003 a 2018, apenas duas vezes – Cruzeiro em 2014, Corinthians em 2017 – o campeão fez mais de 42 pontos nas dezenove primeiras rodadas. Embora nada garanta, a pontuação do Flamengo é rara. Contudo, convém não esquecer que, ano passado, o São Paulo fechou o primeiro turno com oito pontos de frente em relação ao Palmeiras (41 a 33). No final da brincadeira, o campeão Palmeiras tinha dezessete pontos a mais que o São Paulo quinto colocado. Terrorismo de chuteiras? Claro que não, apenas um toque.
Creio estar claro a todos que a empolgação da torcida rubro-negra não se deve à midiática – e nada além disso – liderança ao fim do primeiro turno, tampouco a esses míseros três pontos a mais: o entusiasmo vem da bola redondaça que o Flamengo tem jogado. O campeonato é traiçoeiro, vantagens na tabela se dissipam sem que se perceba, só que Jorge Jesus conseguiu um padrão que, espera-se, será capaz de manter o sarrafo a uma altura que ninguém mais consiga saltar.
Flamengo e Santos foi um jogaço de bola. Ainda que sem a transbordância de oportunidades que os dois costumam criar e sem atuações individuais tão brilhantes, uma partida à altura do que a gente costuma assistir com inveja nas ligas europeias mais badaladas. Movimentação incessante, posicionamento ofensivo, alternância de funções, intensidade, concentração, marcação apertando a saída de bola do adversário, certeza de que qualquer erro poderia ser fatal. Como foi: Sasha errou, pimba. O que o Flamengo deixou de fazer no jogo certamente não foi por incompetência, e sim por mérito do Santos. E vice-versa.
A destacar, a eficiência defensiva: já são quatro jogos consecutivos no Campeonato Brasileiro sem levar gol, sendo que em dois deles encaramos os ataques que, Flamengo à parte, são os mais positivos – ambos com uma dúzia de gols a menos que o nosso.
Como estamos nos acostumando mal, o gol de Gabriel foi um primor. Além da clarividência e da rapidez de raciocínio de Everton Ribeiro, chamou atenção o fato de que, assim que bateu na bola, Gabriel já saiu para a comemoração, certo de que a trajetória seria exatamente a que ele imaginara. Everson estava adiantado, porém não tanto. A conclusão requeria precisão absoluta, para não virar um recuo nas mãos do goleiro ou encobrir o travessão. Coisa linda.
Em 2019, estamos diante da nossa Serra Pelada. Ouro, há. Mas tem que ralar.
Lances principais.
1º tempo:
Aos 7 minutos, depois de uma saída atrapalhada com Pablo Marí e Filipe Luís, Victor Ferraz cortou pelo Santos, rolou a Eduardo Sasha, daí a Carlos Sánchez e a esticada para Marinho. Ele passou na corrida por Pablo Marí, chegou à linha de fundo e cruzou rasteiro. Jorge furou e Sasha emendou em cima de Rafinha. O Santos retomou a bola, Sánchez levantou na entrada da área, Lucas Veríssimo se antecipou a Rodrigo Caio e cabeceou à esquerda do gol de Diego Alves.
Aos 13, depois de boa tentativa entre Gabriel e Bruno Henrique pelo meio, Luan Peres chegou dividindo com Bruno Henrique e a bola ficou fácil para o goleiro Everson. Na sequência, ele saiu jogando errado e presenteou Willian Arão, que de cabeça ligou com Everton Ribeiro e daí a Gabriel. Gustavo Henrique fez o corte do jeito que deu, Arrascaeta recolheu a sobra e, de dentro da área, bateu cruzado e rasteiro, perto da trave esquerda e com perigo para Everson.
Aos 18, boa jogada entre Carlos Sánchez e Marinho pela direita. Sem ângulo, Sánchez tentou surpreender Diego Alves com um bonito chute de trivela. Diego Alves espalmou, um tanto assustado, e Soteldo pegou de primeira. A bola roçou em Rafinha e Rodrigo Caio salvou para escanteio.
