O Flamengo pisou o gramado de Pituaçu pra enfrentar o Bahia pela 7ª rodada do Brasileiro todo diferentão. Domènec botou gente nova pra jogar, do gol à ponta-esquerda tinha alguém querendo mostrar seu valor e sua capacidade pra ser titular. O resultado dessas mudanças foi um início avassalador do Mengão, que fez Salvador tremer quase tanto quanto Amargosa e Santo Antônio de Jesus, sacudidas pelas forças tectônicas dos recentes terremotos no Recôncavo.
A bola não saía do ataque, no mais puro tiki-taka catalão o Flamengo amassava o Bahia opressivamente. Em 15 minutos o insaciável Pedro já tinha metido 2 x 0 e o Bahia parecia anestesiado, astênico e sem qualquer poder de reação. Para os cínicos a falta de entusiasmo dos jogadores do Bahia dava até a impressão de que o grupo estava amotinado, disposto a flambar o treinador Roger Machado num auto de fé.
Contudo, entre um raid e outro rumo ao gol, quando parava um pouquinho para recobrar o fôlego, o Flamengo dava espaços e os tricolores até tentavam umas gracinhas no ataque. Foi numa dessas paradas pra respirar, entre o segundo e o terceiro gol do Flamengo, após um passe de calcanhar de Pedro, rolou um cruze pictórico de Isla pra Arrascaeta concluir de peixinho, que o Bahia diminuiu. Logo depois o jovem goleiro Gabriel Batista deu uma garoteada e convidou o Bahia a fazer o seu segundo gol.
Ao fim do animado primeiro tempo com cinco gols o torcedor rubro-negro, pela primeira vez durante o Brasileiro, voltou a desfrutar daquela certeza tranquila de que o Mengão é o mais foda. Os baianos, em choque, não sofriam tamanho castigo dos flamengos em casa desde a invasão holandesa a Salvador de 1624. E dessa vez não tinham sequer o governador Mendonça Furtado para organizar uma fuga coletiva da cidade.
A etapa complementar mal tinha começado e Everton Ribeiro, depois de entortar duas ou três cervicais baianas, mete um golaço absurdo, de antologia. Ainda estávamos exaltando o talento e o apuro estético do marido da Dona Marília quando o Flamengo mostrou mais uma vez que incorporou o marcante sotaque tático de Domènec na sua linguagem cotidiana. Uma jogada toda trabalhada de pé em pé desde a grande área culminou com mais um golaço do Arrasca, marcando 5 x 2 e positivando o nosso saldo de gols no Brasileiro. Qué hombre!
O domínio do Flamengo era absoluto e indiscutível. Parecia treino no Ninho do Urubu. O time mostrava muita tranquilidade na saída de bola, precisão nos passes e objetividade pra criar chances de gol. Não lembrava em nada o Flamengo atarantado que até outro dia dava bicudas, batia cabeças e suava sangue para garantir magros 1×0 na parceiragem com o VAR. Em apenas 60 minutos de bola rolando o Flamengo já tinha feito mais gols do que fizera nos 540 minutos anteriores no Brasileiro.
Daí em diante rolou uma certa acomodação. O Flamengo já não tinha o que provar e o Bahia só pensava em acabar logo com aquele sofrimento. Domènec, talvez para que os malas não enchessem seus huevos catalanos na coletiva, promoveu uma substituição por atacado e meteu de uma vez Diego, Vitinho, Thuler, Michael e Lincoln. Não há time no mundo que resista incólume à entrada repentina de tantos astros. A partir dos 30 minutos o jogo adquiriu feições de churrasco, o meio-campo ficou despovoado, vagabundo só queria saber de meteli goli e dançar o Abre a Rodinha de Sara Jane.
Como sói acontecer com preocupante frequência, em jogos contra o Flamengo o santo protetor dos perebas exerce seu poder de violação das leis naturais que regem os fenômenos ordinários e os caras acertam chutes que jamais conseguirão repetir em suas vidas. Numa birimbolada na nossa área um seilaquenzinho acertou uma sapatada de notável precisão, sem a menor chance de defesa pro Gabriel, e deu números definitivos ao placar. Foi um bom jogo, principalmente por permitir que o torcedor rubro-negro recupere sua marra, espírito essencial na marcha rumo ao Octa.
No fim da partida as suspeitas dos cínicos se confirmaram. O Flamengo, motor da economia e trem pagador do futebol nacional, criou mais uma vaga com carteira assinada em plena recessão. Roger Machado foi demitido. Uma tragédia estatística que reduziu em 100% o numero de treinadores negros em clubes da Primeira Divisão. Diante da realidade demográfica brasileira é uma distorção preocupante. Black jobs matter too.
