Num Maracanã despovoado o Flamengo ganhou com extrema facilidade do Bangu. Resultado previsível, obrigatório e irrelevante para o desfecho de uma competição meia-boca. E um pouco manchado pela peculiares circunstâncias sanitárias e políticas em que se desenrolou.
Jogo jogado e vencido sem maiores brilhos ou destaques. Que só não foi ainda totalmente esquecido pela indignação de quem não se conforma do Flamengo ao jogar ter adotado uma posição simpática ao simulacro de normalidade que os poderes instituídos querem implantar na base da canetada na cidade, no estado e no país, como se ainda não tivesse morrendo gente de montão pelo Covid19.
É perda de tempo tentar convencer alguém disso ou daquilo. Quem acha que o Flamengo liderando a volta do futebol tá fazendo tudo certo, cumprindo muito bem seu papel de influenciador das massas e contribuindo para a melhora geral do país não vai mudar de ideia. E quem acha que o Flamengo pisou mal e acabou na trincheira ao lado do pior que o país tem em matéria de desenvolvimento humano, também não vai mudar. Bola pra frente, cobra que fica parada não engole sapo.
Como evento esportivo o Flamengo x Bangu da Taça Rio 2020 não valia duas mariolas. Mas como evento político foi um dos jogos mais transcendentes dos últimos anos. No futuro a pelada que ninguém viu poderá ser lembrada como hoje lembramos do tiro que o sérvio Gavrilo Princip deu no Arquiduque Francisco Fernando em Sarajevo e deflagrou a I Guerra Mundial. Não é exagero.
Desde ontem o Flamengo está oficialmente em guerra com a Globo. A Medida Provisória que desceu de paraquedas enquanto o cambalacheiro parceirão do Bolsonaro passeava de camburão entre casa/maloca de advogado, Instituto Médico Legal e alguns dos mais finos presídios do Rio era o prenúncio de um período de hostilidades que advirá.
Como Márcio Braga e a FAF fizeram em 1977, Landim e os carecas resolveram enfrentar a Globo e o seu virtual monopólio sobre a transmissão de futebol no Brasil. A diferença entre os dois episódios é que em 1977 o Flamengo era pobre e fudido, caiu dentro exibindo como arma apenas o poderio da torcida. Agora o clube tem grana, estrutura, uma noção mais apurada do seu valor de mercado e, forçoso reconhecer, um lobby no governo muito eficiente.
Podemos debater a razão custo-benefício desse lobby, os danos à imagem, as nódoas em nossa biografia, o que vamos dizer pros nossos netinhos, etc. Mas não dá pra desconsiderar que houve uma perversa sagacidade ao alisar os bagos de um chefe de governo detestável um pouco além do que uma relação institucional correta recomendaria a um clube do porte do Flamengo.
Na hora em as tenazes da Justiça começam a apertar o inconsequente e despreparado Bolsonaro, o Flamengo, não sem alguns danos colaterais, arrancou do bucho do analfabeto o que pretendia. Uma Medida Provisória de redação confusa, interpretação controversa e vigência incerta. Mas que, a princípio, não fere preceito constitucional, tornando difícil a intervenção do STF na questão. Pode vir a ser derrubada pelo Congresso, contestada nas barras dos tribunais e amaldiçoada por todo o sempre, mas a canetada foi dada. Por hora essa é a lei da terra.
Não devemos nos deixar levar pela impressão verdadeira de que a Presidência da República toma decisões sem qualquer reflexão mais profunda, a Bangu. Bolsonaro pode ser, e efetivamente é, dramaticamente despreparado e inapto para o cargo. Contudo, suas contrapartes nessas decisões não o são. Claro está que o Flamengo não entrou nessa fossa de reputações sem saber muito bem o que estava fazendo.
O Flamengo começou a se preparar para essa guerra pelo controle das transmissões de seus jogos há muito tempo. Em 2016, ainda sob Bandeira, o Flamengo excluiu de seus contratos de televisionamento com a Globo os direitos aos streaming, entre outras propriedades. Em 2020, com um presidente da república sitiado, cujo futuro no cargo é extremamente duvidoso, não poderia haver melhor momento para arrancar o que se quer de um zumbi desesperado por apoio.