Aos 29, o Flamengo trabalhou muito bem desde a saída de bola. Diego Alves, Rodrigo Caio, Rafinha, Everton Ribeiro, novamente Rafinha, Willian Arão, Filipe Luís, Arrascaeta, devolução a Filipe Luís e daí mais à frente a Bruno Henrique. Ele se livrou de Lucas Veríssimo, deu um belo drible em Sánchez e levantou na área. Gustavo Henrique cortou, Gerson ganhou o rebote no alto e tocou a Everton Ribeiro, que bateu rasteiro, com pouca força, à esquerda do gol de Everson.
Aos 43, o Santos evoluía trocando passes de pé em pé, até que Eduardo Sasha errou o recuo e rolou de graça para Everton Ribeiro. Rapidamente ele lançou Gabriel, que arrancou pela meia-direita. Quase na chegada à área, Gabriel cortou Gustavo Henrique para dentro, limpando para o pé esquerdo, viu Everson um pouco adiantado e deu um toque de enorme categoria, encobrindo o goleiro santista. A bola roçou no travessão e entrou. Um lance de difícil execução, um gol muito bonito. Um a zero.
2º tempo:
A 1 minuto, o Santos tentou sair pela esquerda, Willian Arão tomou a bola de Soteldo e mandou na direção da área. A bola desviou em Alison, Gabriel dominou, girou e chutou com perigo, rente à trave esquerda de Everson.
Aos 3, Filipe Luís cortou o passe de Victor Ferraz para Marinho e começou o contra-ataque com Arrascaeta, que deu ótimo lançamento para Bruno Henrique. Marcado por Lucas Veríssimo, Bruno Henrique levantou a cabeça, viu a chegada de Everton Ribeiro pelo outro lado e rolou na medida. Everton Ribeiro tentou colocar no canto direito de Everson, mas Luan Peres interceptou a conclusão.
Aos 5, falta de Pablo Marí em Marinho, junto à lateral. Marinho bateu, Victor Ferraz se antecipou a Filipe Luís e desviou de cabeça. A bola atravessou a pequena área sob o controle de Diego Alves, que apenas acompanhou.
Aos 21, jogada espetacular de Bruno Henrique pela esquerda. Recebeu de Gerson, driblou Victor Ferraz duas vezes, sendo a segunda num espaço mínimo de campo, e, embora sem ângulo, colado à linha de fundo, soltou uma bomba que explodiu na cabeça do goleiro Everson e saiu a escanteio.
Aos 35, Gerson interceptou a saída do Santos tocando a Pablo Marí, que empurrou a Filipe Luís e daí a Everton Ribeiro. Mesmo caindo, Everton Ribeiro brigou com Alison pela posse de bola, ganhou, avançou, livrou-se de Victor Ferraz e teve a arrancada interrompida por Lucas Veríssimo. Arrascaeta pegou a sobra com um chute forte e perigoso, que passou junto à trave direita de Everson.
Aos 46, Felipe Jonatan deu um bonito drible em Gerson, junto à linha de fundo, e cruzou. Renê tirou de cabeça, a bola chegou quicando e, apertado por Everton Ribeiro, Jorge isolou.
Aos 47, Alison levantou na área do Flamengo e Rafinha cortou de cabeça para Berrío, que fez ótimo lançamento para Gabriel na direita. Bruno Henrique chegava livre pelo outro lado, Gabriel demorou a soltar e, quando tocou, Alison cortou.
Ficha do jogo.
Flamengo 1 x 0 Santos.
Maracanã, 14 de setembro.
Flamengo: Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís (Renê); Willian Arão, Gerson, Everton Ribeiro e Arrascaeta (Berrío); Gabriel e Bruno Henrique. Técnico: Jorge Jesus.
Santos: Everson; Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, Gustavo Henrique e Luan Peres (Uribe); Alison, Carlos Sánchez (Felipe Jonatan) e Jorge; Marinho, Eduardo Sasha (Cueva) e Soteldo. Técnico: Jorge Sampaoli.
Gol: Gabriel aos 43’ do 1º tempo.
Cartões amarelos: Gabriel e Bruno Henrique; Lucas Veríssimo, Gustavo Henrique, Cueva, Marinho e Soteldo.