A evolução do jogo do Flamengo é concreta, palpável e pode ser comprovada pelos números. Deixando sem argumentos os criacionistas que ainda esperam pela permanência dos princípios do time de Jesus, que nem está mais entre nós pra defender suas teses. O Flamengo de 2020 é o Flamengo de Domènec, que mesmo ainda sendo um obra em desenvolvimento já mostrou sua silhueta. Um time que gosta de jogar com a bola no pé, busca o ataque intensamente e não leva tão a sério as recomposições defensivas. Enquanto o time fizer mais gols do que leva não há motivo para maiores preocupações.
Domènec também está provando que o time é perfeitamente capaz de meter cinco gols num jogo sem que o técnico esteja em surto na beira do gramado. Uma constatação que não prova ou desmente nenhuma teoria, só confirma que o temperamento do treinador, seja ele mercurial, saturnino ou jupiteriano, não influi no desempenho dos jogadores. Chilique é questão de foro íntimo.
No sapatinho frenético o Flamengo vai galgando parâmetros, ontem, por alguns minutos ocupou até uma vaguinha no G4, uma embaraçosa anacronia. Sabemos que frequentar essas paragens ao norte da tabela antes da hora é arrivismo de quem não tem fôlego pra chegar inteiro no fim da maratona. Por enquanto o Flamengo está ocupando o lugar que merece na tabela, quando chegar no G4 é pra chegar chegando e não sair mais.
Mengão Sempre
A única liderança que importa é a da rodada 38, até vamos acompanhar a arco-irizada safada se pirulitando e tremendo nas bases…
Flamengo melhorou principalmente no aspecto físico.
Nos primeiros jogos, ficou patente a falta de forma física dos nossos jogadores. Primeiro tempo dos jogos contra o Galo, contra o Coritiba, contra Grêmio e Chorafogo foram períodos muito melhores que os vistos no 2º tempo do mesmo jogo.
Algo que mudou bastante no jogo contra o Santos e, principalmente, no jogo contra o Bahêa.
A parte física é algo essencial para fazer o jogo com a intensidade que se exige no futebol profissional. E muito mais quando se tem um time que pretende jogar o maior tempo possível com a bola nos pés.
Quando vemos a galera marcando alto e fazendo blitz do jeito que eles fizeram, fica claro que a preparação física evoluiu bastante. E, claro, a parte tática com as novas determinações do Domènec começam a ser assimiladas pelo grupo.
Ou seja, a parte física sendo aprimorada juntamente com a parte tática faz com que a parte técnica dos nossos jogadores se sobressaia. E isso é algo que era bastante previsível.
A “ladeira” parece que já passou… daqui pra frente a “estrada” será mais plana e mais tranquila.
Vale muito o reconhecimento de nossos erros, eu já perdi a compostura em alguns momentos por aqui, mas sempre no calor dos debates, aprendi que a maioria é flamenguista de alma e coração, mesmos discordando de algumas análises, faz parte da paixão que temos pelo Flamengo, Carlos Moraes pode ter seus altos e baixos , mas é uma enciclopédia rubro-negra, sabe muito e um pouco mais da história desse clube tão amado, ele viveu ela, seus tempos áureos e de vacas magras, merece todo nosso respeito.
Como é ótimo ser flamenguista e saber que temos uma nação que ama o Flamengo tanto quanto o Marco , o Moraes e eu
Man, esse cara manda bem demais, me amarrei, é muito engraçado, dou um monte de risada e ainda concorda comigo quando diz que o Maet (Mister em catalão, vi no dicio) não precisa dá piti nem chutar garrafinha na beira do campo pra ser bom. Mas que a defesa do baêa é mais arreganhada que puta falida é. A nossa é mais tipo garota de programa alta classe, mas vagabunda do mesmo jeito. Ô Dome, precisava dá uma cagadinha no final colocando o Tuller na lateral pra não dizer que não fez lambança?
Lamento ter que admitir que precisamos daquele desagradável antipático diego alves. Esse camisa 1 de ontem deveria procurar outro afazer profisisonal na vida. Ao menos no gol do mengão espero nunca mais vê-lo.
Foi para minha lista de dispensas que já teve o atacante gabriel peteleco encabeçando-a, passou pelo lamentável rodinei palhação de vestiário e agora tem como número um para vazar o cabelo feião william arão.
E coloca esse goleirinho na fila também.
Sensacional como sempre, parabéns Arthur
Adoraria ver sempre esses jogos de 5×3, 7×2, 4×4. Bota o time pra frente e que se foda a defesa. Com a qualidade do time no ataque vamos ganhar quase sempre, e com diversão garantida.
São dois prazeres:
Assistir ao jogo com show de ER7 num dia, e ler os parágrafos do Mestre Arthur no outro.
Deve ser muito ruim não ser Flamenguista e não poder desfrutar dessas coisas.