A guerra em que o Flamengo venceu a Globo em 1977 foi uma guerra por justa remuneração que beneficiou ao conjunto do futebol brasileiro. A guerra de 2020 é de natureza distinta. Nessa guerra o Flamengo assume um outro papel além do de fornecedor de conteúdo. Ao pretender transmitir seu próprios jogos o Flamengo está usando as roupas e as armas de um concorrente comercial. É uma batalha muito mais pesada. E cujo resultado é muito mais difícil de prever. Mas que também vai afetar a todo o futebol brasileiro.
Particularmente admiro e aplaudo a coragem do Flamengo em comprar essa briga. É da nossa tradição. Mas é preciso ter culhão para enfrentar um inimigo tão poderoso. Ao mesmo tempo fico temeroso por não ter a certeza se o Flamengo tem gordura, músculo e massa cinzenta o bastante para enfrentar uma longa batalha com o mais importante canal de distribuição de seu produto. Foda-se, é uma guerra inevitável, como toda guerra por um motivo justo.
O Flamengo, assim como os outros clubes, precisa se libertar das amarras do modelo vigente para ganhar mais dinheiro e crescer. Que, afinal de contas, é uma aspiração universal. Só não dá pra saber ainda se este era o melhor momento pra começar as hostilidades. A estratégia que o Flamengo adotou é beligerante, vai exigir muita firmeza na hora de administrar os contragolpes.
O Flamengo que se prepare para uma Paz Armada. Como as nações europeias se preparam entre o fim da Guerra Franco-Prussiana e o início da I Guerra. Treinando tropas, fabricando armamentos, estocando munição e conquistando corações e mentes para a sua causa. Levando ao pé da letra o lema em latim que vinha gravado nas pistolas da Deustche Waffen und Munitionfabriken: Se Vis Pacem, Para Bellum (Se quer a paz, prepare-se para a guerra).
Pelas primeiras reações, nessa guerra a imprensa não vai ficar do lado do Flamengo. Como não ficou em 1977, quando Washington Rodrigues, o Apolinho, dizia em uma das suas colunas: “Márcio (Braga) sabe como nós que o Flamengo é um produto da imprensa. Cinquenta por cento do sucesso do clube se deve às imagens e aos comentário diariamente espalhados pelas emissoras de rádio, televisões e jornais. “
Parece que o jogo mudou, ou melhor, a percepção sobre o jogo mudou. Hoje ninguém mais tem a menor dúvida de que é o Flamengo o responsável por mais de cinquenta por cento do sucesso das emissoras. Em 2020 todos sabem que o conteúdo é o rei.
Mengão Sempre
Uma ressalva ao artigo.
Comparar o trágico episódio de Saravejo com o jogo Flamengo x Bangu é um um puta exagero. Dos maiores dos últimos tempos.
Minimizar a tragédia de uma Grande Guerra, com zilhões de mortos e feridos, cá entre nós, é dose pra leão.
Por mais que admire o Arthur, como de fato acontece, essa não posso deixar passar sem ressalva.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
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Sds
Um artigo FUNDAMENTAL.
Não vou dizer que muito bem escrito (o segundo parágrafo é definitivo) pois seria mera redundância.
Prefiro abordar o tema central – Landim e seu execrável puxa-saquismo – com passagem inicial pelo nosso atual (des)governo..
Bolsonaro sempre foi um idiota completo. Compará-lo a qualquer de seus antecessores, mesmo o rubro-negro/tricolor gaúcho Médici – é pecado venial.
Nem compará-lo com o mais destacado Idiota de todos os tempos – o Príncipe de Dostoiewski – pois passaria a ser pecado capital.
O energúmeno surgiu em 1986, já como Capitão. Queria, para aumentar o soldo dos militares, explodir o Guandu ou algo no gênero.
Ofendeu os princípios básicos do militarismo – hierarquia e disciplina – pelo que foi a Conselho de Justificação, sendo, pela unanimidade dos membros, dado como não justificado. Como manda a lei, a matéria foi para o STM, que, em um ato de piedade desaconselhável, resolveu não julgá-lo indigno, mesmo assim com QUATRO votos contrários.
Um irresponsável.
Apegou-se à fome da soldadesca, em período de vacas magras, como quase sempre em nosso mais do que injusto País, virando político, onde pôde demonstrar toda a sua incapacidade. 28 anos, sem apresentar um só projeto. Não era do baixo clero, mas sim do clero repugnante. Viveu à base do sensacionalismo. Homofóbico, racista, armamentista, tudo que fosse do pior lá estava ele para defender e, principalmente, para aparecer.
