Faz tempo. O google informa que a passagem do botânico francês Auguste de Saint-Hilaire pelo Brasil aconteceu entre 1816 e 1822. Apesar do deslumbramento com a fauna e a flora, Saint-Hilaire se assustou com o poder de destruição exercido pelas saúvas inclusive sobre árvores frondosas, e soltou a frase que virou meme: “Ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil.” Dois séculos se passaram e, até onde sei, as formigas cortadeiras permanecem firmes. O país é que não anda lá se sentindo muito bem.
Pois o futebol também tem convivido com três saúvas devastadoras. A primeira e maior delas é, decerto, a pandemia, que impede a ida das pessoas aos estádios e transformou o maior esporte que o ser humano foi capaz de inventar em algo sem sal, sem gosto e sem magia. Não há como ser diferente do que tem sido – caso clássico de só tem tu, vai tu mesmo –, mas as partidas jamais foram tão chochas e sem vibração. Pouco antes do futebol retornar, Romildo Bolzan Júnior, presidente do Grêmio, afirmou: “Será triste e desestimulante, porque a torcida é parte importante do jogo. Sem ela, os jogos serão treinos que irão valer alguma coisa.” Quem viu a vitória do Flamengo sobre o Bahia há de concordar: teve toda a pinta de treino valendo três pontinhos.
A segunda saúva é uma das mais estúpidas mudanças de regra operadas pela Fifa, e que praticamente elimina a diferença entre bola na mão e mão na bola. Para conversar sobre assunto de tal grandeza, nada melhor do que recorrer ao mestre dos mestres: no imprescindível O Negro no Futebol Brasileiro, Mario Filho conta que no final da década de quarenta, convencida de que diferenças nos critérios de arbitragem haviam prejudicado nossa seleção na Copa de 1938, a CBD (mãe da CBF) convidou o juiz inglês George Reader para apitar os amistosos que o Southampton faria no Brasil. Em um dos primeiros lances da partida entre o clube britânico e o Fluminense, a bola fugiu ao controle do atacante tricolor Orlando Pingo de Ouro e resvalou em sua mão. Orlando parou, acusando a infração, e se surpreendeu com a atitude de Mr. Reader, que viu e nada marcou. Mais tarde, o juiz esclareceu: como Orlando não tivera a intenção de colocar a mão na bola, a jogada deveria seguir. Estava explicado o que até então não sabíamos: uma coisa era mão na bola, outra coisa era bola na mão.
Ainda hoje, de vez em quando aparece quem condene a antiga regra com o argumento de que é impossível, ao juiz, determinar a intenção de um jogador. Uma dica: sempre que você ouvir isso, tenha a certeza de que o interlocutor nunca foi capaz de fazer três embaixadinhas no mais mixuruca dos campinhos de pelada. Sabe nada.
Para justificar a mudança na regra, surgiu outra bizarrice a que deram o nome de “movimento antinatural”. Tá legal. Aí o atacante carrega a bola junto à lateral da área, prepara o cruzamento e, na corrida, o zagueiro é obrigado a cruzar os braços atrás das costas, como se dançasse o xaxado. Natural à beça, não?
A antiga regra era perfeita e sua justa aplicação dependia unicamente da qualidade dos juízes. E o que temos agora? O segundo gol da seleção francesa contra os croatas, na decisão da Copa do Mundo de 2018 (o placar estava um a um), veio com um pênalti em lance de bola na mão. Na final da Champions League, temporada 2018/2019, o primeiro gol do Liverpool aconteceu num pênalti em que o atacante Mané cruzou a bola diretamente no sovaco de Sissoko, meio-campista do Tottenham. Se puder, reveja a jogada: caso Sissoko estivesse com o braço direito aberto (movimento antinatural?), não haveria o toque na mão.
Embora a nova regra também sirva para anular gols, como no último Flamengo x Botafogo, intuo que a origem da mudança esteja no discutível desejo de ampliar, a qualquer preço, o número de gols durante as partidas. Volta e meia a Fifa tem essa recaída. Em meados da década de noventa, e ainda sob a presidência de João Havelange, a entidade discutia o aumento do espaço entre as balizas. Pensava-se em deixar o travessão 23 centímetros mais alto, enquanto a distância da trave direita para a esquerda cresceria perto de meio metro. Chegou-se a autorizar o experimento, em torneios das divisões inferiores do futebol europeu. Não se teve mais notícia da aberração.