Juiz: Bráulio da Silva Machado. Bandeirinhas: Kleber Lúcio Gil e Henrique Ribeiro.
Renda: R$ 3.328.050,00. Público: 68.243.
murtinho,
CBF sacaneou o flamengo !
espero um post seu falando do tema….
SRN !
No primeiro turno acho que ganhamos até com certa facilidade aqui por 3 a 1; agora que somos favoritos, será que o Flamengo vai arranjar uma daquelas recaídas, tipo não aguento ser feliz ? Mas vou encarar com essa minha nova fase, tranquilidade pura.
murtinho e amigos,
esse ano tá com pinta que tudo vai ser nosso….
temos um dos melhores treinadores atuando no brasil,se não for o melhor !
um dos melhores elencos,se não for o melhor !
com certeza o melhor time ,melhor torcida,melhor arrecadação…etc
SRN !
Fala, Chacal.
Pois é, rapaz: há quanto tempo não tínhamos isso?
E talvez nem nos tempos de Zico e companhia a gente liderasse também no item “melhor arrecadação”. Não sei.
Vamo que vamo.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Prezado Murtinho,
Hoje está sendo tão prazeroso ir ao nosso Maracanã quanto na época do Zico. Dá gosto ver o nosso Flamengo do JJ jogar.
Contra o Santos a sensação de vitória estava presente o tempo todo, e o único receio era o da “bola vadia”. Chega a assustar. Faz mais de trinta anos que não me sentia assim.
JJ distribuiu o time em campo provando que conhecia o adversário nos detalhes. Diego Alves foi um espectador privilegiado.
Realmente, os pontas do Sampaoli deram trabalho. O baixinho Soteldo é arisco. Marinho também. Bom que a estratégia do JJ foi precisa.
Foi mesmo um jogão, mas teria sido perfeito se Arrascaeta e Bruno Henrique tivessem aproveitado suas oportunidades, e Gabigol ter feito aquele último passe no finalzinho no momento certo, apesar deste estar perdoado pelo golaço que fez e BH pela jogada e drible espetaculares. Devendo, ficou Arrascaeta.
A nota negativa foi o Santos bater muito e o assoprador de apito, como todos, contemporizar. A arbitragem do brasileirão está mesmo uma lástima.
Enquanto isso, vamos nos mantendo grudados no chão, calçadinhos com as sandálias da humildade, sempre ansiosos pelo próximo jogo.
Quanto ao clima do já ganhou, JJ tem mantido o oba-oba longe do Ninho. Que assim seja!
SRN! Prá cima deles, Flamengo!
Fala, Fernando.
Morando em São Paulo, não consigo participar desse glorioso momento maracanãnico, mas posso imaginar o que está sendo.
“Contra o Santos a sensação de vitória estava presente o tempo todo”. Isso é muito bom. E é bem parecido com o que disse meu genro, que mora na cidade do Porto, (Portugal), durante a primeira partida contra o Inter, pelas quartas de final da Libertadores. Lembra que eu botei lá no post? Quando o jogo ainda estava zero a zero, por volta dos quinze minutos do segundo tempo, Caio me mandou a seguinte mensagem por WhatsApp: “Tenho que confessar que nunca vi um time do Flamengo jogando taticamente tão bem. O gol tem que vir.” Essa sensação que estamos tendo em todos os jogos – você no Maraca, eu no sofá de casa, meu genro e minha filha do outro lado do oceano – é maravilhosa.
No mais, é isso aí: sandálias da humildade e oba-oba longe do Ninho.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Uma excelente análise de um jogo que vi enfrentando dificuldades.
Uma festividade familiar obrigou-me a sair de casa.
Tudo em razão da CBF que trocou o horário do jogo, que, se tal não acontecesse, iria assistir com os amigos Cavaleiros, em um clima totalmente voltado ao futebol. Onde estava, o centro de atenções era outro e dar uma ^bisolhada^ na TV já era sinal de má educação.
Em assim sendo, vou abordar alguns tópicos da sempre correta apreciação do Murtinho, mesmo que possa discordar aqui ou ali.
