O Brasil foi durante muitas décadas o país do futuro. Não porque nosso potencial como nação ensejasse promissores prognósticos de fartura e desenvolvimento. Mas porque tínhamos altíssimas taxas de natalidade que mantinham nossa ufanista população na ponta da tabela do campeonato dos países mais jovens do mundo. Hoje não é mais assim, a população brasileira amadureceu e destruiu o mito de que o envelhecimento torna as pessoas mais sábias. Na verdade tem ajudado até a consolidar a ideia de que com o acumular dos anos ocorra justamente o contrário.
Portanto, não é todo mundo que está na flor da juventude pra poder se deixar levar pelas correntes reconfortantes das fluviais teorias da conspiração que tem suas cheias na época do fim das competições esportivas. Depois de uma derrota, ou de um empate artificialmente flavorizado no sabor derrota, as teorias da conspiração consolam, alegram, inspiram, acalmam e ainda deixam a moçada de cuca legal. A mui peculiar configuração em que o Fla-Flu que decidiu a Taça Rio 2020 foi jogado permitiu o surgimento de uma porrada delas.
O Flamengo, que apresentou um futebol irreconhecível, teria tirado o pé e entregado o jogo para provocar mais dois jogos pelas finais do Carioca. O Flamengo combinou tudo com o Fluminense para vender os dois jogos por milhões para o SBT transmitir e golpear severamente o Jornal Nacional e o Domingão do Faustão, rebentos diletos da malvada Mãe Globo. E a mais fofinha de todas, o Flamengo tirou o pé e entregou a paçoquinha da Taça Rio porque os jogadores fizeram um pacto para impedir que Jorge Jesus aproveitasse seus dias de folga visitando a terrinha, comendo pataniscas e assuntando com os tugas do Benfica. Porque os jogadores tudo ama muito Jesus e não querem que ele dê linha.
A verdade esférica escrita pela bola foi bem outra. O Flamengo, por motivos ainda ignotos, mas que especularemos irresponsavelmente mais adiante, jogou mal. Mal o bastante para ser manietado pelo apenas esforçado time das Laranjeiras e ter seu indiscutível poder ofensivo completamente anulado pela taticamente pitecantropa retranca tricolor. Notem que no primeiro tempo do jogo o Flamengo não se dignou sequer a chutar errado em direção ao gol adversário.
Futebolisticamente falando, que é sempre a maneira mais superficial de analisar um jogo de futebol, o Fluminense foi muito superior ao Flamengo. Mesmo que se desconte o descompromisso e a leveza na alma próprias dos azarões, o Fluminense só tem do que se orgulhar pelo que conseguiu realizar. Enquanto o Flamengo, que mesmo que vencesse a partida por larga margem de gols, jamais poderia considerar a conquista da Taça Rio uma façanha, o Fluminense entrou em campo ungido pela liberdade dos cordeiros sacrificiais que já não têm nada a perder.
Muito mais reveladoras do que os 90 minutos de bola rolando foram as horas que antecederam o apito inicial. Em que a diretoria do Flamengo, num inexplicável surto de protagonismo espúrio e injustificado, colocou-se sob os holofotes da maneira mais idiota possível. Hora se alinhando aos escusos interesses da FERJ, hora publicando notas oficiais desnecessárias, inoportunas e contraditórias que expuseram, queremos crer que involuntariamente, um preocupante estado de barata-voa no processo decisório da alta cúpula rubro-negra.
A diretoria, e nesse caso o dano à precisão da generalização se justifica pela postura escorregadia e belicosa dos nossos cartolas em relação à imprensa que nos impedem de apontar os nomes dos responsáveis, fez tudo que estava ao seu alcance para insuflar a antipatia da arco-íris pelo Flamengo. Até a desagradável associação com os condenáveis métodos de Eurico Miranda nas manobras de gabinete veio assombrar a quarta-feira dos torcedores rubro-negros. Um ofensivo exagero, mas ao qual nossos cartolas se sujeitaram ao ignorar que, dependendo dos meios utilizados para alcança-las, as vitórias podem valer muito pouco.
Da mesma maneira que os êxitos conquistados em campo seriam impossíveis sem o trabalho dos gestores do clube, os fracassos também levam a sua assinatura. É indiscutível que a péssima atuação da diretoria no pré-jogo influiu moralmente no desempenho do time. Se até entre os torcedores a trapalhona atuação provocou a cizânia, o descrédito e o desânimo, é bem lógico intuir que os jogadores e a comissão técnica, que não residem em uma bolha impermeável ao que vem de fora dos muros do Ninho do Urubu, também devem ter se sentido, em diferentes graus, envergonhados. O futebol que o time do Flamengo pôs na roda é indício bastante para confirmar a plausibilidade dessa especulação.