Todavia, é injusto dizer que as mudanças promovidas pela Comissão de Arbitragem da Fifa são invariavelmente para pior. A alteração que permitiu a um jogador de linha receber o tiro de meta dentro da sua área pode contribuir para deixar o jogo mais bem jogado. O São Paulo, dirigido por Fernando Diniz, tem utilizado de forma constante o novo recurso. Quando o goleiro Tiago Volpi vai bater um tiro de meta, o meio-campista Tchê Tchê encosta para recolher o passe na marca do pênalti, e dali sai tocando. Claro que não é para qualquer um: o Bahia tentou fazer igual contra o Flamengo, só que, grosso toda vida, o zagueiro Lucas Fonseca entregou a mariola no primeiro gol de Pedro. Passarinho que come pedra, o resto da frase você conhece.
Mais uma: com a interrupção do futebol e a comemoração pelos cinquenta anos do título mundial de 1970, a tevê passou a mostrar antigas partidas da seleção brasileira. Nada mais antijogo do que o zagueiro dominar a bola perto da área, ser apertado pelo atacante e recuar nas mãos do goleiro. A mudança na regra, que ocorreu em 1992 e transformou o lance em infração, foi boa providência.
Não perdi a esperança de que a penalização da bola na mão, de tão absurda, será reavaliada. Entretanto, desanimo quando vejo a Fifa aplaudir as decisões da arbitragem em lances como os das citadas finais da Copa do Mundo, em Moscou, e da Champions League, em Madri.
Por fim: ao contrário das outras duas – estádios vazios por conta da pandemia e obediência a uma determinação da Fifa –, a terceira saúva pode e deve ser repensada pelos mandachuvas do futebol brasileiro: o uso indiscriminado, equivocado e abusivo do VAR.
Antes de qualquer coisa: não sou contra o VAR. Relutei no início e sucumbi ao ver a modernidade irreversivelmente instalada, porém continuo achando inconcebível que se leve mais de dois minutos para tomar uma decisão no campo. Se um pênalti precisa de mais de dois minutos para ser marcado, que não se marque. Se um gol precisa de mais de dois minutos para ser anulado, que não se anule. Demoras superiores a dois minutos são evidências da procura por pelo em ovo, e o VAR não foi feito para isso.
E o que dizer do anticlímax? Na década de oitenta, a Rede Bandeirantes tinha um programa dominical chamado Gol: O Grande Momento do Futebol. A abertura trazia os acordes iniciais de “Equinoxe 5”, new age brega de Jean Michel Jarre, e o apresentador Alexandre Santos garantia ter em mãos “o maior arquivo de gols da televisão brasileira”. Era uma delícia. Do jeito que está sendo aplicado no Brasil, o VAR mudaria o nome do programa. O gol tem se tornado, frequentemente, o momento mais sensaborão do futebol.
Outra medida que a Fifa deveria adotar, para ontem, seria a revisão do critério que na prática anula o fim do impedimento na mesma linha. Atualmente, com aqueles traçados em azul e vermelho determinando cientificamente se a unha de um está à frente da do outro, a ideia foi pro saco.
Entretanto, o maior problema está na importação, para o futebol – esporte em que há contato físico constante e muitas decisões exigem interpretação –, de um recurso que funciona de forma inquestionável e rápida, por exemplo, no vôlei ou no tênis. A câmera registra se a bola bateu fora ou dentro, se alguém invadiu por cima ou por baixo, se houve ou não o toque na mão do bloqueio. Não há o que discutir. No futebol o buraco é mais embaixo, e aí voltamos ao eterno calcanhar de Aquiles: a necessidade de qualificar a arbitragem. O cara pode assistir às jogadas dezenas de vezes e por diversos ângulos, se ele não for um bom intérprete das regras, vai errar. Além do que, nossas transmissões costumam não ajudar, com narradores e comentaristas garantindo que “houve o contato” (narram e comentam futebol ou vôlei?) e repetindo imagens à exaustão, até que se perceba o dedo mindinho do zagueiro central cutucando o umbigo do centroavante. De novo, pelo em ovo.
Para ilustrar, alguns exemplos tirados dessas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, a respeito de decisões que se escoraram nas consultas à tecnologia. Flamengo x Grêmio: discordo do pênalti marcado contra o Grêmio. Flamengo x Botafogo: discordo tanto da anulação do gol de Gabriel quanto do pênalti a favor do Flamengo. Botafogo x Internacional: concordo com a anulação do gol de Mateus Babi, discordo da anulação do gol de Bruno Nazário. (Menor paciência com juízes que, estejam no gramado ou na cabine, ainda caem no conto das simulações dos manhosos jogadores brasileiros.) Santos x Flamengo: concordo com a anulação dos dois gols do Santos. Palmeiras x Internacional: discordo do pênalti a favor do Inter. Santos x Vasco: concordo com a validação do gol de Felipe Bastos, discordo do pênalti contra o Santos. Atlético Mineiro x São Paulo: discordo da anulação do gol são-paulino.