Em primeiro lugar, o que houve de mais importante – o gol sensacional do Gabriel, o encantado.
Um chute perfeito e extremamente difícil. Nota DEZ, para o melhor em campo.
Apesar disso, acho que o ex-goleiro do Ceará falhou.
Pra começo de conversa, não deveria ter sido escalado, como, de resto, vem sendo sempre.
O antigo titular, o Wanderley, é muito superior.
Maluquice típica de um maluco-beleza como é o Sampaoli.
Sempre discordei, neste aspecto, do badalado técnico, que, a meu ver, é MUITO inferior a outro maluco argentino, o Loco Bielsa, este sim de primeira grandeza.
Optar pelo mais fraco, em termos de goleiro, nem novidade é.
Na sua PESSIMA campanha à frente de sua seleção na Copa da Rússia, entre outros inúmeros equívocos, preteriu Armani pelo bizarro Cabalero, reserva inquestionável no mundo inglês.
A Croácia agradeceu.
Não ouvi – nem tinha condições para tanto – mas dizem que o Gabriel admitiu que o Diego Alves havia avisado previamente que o Everson costuma jogar adiantado.
Não posso confirmar ou não. Nunca havia reparado.
O fato é que, pela característica da jogada, um contraataque rápido fruto da incrível falha do HORROROSO Sacha (time que pretende disputar o título não pode ter um centroavante tão fraco que, ainda por cima, tem como reserva nada mais nada menos que o Uribe)
qualquer goleiro não se anteciparia, até pelo contrário.
Duvido que o Gabriel, se visse o goleiro na posição correta, fosse sequer tentar o chute perfeito. Nem deveria, mesmo.
Dito isso, o resumão comprova que as defesas predominaram amplamente.
Diego Alves não fez uma defesa sequer (o Avaí, por absurdo, foi muito mais insinuante ofensivamente) e o Everson apenas uma, em linda jogada do Bruno Henrique.
Em razão do total domínio das defesas, não fiquei tão entusiasmado assim com a qualidade do jogo, o que não afasta o meu entusiasmo pela qualidade do padrão de jogo do nosso time, depois da chegada do Mister.
Para mim, só se o Sobrenatural de Almeida resolver aparecer ao longo do segundo turno impedirá o nosso HEPTA.
Já a Libertadores, é outro papo.
De há muito venho afirmando que Flamengo e Grêmio (jamais colocaria o Santos no mesmo padrão, vamos ver domingo o que acontecerá na Vila) são os dois grandes times brasileiros.
Torci loucamente pelo Palmeiras, na fase anterior.
A semifinal é rigorosamente IMPREVISíVEL.
Cabe aguardar.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Meu amigo Carlos Moraes.
Comecemos pelo Vanderlei. Eu também o acho um grande goleiro, mas é enrolado com a bola nos pés e alguns treinadores não aceitam mais isso.
Você, que acompanha o futebol inglês, certamente vai lembrar que, quando Guardiola chegou ao Manchester City, uma de suas primeiras medidas foi afastar o ídolo da torcida e então titular da seleção, John Hart, para contratar um goleiro que pudesse atuar quase que de líbero. Tentou com o chileno Bravo, não funcionou. Deu certo com o brasileiro Ederson.
Foi um jogo de poucas chances, mas com muita intensidade e muito empenho tático. Pra mim, jogão.
Sim, na saída do gramado, Gabriel disse que Diego Alves o havia alertado quanto ao posicionamento de Everson. E o repórter André Hernan perguntou ao goleiro se ele achava que a bola tinha sido defensável. Achei boa a resposta. Everson disse que sim, seria defensável se ele estivesse embaixo da trave, mas que pelo esquema do Santos ele precisa jogar mais à frente, e que havia um atacante do Flamengo entrando pelo outro lado, e ele tinha que estar atento para tentar cortar um possível passe (esse atacante só podia ser o Bruno Henrique, mas confesso não ter reparado nisso). Não dá mais para o goleiro jogar plantadão lá atrás.