Muita gente ficou triste ou irada com o resultado, reações mais do que normais dadas as circunstâncias cachorras do jogo e do próprio campeonato. Mas assim como assistir à soporífera transmissão do jogo pela Flu TV foi o menor dos desconfortos, perder a disputa de pênaltis foi a menor das vergonhas pela qual a torcida do Flamengo passou. O resultado só confirma a natureza única do Fla-Flu, sempre revertendo expectativas e derrubando os prognósticos dos sensatos. O Fla-Flu, como vem sendo repetido incansavelmente nos últimos 118 anos, envolve muito mais que futebol.
Cada um dos 427 Fla-Flus disputados desde 1912 foram parábolas sobre a eterna luta entre o Bem e o Mal. Como Bem e Mal sempre foram valores relativos e intercambiáveis, as vitórias, os empates e as derrotas são apenas a expressão momentânea da dualidade que rege as leis do universo. Um dia rico, um dia pobre, um dia no poder. Um dia chanceler, um dia sem comer. No fundo, no fundo, não existe Fla-Flu bom ou ruim, mas sempre há algo para se aprender com eles. Esperamos que para os próximos dois Fla-Flus a diretoria do Flamengo não desperdice essa valiosa lição e fique sapato.
Mengão Sempre
Como sempre, otimo texto Arthur
O Mengão nao jogou bem, apenas isso. Assim como jogou mal em algumas partidas do ano passado( Abel, foi vc?)…isso é normal em qualquer time… em qualquer esporte. E é tão superior que mesmo assim quase virou.
Fato: o gol do fluminenCe estava impedido.
Muito oportuno ser cornetado por essa horda de frustrados fugidos das séries alternativas do brasileirão, pois os nossos 22 titulares precisam acreditar que são apenas um pouco melhor que as moças pra ficarem na humildade.
O Mengão ressuscitou torcedores defuntos que estão há meses dizendo que não ligam pra futebol. Agora estão todos por aí para serem zoados!!!
Ganhamos o Tri da Libertadores nesse empate.
Mengão !
Com a devida licença do Arthur, quero dizer que o globoesporte de hoje deu o maior destaque para o livro do Marcelo Dunlop. Muito legal. Leiam a reportagem.
https://globoesporte.globo.com/rn/blogs/augustox/post/2020/07/09/jornalista-carioca-lanca-livro-de-cronicas-sobre-o-flamengo.ghtml
Eu vi, grande Aureo! Abração
A Diretoria vem fazendo caçadas em série, se aliando ao lado.obscuro da força, adequando seus argumentos, fundamentos e atitudes à sua conveniência de forma desavergonhada e que causou e causa nossa imensa vergonha alheia.
Dito isso, o que é o Leo Pereira? O cara errou TUDO o que tentou, fez faltas em série e ainda falhou no gol dos caras.
faltou TESÃO pro flamengo no jogo de ontem….
a maior prova disso foi a entrada do pedro,entrou e fez o dele(entrou com vontade)
tá na hora de mexer nesse time titular,gabigol,bruno henrique,arrascaeda,everton ribeiro estão muito abaixo do que já produziram na equipe.
até o mister anda meio borocoxô.
o time do flu entrou com sangue nos olhos e é isso que temos que fazer na próxima partida.
SRN !
A impressão que o time deu ontem em campo era de desconforto. Esses atuais dirigentes além de sujos como o governo que nos assola, ou até por isso, são irresponsáveis na sua arrogância, onipotência, essa sofreguidão dos obsessivos em querer impor sempre suas ideias, não aceitando nunca a dos outros, pior, nem se dando ao trabalho de olhar o que se passa no entorno. Esquizofrenia é isso aí.. Está claro que o time parece preso, sem a espontaneidade costumeira. Essa história de dizer que atos da diretoria não refletem em campo é mentira, refletem sim, e muito. Se continuarem assim brigando o tempo todo contra Deus e o mundo a vaca vai pro brejo, e voltaremos para os tenebrosos invernos que já passamos num piscar de pálpebras e que custou muito sofrimento ao torcedor. O atual Flamengo parece flertar com destino de trevas que o atual governo está levando o país.
Mais um excelente artigo, que pode ser dividido em dois tópicos.
1o.) Teoria da Conspiração, com referência ao próprio jogo de ontem
2o) Melancólica atuação, pelo menos há um mês, da atual Diretoria do Flamengo, mormente de seu Presidente, Eurico Landim.
Não acredito, na grande maioria dos casos, nas inúmeras Teorias da Conspiração que se levantam no país, não poucas no ambiente futebolístico.
Eis que o primeiro tempo do Fla x Flu foi tenebroso, para o nosso lado.
Não chutamos uma só bola em direção ao gol adversário.
Levantou seríssimas suspeitas.
Eis senão quando, a etapa final foi bem diferente.
Mesmo sem jogar bem, dominamos amplamente, fizemos um gol (bobo, qual o deles), e o zagueiro Matheus Ferraz salvou o que seria o da vitória de forma incomum.
Quem não está interessado, não cria situações como estas, sendo que outras, não tão claras, também aconteceram.
No terceiro tempo, qual seja a cobrança de pênaltis, cobradores dos dois times foram péssimos, embora insuperável o Léo Pereira.