Ou seja, minha relação com os juízes de futebol não mudou nada. Eles continuam acertando e errando como sempre, eu sigo concordando e discordando como tem acontecido há mais de cinquenta anos. O problema é que, devido à lentidão e à falsa sensação de infalibilidade, o VAR virou uma saúva voraz.
Mesmo estando fora de cogitação descartá-lo, a CBF precisa urgentemente aprender a lidar com ele.
Excelente texto, Murtinho! Até agora a melhor síntese sobre os assuntos que encontrei (porque o que tem de narrador e comentarista esportivo falando asneiras sobre essas questões… Agora uma dúvida: você afirmou que lance com VAR pra mais de dois minutos não deveriam ser considerados, mas validou a anulação dos gols do Santos contra o Mengão, que duraram quase metade do primeiro tempo só de análise.
Obrigado pelo texto.
SRN
Abraço!
Fala, Zé Douglas. Eu que agradeço pelos elogios.
Mas, rapaz, veja bem: não tenho culpa se os caras estão demorando uma eternidade para decidir lances simples.
Na falta cobrada pelo Marinho, a imagem normal da tevê já mostrava Jobson em posição de impedimento, nem precisava das linhas azul e vermelha. Isto posto, começou uma desnecessária discussão sobre a interferência ou não de Jobson no lance. Pô, o cara foi em direção à bola, saltou e deixou passar, qual a dúvida?
O primeiro lance talvez não tenha sido tão fácil, e paradoxalmente demorou menos pra se chegar a uma decisão. E aconteceu uma situação que era boa pista: para o gol valer, Raniel teria que estar atrás da linha da bola, certo? No entanto, pra fazer o gol ele teve que jogar a perna pra trás, pois seu corpo estava mais à frente. Pode acontecer? Até pode, mas é estranho.
Os caras da cabine precisam ser treinados para aplicar o software com mais agilidade. E o juiz de campo tem que ter cojones para decidir com mais rapidez.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
O anti-herói, meu irmão, pois somos frutos do mesmo pai, o genial e incompreendido (ainda) Lima Barreto, Policarpo Quaresma, usou o mesmo lema para tentar acabar com a saúva em seu sítio o Sossego em Curuzu. Não conseguiu e, pior, as saúvas continuam aí nessa sua fome avassaladora a devorar o Brasil.
Fala, Xisto.
Macunaíma também. “Muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são.”
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Perfeito, Murtinho.
Mas pô, contra o botafogo, foi muito pênalti.
Zagueiro que vira de costas pro chute, de braço aberto ainda, como diz o seu presidente, tem mais é que se f*#$@& e acabou, porra.
Lembrou até nosso ex-zagueirão Wellinton, que virava de bunda pro atacante quando este ameaçava o chute…
Fala, Trooper.
Cara, de todos os lances citados, o único que revi foi o do São Paulo contra o Atlético Mineiro, por ter acontecido quando estava escrevendo o post. Pode ser que você tenha razão. Se o cara abriu os braços acintosamente, aí ele apenas fingiu que não teve intenção. Só que essa história tem me tirado tanto do sério (não esqueço as tais finais da Copa e da Champions League, pelo menos em tese as duas partidas de futebol mais importantes do planeta) que na hora não achei pênalti. Mas, repito, pode ser que eu esteja errado. (Um amigo me mandou WhatsApp dizendo que eu tinha trocado os bolas: pra ele, no jogo Botafogo x Internacional, o primeiro gol deveria ter valido e o segundo deveria ser anulado. Pra você ver como o bagulho é doido e complicado, e o VAR só tem aumentado a complicação.)
No entanto, tenho uma queixa: você apelou feio. Não precisava ter trazido Welinton pro debate. Falar nisso: sabia que ele está jogando no Besiktas, da Turquia?
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Issaqui é um site sobre o Flamengo ou um puxadinho da abl? Caraca man, só tem fera no letrado! Vô nem comentá pra não passar vergonha.
Qualé, Arthur?
Tem nada disso não, manda a letra aí.