Ganhou uma popularidade que ninguém quis ver, onde estou mais do que incluído. Não se admitia que um indivíduo tosco, ligado à milícia carioca até a alma, pudesse prosperar em vôos mais altos. Engano fatal. Falta de observação também. Afinal, o beócio. na sua última eleição para Deputado Federal, conseguira uma impressionante total de votos, além de eleger, para outros cargos, os seus três porquinhos. Quando soube, em meados de 2016, que seria candidato à Presidência da República, morri de rir. Tolo engano, fudemo-nos todos.
Claro que, até com méritos relativos, soube ver, antes dos demais, a importância das mídias sociais. Para tanto, juntando a escória do País, abusou das Fake News.
Mas ,e chego ao personagem principal da crônica, há sempre os espertinhos, talvez fosse melhor dizer, os aproveitadores.
Entra em ação, o nosso lamentável Presidente, o tal de Landim.
Bajulador emérito, envergonha, no meu sentir, a Nação Rubro-negra.
Sabendo ser o PR palmeirense/botafoguense, não tem a menor vergonha de oferecer ao mesmo, POR MAIS DE UMA VEZ, a nossa camisa, poucas vezes tão desonrada. Um pústula.
O Flamengo, depois que se tornou um time rico, passou a pretender ser o time líder. Caso a pretensão se limitasse ao futebol – onde, por sinal, cabe reconhecer, teve total êxito – tudo bem. Não parou por aí.
Ainda com EBM procurou inventar uma competição. Fracasso total, amplamente previsível. Como se criar uma Liga com pretensões de ser dela o dono. Ainda por cima, sem os times paulistas !
Tudo errado. O exame da Premier League foi absolutamente vesgo.
Os times ingleses, nos anos 70/80, em boa parte, dominaram o futebol europeu. Até o pequenino Nottingham Forest, deixando o Robin Hood de lado, foi campeão europeu. Aí, veio a tragédia de Bruxelas. A UEFA não perdoou. CINCO ANOS de ^prisão^, sem direito ao uso de tornozeleiras. Quando voltaram, foram inteligentes. Resolveram mudar. Perderam um ano, eis que preferiram buscar a UNIDADE. Nada de privilégios a quem quer que fosse. Todos juntos, no mesmo barco.
Resultado da UNIÃO. Domínio total em campo … e no retorno financeiro.
Landim, o bajulador, agora, sempre pensando apenas no próprio Flamengo, sem ver que a força vem pela união com seus pares e não por adular um político em processo de queda, quer combater a Rede Globo, para ter o privilégio de transmissões esportivas.
Sinceramente, não creio em sucesso.
Um consolo para os que discordam da minha opinião. A própria eleição de um político de quinta categoria, que achava impossível, para o cargo mais nobre da nossa combalida República.
SRN e vivas para o STF.
FLAMENGO SEMPRE
Admito que ainda não consegui formar opinião sobre o assunto, mas será mesmo que foi uma boa?
Se essa MP for realmente aprovada terá validade real apenas pós 2024, quando vencerá o contrato atual com a Globo, então tem muita água pra passar debaixo dessa ponte ainda, quem sabe até lá eu consiga formar uma opinião definitiva, até lá tento escutar os argumentos prós ou contras.
Sobre nosso “querido” presidente, o Landin e sua trupe como administradores financeiros são muito bons, mas estão conseguindo chegar perto do Eurico Miranda em termos de antipatia e medidas escrotas, vide o tratamento aos meninos do Ninho e como estão forçando a barra para a volta do futebol de qualquer forma, independente do número de mortes que estão acontecendo no Brasil, triste!
Flamengo 3 x 2 Mortos no Hospital de Campanha
Vencemos??
Faz tempo que não passo aqui pelo Blog, não sabia que tinha tanto defensor de Ditadorzinho de merda, quem defende esse Jumento do Bozonazi até agora é BURRO pra caralho sim!
Quem passa pano pra fascista, preconceituoso e miliciano tem mais é que se foder.
Aos demais Rubro-Negros democratas, SRN.
Palmas, palmas e mais palmas !