Flamengo e Grêmio estão, sem dúvida, alguns níveis acima do Santos, o que se deve, sobretudo, à qualidade individual dos jogadores. A questão é que isso dá argumento a algo com o que você não concorda: os méritos de Sampaoli.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Sem pedir a devida licença, vou me permitir fazer uma propaganda.
Leiam o artigo de hoje, dia 18, do Paulo Cesar Caju no O GLOBO.
Pede pela volta do futebol brasileiro, o que, ao ver dele e também do meu, só será possível se nos libertarmos da influência nefasta dos treinadores caboclos.
Em assim sendo, deixo claro que não duvido dos méritos de Sampaoli, o que não me impede de criticá-lo por suas teimosias e decisões equivocadas, postas à prova no último jogo.
Barrar um goleiro dos melhores deste país por outro que ,hipoteticamente, saiba jogar com os pés, embora apenas regular com as mãos, órgao de vital importância para a sua posição, não faz o menor sentido. É teimosia autêntica.
Tirar da sua posição normal o bom jogador Jorge, que acabou fazendo uma péssima partida, foi uma decisão equivocada, tomada, fundamentalmente, pela necessidade de ser diferente.
Saber mexer no time, tirando-o da inércia, é de vital importância, desde que com um mínimo de lógica, como exatamente fazem o Guardiola e o Klopp.
Há que se reconhecer, em defesa do Sampaoli, que o time do Santos é limitado, estando, na balança do futebol, quase que no polo oposto de Manchester City e Liverpool.
Por outro lado, quando teve nas mãos, com um tempo enorme para treinamento, a Seleção do próprio país, que quase sempre esteve nos degraus mais altos da escada do futebol, perdeu-se completamente, fazendo um papel patético, até pelo evidente desprezo que mereceu de Messi e Cia.
É um bom técnico, sem a menor dúvida, mas parece-me ser muito mais indicado para comandar equipes de menor potencial (seleção do Chile, o próprio Santos), quando consegue impor todas as suas ^loucuras^.
Tenho admiração, sendo motivo maior a sua nítida intenção de jogar ofensivamente, desprezando o futebol retranqueiro dos Parreiras e Felipões da vida, que tinham a seu dispor Romário/Bebeto e Ronaldo/Ronaldo/Rivaldo, para lhes permitir a glória.
Assim, fica muito mais fácil.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
excelente comentário !
SRN !
Meu querido Carlos Moraes.
Esses debates futebolísticos são deliciosos.
Antes de qualquer coisa, questão de ordem: você está proibido de pedir licença para fazer o que for nessa humilde caixa de comentários. O espaço está aí pra isso.
Apesar de todo mimimi – até Carpegiani entrou nessa – o jeito de jogar do Flamengo e do Santos tem escancarado a fraqueza e o atraso dos treinadores brasileiros. Deveriam aceitar, enfiar a viola no saco e tratar de se atualizar. Mas não. Preferem se defender, no campo e fora dele.
Concordo que, muitas vezes, esses caras tomam decisões pelo que você chamou de “necessidade de ser diferente”. Mas Sampaoli ficou num mato sem cachorro devido à ausência de Diego Pituca, que é um volante que sai pro jogo, tem bom passe, consegue criar oportunidades para os atacantes. Alison só defende e Jean Motta é por demais inconstante, daí que o jeito foi apelar para um cara bom de bola, feito o Jorge. (Lembre-se que o elenco do Santos é limitado.) Juro: não achei nenhum absurdo. Agora, cá entre nós: é minha tevê que anda distorcendo as imagens ou o ex-nosso Jorge tá um pouco gorducho?
