Declarada há dez dias, a guerra entre o Flamengo e a Globo pelo direito dos clubes à transmissão das suas partidas por streaming se intensifica. Já ultrapassou a fase das ameaças e agora, entre ofensivas jurídicas, recuos e contramarchas, se definiu o campo da próxima grande batalha: o jogo do Flamengo com o Boavista pela importantíssima, inadiável e definidora 5ª rodada da Taça Rio.
No fim de semana a Globo, mesmo sem vestir calções chuteiras, colheu uma derrota nos gramados. O divertido sacode que o Fluminense levou do Volta Redonda aumentou exponencialmente as chances do Flamengo faturar seu 36º título carioca sem a necessidade de uma final. Um desfecho previsível, mas que não serve à causa da emissora. Boatos não confirmados falam que a Globo estaria em negociação com o Flamengo para a transmissão dos seus jogos pela TV sem prejuízo para a transmissão via streaming por parte do clube.
Se essa baldroca está mesmo rolando ainda não sabemos, mas em resposta à uma coluna de Bernardo Mello Franco, publicada no domingo em O Globo, o Flamengo soltou na noite de ontem uma dura nota oficial. Nota que deflagrou uma mobilização de torcedores ogros com o fim de linchamento do colunista nas redes sociais. Uma reação previsível nesses tempos em que o hábito da leitura se restringe às manchetes. Não ficou nada bonito, mas as guerras são feias mesmo.
Quem leu a coluna sine ira et studio (sem ira e paixão) encontrou dificuldades para justificar o tom beligerante e acusatório da resposta do Flamengo, que escalou até aos argumentos ad hominen. Em seu texto, Mello Franco, mulambo notório, elencou os mais recentes gestos políticos da direção do Flamengo e traçou um paralelo entre as Olimpíadas, os eventos do Grand Slam da ATP e os Grandes Prêmios da Fórmula 1, que se renderam às circunstâncias da Pandemia, e à inadiabildade do campeonato rural do Estado do Rio. A evidente ironia da comparação deve ter funcionado como um gatilho, a nota oficial do clube veio ao mundo fumegando.
Que essa batalha envolveria não apenas aos advogados e juízes, mas também aos formadores de opinião, todos sabiam. O Flamengo foi alvejado inúmeras vezes desde quando o time voltou aos treinos, quando advogou pela retorno da competição, quando almoçou com o Bozo, etc. A reação do clube direcionada a um jornalista específico, coincidentemente funcionário das organizações Globo, parece ter sido escolhida a dedo. É uma estratégia ousada, pode funcionar ao insuflar as massas mulambas para uma defesa incondicional do clube. Mas pode também sair pela culatra, colocando contra o Flamengo o poder de fogo da emissora somado ao corporativismo natural da classe jornalística. O tempo dirá se foi uma boa manobra.
No seu romance Negras Raízes, sucesso literário mundial e como série de TV, Alex Haley, que também foi o autor da autobiografia de Malcolm X, conta a saga de seu antepassado Kunta Kinte, capturado por traficantes de escravos quando ainda era um adolescente em Juffure, sua aldeia em Gâmbia. No romance Haley faz uma minuciosa reconstituição histórica da vida em uma aldeia na África Ocidental no século XVIII. Antes de ser capturado o jovem Kunta estava sendo formado como um guerreiro de sua aldeia e aprendeu que durante uma guerra havia três classes de pessoas que jamais poderiam ser atacadas, nem mesmo durante as batalhas.
Os Senhores da Guerra de Juffure ensinavam aos jovens guerreiros que deveriam ser protegidos os feiticeiros, porque poderiam conjurar feitiços terríveis que levariam à derrota, os ferreiros, que se maltratados poderiam se unir e fabricar mais armas para o inimigo e os griots, os intelectuais que tinham por vocação preservar e transmitir as histórias, os conhecimentos e mitos dos seus povos na tradição oral. Porque um griot insatisfeito poderia usar sua influência e seus conhecimentos para levantar aldeias inteiras contra um inimigo.
A parecença dos antigos griots com os atuais jornalistas não dá pra disfarçar. Como também não dá pra disfarçar que em 2020, tanto o Flamengo como cada um de nós, somos todos um pouco griots. Essa é uma guerra feia por um motivo justo.
Quando acontecer algo relevante nessa batalha o Boletim de Guerra voltará.
Mengão Sempre
Parabéns Arthur, entedi sua posição e concordo plenamente.
“Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós.”
Fernando Pessoa
Como diz o gremista Humberto Gessinger em uma de suas canções,”se queres paz prepara-te pra guerra”.E é bom mesmo que Landim e seus Blues Caps estejam preparados pra tudo,pq de uma coisa eu desconfio,ou melhor,aposto uma mariola com quem quiser,de que a Globo virá com um quente e dois fervendo pra cima do nosso Flamengo.Sendo assim,Arthur,vc terá muito trabalho pela frente,com o seu boletim do front.SRN com muita P&A,mesmo que em tempos de guerra.
Rapaz… tudo isso por um carioqueta de merda. Foco no Brasileiro galera.
acabou de sair a noticia que a globo perdeu o recurso contra a transmissão de fla x boavista.
uma vitória histórica do mengão sobre a toda poderosa globo .
não vou colocar um tom politico no meu comentário em respeito as pessoas que vem nesse espaço pra ler somente sobre o flamengo.
acredito que o clube fez o certo e que podemos virar uma potência em puco tempo…muitos tinham duvidas com relação a essa atitude,mas agora vemos que o clube acertou e temos condições de ganhar muito mais do que essa emissora oferecia.
SRN !
Quem vem até aqui pra ler somente sobre o Flamengo tá mais perdido que cachorro em dia de mudança.
infelismente !!!
SRN !
Sintética e certeira análise do front.