O único do blog candidato à ABL é o Marcelo Dunlop, pra reparar a ausência de Rubem Braga entre os imortais (ele jamais quis concorrer).
Já imaginou o Marcelão tomando chá com bolo de aipim, nas tardes de quintas-feiras, ao lado do Merval Pereira? Taí: eu pago o fardão.
Valeu pela moral. Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Excelente!
Grande Jê!
Valeu, meu camarada, obrigado pela força.
Abração. Paz & Amor. Se cuida.
É tudo tão inconstante nesse VAR que nem eu sei mais se sou a favor ou contra o uso dele.Ao que parece este VAR tupiniquim veio pra fazer valer a famosa frase do Velho Guerreiro,”eu não vim pra explicar eu vim pra confundir”.Triste mesmo é ver,ou melhor só ouvir o que toca os tais DJ’s nos estádios,principalmente onde joga nosso Flamengo,antes sempre cheio de alma e amor,mas agora só ecos do passado.Mas já que vc tocou no assunto regras do futebol,tenho saudades de uma que infelizmente,ao menos pra mim,durou apenas um torneio,o Rio/SP de 97,onde um time que cometesse mais de 14 faltas no jogo,teria a partir de então toda nova falta a seu favor cobrada na risca da meia lua se não me falha a memória,e sem barreira.Mas até essa mudança souberam estragar,com o famoso cai-cai dos “espertos” jogadores brasileiros.E aí mora mais um problema pro nosso futebol,o que alguns chamam de malícia dos trópicos,ou malandragem,em olhos diferentes viram cafajestagem,tb tipicamente dos trópicos,ou seja a FJFA antes de mais nada,deve ter em mente que o futebol não se resume a Europa e que aqui por essas bandas o buraco é mais embaixo.E o que dá certo,ou quase isso,na europa por aqui a conversa é outra,mesmo aparecendo vez ou outra um Rodrigo Caio pra espanto geral.SRN Murtinho,ainda melancólicas devido a pandemia.
Fala, Maxwel.
Eu me lembro dessa experiência quanto ao número de faltas, creio que herdada do antigo futebol de salão. Não gostei não.
Futebol é, essencialmente, um esporte coletivo, e a regra estimulava a individualidade. Naquela época, o Denílson – esse que hoje é “comentarista” com aspas – jogava no São Paulo. Ele pegava a bola e, simplesmente, nao passava pra ninguém. Saía driblando, driblando, driblando, até sofrer falta. Virou o grande objetivo do jogo. Estranho, né?
Concordo com você: a simulação é uma das maiores pragas do futebol brasileiro. E o mais revoltante é que é fácil acabar com ela, basta mostrar cartão amarelo pro simulador. Se for o segundo cartão, chuveiro. Mas não. A Comissão de Arbitragem da CBF prefere tolerá-la.
Muito boa a lembrança do Chacrinha para explicar (ou confundir, no melhor estilo Velho Guerreiro) o que tem sido o VAR tupiniquim.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Boa Jorginho, muito interessante o tema abordado e a demora nas participações e decisões do VAR…
O novo normal no futebol tá muito chato, imagina para os jogadores do Flamengo jogar sem a torcida….
Forte abraço, parabéns pelas brilhantes crônicas e abordagens do q tá se passando na atualidade do nosso futebol…
Valeu, Eliezer.
Pois é. No nosso tempo de Aperta e Bate, certos jogos no aterro chegaram a ser disputados com o público tomando os quatro lados do campo – e era muito mais legal quando isso acontecia.
Imagina os caras que ganharam Brasileiro e Libertadores, sempre com estádios lotados, agora se vendo na obrigação de jogar para estádios vazios e ouvindo um áudio fake produzido por um DJ. Dureza.
Muito obrigado pela força de sempre.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Salve, Murtinho!
Que coisa boa encontrar um texto seu aqui hoje.
Recentemente assisti um debate num desses programas mesa redonda sobre esse limbo que se tornou a regra do pênalti. Nesse programa, um árbitro participou afirmando que a regra ainda ‘está incompleta’, afirmou existir um texto base e várias notas auxiliares para auxiliarem na interpretação da regra. Algo difícil até mesmo para o mais qualificado jurista compreender.
O cômico é que, salvo engano, a regra do pênalti possui mais linhas escritas que a compilação das demais regras do esporte juntas. Falta de clareza acarreta prolixidade mesmo…
Duas notas rápidas.