Quanto ao outro argumento, creio que há mais coisas entre os jogadores argentinos e sua seleção do que supõe a nossa vã filosofia. Algumas eu até consigo detectar, outras não. O que detecto: certos jogadores argentinos não são essa coca-cola toda que nos é vendida. Conhecemos Otamendi aqui do Atlético Mineiro e, claro, do City. Um zagueiro nota sete, no máximo. Pois Otamendi é titular da seleção argentina há não sei quanto tempo. Sempre achei Higuaín fraquíssimo. Agora ele se aposentou da seleção, mas por quanto tempo Higuaín foi titular, barrando inclusive Aguero (que é muito bom centroavante, mas também não é craque)? Outro que coloco no nível de Aguero: Di Maria. Muito bom sim, craque não. E por aí vai. Agora, se formos analisar um cara pelos feitos obtidos como treinador da seleção argentina, não vai sobrar ninguém de 1993 pra cá: a última conquista deles foi a Copa América daquele ano (Basile era o técnico). Desde então, juntando Copa do Mundo, Copa das Confederações e Copa América, foram dezoito competições e nenhum título. Pra piorar o enigma: Messi disputou nove dessas competições, sendo quatro edições da Copa do Mundo e cinco da Copa América. É um mistério.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Rápido e sucinto.
100% de acordo.
Carpeggianni (palhaçada), Diego Pituca, Jorge (gordinho, mesmo), Otamendi, Higuain (ponto negativo pro outro Jorge), Aguero, Di Maria e o MISTÉRIO.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
murtinho,desses argentinos só o Di maria teria direito a sentar no banco de reservas do mengão.
SRN !
Jorge, muitos “especialistas” opinaram que Gérson caiu de produção em relação ao exuberante futebol que vinha praticando. Quanto à exuberância, concordo, só que ele teve um importantíssimo papel tático na defesa que parece ter passado batido pela gato-mestragem dos canais esportivos: fazer a cobertura do Rafinha no combate ao Soteldo, sem dúvida o mais perigoso jogador do Santos. E foi por ali que o ferrolho da nossa defesa se fechou e o Diego Alves saiu sem suar nem sujar a camisa. Minha admiração pelo futebol do Gérson é pública e notória, mas como você é o meu Mister na análise tática, peço sua benção pra que não pareça corporativismo de torcedor.
Outro detalhe (nem tão detalhe assim) que passou batido na “crônica esportiva” foi o quanto o time do Santos deu porrada pra parar as jogadas. Lembrando que o Sampaoli quase teve um enfarte diante do genérico do Paraná por seus jogadores fazerem cera caindo toda hora. Acho que ele, Sampaoli, não sabe que pau que bate em Chico é o mesmo que bate em Francisco. E é óbvio que o Gustavo Henrique deveria ter recebido o 2º amarelo depois daquela falta violenta e, portanto, expulso – falando no zagueiro santista, dizem que ele já tem, ou fará em breve, pré-contrato com o Flamengo. Sabe alguma coisa?
Também pouco observado foi que a atuação do Arrascaeta abaixo do seu habitual nível de excelência teve a ver com o desgaste sofrido nos jogos da seleção uruguaia.
E o que foi aquele dibre do Bruno Henrique no espaço de um lenço? E ainda teve neguinho preterindo ele pelo Dudu na Bola de Prata do turno! Pode isso Arnaldo?
Grande abraço,
srn p&a
Pra completar: o que joga o Everton Ribeiro!
Joga muito.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Fala, Rasiko.
Gerson fez mais uma grande partida. E eu confesso a você que não sei aonde esses caras aprenderam futebol. Ano passado, lembro de dois comentaristas do SporTV – Wagner Vilaron e Carlos Eduardo Lino – chamando Everton, do São Paulo, de craque, jogador que arruma time, candidato a melhor do campeonato. Sim, o mesmo Everton que jogou no Flamengo e tinha enorme dificuldade para pensar e correr ao mesmo tempo.
O lance do Gustavo Henrique revelou, mais uma vez, o corporativismo da nossa brava mídia. Comentando a arbitragem, Sandro Meira Ricci veio com o argumento de que Bruno Henrique não tinha a bola dominada e que Lucas Veríssimo chegava para dar combate. E daí? Ok: por essas razões, não era para cartão vermelho, mas era para amarelo. No caso, o segundo e, consequentemente, expulsão. O narrador Luís Roberto, o comentarista Lédio Carmona, não teve ninguém pra chegar e dizer: “Mas, Sandro, quer dizer que se o jogador não estiver com a bola dominada e outro zagueiro vier na cobertura, vale navalhada, soco na cara, cascudo?” Fim do mundo.