Restou uma dúvida, qual seja a escolha dos cobradores. Qual teria sido a razão de dois jogadores – Diego e Vitinho – que, todos assim admitiram, só teriam entrado para as cobranças, não terem sido escalados.
A resposta deixo a cargo das investigações prometidas pelo Arthur.
No tocante às burradas inúmeras da Diretoria (ou teria sido apenas do caudilhinho de plantão) não resta a menor dúvida.
Aconteceram e em grande escala.
Melancólica, além do mais, as atitudes da Procuradoria do TJD/RJ e do próprio órgão.
Onde já se viu pseudo Tribunal, que é formado por membros indicados pelos próprios clubes, interpretar Lei Federal, mesmo em se admitindo a possibilidade da MP ser rejeitada.
INACREDITÁVEL.
São Ponte Preta mais uma vez presente, com mais trabalho do que nunca, neste período bicudo que se vive.
O Festival de Besteiras de vento em popa.
A burrice contamina, tal qual a safadeza.
Pior que o coronavírus.
Vamos às finais, para que dúvidas sejam tiradas.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Como já escrevi em meus últimos comentários, sempre sentando a pua em Landim e sua gang, temo pelo que esses idiotas e arrogantes possam vir a fazer quando não devem e a não fazer quando devem quanto ao destino atual e futuro do Flamengo. Um arrogante é, por óbvio, um idiota por se julgar mais melhor di bão do que o(s) outro(s), mas um idiota não precisa ser necessariamente um arrogante – como fato recorrente, dá-se exatamente o contrário: o idiota tende a ser humilde e ingênuo, primo-irmão do retardado mental.
Desde o início dessa administração Landim deixou bem claro que iria caminhar na direção oposta do Bandeira, costurando espúrias alianças políticas com as forças mais obscuras e corruptas do futebol no âmbito nacional e regional. Se por um lado traz imediatas benesses resultadistas pra Instituição, como no caso da MP que dá poder ao mandante, por outro derrama um caminhão de merda na nossa imagem, a ponto de uma grande parcela dos torcedores torcerem o nariz – a outra parcela é simplesmente omissa, característica master do povo brasileiro (vide o silêncio sepulcral das organizadas e dos vários Conselhos do clube que só servem para aprovar o que aprovado já está).
De acordo com a minha fonte gaveana, mais quente que ferro em brasa, o Mister tá atento a tudo isso e não tá gostando nadica de nada. O Marcos Braz, apesar de postar “tô dormindo tranquilo”, não tá, não. Usa de toda sua influência e confiança recíproca pra acalmar o Mister, repete de hora em hora “deixa comigo” e já perdeu muito cabelo e barriga na correria pra segurar as várias pontas soltas, agora sem a ajuda do Bruno Spindel, que votou contra ele na decisão de cobrar ou não a transmissão do jogo com o Volta Redonda. O desempenho do time ontem foi um reflexo claro do que está acontecendo nos bastidores. Jogadores apáticos, troca de passes lentas, termômetro em zero grau. Por mais que a diferença técnica e tática seja abissal, quem tem mais energia sempre vai ser o vencedor. O Fluminense esbanjou energia, foco e comprometimento pra suprir suas limitações. E levou o caneco.
Quem estuda a Ciência Espiritual, em especial a mais avançada e elucidativa delas, a Antroposofia, sabe que quando a vaidade toma conta, a queda é iminente. E o Flamengo, mais do que uma religião, para não ser confundido com seitas manipuladoras e exploradoras (católica, neopentecostais e afins) é uma Ciência Espiritual que, em algum momento no futuro, vai merecer um estudo e pesquisa mais profundos por suas características anímicas que a nossa vã imbecilidade ainda não foi capaz de compreender. Por isso mesmo cobro as organizadas – elas ignoram a força e o poder que têm e seu papel decisivo não só no destino do Flamengo, mas do futebol brasileiro. Afinal, os astros são os jogadores, mas é a torcida quem os paga regiamente. Dirigente só é bom quando entende essa equação e não se mete onde não é chamado e ele só é chamado para – fazendo analogia com um espetáculo musical, por exemplo – fazer a produção, providenciado tudo o que for necessário para que o show continue no mais alto nível de performance e brilhantismo. Não é pra aparecer, ninguém precisa nem saber de quem se trata além do próprio meio profissional. E só.
srn p&a
* grande parcela dos torcedores torcer o nariz
Brilhante explanação.
Assino embaixo
Há de chegar talvez o dia em que o Fluminense não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará à camisa, aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa tricolor será uma bastilha inexpugnável.
Seu clube tem sido a vergonha do país, e acho q não preciso explicar o porquê.
Infelizmente , o Flamengo está conseguindo superar o seu, talvez seja a convivência como parceiros no Maracanã, não sei.
Nada a acrescentar, perfeito novamente, Arthur! Postura totalmente desnecessária da diretoria refletiu nos jogadores e tb no treinador, todos apáticos durante o jogo.