Que recordação boa essa do programa Gol: O grande momento. Eu me recordo de assisti-lo na infância sendo apresentado pelo Milton Neves, aquele guru que cravou o título do galo e o rebaixamento do Flamengo ainda na primeira rodada. Por medo da bruxaria, levei flores brancas ali para Iemanjá. Ela, vestida com o manto que a presenteei após a virada em Lima me disse ‘relaxa, estou de olho’.
Você cavou fundo para nos trazer a recordação de quando houve a sugestão de aumentarem o tamanho do gol. Eu era criança, a proposta era aumentar o número de gols na partida, não?
Por fim, muito obrigado por mais um texto. Ah! Deixei um e-mail lá para você, dê uma olhada.
Fique bem, Murtinho! Se cuide!
*Se me permite, esqueci de algo. Esse movimento anti natural dos zagueiros e laterais cruzarem os braços nas costas por medo da bola resvalar no braço parece ser muito vantajoso para o atacante. Digo, ninguém tem o mesmo tempo de reflexo para uma nova arrancada ou um bote estando nessa ‘posição’. Ainda bem que os atacantes adversários ainda não perceberam isso…
Fala, Marco.
Muito bom voltar a ver você no RP&A. Faz falta.
Valeu pela força. E fica tranquilo: já vi o e-mail, vou providenciar assim que passar o feriado.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
PS1: Sim, cacei na internet essa história de aumentar o tamanho do gol, e descobri um textinho curto do Vinicius Torres Freire, publicado na Folha de São Paulo em 14 de dezembro de 1995. Dá uma clicada aqui.
PS2: Quer dar uma olhada na abertura do “Gol: O Grande Momento do Futebol”, com Alexandre Santos e musiquinha de Jean Michel Jarre, clica aqui.
Salve, Murtinho!
Que viagem no tempo a leitura dessa matéria de 1995. Nossa, foi abordado o uso do ponto eletrônico por parte do bandeirinha – eu havia me esquecido dessa discussão.
Hoje eu tomei umas cervejinhas a mais, fez sol aqui na Bahia e continuo sendo filho de Deus. Não irei me enrolar demais nas palavras para não dar vacilo.
Por fim, se você souber me explicar essa atitude do Gabigol na saída do campo hoje, confesso que me deixou a pensar. Entendo a mocidade fervendo os hormônios dele, mas agora é hora do elenco se abraçar e demonstrar união. De qualquer forma, não nego meu sorriso em saber que temos Pedro Quexada (tá jogando demais).
Abraço, Murtinho! Obrigado pela atenção!
Fala, Marco.
Rapaz, fica bolado com isso não. Bobagem.
A mídia bota pilha, as redes sociais potencializam, mas essas coisas são mais do que normais no futebol.
Lembra no ano passando? O pau quebrando (Jorge Jesus e Rafinha, Jorge Jesus e Gerson, Willian Arão e Filipe Luís, Rafinha e Gabriel) e o time passando o rodo geral.
Abração. SRN. Paz & Amor. Aproveita o esplendoroso sol da Bahia, mas se cuida.
Estamos diante de um Senhor Artigo.
Os debates, normalmente, deveriam ser muitos.
Não creio, infelizmente, pois todos andamos bem preguiçosos, em razão, mais do que provável, da estúpida pandemia e da pantomina governamental que se abate neste e em outros países do planeta Terra.
Três saúvas, tão somente, mas de eficiência altamente comprovada.
A primeira, bastante óbvia, não traz motivos, quero crer, para discussões.
É trágica a falta de público, para todo e qualquer evento.
Não apenas no futebol.
Experimente ir ao teatro, por exemplo.
Poucas pessoas presentes.
Não há mais clima para a representação, eis que os próprio intérpretes se sentem abatidos.
Já peguei o Municipal com público fraco.
Final dos anos 50.
Peça de Garcia Lorca, um espanhol genial.
Nem cem pessoas presentes, todas descendo para a Platéia.
Consequência – perdeu-se o tesão e sem tesão não sobe nem com viagra.
A segunda e terceira saúvas deveriam dar margem a acaloradas discussões.
Por sinal, nos velhos e maravilhosos tempos do Urublog, o Aureo e eu passamos meses discutindo.
Um jogo nosso, não me lembro mais contra quem.
Emerson chutou uma bola na mão do zagueiro adversário.
O árbitro nada marcou, o que achei correto, enquanto o Aureo queria o pênalti.
Por fim, o VAR.
Convenhamos, para a dinâmica do jogo, um SACO.
Um tremendo criador de frustraçoes.
Para delas se fugir, a solução é ainda pior.