Fora isso: Gustavo Henrique é bom zagueiro, mas Lucas Veríssimo me parece melhor. Talvez Gustavo Henrique esteja disponível, por questões contratuais, e Lucas Veríssimo não.
Sim, Arrascaeta sentiu as viagens e os jogos. E “espaço de um lenço” é exatamente o que eu gostaria de ter escrito a respeito do fantástico drible de Bruno Henrique em Victor Ferraz.
Abração. SRN. Paz & Amor.
“Espaço de um lenço” creio que é Armando Nogueira sobre Garrincha, mas olha a hora, 2h30 da matina, amanhã confiro. SRN
Fala, Dunlop.
Isso é o que eu chamo de amor à camisa.
2h30 da matina, e o cara lendo e respondendo na caixa de comentários do blog.
Valeu, meu camarada. Abração. SRN. Paz & Amor.
Parabéns, Murtinho, por mais este textaço!
SRN
Opa!
Valeu, Mauricio.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Murtinho, esse jogo foi muito complicado. O adversário não teve o mínimo temor em jogar em igualdade. O matreiro treinador utilizou de todos os expedientes possíveis para atingir o objetivo da Vitória. Primeiramente, na tentativa de igualar em técnica, lançou os atacantes abertos nas pontas, obrigando os laterais em constante cuidado. Marinho e Soteldo deram trabalho. O Excelente condicionamento físico e técnica praticamente eliminaram as subidas de ambos. O rubro-negro teve de iniciar as jogadas pelo meio-campo, truncando o jogo. Posteriormente, tentou se impor fisicamente e através do vigor igualou o jogo, uma vez que Arrascaeta sumiu da partida. O adversário ganhava todas as divididas e tebotes. Por derradeiro, através da pressão psicológica, quase atingiu o objetivo com a possibilidade de expulsão de Gabriel em suas crises de Síndrome de Guerrero. Ainda bem que após o belíssimo gol, ele tranquilizou.
Algumas observações do jogo merecem referência. São elas:
1) O sistema defensivo melhorou acentuadamente. Diria que tática e coletivamente este foi o melhor jogo sob o comando do Mister. Individualmente, não houve uma figura exponencial, mas coletivamente, o time foi perfeito. Teve paciência e maturidade para superar o trabalho técnico e coletivo imposto pelo adversário.
2) Nesses jogos pegados, Arrascaeta e Everton Ribeiro tem de ir além da técnica. Tem de haver mais disposição. Everton Ribeiro melhorou acentuadamente no combate e disposição na marcação. O uruguaio é craque, mas tem de acentuar a pegada. Os jogos contra o Grêmio merecem uma reflexão. Ainda dá tempo de uma análise de desempenho. O grande problema é que não tem peça de reposição. Piris da Mota…nem pensar.
3) O maior ensinamento do jogo é de que os adversários estão estudando a forma de jogar do rubro-negro. Muita calma e concentração. O Santos deixou um recado. Resta assimilar.
SRN
Fala, João.
Foi dureza e não havia como esperar que fosse diferente. Bobagem achar, como muitos achavam, que era jogo pra três a dois ou quatro a três.
Também gostei demais da atuação coletiva do nosso time – e, justiça seja feita, do Santos também.
Arrascaeta é aquilo que escrevi outro dia, numa das respostas aqui. Ele dá uma sumida mesmo, dá umas apagadas, mas tem-se a impressão de que está naquelas de se fingir de morto pra fazer uma graça com o coveiro. Everton Ribeiro jogou muito.
É bastante provável que os adversários estejam estudando o jeito do Flamengo jogar. Entretanto, com exceção dos três times que citei no post (Santos, Grêmio e Athletico Paranaense), vai ser difícil que os outros mudem seu estilo de jogo a ponto de neutralizar o Flamengo. Não vamos ganhar de todos, isso no Campeonato Brasileiro não existe, mas não há dúvida de que está muito difícil nos parar.
Abração. SRN. Paz & Amor.
O Santos não deu 1 chute sequer na direção do nosso gol.
Apenas amarrou o jogo o máximo que pôde, contando com a subserviência do soprador de apito, que coincidentemente são muito afáveis com os times do outro lado da Dutra.