Uma coisa eu aprendi por observação,quando logradouros Rubro-negros como este,tem poucos comentários,mesmo tendo textos tão bons quanto o do Muhlenberg ou de qualquer outro escriba de raiz,caule,folhas e frutos rubro-negros é porque nosso time venceu deixando a parte razinza da magnética menos afeita a destilar seus ataques de pelanca,muitas vezes inoportunos.Por isso,por favor Flamengo continue arrasando adversários e corações Flamengos,de dor e amor,nessa ordem.Felizes SRN Arthur,rumo ao topo pq só o cume interessa ao Fuderosão.
Verdade verdadeira, kkkk, realmente a turma ranzinza fica sem assunto quando o Flamengo faz a festa da geral.
Como é ótimo ser flamenguista e saber que temos uma nação que ama e segue religiosamente o Flamengo assim como o Maxwel e eu.
Como disse um amigo meu “em quinto, pois, está jogando mal”, facilmente comprovado; estamos abaixo de Vasco e Fluminense na tabela… meu Deus.
Em minha simplicidade, creio que isso deve apavorar mais ainda os que se encontram à nossa frente. Afinal, se “jogando mal” estamos em quinto, quando encaixar…
SRN
Agora sim !!!
Um belíssimo jogo e um comentário à altura do talento insuperável do nosso Arthur !
Ficou mais uma comprovado – comprovadíssimo – que Everton Ribeiro e De Arrascaeta NÃO podem ficar fora do time, aliás, de qualquer time do futebol brasileiro.
Nota DEZ para ambos,
Pedro, muito bem
Isla, uma baita esperança.
Pedro Rocha foi bem, destacando-se a tabelinha para o segundo gol do De Arrascaeta na noite.
Ficaram devendo os dois zagueiros de área – quantas saudades do Pablo Mari – e, principalmente, o menino que o destino escalou para atuar na nossa meta.
Estou prestes a voltar atrás nas minhas críticas ao Dome, mas ainda prefiro esperar o Fla x Flu da próxima quarta, já que, no jogo de domingo, contra o Foraleza, no Maracanã, a vitória, com o devido respeito ao adversário, é obrigatória.
Esperançosas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Concordo. De longe a melhor exibição nesse ano. Até Pedro se mostrou jogador de time e foi bem, me deixando espantado.
O Isla ja me fez esquecer o cara que antes jogava la, quem mesmo?
Do Pedro Rocha nao gostei tanto. Menos ainda do Michael, o único que parece movido por um eu, eu,eu.
O que me preocupa é a defesa que comete muitos erros. E a defesa não é somente os 5 caras la de atras. Ai temos que melhorar – é claro que ao vamos fazer 5 em todo mundo. Levando 3 normalmente se perde o jogo.
E concordo tb que temos que esperar se esse drive se prossegue ou se foi o Bahia que facilitou demais. Mas acho que podemos ver isso ja no jogo contra o Fortaleza, nao precisamos esperar pelo Fluminense. Se continuar , o Fluminense vai pegar o covid para escapar do massacre.
SRN
Cometi um baita equívoco apesar de pouco ^transparente^.
Quando escrevi que Everton Ribeiro e De Arrascaeta não ficariam, pelo que sabem jogar, fora de qualquer ^time brasileiro^, pensava sobretudo na tão enfraquecida seleção canarinho.
Everton Ribeiro, sem dúvida, mas o De Arrascaeta, que pena, só da celeste.
Como o senhor é um senhor, não só pela idade mas pelo tratamento educado com as pessoas, vou tentar caprichar na elegância:
A SELEÇÃO BRASILEIRA QUE SE FODA! A URUGUAIA E A CHILENA TAMBÉM. QUEM PAGA ELES É O MENGÃO. (Acho que não levo muito jeito pra elegância, né seu Carlos Moraes?)
Carlos, além da alegria com a evolução do time, fico muito feliz por não perceber seu coração apertado com aquele ‘suporte’ do Var.
Eu deixei um pedido de desculpas a você em razão da brincadeira que havia feito. Está ali no post anterior do Arthur.
Abraço, fera!
Marco,
muito obrigado pela consideração.
Alegres SRN
FLAMENGO SEMPRE
Vale muito o reconhecimento de nossos erros, eu já perdi a compostura em alguns momentos por aqui, mas sempre no calor dos debates, aprendi que a maioria é flamenguista de alma e coração, mesmos discordando de algumas análises, faz parte da paixão que temos pelo Flamengo, Carlos Moraes pode ter seus altos e baixos , mas é uma enciclopédia rubro-negra, sabe muito e um pouco mais da história desse clube tão amado, ele viveu ela, seus tempos áureos e de vacas magras, merece todo nosso respeito.
Como é ótimo ser flamenguista e saber que temos uma nação que ama o Flamengo tanto quanto o Marco , o Moraes e eu