Não se pode mais vibrar a cada gol. Há que se esperar o placet tecnológico.
Terrível.
Além do mais, os exemplos dados pelo Murtinho.
No jogo de ontem em Minas Gerais, a anulação do gol paulista foi um verdadeiroo ABSURDO.
O futebol NÃO é, graças a Deus, CIÊNCIA EXATA.
Se passar a ser, não será necessária outra pandemia (pé de pato mangalô três vezes) para o público sumir de vez.
As tais linhas azuis ou vermelhas, sei lá direito, usadas para definir quem é mais pentelhudo, se o zagueiro ou se o atacante, representam o RIDÍCULO.
Se estiverem lado a lado, deveria ser sempre mesma linha.
Para que o VAR não acabe com as dúvidas que geravam as boas discussões, voltemos atrás.
Ao tempo de Mr Reader, que vi em General Severiano.
A FIFA mudou, sendo muito aplaudida.
Durante décadas, todavia, a mesma linha era impedimento.
Mesmo assim, no dia seguinte, a garotada nos colégios, discutia sem fim – Não, não estavam na mesma linha.
GOOOOL LEEEEGAL !!!!!
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Meu querido Carlos Moraes,
Passei por experiência semelhante a essa que você contou do Municipal.
Por volta de 1975, 1976, eu tinha visto Alceu Valença interpretar “Vou Danado Pra Catende” no festival Abertura, e pirei. Aí teve um show dele no Teatro Tereza Rachel, naquele velho shopping de Copacabana entre a Siqueira Campos e a Figueiredo de Magalhães, e eu fui, claro. Na hora em que Alceu e a banda (integrantes do lendário grupo pernambucano Ave Sangria, com o reforço do então pouco conhecido Zé Ramalho) subiram ao palco, a plateia era formada por mim e mais quatro ou cinco pessoas. Meia dúzia de gatos pingados. Mesmo assim, os caras deram uma aula de profissionalismo e fizeram um puta de um show.
No dia seguinte, cheguei da faculdade e vi no jornal Hoje: inconformado com o teatro vazio na noite anterior, Alceu saiu com um megafone pelas ruas de Copacabana, anunciando o espetáculo e chamando todo mundo. Bombou, provavelmente, mais por causa do jornal Hoje do que pelo megafone, o show ficou um bom tempo em cartaz e acabou virando o ótimo disco “Vivo!”.
Quando o VAR entrou em cena, foi visto como a panaceia que resolveria todos os problemas de arbitragem. Como botei no texto, a turma não levou em conta que futebol não é tênis nem vôlei. Requer interpretação. E o pior: quem questionasse o VAR passava a ser visto como retrógrado, contra o progresso, o mundo mudou, essas baboseiras. Agora, já vemos até mesmo radicais defensores da tecnologia pondo em cheque o modo como ela está sendo utilizada, e isso é muito bom para o debate.
Creio que vale a gente lembrar uma declaração do Modric (eleito o melhor jogador do mundo em 2018), feita após uma das partidas do Mundial Interclubes de 2016, quando o VAR começou a ser testado. Ele disse o seguinte:
“Não gosto. Cria muita confusão. Outro dia tivemos uma reunião explicativa, mas pra mim não é futebol. Espero que esta regra não continue. Temos que nos concentrar no jogo, mas a primeira sensação é de que não é uma boa.”
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.
Que texto bem escrito. Comparo o Var com a antiga prática anteconceptiva do coito interrompido. Na hora h ter que tirar de dentro é foda. Um filho indesejado(no caso um gol) às vezes é inevitável, e por mais que seja a contragosto acaba-se aceitando. Creio que o VAR da forma que está sendo usado atenta contra a dinâmica do futebol. Não precisa extingui-lo, basta aprimorá-lo!
Fala, Bruno.
Obrigado pela moral.
Cara, nesse momento eu me coloco diante do VAR da seguinte maneira:
1) Em princípio, não sou contra.
2) Entretanto, precisa ser urgentemente aprimorado. Do jeito que tem sido usado na Inglaterra, por exemplo, já é bem melhor do que aqui no Brasil.
3) Agora, se chegar um mandão qualquer aí da CBF, botar o pau na mesa e disser que, aqui no Brasil, ou vai ser assim ou não vai ser, prefiro que acabe. Está insuportável.
Boa analogia com o coitus interruptus. Vamos combinar: o gol virar isso é um grande passo para o futebol ir pro saco.
Abração. SRN. Paz & Amor. Se cuida.