Se não tivéssemos perdido alguns gols fáceis, era outro 3 x 0.
Flamengo tá sobrando na turma.
Sem Cuellar, jogamos contra Santos e Palmeiras, nossos dois perseguidores.
Sem Cuellar, não levamos 1 chute a gol sequer em ambas as partidas.
Alguém se lembra de Cuellar?
Pois é. Pouco a pouco, o português vai nos ensinando que alguns dogmas que o futebol brasileiro reproduz há décadas – um deles que diz que é necessário ter um “cão de guarda” à frente da área – não passam de fantasias de um mercado que parou no tempo.
Posicionamento, inteligência tática e, principalmente, intensidade o tempo inteiro, são os predicados que um time precisa ter, e não um “volante-volante”. Caso contrário, o Márcio Araújo estaria no Real Madrid, e não Toni Kroos.
Mais um dogma enterrado por Jesus.
Ele não ficar a vida inteira no Flamengo, obviamente. Mas que sua passagem deixe lições perenes ao clube. Se o futebol brasileiro não quiser aprendê-las – pois, como dizem os professores defensores de sua reserva de mercado, aqui é Brasil! – que ao menos o Flamengo as aprenda e jamais as esqueça novamente.
A principal é a de que nós, brasileiros, ensinamos aos grandes times o futebol “moderno” que hoje praticam.
Como disse Guardiola, o Flamengo de 81 e a seleção de 82 sempre foram suas fontes de inspiração.
Então, que esse recente retorno às raízes seja perene.
Tinha que ser pelas mãos de um estrangeiro, porque os retranqueiros brasileiros são uma VERGONHA.
O nosso Flamengo está em absoluta igualdade com o Al Hilal, novo time do Cuellar.
Ambos são semifinalistas de suas ^Libertadores^, com jogos marcados para a primeira e para a última semana de outubro.
Flamengo x Grêmio e Al Sadd (Catar) x Al Hilal.
O Cuellar não jogou as quartas, até porque não estava inscrito.
Não sei dizer se pode ou não ser inscrito para as semifinais.
Pelo ^Sauditão^ já jogou, estreando no último final de semana e, para variar, levou cartão amarelo.
Está usando a camisa número SEIS.
Os catarinos têm um forte peso a favor, que é o técnico, nada mais do que o excepcional ex-jogador Xavi Hernandez.
Aguardemos
Pois é, Trooper.
E, no caso do Palmeiras, metemos três gols num time escalado com três volantes (Felipe Melo, Bruno Henrique e Matheus Fernandes).
Claro que a qualidade individual dos jogadores é um tremendo diferencial, mas é impressionante como Jorge Jesus conseguiu, muito rapidamente, dar ao time um jeito de jogar que funciona mesmo sem os destaques. Outro dia eu conversava com um amigo flamenguista e ele se mostrava preocupado com a ausência, no elenco, de um bom substituto para Gabriel e outro para Bruno Henrique, já que Vitinho até agora não engrenou. Começamos a futucar os textos anteriores e vimos que Gabriel não jogou contra o Grêmio. Que Bruno Henrique não jogou contra o Avaí e começou no banco contra o Ceará. Que Arrascaeta não jogou contra Avaí e Botafogo. E que, voltando de lesão, Everton Ribeiro começou várias partidas na reserva (Grêmio, Vasco, Ceará), além de também não ter jogado contra o Botafogo. Ganhamos todas essas partidas.
Willian Arão passou a jogar um bolão e até Berrío tem funcionado. Parece que nada abala o nosso treinador: Fulano não pode? Ok, vamos resolver: você vai mais por aqui, você cai mais por ali e vamos pro jogo.
Que fique bem claro: não estou dizendo que o talento desses caras não é importante. Pelo contrário. Mas o fato é que Jorge Jesus vem fazendo com que, na ausência de um ou dois deles, o desempenho não caia.
Abração. SRN. Paz & Amor.
É bom ler o Murtinho e suas sempre ponderadas análises. Empolgação sim, oba oba, jamais!
Valeu, Marcos.
Obrigado pela moral de sempre.
Abração. SRN. Paz & Amor.